*Hinata*

(lembranças on)

Eu tinha acabado de terminar minha universidade de medicina e começado a trabalhar em um pequeno hospital de uma cidade vizinha a Toronto. E quem foi o meu primeiro paciente? Aquela pessoa.

Drª. Hyuuga Hinata. disse uma voz mecânica no pequeno rádio. A Doutora é esperada na emergência.

Caminhei rapidamente em direção a pequena sala branca com azulejos e cheiro de álcool gel. Entrei pela porta e encontrei um homem de aproximadamente minha idade, com cabelos esbranquiçados arrumados impecavelmente e os olhos em um tom curioso de violeta. O sorriso debochado estava estampado em seu rosto e após me ver ele apenas alargou-se.

― Hinatinha minha querida. murmurou Quanto tempo, não é mesmo?

― Hidan, o que houve? perguntei confusa. Ele estava com vários cortes superficiais na pele e um olho roxo. Por acaso foi uma bebedeira novamente, ou algum cara pegou você com a namorada dele?

― Nem um, e nem o outro. disse sorridente. Apenas uma batidinha de carro. Odeio cidades pequenas.

― Percebe-se. Agora vamos ver isso aqui. falei repreendendo-o e pegando um pedaço de algodão para limpar o corte. O que você mais odeia, cidades pequenas ou o hospital?

― Sinceramente? perguntou e eu acenei positivo Cidades pequenas.

(Lembranças off)

― Como você descobriu onde eu morava? perguntei curiosa.

― Sabe... Konoha não é uma cidade tão grande. respondeu entrando e sentando-se no sofá. Encontrar a filha mais velha de Hyuuga Hiashi foi fácil.

― E o que você faz aqui? perguntei novamente vendo-o soltar um sorriso debochado. Que eu lembre... Você não é um fã de cidades pequenas como Konoha.

― Eu estava passando por aqui e acabei resolvendo te visitar. resmungou cruzando os braços sobre o corpo Faz um ano que eu não te vejo Hinatinha... Fiquei com saudades.

― Mentira. retruquei Te conheço muito bem Hidan, e saudade e vontade de me ver não foram o que te trouxe para Konoha, pode ir falando.

Ele suspirou profundamente como se tivesse que falar a pior notícia de todas. Olhou para mim enquanto eu sentava na poltrona a sua frente.

― É isso que acontece quando você tem um chefe. resmungou Você tem que ir para onde ele mandar.

― Foi transferido?

Sim... respondeu birrento E logo para uma cidadezinha de merda, desculpe logo o modo de falar, mas eu odeio cidades pequenas como essa.

― Por quê?

Porque eu prefiro o cheiro de escapamento de carros e as buzinas estridentes das grandes cidades. murmurou O que pelo visto, você não deve gostar, já que se mudou para essa casa neste fim de mundo.

― Hidan deixe dessas baboseiras. reclamei do grisalho que adorava centros movimentados. Eu prefiro mesmo a tranquilidade. Você deveria aproveitar sua estadia aqui.

Sim, mas pra isso preciso arrumar uma casa. respondeu E de preferência, no local mais movimentado da cidade.

Eu sei quem pode te ajudar com isso. falei levantando-me e caminhando até a cozinha. Peguei um papel colado na geladeira e ao voltar para a sala entreguei-o ao Hidan. Aqui. Foi aqui que arrumei essa casa. Vai achar algo que lhe agrade também.

Naruto? perguntou debochado erguendo de breve a sobrancelha. Hum... Por acaso Naruto seria aquele seu namoradinho de infância Hinatinha? Fiquei com ciúmes.

― Poupe-me de seus comentários pejorativos, Hidan. resmunguei irritando-me facilmente e tentando ao máximo evitar corar e gaguejar. Ele é corretor e apenas me ajudou a escolher a casa e eu não te devo satisfações.

― Eu sei! disse sorridente levantando-se e seguindo rumo à porta. Eu te dei uma chance de aproveitar desse corpinho aqui e você rejeitou. Eu não sou cara de correr atrás das mulheres, elas que correm atrás de mim.

― Sei.

― E Hinatinha! chamou-me e eu olhei para ele. Como é que tá aquele problema?

― Q-Que problema?

― Não gagueje comigo Hinata. disse sorrindo e logo depois voltando a pôr a expressão de seriedade no rosto. Sabe muito bem do que eu estou falando. Como é? Já resolveu aquele negócio do seu câncer?

― Acho melhor você ir embora Hidan. resmunguei O Naruto só vai atender por mais quinze minutos e o caminho até lá é longo. falei fechando a porta. Tchau!

*Naruto*

Observei as plantas de meus últimos projetos. Duas casas no centro da cidade e uma delas já fora vendida. Meus negócios iam muito bem e minha relação com meu filho, melhor ainda, mesmo que tenha sido um pouco dificultoso no início devido a ele ter permanecido todos esses anos sem a presença de um pai, Hiro aceitou essa novidade muito bem. Enquanto eu olhava as últimas plantas, eu escuto a porta ser aberta e por ela entrar minha doce secretária.

― Naruto. chamou-me Tem um rapaz querendo falar com você sobre uma casa. Disse que foi recomendado pela Hinata.

― Mande entrar. respondi. Quem seria essa pessoa? Conhecia Hinata? No mesmo instante em que eu imaginava quem poderia ser, pela porta da sala entra um homem alto, com cabelos esbranquiçados e arrumados exageradamente para trás. Os olhos violetas observavam cada canto da sala até chocar-se com os meus.

― Você deve ser Naruto, né? perguntou com um sotaque típico de uma pessoa da América. Hinata me recomendou a você para que eu pudesse conseguir uma casa.

― Claro. disse Por favor, se sente senhor...?

― Hidan. murmurou rapidamente.

― Bem, e como seria a casa que deseja? perguntei formalmente.

― De preferência no local mais barulhento e movimentado desta cidade. respondeu com um meio sorriso nos lábios. Eu detesto calmaria e, por favor, diga que tem alguma coisa assim.

― Claro que tenho. respondi sorrindo. Por favor, me siga.

Sai pela porta, seguido pelo homem e logo me despedi de Shion, comunicando-a que não voltaria mais hoje para o escritório e que quando ela quisesse, poderia ir embora. Entrei em meu carro e pedi que o tal do Hidan me seguisse no próprio carro. Dez minutos e muito congestionamento depois, chegamos a um prédio de cinco andares e depois de apresentar-me ao porteiro entrei no elevador acompanhado do homem. Apertei o quinto andar e logo depois o elevador parou revelando um corredor recoberto de portas. Entrei no número 503 e apresentei o apartamento a ele.

― Ah! respirou fundo observando a cidade movimentada abaixo. O cheiro da poluição! Como é algo bom! Eu fico com esse apartamento, pode preparar a papelada.

― Está bem, amanhã tudo estará pronto. Mas...

― O quê?

― Disse que foi recomendado pela Hinata, por acaso conhece ela? perguntei livrando-me do peso desta pergunta.

― Claro. murmurou Nós nos conhecemos quando ela ainda morava no Canadá, mas não tivemos nenhum caso de romance, caso queira saber.

― Não é isso. resmunguei É que ela nunca me falou sobre você.

― Sério? perguntou com um sorriso triste. Pois ela me falou sobre você e sobre o tempo que namoraram e todo aquele blá, blá, blá. Se ela não contou sobre mim, com certeza não contou sobre a doença né?

― Que doença? perguntei confuso e ao mesmo tempo curioso.

― Você não sabe? respondeu minha pergunta com outra pergunta. Hinatinha tem leucemia. disse como se fosse a coisa mais simples do mundo.

― Leucemia?

― Sim. respondeu colocando a mão no rosto de forma dramática. Se nem você sabe, creio que ninguém aqui saiba também. Hinatinha sempre tão complicada.

― Eu preciso ir. falei rapidamente Pode passar a noite aqui, amanhã passe no meu escritório para assinar a papelada.

― Ok! respondeu jogando-se no sofá.

Sai daquele apartamento e corri em direção ao meu carro. Parti em disparada rumo ao outro lado da cidade. Eu tinha que tirar aquela história a limpo. Eu tinha que ter certeza. Eu queria ver se ela diria a verdade. Se aquele cara não estava apenas brincando ou simplesmente mentindo.

Abri a porta ao parar na frente do apartamento da Hyuuga. Toquei a campainha duas vezes e logo a porta foi aberta revelando uma Hinata surpresa e totalmente confusa. Eu estava tão nervoso que logo que a vi soltei o ar que nem percebi estar prendendo de uma única vez.

― Naruto... sussurrou baixo O que você tá fazendo aqui? Já está tarde.

― Hinata, eu apenas peço que me responda uma única pergunta. falei com o ar querendo faltar em meus pulmões a qualquer momento. Você tem leucemia?