POV NICO

Três meses depois...

Há três meses eu não me sinto bem.

Há três meses, sinto como um pedaço de mim tivesse faltando.

Há três meses tenho que ficar ouvindo garotas tentando me “animar”, tentando dar em cima de mim, mais eu sempre dou um jeito de fugir, de escapar.

Na verdade eu queria escapar de tudo aquilo.

Eu ainda não acredito que à três meses atrás, ela foi embora e me deixou, sem nem ao menos se despedir, olhar pra mim. É como se eu não fosse importante na vida dela, é como se nada de tudo aquilo que passamos, mudara alguma coisa.

Eu sempre dou um jeito de ficar sozinho, de fugir de todos. Só eu e meus pensamentos. Prefiro guardar minha dor só pra mim, mas sei que todos já perceberam, por que já faz muito tempo. Percy e Annabeth se conformaram rapidamente depois que ela saiu e tentam me consolar falando que ela ia voltar, que por mais que demore, eu vou me acostumar.

Mas isso não aconteceu, esperei, esperei, esperei. E nada aconteceu. Todo esse tempo, acordo todos os dias, vendo aquele rosto com aquele sorriso na minha frente. Aquele rostinho inocente, mas por dentro, guarda um temperamento que é um tipo de bomba relógio, mas, com as palavras certas, você conseguia se sair bem. Só que o problema é que com Samantha, nada é certo, a menos, que ela diga que é. Ai meus amigos, ninguém pode discutir.

Eu estava sentado nos degraus do meu chalé, fitando o chão, como se fosse uma coisa legal, quando ouvi uma voz á minha frente.

– Oi Nico! – Olhei na direção da voz. Uma garota com cabelos longos e loiros, olhos cor de mel e um sorriso encantador, mas forçado no rosto. Eu conhecia aquela garota. Consegui esboçar um sorriso.

Carmem.

Filha de Afrodite.

– Oi – respondi secamente. Ela se sentou ao meu lado.

– Ainda pensando na Samantha? – Ela disse o nome dela com desdém, o que já fez com que meu sangue subisse.

– Sempre vou pensar nela – respondi.

– Hum. O que ela tem de tão especial Nico? – Ela se aproximou mais de mim. Olhei para ela mortalmente.

– Você não tem nada melhor pra fazer não? – Perguntei.

– O que tem de melhor do que ficar com você? – Ela tentou acariciar meu rosto, mas desviei de seu toque. Revirei os olhos.

– No seu caso? Se maquiar? – respondi olhando novamente para frente.

– Nossa Niquinho... Sabe do que você precisa? – Ela perguntou ‘’ grudando’’ definitivamente em mim.

– O quê? – Tentei me soltar, mas ela agarrava meu braço firmemente.

– De uma distração – Ela respondeu com um sorriso. Fiz cara de tédio, mas pensei em entrar no jogo.

– Ah é? – perguntei dando um sorriso malicioso.

– Sim – ela sussurrou perto do meu ouvido.

– Então, me distraia – Respondi.

Ela começou a aproximar seu rosto do meu. Encarei-a fixamente. Não tinha percebido antes como ela era realmente bonita. Claro, filha de Afrodite, mas ela era realmente linda. Uma beleza natural, e uma coisa muito rara, não usava maquiagem. Coloquei a mão em seu rosto passando para sua nuca, puxei ela pra mim, observei ela fechar os olhos. Talvez, seja hora de esquecer Samantha. Três meses haviam se passado e nenhum noticia dela. Tantas garotas caindo em cima de mim e eu de bobeira. Talvez, seja hora de mudar. Talvez seja hora de...

Nossos lábios se tocaram.

Por alguns segundos...

– Ei, vocês dois...

Ouvi uma voz feminina.

Carmem se distanciou de mim praguejado algo em grego.

– Annabeth? - pronunciei.

– O que vocês pensam que estão fazendo? – Ela perguntou cruzando os braços.

– Não é meio óbviu para uma filha de Atena? – Respondi com outra pergunta.

Ela me olhou mortalmente. Depois para Carmem que deu uma encolhida entre os ombros.

– Carmem, sai. – Annabeth disse simplesmente tentando estar calma. Eu disse tentando.

– Mas...

– Vaza garota. O assunto aqui não te diz respeito. – Annabeth a interrompeu séria. Carmem me encarou, fiquei sem reação. Ela levantou e saiu.

– Eae, mãezona. Vai ficar me vigiando agora? – Perguntei levantando dos degraus e ficando frente a frente com ela. Reparei em seu rosto e ela parecia ter estado chorando.

– E Samantha? – Ela me perguntou.

– Hora de esquecer ela não é? Do mesmo jeito que ela me esqueceu.

– Ah, e ficando com outra assim, coisa fácil.

– É o melhor jeito não acha? E ela tava dando mole, simplesmente dei o que ela estava pedindo.

– Não, não acho Nico. Samantha não te esqueceu, ela vai aparecer. Você só não deve ficar sofrendo por ela. - Lição de moral de novo mamãe? – Cruzei os braços e rolei os olhos.

– Ah Nico, me poupe das suas comparações.

– O que houve com você? Andou chorando foi?

– Quíron quer falar com a gente na Casa Grande. – Ela disse desviando da minha pergunta.

Simplesmente coloquei as mãos nos bolsos e fui em direção á Casa Grande sem responder ou olhar novamente para ela.

– Nico, vai indo á frente que eu já vou - escutei ela gritar.

Não respondi e continuei caminhando. Pensamentos me rodeavam. Seria talvez uma boa hora para viajar pelo submundo. Esquecer os problemas. Já consegui ver o sorriso do meu pai no rosto, feliz em saber que se livrou de sua inimiga, que ela agora faz parte da caçada. Alguém feliz, pelo menos.

Cheguei á Casa grande e vi Percy nos degraus me olhando, com expressão séria, de braços cruzados. Dei um sorriso.

– Tá de TPM lindinha? - perguntei á frente dele, um degrau a baixo. Ele revirou os olhos.

– Sem graça. Cadê a Annie? - ele perguntou. Dei de ombros.

– Ela disse que já vinha - respondi. Ele assentiu e entrou. Entrei atrás dele.

– Nico, Percy e... Cadê a Annabeth? - Cumprimentou Quíron.

– Já vem - Percy respondeu por mim, sentando-se em uma cadeira de frente para o centauro.

– Sem bunda de cavalo hoje tio? - perguntei me sentando ao lado de Percy. Quíron sorriu.

– Sim criança. Sem bunda de cavalo hoje - respondeu. Assenti e olhei para Percy. Seu rosto estava vermelho demais e só agora eu havia notado. Ele percebeu que eu estava olhando e virou o rosto. Quíron pigarreou.

– Então, temos que resolver logo esse assunto - falou sem olhar para mim. Me endireitei.

– Que assunto? - perguntei.

– Vamos esperar Annabeth.

– E onde ela está Percy? - Quíron perguntou e Percy olhou para mim.

– Ela só disse para eu vir na frente que ela já vinha - respondi.

– Pra que lado ela foi? - Percy perguntou me encarando.

– Hum...

– QUÍRON! - Nos assustamos com a força da voz. Aliás, das vozes. Os stolls estavam á porta com uma expressão assustada e seu olhos quase saíam das órbitas.

Eu e Percy nos levantamos rapidamente.

– O que houve crianças? - O centauro perguntou calmamente.

– É a Annabeth - Connor respondeu. Senti o medo e a fúria de Percy se expandir ao meu lado.

– O que houve com ela? - Os irmãos se entreolharam.

– DIGAM! - Percy quase me assustou com a ferocidade de como sua voz saiu.

– Ela está... sangrando... muito - responderam os dois juntos. Arregalei os olhos.

– Sangrando? - perguntei sem entender. Percy fechou os punhos.

– Ela está grávida - respondeu e saiu em disparada pela porta.