POV ASHLEY

Alguns anos se passaram... E, com isso, muita coisa mudou:

Jade e Carlos foram os primeiros a se casar, quer dizer, morar juntos. Jade havia acabado de entrar na faculdade de Moda quando eles tomaram a decisão. Eles ainda não pensavam em ter filhos, queriam curtir um pouco a vida de casados primeiros. Ah, Jade também havia virado a figurinista da banda assim que se formou. Ela fazia roupas incríveis! Carlos, que havia se formado em Cinema, era um ótimo diretor e até já havia dirigido um dos clipes da banda.

Sam e Kendall se casaram um pouco antes de mim e de Logan. Kendall também deu de para a mãe e Katie um apartamento, e agora elas moravam perto. Sam havia se formado em Arquitetura e deu de presente de casamento para todos nós a decoração das nossas casas. Eles tinham um filho chamado Oliver, no qual eu e Logan éramos padrinhos. Ollie era uma mistura perfeita dos dois, com os seus olhinhos verdes, o cabelo loiro e a pele branquinha. Kendall havia formado uma dupla com um colega de faculdade e eles faziam pequenas apresentações pela Califórnia, mas ele garantiu que não deixaria o Big Time Rush tão cedo.

A casa onde os meninos moravam, foi vendida. Bem, mais ou menos. James comprou a parte dos três e agora ele morava lá com Hanna. Recentemente, os dois haviam se casado, já que Hanna ficou enrolando o pobre coitado por anos até finalmente aceitar. Acho que ela vai enrolar ele mais alguns anos até resolverem ter filhos... Falando na Hanna, agora ela era Fisioterapeuta e trabalhava em um hospital. Ela também tratou de Logan quando ele caiu de moto alguns anos atrás (Não foi nada de grave, ele estava usando capacete, apenas machucou o pé). Depois de muito estresse, Hanna e o pai finalmente se acertaram, não posso dizer que o sr. Kennedy ganhou o prêmio de “pai do ano”, mas ele se esforça bastante para ter um bom convívio com a filha. Ah! Ethan, o irmão de Hanna, casou com a sua namorada, Sophie, e eles continuavam morando em Nova York e já tinham três filhos! Hanna e James costumavam ir bastante para NY, afinal a família dele também era de lá.

Eu e Logan nos casamos assim que eu me formei na faculdade e compramos uma casa em Bel Air. Mantivemos o sonho de morar na Califórnia, afinal, Logan tinha os seus compromissos com a banda por aqui e eu não queria ficar longe dos meus amigos e família. No começo eu não havia gostado da ideia, pois Bel Air é um bairro nobre de Los Angeles onde só mora gente rica e eu achava um completo exagero gastar tanto dinheiro em uma residência lá. Mas assim que eu vi a casa mudei de ideia. Era um lugar seguro, tranquilo e muito bonito para se morar. Sem falar que paramos de nos preocupar em ter fãs e paparazzis acampando no nosso jardim.

Os meninos, que agora já eram homens, continuavam com o Big Time Rush, mas em um ritmo mais devagar. Afinal, agora todos já estavam casados e tinham outros interesses. Mas eles amavam estar juntos, cantando e se divertindo. Eu sei que isso não duraria para sempre, uma hora eles vão resolver parar, mas até esse dia chegar eu sei que eles terão muitas aventuras pela frente ainda. Sem falar que mesmo que a banda acabe eles nunca deixarão de ser o Big Time Rush.

E minha irmãzinha Alice? Bem, nem sei se ainda posso chamá-la assim, afinal, ela está bem maior do que eu. Ela já está com vinte e dois anos! Caramba, eu estou mesmo ficando velha. Ali está no último ano da faculdade e sempre vem nos visitar nas férias e feriados. Ela acabou virando modelo, mas não desfila — e nem gosta —, apenas faz campanhas publicitárias e há fotos dela espalhada em outdoors por toda Califórnia. Olhando para a carinha linda dela e aqueles olhos verdes não tinha como negar que ela nasceu para isso. Mas, como ela conseguiu virar modelo? Simples: por causa dos meninos. Não, eles não fizeram a cabeça dela nem falaram com nenhuma agente. Uma agência viu as fotos que eles postavam com Alice em suas redes sociais e a adoraram. (Também chamaram Jade, mas ela negou, dizendo que preferia desenhar roupas a desfilar com uma).

Quanto minha mãe e Eric, bem, eles não poderiam estar mais felizes. Continuam morando naquela casa “barra” mansão, apenas fizeram algumas mudanças. Alice pegou o meu quarto, e transformou o dela em um quarto de hóspedes, no qual eu e Logan dormimos quando vamos para lá. Eric resolveu dar um passo adiante na sua carreira e tornou-se juiz. Minha mãe está trabalhando em um clinica de psicologia e hoje em dia, não lhe falta clientes. (Ela até ajudou Hanna com seus problemas com o pai.) Duas vezes por semanas, ela também dá consultas gratuitas para quem não pode pagar.

Ah, não podia me esquecer de um certo loiro de cabelos cacheados: Ben. Diferente do que todos nós pensávamos, ele resolveu não fazer faculdade. Acho que nem preciso comentar como a sra. Scott surtou quando soube da notícia. Ben queria seria livre, fazer suas próprias escolhas e, principalmente, poder ser ele mesmo. Posso dizer que ele alcançou esse objetivo. Seria muita loucura se eu dissesse que ele conseguiu convencer o todo certinho do Joey a desistir da faculdade e andar com ele mundo afora? Sim, seria. Joey não fez isso, ele disse que os estudos vinham em primeiro lugar, que queria deixar seus pais adotivos orgulhosos. Eles meio que deram um tempo, cada um seguiu o seu rumo, mas o destino acabou dando uma forcinha a esses dois. Eles acabaram se reencontrando em um encontro LGBT e resolveram tentar de novo. E deu certo. Os dois se casaram e até resolveram adotar uma garotinha linda chamada Charlotte.

Quase todo mundo com filhos, não é mesmo? Mas eu e Logan? Oh, claro, nós não ficamos de fora. Tínhamos dois: Laurel e Arthur. Escolhemos os nomes com “A” e “L” propositalmente. Laurel tinha os cabelos bem lisos e castanhos e lembrava um pouco Alice na infância, ela herdou as covinhas de Logan. Sam e Kendall eram seus padrinhos. Já o pequeno Arthur era simplesmente a cara de Logan quando pequeno — Eric não me deixa mentir sobre isso —, exceto pelo cabelo que era um pouco ondulado, assim como o meu. Nós chamamos Alice e Ben para serem padrinhos, e só posso dizer que os dois estavam mimando demais o meu filho.

***

— Ei, amor, acorde — sussurrei no seu ouvido, o balançando de leve pelos ombros.

Ele enfiou a cabeça no travesseiro e se virou para o outro lado.

— Só mais cinco minutinhos — resmungou.

— Você falou a mesma coisa meia hora atrás. Ok, foi você que pediu...

— O quê? — Logan perguntou confuso, levantando a cabeça devagar, bem na hora que Laurel pulou na cama.

— Acorda, papai! Acorda, acorda, acorda! — ela começou a bater nas costas dele. — Quero brincar de cavalinho!

— Agora não, filha. Papai está cansado e... — ele começou a falar, quando Arthur pulou em cima dele — Ai, cacete!

— Papai falou palavrão! — Laurel abriu a boca em espanto.

— Foi sem querer! — Logan tentou se defender.

— Não pode falar palavra feia, papai! — Arthur ralhou com ele, ainda meio atrapalhado com as palavras.

— Agora vai ter que botar uma moedinha no “jarro do palavrão” — Laurel avisou e Arthur assentiu.

Eu estava encostada na parede, com os braços cruzados, tentando não rir.

— Você vai ficar aí só assistindo enquanto esses dois tentam quebrar a minha coluna? — ­ Logan perguntou, adotando uma expressão brava.

— Sim! Eu já cuidei deles por 18 meses — disse, somando as duas gravidezes —, Agora, é a sua vez. Cuida que os filhos também são seus.

Os dois começaram a pular na cama. Logan fez uma careta como se estivesse com medo de eles pularem em cima dele a qualquer instante.

— Tenha pena do seu pobre marido...

— De pobre você não tem nada, querido — lembrei.

— Por favor... — ele choramingou.

Revirei os olhos.

— Certo — me dei por vencida. — Crianças, por que você não para a sala assistir TV? Mamãe já leva algo para vocês comerem.

— Oba! Vou ver a Princesinha Sophia! — Laurel desceu da cama e saiu correndo para a porta.

— Não, Lau! — Arthur reclamou, indo atrás da irmã — Quero ver Backyardigans!

— Esse desenho é muito chato! — escutei Laurel dizer do corredor.

Encostei a porta e me virei na direção de Logan em seguida.

— Pronto, já te salvei.

— Muito obrigado, você é uma esposa muito atenciosa — ele debochou, sentando na cama. O cabelo estava todo desarrumado, mas isso só o fazia ficar ainda mais lindo.

— Agora sai — fiz um sinal para ele se levantar —, quero arrumar a cama.

— Para que arrumar se vamos bagunçá-la novamente?

— Nós não... — não terminei a frase, porque Logan me segurou pelos pulsos e me jogou na cama. Tive que reprimir um gritinho devido ao susto que levei. — Logan!

— É o meu nome — ele sorriu.

— Estou falando sério. Sem gracinhas.

— Mas eu não estou brincando — ele ficou por cima de mim e começou a beijar meu pescoço. — Ainda.

— As crianças estão na sala... — lembrei.

—... Ocupadas demais assistindo TV — ele completou, passando a mão por debaixo da minha camiseta.

— Você só pensa nisso, né? — suspirei, tentando não ceder.

— Não é verdade — defendeu-se. — Eu também penso em comer, dormir...

— Claro, por isso que não emagrece, só pensa em comer e dormir. Desistiu até da academia.

— Caramba, Ashley, eu estou aqui tentando te seduzir e você me chama de gordo? —ele apoiou as mãos na cama e me olhou, fingindo estar chateado. — Isso é tão broxante.

— Ai, cala a boca, Logan. Só estou falando verdades.

— Só se você vir me calar ­— ele deu um sorrisinho de lado.

Puxei ele pela gola da camiseta e lhe beijei.

— Pronto — respondi, lhe soltando e o empurrei de leve para o lado, a fim de levantar.

— Só? Nada disso — ele me segurou pela cintura, me impedindo de sair da cama.

— Looooogan! — bati as pernas, igual uma criança fazendo birra.

— Shh! Quietinha — ele trancou minhas pernas com as suas e me deu um abraço de urso — Vamos ficar aqui, descansando na nossa cama quentinha e confortável.

— Não posso! Tenho muita coisa para fazer — resmunguei, tentando me soltar dos seus braços. Sem sucesso.

— Não invente desculpas. Hoje é domingo, dia de descansar.

Tantos anos convivendo com o Logan, eu já deveria ter me acostumado que as coisas sempre tem que ser do jeito dele.

—Hm, estava pensando... Devíamos ter mais um filho, que tal? Aliás, podíamos começar agora — ele mordiscou o lóbulo da minha orelha, me fazendo arrepiar.

— Acho que os que temos já estão de bom tamanho...

— Não, três é um número melhor — respondeu, distribuindo beijos pelo meu pescoço.

— Vou pensar no seu caso — virei nossas posições, ficando por cima dele. Dei-lhe um beijo e sai da cama rapidamente, antes que ele me puxasse novamente. — Mas, primeiro, tenho que alimentar os dois que já temos.

— Certo! Não demore muito, vou ficar aqui te esperando — ele piscou para mim. Sorri em resposta.

Comecei a caminhar com os pés descalços até a porta.

— Psiu!

— Hm? — murmurei, com a mão na maçaneta, olhando para ele por cima do ombro.

— Eu te amo, sra. Mitchell.

Dei um sorriso para ele.

— Eu também te amo, sr. Mitchell.

Eu simplesmente não podia reclamar da minha vida. Tinha amigos incríveis, uma família que eu amava muito, era feliz no meu trabalho. E, ainda por cima, tinha ao meu lado o homem da minha vida, que me deu de presente duas crianças maravilhosas.

Logan me fazia muito feliz. Ele me amava e era louco por mim. E eu sempre seria louca por ele também.

FIM