Algumas semanas depois...

POV LOGAN:

Desde que eu descobri que a minha mãe estava viva, meu mundo parece que deu um duplo twist carpado. Eu definitivamente não consigo me concentrar em coisas importantes como a banda e a faculdade - que começou recentemente.

Sobre o meu pai, conversei com ele antes das aulas começarem. Eu pensei em lhe dar um gelo por um tempo, mas não consegui e acabei o perdoando por ter escondido tudo de mim. No fundo, eu sei que ele só queria me proteger e fico grato por saber que ele se importa tanto comigo ao ponto de ter mentido por todos os anos. Por mais que eu não admita isso a ninguém, eu admiro meu pai pela sua atitude. Porque eu não conseguiria guardar esse segredo por tanto tempo assim.

Tanto que na primeira oportunidade que tive, contei tudo para os meus amigos. Também mostrei as fotos e a carta a eles. E foi nesse momento que eu percebi que mesmo com todas as brincadeiras e zoações que eles sempre fazem comigo, são amigos de verdade. Posso confiar neles de olhos fechados. São como irmãos que eu nunca tive. E sou muito grato por tê-los na minha vida. (Isso sou um pouco gay, mas ok...)

Eu andei pensando na conversa que tive com Ashley naquele dia e mudei de ideia em relação a procurar minha mãe. Eu sei que acha-la vai ser mais difícil do que encontrar uma agulha no palheiro, mas eu não iria desistir sem ao menos tentar.

Reuni todas as informações que consegui – que não eram muitas – com o meu pai, que me apoiou quando contei a ele sobre o meu “plano”. Eu sei que ele me impediria de fazer isso se pudesse, mas ele sabe melhor do que ninguém, que tenho todo o direito de procura-la.

A parte mais difícil era: Botar o plano em prática.

Pensei em eu mesmo fazer isso, agir sozinho, mas eu não tenho tanta habilidade assim para brincar de Sherlock Holmes, sem falar que eu preciso focar em outras coisas, como faculdade, banda e - a mais importante - Ashley.

Minha segunda ideia foi contratar um detetive particular, seria prático para mim e rápido, pois eles são expert em procurar pessoas. Mas então veio o problema: Era muito caro, eu não tinha como pagar tantos dólares para um cara que eu nem tinha certeza absoluta que ia encontrar minha mãe.

Quando eu achei que tudo estava perdido, me apareceu uma terceira ideia.

Foi um dias desses quando eu estava voltando para o apartamento que fica perto do campus da faculdade, onde moro durante a semana – já que no final de semana eu e os caras nos reunimos e ficamos na nossa casa. Há um garoto que mora em frente ao meu apartamento e que cursa Ciências da Computação, ou seja um desses nerds. Seu nome é Joey Levesque e ele é da Filadélfia. Ele era a minha única opção para conseguir colocar esse plano em prática.

Mas é claro que convencê-lo a me ajudar não foi tão fácil assim. Primeiro: Ele me achou louco quando contei o meu plano. Segundo: Eu não poderia pagá-lo com dinheiro porque, afinal, ele já é rico. Então só me sobrou pagá-lo da única forma que eu podia no momento...

Calma, não é isso que vocês estão pensando! (Sou macho, eu hein).

Eu o ajudaria a ser um conquistador, assim como eu. (Quer dizer, assim como eu era). Ok, pode até parecer algo idiota de ser fazer. Mas pelo pouco que Joey me contou, eu já pude perceber que ele é um desastre quando o assunto é garotas. E não é porque ele é nerd ou feio. Quer dizer ele até que é... hm, apresentável. O problema é que ele não sabe nem falar na frente de uma garota sem começar a gaguejar, ou – pior – falar de softwares e antivírus.

Então fizemos um trato, ele me ajudava a encontrar a minha mãe, e em troca eu daria dicas para ele conseguir um encontro com uma gata. Quem sabe até arrumar uma namorada? Nunca se sabe.

[...]

Já fazia uma semana que havíamos feito o trato, e eu já tinha dado várias dicas bem úteis a ele, como adiantamento. Estou adorando pagá-lo sem gastar nenhum tostão do meu dinheiro.

Como combinado, depois que eu sai da aula fui encontrá-lo para saber como andava as coisas. Ele morava sozinho e seu apartamento era mais bagunçado que o quarto do Kendall – e olhar que o narigudo não é nem um pouco organizado.

— Então, achou alguma coisa? — Perguntei tirando alguns livros de cima do sofá, e me sentei.

— Fiz algumas pesquisas e a única coisa que consta no nome de Regina Violet Smith é que ela cursou Faculdade de Antropologia no Texas — ele respondeu pegando seu notebook e apontou na tela as informações.

— Mas isso eu já sabia! ­— disse — Quero informações novas, Levesque.

— Desculpa se eu não sou o mago da informática, ok? ­— ele revirou os olhos — Estava pensando, pode ter algumas informações úteis nos arquivos da faculdade.

— E então por que você não procurou lá ainda? — perguntei.

— Vocês está querendo que eu entre no sistema de uma faculdade? Isso é ilegal, eu posso ser preso se me pegarem.

— Não se preocupe, se isso acontecer eu te tiro de lá. Meu pai é advogado — dei de ombros.

— Você não está mesmo entendo a gravidade do assunto, Logan. O problema não é um advogado ou o dinheiro. Eu posso até ser expulso daqui se alguém descobrir que eu invadi os arquivos de outra faculdade.

— Você é muito pessimista Joey! — exclamei — Pense no monte de gatinhas que você vai arranjar com a minha ajuda. As mulheres gostam de caras inteligentes. Vai por mim, já peguei muitas que não me deixam mentir sobre isso — disse, tentando ver se ele parava com essa frescura de “Ai meu Deus, eu posso ser preso”.

— Se você é assim tão inteligente, por que você mesmo não invade o sistema, hein? — ele indaga.

— Simples: Porque eu sou só bom em cálculos matemáticos, você que é o hacker aqui.

— Certo — ele se deu por vencido — Eu vou ver o que consigo fazer, mas não posso prometer nada. Ah, vou precisar da sua ajuda também. Vai ter uma festa na semana que vem e eu estou precisando de mais algumas dicas...

— Eu já te dei várias dicas e o que eu ganhei em troca? Ah, espera... nada! Eu só vou te ajudar agora, se você conseguir descobrir algo. E tem que ser alguma coisa que realmente seja interessante para mim. Entendeu?

— Entendi! Eu vou terminar de fazer um trabalho que preciso entregar amanhã e depois vou me focar no que você quer — ele colocou o notebook no tapete, já que não tinha espaço na mesinha de centro da sala — Já te disseram que você é muito persuasivo quando quer?

— O tempo todo — ­ respondi colocando o pé sobre a bagunça da mesinha.

— Ei! Tira o pé! — ralhou Joey — Você não está na sua casa, Mitchell.

— Tem razão, porque se eu estivesse pelo menos ia conseguir enxergar a mesa — revirei os olhos e tirei o pé.

— A diarista cancelou na última hora e eu não achei outra, não me julgue. Aposto que o seu apartamento está igual ou se duvidar, pior que o meu.

— É claro que não está, eu sou organizado — mentira, não sou. Nossa casa só é organizada por causa do Carlos, que tem aquela mania chata de limpeza.

— Claro, e eu sou o Steve Jobs — ele ironizou.

— De qualquer forma, vou deixar você e seus neurônios trabalharem. Me avise quando tiver alguma novidade significativa — Me levantei e sai da sala, desviando das coisas do chão.

Céus, nunca mais reclamo da bagunça do Kendall. Perto do Joey ele é uma pessoa super organizada.

— Certo, eu aviso. Mas depois você vai me ajudar com a festa, não esqueça! — Joey lembrou.

— Fique tranquilo quanto a isso, faça a sua parte que eu faço a minha. Até mais Levesque — girei a maçaneta da porta.

— Tchau Logan — ele respondeu e eu sai do apartamento.

Alguns passos depois e eu já estava na solidão do meu apartamento. Espero que Joey descubra algo. Porque agora que eu comecei, não vou descansar até encontrar alguma pista que me leve até Regina V. Smith, também conhecida como a minha mãe.

POV KENDALL:

Estava no meu quarto com um monte de papel espalhado pela cama e com o meu violão no colo, tentando escrever uma música para a aula de Composição. Entrar para a faculdade de Música sempre foi um dos meus sonhos, e hoje eu mal posso acreditar que estou realmente aqui.

Eu só achava que os meus amigos estariam junto comigo, mas como passamos em faculdades diferentes isso acabou não dando certo. James está fazendo Educação Física. Carlos, cinema. E Logan, - como já era de se prever - Matemática. Felizmente, nós todos conseguimos entrar em faculdades aqui mesmo em Los Angeles. Então fica fácil de nos locomovermos entre a faculdade, nossa casa e a Rocque Records.

Gustavo alugou para nós apartamentos que ficam perto da faculdade, para que assim pudéssemos passar a semana tranquilamente apenas focado nos estudos e só no fim de semana, é que vamos para a nossa casa.

Está sendo uma experiência diferente. Eu estava acostumado a morar em uma casa grande junto com três malucos e agora eu me vejo sozinho nesse apartamento pequeno. Eu realmente não estava acostumado com um lugar tão silencioso, por isso sempre acabo deixando o rádio ligado para me fazer “companhia”.

Eu sinto falta dos meus amigos, mas o que eu mais sinto falta mesmo é da minha loirinha. Estava acostumado a vê-la quase todos os dias, e agora só a vejo nos fins de semana... isso quando o Gustavo não inventa alguma coisa e nos prende na gravadora o fim de semana todo.

Sem falar que ainda tem os shows do Gray 101 que estamos abrindo por toda a Califórnia. Quem disse que a vida de uma banda em início de carreira é fácil? Pois é, e fica ainda pior quando se tem Gustavo Rocque como seu produtor musical.

Um barulhinho vindo do meu notebook me tira dos meus pensamentos. Largo o violão e vou até o criado mudo pegá-lo, depois sento novamente na cama. Na tela há um quadradinho informando o seguinte aviso:

“ Katie Knight está te ligando.

ACEITAR / RECUSAR ”

Apertei em “aceitar” e logo minha irmã apareceu na tela.

— Oi maninha — disse.

— Oi Kends — ela acenou para mim — Tudo certo?

— Sim e aí? — perguntei.

— Bem.

— Mamãe está por perto? Queria dar um “oi” para ela.

— Não, ela foi no mercado. Queria trocar umas palavrinhas com você...

— Vixi, lá vem... o que você quer Katherine? — perguntei arqueando uma das sobrancelhas.

— Não me chame assim, você sabe que eu não gosto — ela revirou os olhos — Enfim, eu queria saber se posso passar o fim de semana com você e os meninos.

— Você passou o natal e o ano novo aqui, não faz tanto tempo assim. Além do mais, suas aulas já começaram e você precisar estudar — falei de forma séria e adotei minha postura de irmão mais velho responsável.

— Eu estou fazendo isso agora mesmo — ela pegou o livro que estava em cima da mesa e chacoalhou na frente da tela — Só que está um saco esse trabalho sobre George Washington. Por que a professora simplesmente não pergunta em que nota de dólar ele aparece?

— Porque assim seria muito fácil — respondi — Olha, seria uma honra ter a minha maninha querida aqui, mas eu vou estar ocupado no fim de semana com as coisas da banda e não vou poder te dar atenção, muito menos andar com você pela cidade.

— Não tem problema, eu posso sair com a nova meia-irmã do Logan. Alice, né? — ela perguntou em dúvida, fiz que sim — Então... ela é legal.

— Sim, ela é. Mas Katie, por que você quer tanto vir para cá? Espera... você quer ver o Luke? ­ — Dei um sorrisinho malicioso. Eu adorava implicar com Katie em relação ao Luke porque eu sabia perfeitamente que ela odiava que eu falasse dele.

— Cruzes! Não! — ela fez uma careta e colocou o dedo na boca, fingindo que ia vomitar — Aquele garoto é insuportável, vive pegando no meu pé. Olha... eu adoro a Sam, mas será que você não poderia ter arrumado uma namorada que fosse filha única?

— Não, eu não podia — disse — Você ainda não me respondeu por que quer vir tanto para cá.

— Ah, sabe... ­— ela começou — Você disse que me levaria para conhecer a Rocque Records. Vai que eu vou lá e acabo encontrando o Gray 101 e peço autógrafos a eles.

— Não sei não, Gustavo não gosta muito de crianças. E eu não sabia que você era fã deles... — disse.

Katie não era como as outras garotas de suas idade que eram viciadas em grupos de garotos com cabelo bonitinho. Bem, exceto no BTR, é claro. E como diz o James “Nós temos um cabelo muito mais bonito do que as outras boybands”.

— Se o Gustavo convive com vocês, então ele gosta de crianças — ela ironizou — Nossa Kendall, pensei que você me conhecia o suficiente para saber que eu não sou fã deles. Mas... as garotas da minha escola são.

— Ah não... você vai querer se gabar que os conheceu? — perguntei.

— Claro que não! Eu vou vender os autógrafos para elas — ela respondeu como se aquilo fosse óbvio.

— Deus! As vezes eu custo acreditar que temos o mesmo sangue — disse perplexo.

— Pois é, acho que você foi trocado na maternidade. Eu sou muito mais parecida com a mamãe do que você ­ — ela deu um sorrisinho torto. Pestinha.

Revirei os olhos e resolvi não responder a provocação dela.

— Olha, se você quiser vir... tudo bem — mudei de assunto — Mas eu não me responsabilizo se você for parar na detenção por estar traficando autógrafos dentro da escola.

— Não se preocupe com isso, ninguém vai descobrir. Ah, vou pegar o primeiro ônibus no sábado, esteja me esperando... — ­ ela contou algo nos dedos — às 8h45 na rodoviária.

— Como você sabe que horas vai chegar? — perguntei e logo em seguida me surgiu uma ideia — Espera, você já comprou o bilhete?

— Claro que sim! Comprar com antecedência tem desconto — ela tirou o bilhete de dentro de um dos livros e mostrou para mim — Economizei 8 dólares.

— Você não deveria ter feito isso! E se eu dissesse não? Eles não iam reembolsar o seu dinheiro — falei.

— Eu sabia que você ia deixar. Porque você é o irmão mais legal desse mundo e é por isso que eu te amo — ela deu um grande sorriso.

— Você é uma pestinha, sabia? Mas mesmo assim eu te amo — disse — Ok, eu vou estar lá no horário combinado. Agora eu preciso desligar.

— Mas já? Está tão cedo ainda. Me conte as novidades da faculdade. Já fez algum amigo? Como são os professores? O campus é grande?

— Katie, pare de tentar puxar assunto e vai fazer o seu trabalho. Porque eu preciso fazer o meu, tenho dois dias para terminar uma música, que eu mal comecei.

— Mas esse trabalho está tão chato! — ela reclamou — E sobre a música... deixe eu adivinhar, vai ser calma e romântica?

— Sim, como você sabe disso? ­ — Perguntei surpreso.

— Porque depois que você começou a namorar a Sam ficou assim, todo sentimental. No bom sentido, é claro — ela dei um sorriso debochado — Enfim, vou deixar você escrever a sua música em paz. Até sábado maninho!

— Ok. Até, maninha. Mande um beijo para a mamãe e diz que estou morrendo de saudades.

— Viu? Todo sentimental! Você não era assim antigamente — ela disse, revirei os olhos — Ok, parei. Eu aviso sim. Tchau Kends.

— Tchau Katie — respondi e ela encerrou a chamada.

Resolvi desligar o notebook e o guardei na gaveta da cômoda. Eu precisava terminar essa música logo, todo santo dia eu tenho alguma coisa da faculdade para fazer e não posso deixar para escrever essa letra na madrugada antes de entregar, né?

Eu só precisava de uma tema para essa música....

Ah, seria muito mais fácil de ter inspiração se Sam estivesse aqui comigo. Queria poder estar ao seu lado todos os dias.

Espera... é isso!

Peguei um caderno e uma caneta e comecei a escrever.