Segunda Temporada De Finalmente Juntos escrita por Kriss Chan Dattebayo


Capítulo 35
Capítulo 35: Reviravoltas


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, sinto muito por ter simplesmente desaparecido. O capítulo estava pronto a muito tempo, mas estava com tantas coisas acumuladas que nem sequer eu peguei para postar. Realmente peço desculpas antecipadas a todos. Sim, eu realmente estou me sentindo um horror de escritora esses dias. Acredito que vocês possam nem sequer lembrar dos capítulos anteriores, e por isso mesmo eu peço inúmeras desculpas.

Bem, boa leitura a todos. Nos vemos em breve (eu espero)



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Capítulo 35

 

 

 

*Hinata*

 

 

 

                Cerca de dois dias depois, estávamos de volta a estrada. Uma empresa de construção deu início a recuperação da ponte com o fim da chuva e erguera uma ponte extra para que a transição dos veículos fosse possível. A paisagem litorânea ficava para trás e dava espaço a campos de arroz parecidos com aqueles mostrados em filmes antigos. Encarei o loiro ao meu lado. Os olhos fixos na estrada. O único som que rompia aquele silêncio era o de uma música desconhecida que tocava no rádio.

                Desde aquele dia, o silêncio havia se tornado constante. E eu ainda não estava pronta para reaver aquela conversa. Para dizer a verdade, eu ainda não sabia o que dizer. A simples menção a um tratamento fazia com que eu imaginasse mais decepções. Não somente para mim, mas também para todos que estivessem ao meu redor. Naquele momento eu me sentia, mais do que nunca, uma bomba relógio. Tinha medo de explodir e ferir quem estivesse ao meu lado com estilhaços.

                Novamente um pensamento tomou conta de mim. E se dessa vez funcionasse? E se, por algum milagre, essa droga experimental que Naruto havia dito, funcionasse? E se, graças a ela, eu pudesse viver normalmente ao lado daquele que eu amo? Virei meu rosto para janela, encarando novamente a paisagem. Meus olhos arderam com a possibilidade de um choro e rapidamente os cerrei. Não queria chorar. Não ali. Não na frente de Naruto. Suspirei profundamente e me entreguei ao sono.

                Uma hora depois eu acordei com o carro estacionando na vaga de garagem da minha casa. Naruto saiu, abrindo a porta para mim e depois pegando minha bagagem no porta-malas. Suspirei enquanto cambaleava até a porta principal. Procurei minhas chaves nos bolsos, encontrando-as e destrancando a porta. Encarei o loiro que terminava de puxar uma mala até a entrada. Naruto me observou por alguns segundos, talvez esperando que eu ao menos me despedisse dele. Sabia que ele provavelmente imaginava que eu estava com raiva e tudo o mais, porém, não era nada disso. Eu apenas precisava de um pouco de tempo, talvez para pensar. Talvez para decidir.

− Obrigada pela viagem, Naruto. – sussurrei para ele. Naruto apenas maneou a cabeça, dando-me as costas. Fechei meus olhos. Uma dor latente começava a resmungar em minha cabeça. Pontos vermelhos inundaram meus olhos e tratei de respirar profundamente antes de abri-los novamente. – Naruto... – chamei-o torcendo para que minha voz não demonstrasse o cansaço que invadiu meu peito ao resmungar. – Sobre o tratamento... Eu... – antes que eu pudesse ter a certeza sobre minhas palavras, vi o olhar de Naruto brilhar, literalmente. Ele colocou as mãos nos bolsos da calça, virando-se completamente em minha direção. – Vou pensar no assunto.

                Ele sorriu e despediu-se com um aceno. Vi-o entrar no carro e partir para o centro da cidade. Suspirei lentamente enquanto usava minhas últimas forças para puxar a mala, nem tão pesada, para dentro da casa. Encostei-a próxima a parede da sala de estar e fechei a porta. Subi as escadas, em silêncio, entrando no quarto logo em seguida. Os detestáveis pontos avermelhados ainda reluziam e eu tive que me sentar a beirada da cama para não despencar no chão. Minhas mãos remexeram uma das gavetas do criado-mudo ao meu lado, esbarrando em uma caixa de comprimidos para dor. Engoli duas cápsulas a seco mesmo e joguei-me sobre o colchão. A dor minando enquanto o remédio começava a fazer efeito. Remexi-me por algum tempo antes que ela se tornasse suportável a ponto de permitir-me dormir.

                Acordei com o som do toque estridente de um celular. Apertei os olhos enquanto tateava o chão em busca da bolsa. Quando a encontrei, retirei o celular. A luz do visor era insuficiente para iluminar o cômodo. Atendi, deixando que minha mão batesse contra o abajur, acendendo-o e permitindo um pouco mais de luz.

− Alô. – murmurei rapidamente. – Quem é?

− Hinata? – a voz de minha mãe tornou-se audível. Ela parecia ligeiramente abalada e chorosa. Uma sensação ruim subiu em meu peito, aumentando a agonia presente. Tentei levantar, mas uma dor causticante apossou-se de minha cabeça. O efeito do medicamento provavelmente havia passado. – Onde você está?

− Em casa. – murmurei de volta. – Aconteceu alguma coisa?

[...]

                Atravessei as portas do hospital completamente afobada. Meus olhos procuraram a figura de minha mãe, a encontrando em pé próxima a sala de espera. Hanabi estava sentada ao seu lado, segurando-lhe a mão. Corri, torcendo para que não desmaiasse na frente delas. Chamei a atenção das duas, fazendo com que ambas virassem o corpo em minha direção.

− Como ele está? – minha cabeça balançava com a dor que a invadia, crescendo a cada segundo. Minha respiração estava desenfreada. Minha visão, turva e repleta novamente pelos pontos vermelhos. – O que houve?

− Ele teve um ataque. – disse minha mãe. Senti seus ombros tremerem quando eu a abracei. Lágrimas escorriam, grossas e apressadas, por suas bochechas, despejando-se no tecido azul de seu vestido. – Está em uma cirurgia. Eu... Não sei o que fazer.

                Suspirei enquanto a puxava, relutante, para uma cadeira. Caminhei até um bebedouro, voltando com um copo de água fria. Entreguei-o a minha mãe, praticamente implorando para que ela bebesse, nem que fosse um pouco. Encarei Hanabi. Ela estava praticamente em choque, ainda agarrada a mão de minha mãe.

− Vou ver se consigo alguma informação. – retruquei para elas. – Hanabi. – Minha irmã olhou para mim assustada. – Leve a Okaa-san para a praça de alimentação. Vocês precisam comer algo. Encontro vocês logo mais.

                A vi  acenar, confirmando, e puxar minha mãe para a ala mais distante. Aproximei-me da parede, segurando meu casaco e deixei que meus olhos seguissem em direção ao forro rebaixado na cor branca. Fiz uma prece silenciosa, torcendo para que ela, ao menos desta vez, fosse atendida. Encarei o corredor, fungando, e segui até a recepção.

− Drª Hinata? – ouvi uma voz conhecida alcançar meus ouvidos. Konan caminhava com uma pasta negra de receituários médicos nos braços. Os papéis ameaçando cair a cada novo movimento brusco que ela fazia. – O que houve? Pensei que estivesse na sua folga.

− Aconteceu uma coisa com meu pai. – falei o mais rápido que eu pude. Vi o semblante de Konan mudar drasticamente. Ela abandonou a pasta sobre o balcão, deixando-a com outra enfermeira e voltou sua atenção para mim. – Será que pode conseguir alguma informação para mim? Ele está no meio de uma cirurgia.

− Claro. – respondeu – Providenciarei isso imediatamente.

                Vi Konan desaparecer por uma porta ao final do corredor que eu havia tomado até ali. Comecei a caminhar de um lado a outro. Sabia que quem me visse ali, provavelmente imaginaria que eu abriria um buraco no chão, de tanto andar em círculos. Meu pai já possuía problemas com hipertensão e colesterol alto. Eu sabia, por fonte segura (lê-se, minha mãe), que o trabalho na empresa era o que mais vinha lhe causando estresse nos últimos meses. Um ataque cardíaco era algo que poderia vir a acontecer.

                Deixei um suspiro nervoso escapar por meus lábios. Encarei o corredor. A tensão correra por meu corpo no momento em que vi Konan voltar. Ela parou a minha frente. Seu olhar era praticamente penoso a meu ver e temi pelo pior.

− Consegui falar com uma das enfermeiras que deu entrada no centro operatório. – ela sussurrou em minha direção. – Pelo o que descobri, foi necessária uma intervenção cirúrgica de emergência devido a uma obstrução nas artérias coronárias. Bem, eu não sei muito o que isso significa, afinal, não é da minha área de atuação, mas ela disse que essa cirurgia leva em torno de cinco horas. – senti meu corpo despencar em uma das cadeiras da sala de espera. – Se houver alguma novidade, eu pedi para que ela me informasse e eu pudesse passar a informação para a senhora.

− Obrigada, Konan. – consegui agradecer. Minha voz apenas uma fagulha. Senti meu nariz escorrendo e funguei discretamente, passando minha mão por meu rosto. Senti o celular vibrar no meu bolso e atendi no terceiro toque. – Alô. – a conversa do outro lado da linha era agitada. Naruto parecia ainda mais desesperado. Ouvi a voz de minha madrinha no fundo, aflita. – Ele está na cirurgia, Naruto. – resmunguei em resposta a sua pergunta. – Não, não tenho muitas notícias. É uma cirurgia considerada complicada. – mais alguns resmungos. – Estamos no hospital. – outros resmungos. – Sim, obrigada. Realmente, por favor, venha.

                Não me sentia nitidamente capaz de suportar aquilo. Pelo o pouco que eu havia estudado durante o curso de Medicina, essa cirurgia era, de fato, de alto risco. A parte do curso que explicava as complicações do funcionamento dos corações humanos, bem como aquela parte de primeiros socorros, não havia, de fato, me interessado. Agora, me arrependia amargamente de quando deixava de prestar atenção nos dizeres de meus professores.

                Ergui-me do assento quando Naruto e tia Kushina passaram pela porta. Ele correu em minha direção. Senti seus braços me apertarem em um abraço e, literalmente, deixei que as barreiras construídas, desmoronassem. Lágrimas escorreram por meu rosto, soluços ecoaram por meus lábios. Minhas mãos apertaram o corpo do Uzumaki, como se aquilo fosse a única coisa que me permitisse permanecer em pé. Para mim, de fato era.

 

 

 

*Naruto*

 

 

 

                Encarávamos as paredes no aguardo de notícias. Haviam se passado quase cinco horas e meia e nada de nenhum médico escapulir e explicar o que havia acontecido, de fato. Encarei tia Yumi. Ela estava desolada. Minha mãe tentava acalmá-la, oferecia-se para pegar um copo de café, de água ou qualquer outra coisa, mas a única coisa que ela conseguia fazer em resposta era um aceno negativo com a cabeça. Hanabi estava abraçando as próprias pernas. Konohamaru, seu namorado, havia chegado não fazia sequer dez minutos e a abraçava pelos ombros. Hinata estava sentada em uma cadeira. Os dedos entrecruzados. Os olhos vermelhos e exaustos. Aproximei-me dela, agachando-me até ficar de sua altura. Estendi um copo de café morno em sua direção. Ela o aceito, mas não bebera um mísero gole.

                A porta foi aberta e por ela saiu um médico alto, ligeiramente cansado. Ele retirou a máscara da frente do rosto, deixando-a descansar em seu pescoço e puxou a touca cirúrgica da cabeça, amassando-a nas mãos. Todos que estavam sentados, ergueram-se, aproximando-se dele quando ele nos chamou.

− E então Dr.? – tia Yumi o questionou. A voz embargada e angustiada, sedenta por notícias. Minha mãe agarrou seus ombros, acariciando-os de leve. Eu sabia que minha mãe estava preocupada, mas também sabia que ela se via na imagem de tia Yumi, sedenta por algo que indicasse boas notícias, justo como quando meu pai morreu. Só que ao contrário de tia Yumi, minha mãe não tivera a chance de esperar por alguma notícia boa. – Como meu marido está?

− Ele deu entrada com uma angina, que rapidamente evolui para um infarto. – ele começou a falar. – Isso foi provocado por uma obstrução total nas artérias coronárias que levam o oxigênio e sangue ao coração. Tivemos que recorrer a uma cirurgia de revascularização do miocárdio, também conhecida como “ponte de safena”. Criamos um atalho entre a aorta e a coronária para que o sangue pudesse circular sem houvesse interrupção. Usamos uma das veias da perna para fazer essa interligação. A cirurgia aconteceu sem maiores problemas e seu marido foi transferido para um quarto. Vocês podem vê-lo agora.

− Muito obrigada. – murmurou Hinata prendendo um soluço. Encarei-a e deixei que ela afundasse em meus braços. Tia Yumi pareceu, ligeiramente, mais aliviada, bem como Hanabi. – Por favor, Dr.

− Me acompanhem. – ele resmungou brevemente pedindo que seguíssemos ele até uma ala de descanso pós-cirúrgico. Ele abriu uma porta e vimos Hiashi deitado em uma cama, levemente entorpecido pelos analgésicos e com um soro preso a seu braço. Ele parecia ligeiramente aliviado quando viu o rosto de sua esposa e filhas. – Bem, agora deverá haver um cuidado importante com a ferida operatória para evitar uma infecção. Não deve fazer nenhum esforço por cerca de três meses, apenas leves caminhadas. Uma vida normal, apenas a partir de seis meses, entendido? – ele falou e todos concordamos em um coro. – Além disso, ele deve tomar a medicação corretamente, controlar rigorosamente o colesterol e nível de açúcar no sangue, bem como uma reabilitação cardiovascular e visitas constantes ao hospital, de preferência, anuais. Oh, e logicamente, reduzir o estresse. Menos trabalho, mais lazer, Sr. Hyuuga.

                Vi  o homem concordar, mesmo que relutante. Hinata, tia Yumi e Hanabi aproximaram-se de Hiashi. Pude ouvir choros e resmungos aliviados. Permaneci na porta do quarto com minha mãe e não pude notar que, além da expressão de alivio, ela parecia entristecida. Eu dava a isso a constante lembrança de meu pai. Desde que ele falecera, a vida alegre de minha mãe dera uma freada brusca. E como, um dia, meu pai chegara a me dizer, minha mãe sempre demonstraria um sorriso na frente dos outros, fingindo estar bem. Mas seria na solidão de seu quarto, revendo fotografias, ou até mesmo revirando as roupas que meu pai costumava usar, que ela despencaria e abandonaria qualquer memória de mulher forte que criava na frente das pessoas. Passei meu braço ao redor do ombro dela, aconchegando-a próxima a mim. Beijei o topo de sua cabeça. Os cabelos ruivos sem nenhum resquício de fios brancos, comuns na sua idade.

− Eu te amo, okaa-san. – deixei minhas palavras escaparem. Não sabia ao certo o porquê de dizê-las naquele momento em específico, mas eu aparentemente precisava. – Só quero que se lembre disso.

− Eu sei. – ela disse enquanto beijava a palma de minha mão, agarrando-se a ela. – Eu também te amo, meu amor.


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Notas finais do capítulo

Pois é. Sinto muito mesmo por ter desaparecido assim. Agradeço a todos que ainda acompanham essa história e desejo boas vindas a quem chegar a partir de hoje. Até o próximo!



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