KENDALL ON:

— Calma, vai dar tudo certo — disse para mim mesmo tentando manter a calma. Arrumei a gola da minha camisa pela quarta vez seguida. Passei a mão no cabelo tentando ajeitá-lo, e olhei mais uma vez para o meu reflexo no espelho do elevador. Eu estava nervoso, muito nervoso.

Hoje era domingo, um pouco antes do meio-dia. E nesse exato momento eu estava indo para o apartamento da Sam. Os pais dela me convidaram para almoçar lá porque queriam me conhecer. E eu só consigo pensar: E se eles não gostarem de mim? E se não deixarem mais eu namorar a Sam? Como eu vou ficar sem a minha loirinha linda? COMO!?

O elevador parou e abriu a porta no 4º andar - onde ela mora - e balancei a cabeça tentando tirar os pensamentos negativos. Respirei fundo e sai do elevador. Caminhei até o 4C e hesitei antes de apertar a campainha. Eu só espero que não seja o pai dela que atenda, senão é capaz de eu desmaiar. (Nossa, isso soou tão gay!) Porque o Sr. Evans deve ser um pai bem linha dura, e que bota medo nas pessoas apenas com um olhar sério. (Só estou supondo)

Finalmente apertei a campainha. Alguns segundos depois a porta se abre, e um garotinho loiro e um pouco sardento aparece. Só pode ser Luke, o irmão mais novo da Sam. Ela disse para não se enganar com a carinha de bonzinho dele, porque na verdade ele é um pestinha. Se ela fala isso do próprio irmão, deve ser verdade né.

— Ah, oi — digo.

— Oi. Você deve ser o Kendall, certo? — ele pergunta. Faço que sim — Estava mesmo querendo falar com você. Quais as suas intenções com a minha irmã?

— Hã!? — digo confuso. Espera, eu estou sendo interrogado pelo Evans menor? É isso mesmo? Por essa eu não esperava!

— Se manda, pirralho — Sam aparece e dá um tapa na cabeça do irmão, e ele entra resmungando. Ela vem até a mim e me dá um selinho — Oi, amor. Desculpa por isso. Ele adoooooora se intrometer na minha vida.

— Ah, tudo bem — respondo dando de ombros — Você está incrivelmente linda hoje.

— Obrigada — ela cora e deixa escapar um sorriso tímido — Você também está muito lindo. Vem, vamos entrar — ela pega na minha e me puxa, mas eu não saio do lugar. Sam me olha confusa — O que foi?

— Nada.... só estou um pouco nervoso.

— Kendall, não tem motivos para ficar assim. Você só está indo conhecer os meus pais — ela diz na maior naturalidade.

— Justamente. E se eles não gostarem de mim?

— Amor, porque eles não gostariam? Você é lindo, inteligente, engraçado, fofo — ela me dá um selinho demorado.

— Bom, modéstia parte... Tudo que você falou é verdade — respondo.

— Convencido! — ela dá um soquinho de leve no meu ombro e mostra a língua — Eu te garanto que eles vão adorar você. Vamos!

— Ok — respondo e tento dar um sorriso convincente. Parece que funcionou porque ela sorri de volta.

Certo Kendall. Pensamento positivo. Eles vão gostar de você.

Entramos no apartamento e assim que Sam fecha a porta, uma mulher entra na sala. Ela é loira, tem os cabelos na altura do ombros, olhos que parecem duas esmeraldas e um sorriso gigante no rosto. Sam se aparece muito com ela.

— Oh, olá Kendall! Seja bem vindo! — ela vem até a mim e me dá um abraço — Sou Martha, mãe da Samantha.

— É um prazer conhecê-la Sra. Evans — respondo educadamente.

— O almoço está quase pronto. Enquanto isso vocês podem esperar na sala. Fique a vontade, querido.

— Obrigado — respondo.

Ela dá um sorriso e volta para a cozinha. Sam se senta no sofá, e eu sento ao lado dela. Sinto meu cabelo grudando na nunca. Estou suando mais do que o normal. Odeio ficar nervoso.

— Hmm... qual é a profissão do seu pai mesmo? — pergunto tentando puxar um assunto aleatório.

Eu não lembro se ela havia dito antes. Mas eu estou tão nervoso que é capaz dele já ter dito e eu não estar me lembrando.

— Delegado.

— Q-QUÊ? — gaguejo.

— Estou brincando. Ele é Engenheiro — Sam prende um riso — Você tinha que ver a sua cara de assustado!

— Não teve graça — cruzo os braços fingindo estar bravo.

— Desculpa, desculpa, desculpa — ela começa a distribuir beijos no pescoço.

— Isso é golpe baixo.... — digo tentando resistir aos beijos dela. Oh, droga... Missão impossível. — Ok, você venceu. Eu me rendo! — coloco as duas mãos para cima. Ela dá um sorriso vitorioso. E eu a puxo para um beijo demorado.

Alguém finge tossir e imediatamente olhamos para trás, percebendo que fomos pego no flagra. Um homem alto e cabelos um pouco grisalhos, nos olha intrigado por cima dos óculos de grau.

MERDA! MERDA! MERDA! MIL VEZES MERDA! É o pai da Sam!

Parabéns Kendall, você acaba de deixar uma bela primeira impressão para o seu futuro sogrinho.

— O-oi pai — Sam diz mais vermelha que um tomate. Ela se levanta, faço o mesmo — Esse é o Kendall, meu... Namorado.

Ele continuava olhando sério para nós. Quer dizer, para mim. Puta merda, eu acho que estraguei tudo! E agora, Kendall? Bote esses seus neurônios loiros para pensar!

— Claro... Samantha falou muito de você — ele finalmente diz e estende a mão para me cumprimentar — Sou Robert Evans.

— Ah.... É um prazer conhecê-lo Sr. Evans — respondo tentando parecer calmo. Aperto sua mão e esboço um sorriso. Ele me olha sério por um instante, mas depois acaba dando um sorriso em resposta.

UFFA! Deixou escapar um suspiro de alivio.

— Mamãe pediu para avisar que o almoço já está pronto — Luke aparece na sala e olha para nós com uma expressão confusa. Depois faz um careta como se quisesse dizer “Bleh, papo de adultos”, mas não sai do lugar.

— Obrigado, já estamos indo — Sr. Evans responde olhando para o filho, depois volta a atenção para nós — Espero que você goste de lasanha, Kendall.

— Sim, senhor — respondo.

Fomos todos para a sala de jantar e comemos. Realmente a lasanha estava deliciosa. Sra. Evans acabou de me conquistar pelo estômago. Quando terminamos, ela chamou Sam e as duas foram na cozinha pegar a sobremesa. Ficando apenas eu, Luke e o Sr. Evans. Prevejo questionário.

— Então Kendall... — Sr. Evans ajeita o óculos de grau e olha diretamente para mim — O que você faz além de estudar?

— Eu... Tenho uma banda — respondo me sentindo desconfortável com a conversa.

— De rock?

— Não, senhor. Pop.

— Interessante — ele responde coçando o queixo — E o que você pretende fazer assim que se formar no colegial?

— Faculdade de Música — digo, mas logo prossigo — Mas aqui em Los Angeles mesmo.

— Onde você estuda? — Luke pergunta se intrometendo na conversa.

— No American Boy Academy.

— Sério? — Ele pergunta fazendo uma careta. Balanço a cabeça em concordância — Ewn! Como você consegue?

— É um colégio como outro qualquer — respondo naturalmente.

— Estou pensando em colocar o Luke lá quando tiver idade — Sr. Evans responde.

— Pai, não! É um colégio que só tem garotos! Eu não vou para lá! — ele exclama de olhos arregalados.

— Luke, chega— Sr. Evans adverti — Se eu e sua mãe decidirmos, você vai sim. Ponto final.

Luke não responde, mas cruza os braços chateado. Ficamos em silêncio por alguns minutos. Tenso. Muito Tenso.

Finalmente Sam e Sra. Evans voltam com uma travessa, os potinhos e as colheres de sobremesa.

— Quem quer torta de morango? — Sra. Evans diz colocando a travessa sobre a mesa.

Salvo pelo torta!

[...]

— Viu, não foi tão ruim assim! — Sam diz quando já estamos no elevador.

Ok, tenho que admitir. Foi muito melhor do que eu imaginei. Depois que terminamos a sobremesa, conversamos mais um pouco e tudo ocorreu bem.

— Verdade. Mas tenho que confessar que eu fiquei com medo do seu pai quando ele nos pegou se beijando — disse.

— Só você? Eu quase tive um treco! Que vergonha! — ela tapa o rosto com as mãos, envergonhada — Pensei que ele ia gritar comigo.

— E eu achei que ele iria me expulsar da casa — admiti. Olhamos um para o outro, e ela começou a rir do nada — O que foi Samy?

— Você fica tão fofo quando tá nervoso — ela aperta minha bochechas — Mas o lado bom, é que deu tudo certo. Meus pais gostaram de você.

— Já o seu irmão.... Não sei.

— Ah, não liga para aquele projeto de gente. O Luke é assim mesmo — ela dá de ombros.

O elevador para e ela me acompanha até a garagem do condomínio. É agora. Preciso falar sobre a proposta que eu e os caras recebemos.

— Samy, preciso te contar uma coisa — digo parando na frente do meu carro e olho para ela.

— É uma coisa boa ou ruim? — ela pergunta erguendo uma sobrancelha.

— Boa. Pelo menos, para mim é — respondo.

— Então fala logo, porque eu fiquei curiosa.

— No nosso último show, aquele que o Ben arrumou para nós, acabamos recebendo um proposta.... — falei e segurei sua mão. Ela me olhava atentamente — ... Para gravar um demo.

— Sério? — ela pergunta surpresa e animada ao mesmo tempo.

— Sim.

— Isso é incrível, amor! — ela me abraça — Para qual gravadora?

— Rocque Records — digo

— Espera... Essa não é aquela gravadora do produtor musical Gustavo Rocque? — Sam pergunta. Faço que sim — Ai. Meu. Deus! Me conte tudo agora! Quero detalhes!

Lhe conto tudo. Que nossos pais tinham deixado e que minha mãe e minha irmã estavam muito felizes com a noticia. E que já tínhamos avisado para o Sr. Rocque que aceitamos a proposta, e iríamos para Hollywood no fim de semana que vem gravar a demo.

— Estou tão feliz por vocês! Sério, vocês merecem! — Sam disse animada — Só não gostei de descobrir isso só agora — ela faz biquinho.

— Desculpa, amor. Mas tínhamos concordado em contar apenas quando tudo já estivesse certo.

— Claro. E as meninas já sabem?

— Sim. James e Carlos contaram para a Jade. E Logan disse que ia falar com a Ashley hoje. Vamos falar com a Hanna e o Ben também, afinal, foi por causa dele que estávamos tocando lá justo naquela dia.

— Tenho certeza que ele vai ficar muito feliz por ter ajudado — ela responde, depois passa os braços envolta do meu pescoço e dá um sorriso — Vou sentir muita a sua falta no fim de semana que vem.

— E eu mais ainda a sua — digo a puxando pela cintura e colo nossos corpos.

— Posso ir junto? — ela fez biquinho.

— Infelizmente, não. Se eu pudesse eu te levaria sem pensar duas vezes. Mas o Sr. Rocque disse que não podemos ter distrações, que vamos para lá trabalhar — reviro os olhos me lembrando do discurso que ele fez pelo telefone quando perguntamos se podíamos levar nossas namoradas.

— Esse Sr. Rocque não sabe de nada. Se eu fosse junto, faria você trabalhar ainda mais feliz — ela me dá um beijo.

— Você está se achando muito importante. Não é? — digo rindo

— Querido... Eu não me acho, eu sou importante — ela fala toda convencida.

— Uh, ok Srta. Samantha Nem-Sou-Convencida Evans.

— Ahh, eu sou convencida? Então tá! Tchau — ela se solta de mim e vira as costas e começa a andar. Corro atrás dela e seguro seu braço de leve.

— Amor, eu estava só brincando! Você não é convencida, o James que é — digo.

— Ele é mesmo. E muito — ela começa a rir — “Olhem para mim, sou James Diamond. Eu sou bonito e incrível. Me amem!” — ela fala e até faz aquele gesto com as mãos na frente do rosto, igual o James. Caio na gargalhada.

— Cara, você imita ele muito bem! Nem o Carlos que vive fazendo isso, é tão bom.

— Eu tenho o dom — ela dá uma piscadinha — Ah, falando no James. Como vai o lance dele com a Hanna?

— Sei lá! Você que é a amiga da Hanna. Ela deve ter falado algo sobre ele.

— Por incrível que pareça, não. Quando tocamos no nome do James ela apenas revira os olhos e muda de assunto. E se tentamos insistir, ela ainda nos chama de chatas.

— Caramba, essa garota é complicada.

— Você não sabe o quanto — ela suspira — Mas ela está tendo alguns problemas em casa também, talvez seja por isso.

— É, pode ser — respondo. Pego o meu celular no bolso e vejo que já está ficando tarde — Preciso ir agora.

— Mas já?

— Sim. Tenho prova de Matemática amanhã e ainda preciso estudar.

— Ah, ok. Beijo para dar boa sorte então — ela me dá um selinho.

— Acho que um só é pouco...

— Hm.... Que tal vários? — faço que sim — Espertinho!

— Ah sim, eu sou mesmo — digo.

— Depois eu que sou a convencida! — ela coloca as mãos no meu rosto e me beija, e eu a puxo pela cintura para mais perto de mim.

Nos beijamos por um longo tempo. Quando estou com Sam, é como se nada mais a minha volta importasse. Eu só preciso dela nos meus braços, sentir seu perfume doce, sua boca na minha, nossos corpos colados... Paramos o beijo por falta de ar, mas continuamos abraçados.

— Psiu! — ela sussurra no meu ouvido — Eu amo você.

— Eu te amo mais, minha loirinha.