Segunda Temporada De Finalmente Juntos escrita por Kriss Chan Dattebayo


Capítulo 29
Capítulo 29: Azul Nebuloso


Notas iniciais do capítulo

*Capítulo Betado

Bem gente, sei que demorei muito em atualizar dessa vez, mas tive alguns imprevistos na hora de escreve e somente no sábado minha beta enviou esse capítulo. Sem muito a dizer sobre ele, então... Boa leitura!



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*Naruto*

― Muito bem, Naruto... ― sussurrou Tsunade enquanto colocava as mãos sobre a cintura. ― O que acha que está fazendo passeando pelos corredores do hospital? E ainda por cima... Deixando seu filho sozinho?

Meus olhos deixaram a loira por alguns segundos e tornaram a encarar os degraus mais adiante. Queria ter continuado a ouvir tal conversa. As partes, por mim ouvidas, não tinham grande significado, mas eu mentiria se dissesse que elas não houvessem me deixado encabulado. Que passado seria esse? O que havia acontecido entre os dois no Canadá? O que poderia ser, para que tanto Hinata quanto Gaara não tenham me dito? Eu me sentia completamente enganado. Enganado pelas duas pessoas que, depois de minha mãe, eu mais considerava. Me sentia enganado por meu melhor amigo que, sempre que possível, era meu maior confidente. Me sentia enganado pela única mulher que, sinceramente, amei nesta vida. Isso era torturante demais.

― Naruto! ― exclamou a Senju. Encarei Tsunade novamente. A conhecia desde que eu era uma criança e nutria um grande laço para com ela. A considerava aquela “avó” que não tive o prazer de conhecer. ― Responda logo de uma vez, o que o levou a deixar seu filho sozinho?

― Não o deixei sozinho por um motivo fútil, baa-chan. ― resmunguei vendo a loira adquirir uma expressão furiosa em seu rosto. ― Estava procurando por Hinata para falar sobre os exames que ele fará.

― Então por que não o trouxe consigo, mas sim o deixou abandonado na sala da Hyuuga? ― vociferou. Ela parecia incrivelmente chateada comigo por ter deixado Hiro sob os cuidados de um enfermeiro qualquer. Apenas encarei o chão. Ela estava certa. Eu era um pai horrível. Eu era, acima de tudo, um pai ausente. ― Diga de uma vez por todas!

― Desculpe, baa-chan... ― fora apenas o que eu consegui dizer. As meias palavras, tanto de Hinata quanto de Gaara, ainda rodopiavam sem sentido por minha mente, deixando-me a mercê de suposições inexatas. ― Eu já estou voltando. Se por acaso encontrar Hinata, avise-a que estamos esperando na sala dela.

O caminho de volta para a sala de Hinata pareceu mais longo do que realmente era. Minha mente pregava-me peças tão mirabolantes que eu não gostaria nem de comentar em voz alta. Cada ideia surgindo e eu tentando refutá-las sem querer acreditar que fossem verdadeiras. Suspirei lentamente deixando que as portas do elevador abrissem no andar indicado e me dessem a visão do corredor vazio ao contrário do lugar no qual eu estava alguns segundos atrás.

Abri a porta vendo que o enfermeiro conversava alguma coisa com Hiro. Ao me ver, o rapaz sorriu minimamente e despediu-se do pequeno, saindo em seguida da sala. Aproximei-me de Hiro e o encarei lentamente. Ele realmente era parecido comigo quando criança. Porém, o formato de seu rosto e a forma como ele, normalmente, agia lembrava-me Hana. Ele pareceu me encarar confuso e acredito que sua confusão atingira níveis alarmantes quando eu o abracei. Não sabia o que me levara a tal ato, mas apenas deixei que meus braços envolvessem o corpo franzino de Hiro.

― Desculpe, Hiro... ― sussurrei vendo o garoto parecer mais calmo e simplesmente retribuir o abraço. Um mínimo sorriso brotou de meus lábios tão rapidamente que até surpreendera-me. ― Desculpe por ser um pai tão ausente. ― resmunguei. Eu provavelmente já sabia que algumas palavras poderiam ser desconhecidas por parte de uma criança, mas eu precisava dizê-las. Naquele momento, de todos os pensamentos que rodavam por minha mente conturbada, esse era o único do qual eu ainda tinha certeza de poder falar em voz alta. ― Eu vou tentar... Vou me esforçar ao máximo daqui em diante para ser mais presente.

Afastei-me de Hiro apenas o suficiente para ver seu rosto. Ele ainda estava pálido e parecia um pouco magro. Os olhos azuis como única parte visível de seu rosto devido à máscara hospital que cobria metade de sua face. Os cabelos loiros, ao contrário dos meus, pareciam mais comportados e escorriam por sua testa. Passei a mão sobre seus cabelos, vendo-o sorrir minimamente com o ato. E ali tinha algo que eu invejava. Aquela doce inocência de criança em que a única preocupação era o agora. Em que a dúvida entre escolher o brinquedo A ou B fosse a única preocupação de todas. Em descobrir se tal desenho animado seria a melhor coisa a ser assistida na televisão.

― Naruto? ― a voz doce e impossível de não se reconhecer alcançara meus ouvidos. A mesma voz que esboçara meias palavras alguns instantes atrás. Encarei a figura atrás de mim e vi-a sorrir. Eu gostaria de devolver tal sorriso, como sempre fazia, mas não o fiz. Naquele momento eu não conseguia. Minha cabeça ainda somava as dúvidas, deixando-me novamente a mercê de suposições, por mim, inaceitáveis. O olhar sereno dela fora rapidamente substituído pela incompreensão. ― Aconteceu alguma coisa?

Eu queria apenas dizer que não. Queria ter a certeza de nada havia acontecido e que tudo não passara de uma miragem auditiva. Eu queria que continuássemos como estávamos, mesmo que contra todas as expectativas. Eu queria acreditar em Hinata. Queria acreditar em Gaara, meu melhor amigo. Mas simplesmente não conseguia. Para mim, o ainda desconhecido passado dos dois era sufocante. Tão sufocante que as palavras faltavam não sair.

― Vim trazer o Hiro para os exames mensais. ― balbuciei, mas não conseguir evitar que minha voz tornasse real tudo aquilo que me atormentava o juízo. Provavelmente, mesmo que fosse tão ínfimo que não valesse a pena ser medido, uma parte daquele medo entoava minha fala.

― Eu pensei que a Hana fosse trazê-lo... ― sussurrou Hinata. Ela aparentava estar confusa e eu percebi isso claramente pelo modo turbulento que suas palavras escaparam dos finos lábios. Então novamente meu coração contraiu-se. Ela parecia mais magra que alguns dias atrás. Seu rosto também parecia mais pálido, mesmo que ela tentasse de todos os artifícios da maquiagem para esconder este fato. Seu corpo transmitia o real estágio de sua doença. Ela, provavelmente, tentava esconder isto de todos. Eu havia pesquisado o suficiente sobre leucemia para saber o que acontecia silenciosamente com ela. Eu não era um especialista, mas depois de tantos artigos lidos, eu poderia dar brevemente minha opinião. ― Aconteceu alguma coisa com ela?

― Ela teve que comparecer a uma entrevista de emprego. ― respondi claramente. Ela pareceu ligeiramente confusa novamente, mas como tão rápida esta expressão atingira-a, tão rápida ela voltou a meiga expressão de sempre. Era visível seu desentendimento, mas eu não forçaria a contar nada naquele momento. Deixaria que as coisas fluíssem e que, somente após deixar Hiro novamente com sua mãe, eu a confrontaria. ― Então eu trouxe ele.

*Hinata*

Naruto parecia estranho. Ele parecia estar mais sério que o seu normal e, desde que eu entrara na sala, não o vi esboçar um mísero sorriso que fosse. Aposto que ele provavelmente percebera meu desentendimento completo através das mudanças sucessivas em minha expressão facial.

Suspirei lentamente enquanto dava a volta pelos dois e seguia em direção a minha mesa. Eu ainda estava ligeiramente mexida com a conversa com Gaara, alguns segundos atrás e a forma como Naruto estava agindo apenas fez com que eu me tornasse ainda mais paranoica e que minha mente começasse a imaginar coisas. Peguei um bloco e caneta sobre minha mesa e pedi que os dois se sentasse a minha frente.

― Ele apresentou alguma febre, enjoo, tosse ou alguma outra coisa recentemente? ― a pergunta escapara de meus lábios e encarei o loiro que apenas balançou negativamente a cabeça. ― Está tomando os remédios de forma correta?

― Sim. ― ele respondeu. Escrevi mais algumas coisas na folha do bloco receituário e a entreguei ao Uzumaki em seguida. ― O que é?

― Entregue a Konan na recepção. ― eu disse. ― Ela vai preparar os materiais para fazer um hemograma no Hiro. Preciso saber se a quantidade de leucócitos e plaquetas está normalizada. Só depois disso eu vou poder falar alguma coisa.

― Está bem... ― sussurrou minimamente enquanto erguia-se da cadeira segurando a mão do pequeno Hiro. Ele me encarou por alguns segundos e senti meu corpo retesar sob a mesa. Seu olhar estava completamente diferente do habitual brincalhão. Ele não parecia confortável com alguma coisa e, mesmo que eu quisesse ao máximo perguntar o que havia acontecido, algo no fundo me dizia que ele não daria nenhuma resposta. ― Hinata... ― eu o vi chamar meu nome e rapidamente deixei meus olhos se arregalarem. O motivo? Bem, eu ainda não compreendia. ― Você vai ficar de plantão hoje? ― perguntou-me e eu apenas neguei com um breve aceno. ― Então me espere hoje a noite... Preciso conversar com você.

Apenas confirmou antes que ele saísse pela sala. Soltei um mínimo suspiro enquanto encostava minhas costas na cadeira acolchoada. Minha mão findara na testa quando tentei ergue-la. Os dedos tamborilavam pelo local um pouco aquecido. Retirei o termômetro da segunda gaveta na mesa e liguei-o apertando o pequeno botão para, em seguida, ver o número zero escrito no ecrã. Coloquei a ponta de metal junto a axila esquerda e movi meu braço para junto ao corpo. Alguns segundos depois, o som mecânico de bipe pode ser facilmente ouvido e, então, retirei o termômetro.

Não me assustei ao visualizar 38,6º em seu visor. Afinal, eu já sabia o suficiente sobre leucemia para conhecer seus sintomas. Suspirei lentamente enquanto observava a janela. Busquei de formas imensuráveis pelo motivo que levara Naruto a agir tão estranhamente, porém, em minha mente, nada ficava claro. Eu não tinha uma mínima ideia do que ele poderia a vir falar à noite. Eu não sabia o que se passava por detrás daqueles olhos azuis nebulosos, não brilhantes como antes. Fechei os olhos em uma busca silenciosa e simplesmente entreguei-me ao cansaço.


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Notas finais do capítulo

Aguardo a opinião de vocês sobre o rumo que esta história está levando. Beijos e até os prováveis comentários! ;D