POV SAMANTHA.

Dia seguinte...

Já passavam do meio dia e eu não saia da cama. Não tinha vontade para comer, muito menos para levantar. Eu não tinha forças. Não queria ter. Percy tinha chegado um pouco depois de mim e dissera que Nico estava querendo falar comigo. Fingi que eu estava dormindo e acho que ele acreditou. Eu não queria falar com ninguém. Apenas queria pensar e relembrar por tudo o que eu passei em alguns dias e como minha vida mudou.

Eu descobri que Grover era um sátiro, que eu era uma semideusa, que meu pai era Poseidon. Eu não o conheci ainda. Meu pai. Percy disse que nosso pai tem muitos problemas e que com certeza pensa na gente. Não acreditei nele. Eu mergulhara no Rio Estige estava absolutamente sem saber o que fazer e quem me ajudara naquele momento fora Apolo, cujo filho eu deixei que morresse. Eu tinha o peso da culpa nas costas. Muitos filhos de Apolo devem estar me odiando nesse momento só não me mataram ainda por que o sentimento de perda de um irmão é maior que a raiva.

Mas minha sorte não duraria para sempre, pois Hades faria de tudo para me ver morta. Tentaria de todas as formas com certeza. Não cansaria até que em seu reino estivesse apenas minha alma e meu corpo apodrecendo. Apolo também viria atrás de mim, pediria explicações. Me xingaria e seria sorte se não me matasse também. E ainda tem Natália, aquela garotinha irritante, que me deixa enojada, garota mimada, eu vou estraçalhar e acabar com ela em um piscar de olhos. Ela que seja esperta e não durma. Vou arrancar seus olhos e comer seu coração.

E Nico...

Eu não sei o que pensar dele.

Eu não sei nem o que pensar de mim.

Está tudo confuso.

E eu só queria um pouco de paz.

A porta do chalé se abriu.

– Sammy? – Ouvi a voz do meu irmão.

– Eu – respondi, minha voz estava rouca.

Percy entrou e se sentou no canto da minha cama.

– O que está acontecendo com vocês? – Ele me olhava com pena. Odeio isso.

– Vocês?

– Você e o Nico. O cara ta no mesmo estado que você. Eu sei que ver um semideus morrer não é nada bom. Eu já provei isso, mas não se preocupe vocês não puderam evitar. Não foi culpa de vocês.

Sorri. Ele era um ótimo meio irmão. E burro também.

– Obrigado Percy. Mas, a propósito como estão você e Annabeth? – perguntei e sentei-me na cama.

Ele corou.

– Estamos bem.

– Mesmo? Vocês já ... – gesticulei com a mão, ele arregalou os olhos – Por que, bom, ela parece ser muito séria e mulheres sérias são as mais carentes.

– Samantha, por favor, isso é particular – responde ele, seu rosto estava todo vermelho.

Sai da cama em um pulo.

– O que você vai fazer? – perguntou ele levantando-se também.

Ele é alto. Percebi agora.

– Vou falar com minha cunhadinha – falei sorridente.

– Falar? Falar sobre o quê?

– Ah, sei lá. Talvez... bom sei lá – respondi.

Resposta inteligente com Samantha Hunter.

– Ah, ok. Então vou falar com o Nico.

Fiquei imóvel.

– Como disse? Falar o quê?

– Eu sei o que ta rolando entre vocês...

– Como você...

– Grover – Ele respondeu simplesmente.

Droga! Grover é o melhor amigo do Percy.

– Não está rolando nada entre mim e ele. Você está viajando.

Eu minto muito bem.

– COMO É? ENTÃO ELE TAVA TE USANDO?

Revirei os olhos.

– Me usando?

– Então você não vai ligar se eu disser que você perdeu uma cena de beijo do Nico e da Natália – falou.

– O QUÊ? O NICO E A NATÁLIA SE BEIJARAM? QUANDO? COMO FOI ISSO? – gritei e senti uma fúria incontrolável.

Percy de repente ficou nervoso.

– Os vi se beijando hoje depois do café da manhã. Não sabia que você gostava dele. O cara é esquisito. Ele ficou todo estranho depois desse beijo, simplesmente virou as costas e saiu andando sério, ao contrário de Natália que saiu saltitando.

– Que bom. Eu não gosto dele. Só fiquei curiosa – respondi tentando controlar minha voz que tremia.

– Ah, eu pensei que você gostava.

Nossa como ele é burro.

– Pois é. Mas obrigado pela informação. Dispensado – Falei me enfiei debaixo da cama e cobri meu rosto.

– Sammy? – falou ele baixinho.

– To dormindo.

Na verdade, eu me segurava para não chorar.

– Ah, ok. Então, bom vejo você depois. Descanse – disse ele e senti a porta se abrir e fechar.

Chorei.