Laços de Guerra - 1ª Temporada escrita por nywphadora, nywphadora


Capítulo 8
Capítulo 7 - Os Potter não tem sorte


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem pela falta de criatividade :/

Capítulo betado em 29/07/15.
Atualização de 09/11/2015: a metade do capítulo sumiu. Tive que betar tudo de novo ;-;



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/411811/chapter/8

31 de Outubro de 1994

Se perguntassem para Amber sobre aquele dia, ela jamais saberia responder o que aconteceu depois que o seu irmão desapareceu na porta atrás da mesa dos professores.

Ela se lembrava de ouvir vozes falando com ela.

— Amber! Amber! Fala comigo! Amber! — dizia uma voz distante.

Viu os professores começarem a discutir preocupados, os alunos sussurrarem entre si... Sentiu uma mão a puxando pelo braço, a levando para fora do Salão Principal.

— O que houve com ela? — perguntou uma voz masculina.

Os corredores passaram rapidamente enquanto ela era levada. Seria isso que os alunos a quem Moody lançou a maldição Imperius sentiam? Se lembrava de entrar em uma sala ampla e cheia de janelas.

— Madame Pomfrey! — gritou uma voz feminina, ao seu lado.

Sua visão estava embaçada e ela não saberia dizer o por quê. Lembrava-se de ser deitada a força em uma das macas e de lhe fazerem beber uma poção.

Depois foi apenas a escuridão.

Voltando a consciência, percebeu que estava dormindo. Torcia para que todo o acontecimento da noite anterior tivesse sido apenas um sonho. Seu irmão estava correndo perigo! Bruxos morreram no torneio...

— Srtª McKinnon, você precisa se alimentar! — disse uma voz feminina.

— Estou bem, Madame Pomfrey — respondeu Sarah, em algum lugar ao lado de Amber.

Amber começou a se mexer.

— Amber! — disse Ginny preocupada.

Ela abriu os olhos, mas logo os fechou por causa da claridade.

— O que aconteceu? — perguntou Amber com a voz rouca.

— Você ficou pálida! — disse Sarah — Tentei falar milhares de vezes com você, mas você não me respondia! Ficou olhando para a mesa, mas sem estar a vendo de verdade.

— Qual a última coisa que você se lembra? — perguntou Ginny achando aquela situação estranha.

— Lembro do Harry ser escolhido pelo cálice — disse Amber.

Ginny continuou achando aquela situação estranha. Tudo bem que eles eram amigos, mas nem Hermione agira dessa maneira. Mas, talvez, estivesse se precipitando, então resolveu deixar de lado.

— Ora, vejo que está acordada, Srtª Evans! — disse Madame Pomfrey saindo da sua sala — Está se sentindo melhor?

— Estou sim. Obrigada, Madame Pomfrey — respondeu Amber, enquanto a Madame Pomfrey colocava a mão na testa dela para verificar se estava com febre.

— Beba isso antes de ir — disse Madame Pomfrey lhe estendendo uma poção.

Amber bebeu a poção e a Madame Pomfrey liberou-a sob a recomendação de que, se voltasse a se sentir mal, retornasse imediatamente à enfermaria.

A ruiva passou rapidamente no dormitório para trocar de roupa, pegar os materiais e se uniu novamente às três para irem tomar café da manhã.

Ela olhou para todos os lados, mas Harry não apareceu para o café. Durante a aula de Herbology, Amber percebeu que Harry e Rony estavam afastados e que Hermione fazia de tudo para que eles se falassem. Todos os alunos da Hufflepuff estavam agindo frios com Harry e todos os Gryffindor o cumprimentavam como se ele fosse um herói.

Pior foi na aula de Care of Magical Creatures, pois eles tinham aula com a Slytherin.

— Ah! Olha só, pessoal, é o campeão! — disse Malfoy bem alto — Trouxeram os cadernos de autógrafos? É melhor pedir um agora porque duvido que a gente vá vê-lo por muito tempo... Metade dos campeões do Triwizard Tournament morreram... Quanto tempo você acha que vai durar, Potter? Aposto que só os primeiros dez minutos da primeira tarefa.

Crabbe e Goyle deram risadas desagradáveis.

— Ora, cale a boca! — retrucou Amber, irritada.

Malfoy ia retrucar, mas Hagrid apareceu com uma torre instável de caixas, cada uma contendo um enorme explosivin. A tarefa do dia era leva-los explosivins para passear. Hagrid chamou Harry para “lhe ajudar com um explosivin grande”, mas Amber desconfiava que era apenas uma desculpa para eles conversarem.

Ela, assim como o resto de seus colegas, teve imensa dificuldade em segurar o explosivin. Olhando em volta, pôde constatar que conseguiu controla-lo melhor do que qualquer outro aluno. Até melhor que Hermione, o que a surpreendera.

Quando todos foram para Spells, Amber ficou para trás com a desculpa de ajudar a Hagrid. Ela não era exatamente amiga próxima de ninguém ali, portanto não sentiram muito a sua falta.

— Posso fazer uma pergunta, Hagrid? — perguntou Amber.

— Se for sobre as tarefas do Triwizard... — começou Hagrid.

— Não! Não é nada disso!

— Então, não vejo por que não

— Você sabe?

— Sobre o que?

Amber ficou em silêncio. Diante do silêncio, Hagrid se virou para ela e, depois de um tempo, pareceu entender a pergunta.

— Os professores não queriam me contar a princípio... — disse Hagrid — Digamos que eu...

— Deixa escapar? — sugeriu Amber.

– É... Mas acabei desconfiando e a McGonagall me contou antes que eu... Bom, por que ainda não contou a Harry?

— Seria engraçado! “Oi, sou sua irmã” Não, obrigada!

— Bom, então acho melhor você ir para a sua aula de Spells, não? Logo os alunos do terceiro ano chegarão...

— Por Merlin! É mesmo!

Amber pegou a mochila e saiu correndo.

— Tchau, Hagrid! — gritou por cima do ombro.

Ela se atrasou alguns minutos na aula, mas Flitwick não lhe descontou pontos por ser “uma ótima aluna e esta ser a primeira vez que isso acontece”. Ele não disse isso, mas quase.

O quarto ano aprendeu Feitiços Convocatórios. Amber percebeu que Harry estava mais disperso que o normal no momento em que ele recebeu um dever de casa suplementar junto de Neville.

Ela pensou em falar com o professor para que deixasse essa gafe passar, mas Harry não era o que se podia chamar de aluno exemplar.

Quando chegou à porta da masmorra de Snape, depois do almoço, encontrou os alunos da Slytherin esperando à porta, cada um deles usando um distintivo no peito. Amber se sentou no chão com a mochila no colo, ignorando o “Apoie Cedric Diggory” brilhante. Logo depois, chegaram Hermione e Harry. Malfoy se aproveitou para inferniza-lo novamente.

— Gostou, Potter? — perguntou Malfoy em voz alta — E isso não é só o que eles fazem, olha só!

Ele apertou o distintivo no peito e as letras foram substituídas por “Potter Fede”.

— Você não tem nada melhor para fazer? — perguntou Amber.

— Não falei com você, filha de Mudblood — respondeu Malfoy secamente.

Harry, sem saber muito o por quê, sacou a varinha do bolso de sua túnica.

— Retire o que disse — disse e Amber o olhou surpreendida.

— Harry, não! — disse Hermione, rapidamente abaixando o braço de Harry.

Então, Malfoy sorriu e deu sua última cartada.

— Quer um, Granger? — perguntou Malfoy, oferecendo um distintivo a Hermione — Tenho um monte. Mas não toque na minha mão agora, acabei de lava-la, sabe, e não quero que uma Mudblood a suje.

Amber sentiu todo o seu sangue subir para a cabeça, mas se forçou a ficar calma. Já Harry voltou a levantar o braço, com a varinha ainda em mãos. Ela levantou-se e ficou ao lado de Hermione, pensando em alguma coisa para dizer a Malfoy. Não só para calar-lhe a boca, como também para que Harry não se descontrolasse.

Malfoy sacou a varinha também e todos os alunos se afastaram. Os dois se encararam e berraram ao mesmo tempo.

— Furunculus! — gritou Harry.

— Densaugeo! — gritou Malfoy, ao mesmo tempo.

O feitiço de Harry atingiu Goyle no rosto e o de Malfoy atingiu Hermione que caiu, chorando de dor e apertando a boca com a mão. Rony correu para perto dela para ver o que acontecera. Os dentes dela cresciam em um ritmo assustador.

No meio da confusão, Snape chegou. Malfoy acusou Harry, como sempre e o professor disse para Goyle ir a enfermaria.

— Malfoy atingiu Hermione — disse Rony — Olhe!

O garoto obrigou Hermione a mostrar os dentes a Snape. As garotas da Slytherin morriam de rir. Snape olhou friamente para Hermione e disse:

— Não vejo diferença alguma.

Hermione começou a chorar, deu meia-volta, correu pelo corredor afora e desapareceu. Amber agachou-se para pegar a sua mochila, sentindo a raiva se expandir.

— Srtª Evans, fique onde está ou serão menos 20 pontos para a Gryffindor — disse Snape falando rispidamente, pela primeira vez desde que começou a dar aulas para ela.

Amber levantou-se com a mochila em mãos, lançou um olhar de decepcionado e irritado para Snape antes de correr na mesma direção que Hermione, não lhe dando ouvidos. Os xingamentos gritados de Harry e Rony foram escutados pelo restante do seu percurso pelo corredor.

Correu rapidamente pelo corredor. Quando alcançou Hermione, abraçou-a de lado e a ajudou a ir para a enfermaria.

— Mas o que aconteceu? — perguntou Madame Pomfrey, assustada.

— Malfoy — respondeu Amber, sem demonstrar emoção alguma.

— Irei lhe dar uma poção para fazer os dentes voltarem ao normal — disse Madame Pomfrey pegando a poção no estoque, colocando dentro de um conta-gotas e jogando algumas gotas pelo canto da boca — Me avise quando eles voltarem ao normal para que eu dê a poção para parar.

Então, Madame Pomfrey olhou para Amber.

— Pode ficar, se quiser — disse vencida, voltando para a sala.

Olhando em volta, Amber percebeu que Goyle gemia em uma cama, ainda com alguns furúnculos no nariz.

— Vai ficar tudo bem, Hermione — disse Amber consolando a garota que tinha parado de chorar.

— Vamos conversar sobre qualquer coisa, menos sobre isso que está acontecendo agora — disse Hermione com um pouco de dificuldade.

— Ok... Quer conversar sobre o que?

— Hum... Eu não sei!

— O que aconteceu com Harry e Rony?

— Eles brigaram.

— Por que?

— Por causa do Triwizard Tournament.

— Rony não acreditou que Harry não colocou o nome no Cálice?

Hermione a olhou.

— Como você sabe disso? — perguntou.

— Eu sei que Harry jamais faria isso — respondeu Amber — Eu vou tentar falar com o Rony.

— Não vai adiantar! Eu já tentei e Harry não quer conversar com o Rony...

— Vou tentar colocar um pouco de juízo na cabeça daquele garoto. Mesmo se não adiantar, pelo menos eu posso dizer que tentei.

Hermione teve que concordar.

A tarde se passou com Amber tentando distrair Hermione do problema com os dentes.

— Está na hora do jantar — disse Hermione — Vai lá!

— Não quero te deixar aqui sozinha! — protestou Amber.

– Você já perdeu as aulas de Potions. Pode ir. Ficarei bem.

Ela olhou insegura para Hermione.

— Vai! Eu acho que vou deixar os dentes diminuírem mais antes de chamar a Madame Pomfrey — disse Hermione pensando em voz alta — Assim eles irão ficar do tamanho normal...

Amber sorriu para ela e caminhou tranquilamente para o jantar.

Ela estava pensando seriamente em reclamar com a professora McGonagall sobre o comportamento de Snape, embora soubesse que Dumbledore não faria nada a respeito. Quando chegou no Salão Principal, percebeu que Harry estava jantando sozinho e ficou em dúvida se ia para perto dele.

Antes que pudesse se decidir, Sarah se aproximou dela:

— Eu contei a Fred e George — anunciou.

Amber acordou do transe e puxou Sarah pelo braço, até onde a mesma estava sentada minutos antes.

— Você o que? — sussurrou.

— Contei a Fred e George — repetiu Sarah — Eles iriam descobrir de uma maneira ou outra.

— Mas é claro! Você fez aquele comentário dias atrás...

— Isso não vem ao caso!

Enquanto as duas discutiam, os gêmeos chegaram de mansinho.

— Conte-nos como é ser a irmã de Harry Potter — sussurrou Fred, fazendo Sarah e Amber se sobressaltarem.

— Seu imbecil! — disse Sarah dando um tapa no braço de Fred — Era para assustar a ela e não a mim!

— Desculpe, mademoiselle. Não foi minha intenção — brincou Fred sentando-se ao lado dela.

— Seu irmão é um idiota — disse Amber assim que se recuperou do susto.

— Vai ter que especificar qual — disse George, levantado uma sobrancelha.

— Ronald.

— Com certeza ele é... — disse George.

— ...Mas podemos saber o motivo dessa vez? — Fred completou.

— Ele acha realmente que Harry colocou o nome no Cálice — disse Amber, sem perceber os olhares que os gêmeos trocaram.

Ela os encarou quando percebeu que não diziam nada.

— Vocês também acham que ele colocou o nome no Cálice?

— Toda a escola acha — George se defendeu.

— Mas, então... Ficamos sabendo de uma coisa... — disse Fred, desviando do assunto.

— Do que?

— Oliver Wood

— O que está querendo dizer com isso?

— Não estou dizendo nada — George levantou as mãos como que se rendendo.

Amber o olhou desconfiada e voltou sua atenção para o prato.

— Aliás, o que houve com a Hermione? — perguntou Sarah.

— Azaração do Malfoy — disse Amber.

— Meu primo é um idiota! — lamentou-se Sarah — E, infelizmente, meu primo.

Fred e George concordaram avidamente.

— Dá para falar esse tipo de coisa baixo? Se alguém escutar... Todo o esforço da Marlene vai por água abaixo — sussurrou Amber, observando Harry sair do Salão Principal.

— Ninguém vai desconfiar de nada! — disse Sarah — Só, talvez, Hermione.

— Se fossemos vocês tomaríamos cuidado... Outro dia, Angelina a viu lendo um livro sobre árvores genealógicas bruxas — disse George.

— Porque você tem falado muito com a Angelina — provocou Fred.

— Cala a boca! — retrucou George.

Os dois continuaram discutindo a caminho do Salão Comunal, mas os pensamentos de Amber estavam longe.

Os dias seguintes haviam sido muito torturantes para Amber que se lembrou da sensação que sentira no dia 31, quando Harry fora sorteado para o Triwizard. O dia da primeira tarefa estava se aproximando e Amber havia visitado Hagrid umas 5 vezes, muitas vezes para que Hagrid lhe lembrasse que Harry passara por coisas muito piores no passado.

As coisas pioraram para Harry quando o artigo de Rita Skeeter saiu, insinuando que ele e Hermione tinham um relacionamento e destacando Harry como se fosse o único campeão de Hogwarts.

Harry e Rony continuavam brigados o que deixava Hermione furiosa tentando força-los a se falarem novamente. Amber tentara falar com Rony, mas isso não adiantou de nada.

Amber estava tentando se aproximar de Harry e Hermione ao máximo. Sendo essa última, um pouco complicado por causa de sua desconfiança com fundamento (mesmo que Amber nunca fosse admitir). Ainda havia o fato de Hermione estar se irritando com as constantes idas de Krum a biblioteca, o que fazia com que sempre aparecesse um grupo de garotas dando risadinhas bobas para espiona-lo atrás das estantes.

No sábado que antecedeu a primeira tarefa, todos os alunos do terceiro ano acima tiveram permissão para visitar o povoado de Hogsmeade.

Assim que Amber esbarrou com Sarah naquela manhã lhe deu um puxão de orelha.

— Ai! Amber! — reclamou Sarah.

— O que você anda aprontando? Sumiu! — reclamou Amber.

— Você também sumiu, ciumenta — brincou Sarah.

Amber revirou os olhos e seguiu para o povoado com Sarah, as duas um pouco atrasadas.

— Vamos ao Three Broomsticks — disse Sarah — Quero tomar a butterbeer.

Mas Amber estava prestando atenção em um beco. Começou a caminhar para mais perto de lá, tendo certeza de ter visto alguma coisa.

— Amber? — perguntou Sarah, se aproximando dela.

A sombra refletida na parede foi aumentando de tamanho, até completar a forma de uma mulher.

— Mãe! — exclamou Sarah, surpresa.

Marlene deu um sorriso radiante e indicou para que elas se aproximassem. As três passaram pelo beco normalmente.

— Soube que o passeio para Hogsmeade seria hoje e decidi fazer uma visita! — disse Marlene — Estava com saudades.

— Você não mandou mais cartas... — disse Amber.

— Estive tentando espairecer um pouco — disse Marlene e então desviou de assunto — Eu entraria no Three Broomsticks com vocês, mas acredito que Madame Rosmerta me reconheceria das noites de bebedeira. Então, como tem sido as coisas depois da briga com Malfoy?

— Normal — respondeu Sarah, dando de ombros.

— Sarah arranjou alguns parceiros para aprontar — disse Amber com um tom de reprovação.

— Legal que estejam fazendo amigos — disse Marlene, tentando esconder o sorriso.

— Leu as matérias do jornal? — perguntou Amber e o sorriso de Marlene se desfez quase que imediatamente.

— Estou preocupada — admitiu Marlene.

— Eu também...

— Na última carta me disse que tinha algo para me contar, mas que não poderia contar por carta. O que é?

— Ah! Nada demais! É só que eu estava descendo para o Salão Comunal para chamar a Sarah. Só que ela já tinha ido para o dormitório e eu escutei uma conversa do Harry com os amigos. Parece que ele mantém contato com Sirius.

Marlene se demonstrou algo surpresa, mas se recompôs rapidamente e murmurou algo que Amber não conseguiu ouvir.

As três passaram o resto da tarde conversando e, quando Marlene foi embora, Sarah e Amber deram uma passada no Three Broomsticks antes de voltarem para Hogwarts. Já era tarde quando isso aconteceu e Amber estava exausta com a carga de informações e cansaço que havia passado desde o dia 31.

Sarah sentou-se no sofá e engatou uma conversa animada com Fred e George. Já Amber conversou um pouco com Ginny. Quando deu dez e meia, Amber decidiu subir, ela costumava dormir cedo para estar bem disposta nas aulas, ao contrário de Sarah.

Na manhã de domingo, Amber levantou-se com olheiras e demorou apenas cinco minutos para se lembrar, perante o espelho, das preocupações e os pesadelos que fizeram-na ficar acordada a noite inteira. Quanto mais a primeira tarefa se aproximava, mais pesadelos Amber tinha e, agora, sua mente parecia estar praticando legilimência nela.

Ela estava tendo "memórias" que nem ao menos eram dela. Ou eram? Marlene lhe disse que não estava no mesmo quarto que os pais quando Voldemort os matou. Então, como poderia estar tendo pesadelos tão reais sobre esse dia?

Balançou a cabeça, tentando afastar esses pensamentos, fez sua higiene matinal, trocou de roupa e foi para o Salão Principal.

— Você está horrível! — lhe disse Ginny quando ela sentou-se ao seu lado.

— Você não está me ajudando — disse Amber, sonolenta.

— O que aconteceu? Você foi para o dormitório ainda era dez e meia — perguntou Hermione, ao ver o estado da colega de quarto.

— Eu tive pesadelos a noite inteira! — disse Amber, esfregando os olhos.

— Deu para perceber... Você não parava quieta. Por um momento pensei que estivesse acordada — disse Hermione.

— Não contem para a Sarah. Sabem como ela é irritante!

Hermione e Ginny concordaram. Então, Amber percebeu que Harry também estava ali.

— Oi, né! — brincou Harry, um pouco nervoso, Amber percebeu.

— Oi! Desculpe, Harry. Ainda estou "dormindo".

— Tudo bem... — disse Harry.

Quando Hermione acabou de comer, Harry e ela saíram do Salão Principal.

— Ele não comeu nada! — notou Amber, preocupada.

— Deve estar nervoso por causa da primeira tarefa — disse Ginny, um pouco nervosa.

— O que foi?

— O que foi o que?

— Está nervosa!

— Não estou não!

Amber fez cara de quem entendeu algo.

— Você gosta dele? — afirmou/perguntou, curiosa.

— Mas é claro que não! — respondeu, Ginny corada.

— Não precisa ficar irritada. Harry é só o meu amigo. E, como amiga, me preocupo com ele.

— Até demais...

— Amigos se preocupam.

— Eu sei, desculpe.

— Não tem problema.

— Pode me responder uma coisa?

— Depende...

— Você gosta do Wood?

Amber olhou irritada para Ginny e virou o rosto, sem responder. Ginny segurou o riso e resolveu deixar o assunto para lá.

Os dias estavam passando rápidos demais! Sarah descobrira sobre os pesadelos de Amber e tentou convence-la a ver Madame Pomfrey, mas Amber negou rapidamente.

— Bom, pelo menos escreva para a minha mãe — disse Sarah impaciente — Ela tem o direito de saber! É sua madrinha!

Amber acabou concordando, mas se "esqueceu" de escrever a carta. Claro que aquele assunto voltaria a tona, mas quanto mais tarde melhor. Não queria ser novamente a garota problemática.

No dia 23, Amber percebeu que Harry estava realmente se esforçando para o Triwizard e que Hermione estava o ajudando demais.

Amber teve que admitir que estava começando a se irritar com Trelawney, que previa a morte de Harry a cada aula. Dessa vez ela dissera que "a posição de Marte com relação a Saturno, naquele momento, significava que as pessoas nascidas em Julho corriam um grande perigo de sofrer uma morte súbita e violenta". Harry também se irritou e respondeu de uma maneira bem sarcástica.

O estômago de Amber se embrulhou. "Francamente, Amber. Já deveria estar acostumada! Harry é um imã para problemas". Só que a diferença das situações que Harry enfrentou anteriormente e a atual era que Amber estava em Beauxbatons e nem tinha ideia de que essas coisas estavam acontecendo com o seu irmão. Dessa vez, ela estava vivendo a situação.

Rony parecia que ia rir e o olhar dele e de Harry se encontraram por um minuto, mas os dois foram teimosos e continuaram sem se falar. Amber imaginou-se enforcando os dois. Idiotas! Era isso que eles eram.

Naquela noite, os pesadelos de Amber pareceram se intensificar, com direito a ela acordando aos berros. Logo, ela ouviu passos apressados e Hermione apareceu à porta.

— O que aconteceu? — perguntou assustada.

— Onde você estava? — perguntou Amber, estranhando.

— Treinando Feitiços Convocatórios com o Harry. Mas você não respondeu a minha pergunta.

— Nada, só um pesadelo.

— Tem tido muitos pesadelos, não é?

— Você não estava ajudando o Harry com o feitiço?

— Nós já acabamos. É por isso que eu subi. E na escada para o dormitório escutei seus gritos.

Hermione trocou de roupa e se deitou.

— Se quiser conversar sobre isso... — começou Hermione.

— Estou bem. Obrigada, Hermione — respondeu Amber voltando a se deitar.

Hermione entendeu o recado e deixou-a em paz.

Amber levou um século para conseguir cair no sono de novo. Dessa vez, não teve pesadelos e pôde dormir tranquilamente. Nesse meio tempo, Hermione ficou pensando no livro que encontrou na biblioteca enquanto pesquisava sobre o direito dos elfos.

Sabia que era errado, mas não pôde evitar pesquisar. Desconfiou de Amber e Sarah no momento em que foram selecionadas pelo Sorting Hat. Elas eram muito familiares. Claro que ela poderia estar errada, mas tinha de descobrir se havia algo de errado com elas, não que pensasse que elas fossem Death Eaters.

O livro era "A Nobreza da Natureza: Uma Genealogia Mágica". Pelo título do livro, provavelmente falariam mal de nascidos muggles e muggles, mas Hermione já estava acostumada com aquilo e ignorou.

Ela não teve muito tempo para lê-lo, pois estava ajudando a Harry com o torneio.

"Assim que a primeira tarefa acabar, eu vou voltar a pesquisar sobre isso" Hermione prometeu a si mesma antes de cair no sono.

No dia seguinte, dava para perceber a atmosfera tensa e excitada. As aulas seriam interrompidas ao meio-dia, dando tempo aos estudantes descerem até o local onde seria realizada a primeira tarefa. Amber estava rezando para que não desmaiasse.

— Se acalme! — disse Sarah — Até parece que vai ser você quem vai competir.

E as piadas de mal gosto dos Slytherin e do resto da escola estavam deixando Amber nos nervos.

Quando deu a hora, todos foram para as arquibancadas para presenciar a primeira tarefa. Ambre ficou de cabeça abaixada, tentando pensar em qualquer coisa menos no que aconteceria a seguir.

— Você está bem? — perguntou Oliver.

— Estou — respondeu Amber, sem emoção.

— Não é o que parece...

Amber olhou para o lado contrário.

— Já percebeu que toda vez que nos encontramos ou é você esbarrando em mim ou você estando mal de alguma forma? — comentou Oliver.

— Eu já disse: estou bem — retrucou Amber.

— Sei...

"Está tão na cara assim?" perguntou-se Amber.

Quando se sentaram nas arquibancadas, Amber começou a suar frio. Decidiu conversar para se distrair, pelo menos por enquanto, da situação.

— Fred e George disseram que jogavam no time de quidditch ano passado — comentou Amber.

— Sim, nós jogávamos — disse Oliver — Você gosta de quidditch?

— Gosto.

— Em que posição você joga?

— Depende. A minha posição mesmo é Chaser, mas eu já joguei como Seeker e Keeper. Essa última eu... Não deu muito certo!

Oliver riu do jeito que Amber falou.

— E eu que pensava que ficar na frente dos aros era fácil... — disse Amber.

— Sério? — perguntou Oliver.

— Eu nunca tinha jogado! Na verdade, só joguei algumas vezes. Não é como se eu tivesse talento para entrar no time das casas.

Então, Amber percebeu que havia um dragão mais na frente, Bagman começou a narrar a tarefa e Cedric apareceu, nervoso.

— Dragões? — perguntou Amber, nervosa.

— Hagrid deve estar adorando isso — disse Sarah.

Amber levou um susto.

— Desde quando você está aí? — perguntou Amber.

Sarah simplesmente sorriu, sem responder a pergunta de Amber.

— Parece que Harry será o último — disse Ginny, atrás delas.

— Coitado... — disse Sarah.

Amber fuzilou Sarah com o olhar.

— Não precisa me deixar mais nervosa do que já estou — sussurrou.

Sarah deu de ombros.

— Onde estão Fred e George? — perguntou Ginny.

— Foram fazer umas coisas... — Sarah disse vagamente — Ou devem estar com a Angelina.

— Ou querendo se livrar de você — brincou Ginny.

— Cale a boca! — disse Sarah, levando na esportiva.

Quinze minutos depois, Cedric conseguiu passar pelo dragão e se apoderou de um ovo dourado.

— Deve ter alguma pista que leve à segunda tarefa — deduziu Amber.

— Ah, vá! — disse Sarah.

Ginny balançou a cabeça.

— Você consegue ser irritante quando quer — disse para Sarah.

— Eu sei... — respondeu Sarah.

Agora era outro dragão que estava perante todos e Fleur saia da barraca dos campeões.

— Vai lá, Fleur! Vai lá! — murmurou Sarah.

Amber se esquecera de que não era só Harry competindo no Triwizard, mas também sua amiga Fleur. Quis se dar um murro por ter esquecido da amiga. Isso não era coisa que se fizesse!

Sarah e Amber ficaram tensas a cada tentativa de Fleur recuperar o ovo.

— Aaaah... Harry está ferrado! — disse Sarah quando Fleur conseguiu pegar o ovo.

Amber a olhou irritada. A vez de Krum não foi muito demorada, Krum se saiu muito bem, aumentando a desconfiança de Amber de que tanto ele quanto os outros campeões sabiam sobre os dragões antes mesmo desse dia. "Será que Harry sabe?" pensou. Sem contar que Krum era bem mais avançado. Não era justo isso acontecer logo com seu irmão.

Então, foi a vez de Harry. Para Amber tudo ficou mudo em volta. Harry ergueu a varinha e Amber reconheceu o Feitiço Convocatório que Hermione estava lhe ensinando. Quando uma vassoura apareceu, Amber ficou aliviada. "Harry é excelente em quidditch" Hermione lhe comentou uma vez.

Logo, Amber percebeu que o plano de Harry era distrair o dragão e pegar o ovo. "Ótimo plano" pensou Amber. Mas não pôde deixar de ficar tensa quando um jorro de fogo passou raspando pelo braço de Harry. Ela se sobressaltou e, inconscientemente, a mão dela foi para cima da de Oliver. Quando percebeu isso, tirou a mão, sentindo o rosto corar.

Deu graças a Merlin por Sarah estar concentrada demais na tarefa para ter notado. Um dos chifres da cauda arranhou o ombro de Harry e Amber começou a roer a unha, nervosa.

Então, Harry conseguiu fazer o dragão voar um pouco e pegou o ovo de ouro. Sarah, assim como todos, começou a gritar e aplaudir. Harry dirigiu-se para a profª McGonagall, Moody e Hagrid que lhe indicaram uma direção para ir, enquanto aguardasse as notas.

Hermione tocou o ombro de Amber.

— Vem. Vamos ver como Harry está! — disse puxando-a pelo braço.

Amber a seguiu rapidamente e percebeu que ela tinha marcas de unhas nas mãos. Provavelmente as apertara de medo.

— O que? Vai pedir desculpas a Harry? — perguntou Amber para Rony que começou a acompanha-las no meio do caminho, com um olhar de "eu estava certa" típico de Hermione.

— Tive tempo para pensar — disse Rony, decididamente pálido.

Eles entraram na barraca dos campeões.

— Harry, você foi genial! — exclamou Hermione — Você foi fantástico! Realmente foi!

Harry tinha os olhos fixados em Rony, que olhava para Harry como se visse um fantasma.

— Harry — disse Rony muito sério — quem quer que tenha posto o seu nome naquele cálice, eu... Eu reconheço que estava tentando acabar com você!

— Entendeu, foi? — disse Harry, friamente — Demorou.

Hermione ficou parada nervosa e Amber resolveu que era melhor deixar os três amigos a sós, mas Hermione puxou o seu braço.

Rony abriu a boca, mas Harry se apressou em dizer:

— Ok, esquece.

— Não, eu não devia ter...

— Esquece.

Os dois sorriram nervosos e Hermione começou a chorar.

— Não tem motivo para chorar — disse Harry espantado e Amber teve vontade de rir.

— Vocês dois são tão burros! — exclamou Hermione, batendo o pé no chão.

Então, ela abraçou os dois e saiu correndo aos berros. Amber foi atrás dela de fininho, antes que Harry notasse sua presença.

— Maluca — Amber ouviu Rony dizendo.

Logo se juntou a Hermione que estava se recuperando do ataque. Viu ao longe, Rony e Harry conversando enquanto os juízes davam as notas.

— Meninos — disse Amber revirando os olhos, mas com um sorriso de canto — São tão idiotas!

— Concordo — disse Hermione, se lembrando repentinamente do jeito em que Amber pareceu preocupada durante a vez de Harry.

"Preciso ler o livro" Hermione fez a anotação mental.

Depois que Harry e os outros campeões conversaram com Bagman, todos foram voltando para o castelo. Amber novamente tentou deixar os três amigos sozinhos, mas Hermione insistiu para que os acompanhasse.

Assim que se aproximaram, deu um soco no braço dos dois.

— Ai, Amber! — disse Rony.

— Idiotas! — disse Amber — Briguem de novo desse jeito e vocês vão ver.

Então, os três começaram a contar a Harry sobre o que os outros campeões fizeram.

— A Amber ficou nervosa por causa da Fleur — comentou Hermione.

— É claro que fiquei nervosa! Ela é minha amiga desde o 2º ano — disse Amber.

— Por que não desde o 1º? — perguntou Rony.

— Tanto eu quanto Sarah a achávamos meio... — começou Amber.

— Metida — completou Hermione.

— Quando você a conhece melhor, vê que ela é bem melhor do que isso!

Então, os quatro escutam as folhagens atrás deles se mexendo e, quando se viraram, viram Rita Skeeter saindo do meio das árvores. Amber sentiu uma raiva daquela mulher e viu que Hermione se sentia da mesma maneira.

— Parabéns, Harry! — cumprimentou Rita, radiante — Será que você pode me dar uma palavrinha? Como foi que você se sentiu enfrentado aquele dragão? Como é que você se sente agora à lisura das notas?

— Posso dar uma palavrinha, sim — disse Harry com raiva — Tchau.

E saiu andando em direção ao castelo, acompanhado de Rony. Hermione e Amber se entreolharam e logo os seguiram.

— Pensei que você daria uma bronca no Harry — disse Amber.

— Aquela mulher é uma víbora — Hermione dá de ombros.

Nisso, Amber teve de concordar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Acontecimentos de: 31 de Outubro de 1994 até 24 de Novembro de 1994.