Impugna escrita por Juno Wolf


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo quentinho!
Espero que gostem - e comentem -



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“Eu tenho medo, Shika.” – Eu digo, e como sempre ele apenas sorri e bate a mão no próprio ombro. Eu deito a cabeça nele e fecho os olhos, enquanto Shikamaru não me abraça, não me dirige palavras de conforto, nem me faz carinho.

Ele apenas me dá um beijo na testa, e suspira um “problemática”.

Eu o amo. Ele é a única pessoa que está do meu lado mesmo que eu seja a pessoa mais idiota que ele vai conhecer. Ele é meu melhor amigo, e sempre tem o ombro para eu deitar a cabeça, e sempre ouve calmamente minhas reclamações, e agüenta pacientemente minhas crises de choro – que embora sejam raras, são longas.

Ele me aceita pelo que eu sou, e eu sou grata por isso.

Eu contei a ele sobre a pessoa que apareceu em meu quarto.

Estamos no refeitório, e eu não segurei o impulso de abraçá-lo quando o vi. Eu senti falta desse preguiçoso.

 

• Uma informação necessária•

Shikamaru Nara, 17 anos, estudante do verão.

Garoto de atitude calma, e eu nunca descobri o motivo pelo qual ele foi parar no Instituto Saika.

 

Shikamaru é o tipo de pessoa que você não vai com a cara no início. Na verdade, ele é um chato. Apenas dorme nas aulas e consegue tirar as maiores notas, e isso sempre me irritou. Eu o admirava antes de conhecê-lo – e talvez tivesse (eu tinha!) inveja dele.

Quando finalmente conversamos – quando cheguei ao instituto Saika, ele já estava, e como eu, era sempre sozinho – não conseguia entender por que diabos alguém tão controlado e calmo estava naquele lugar.

Ele era mais calmo e paciente que as enfermeiras e médicos.

Uma pessoa normal.

Ele nunca me disse exatamente o que houve, por que realmente não gosta de tocar no assunto. Eu sei disso. Ele trinca os dentes toda vez que falamos sobre isso, e eu parei de insistir. É algo tão íntimo para ele, que fica irritado com uma simples menção.

E Shikamaru nunca se irrita.

Nunca.

— Ele não te disse o nome? – Ele me pergunta, e eu suspiro.

— Eu te disse, Shika. – Eu me sento, tirando a cabeça do ombro dele, e levo uma garfada de minha salada de frutas até a boca. – Ele não me deu nenhuma informação. – Digo com a boca cheia, e ele sorri.

— Cara problemático. – Ele suspira e deita a cabeça na mesa, bocejando. – Que sono.

— E quando você não está com sono, Shikamaru? – Eu o olho, e ele me encara de canto.

— Quando estou dormindo.

Eu não seguro uma risada.

— Viu? Você ‘tá rindo. – Ele se levanta e me olha. – Minha preguiça vem á calhar ás vezes.

Eu me sinto emocionada pelo comentário, e sorrio.

Problemático, preguiçoso e irritante. Mesmo assim, é a melhor pessoa que já conheci.

A cantina começa a ficar silenciosa, e de repente todos estão olhando para a porta.

Os estudantes do inverno sempre são os últimos a serem liberados para o refeitório, quando todos já estão servidos, para não causarem brigas nas filas, o que acontecia bastante antes de estabelecerem as regras.

Hinata nem parece fazer parte deles.

Enquanto os homens altos e garotas com cara de loucas caminham em direção á comida, ela está com a cabeça baixa, mão para frente do corpo, e caminha atrás de todos os demais.

Não gosto de como ela terminou. E não gosto do homem que autorizou sua “subida” de “nível”.

As pessoas do grupo inverno são as mais conhecidas do lugar.

Dentre todos os vinte e três alunos que estão no dormitório mais bem equipado com segurança do Instituto saika, quatro deles se destacam

Gaara No Sabaku, transtorno bipolar, combinado com dupla personalidade e dificuldade para controlar a raiva. Era a única pessoa de quem eu realmente tinha medo naquele lugar.

As historias de sua vida variam dele surrando crianças em um parque, matando traficantes de drogas e estuprando garotas de programa.

E as matando depois.

Uzumaki Naruto é um dos casos mais graves. Tem dupla personalidade. É um garoto animado, simpático e tem muitos amigos no instituto. O problema dele não devia ser tratado no inverno, mas no primavera.

Mas quando sua outra metade assumia, ele era pior que Gaara.

Bem pior.

Por isso foi mudado para o Inverno, e é tratado com muitos remédios, tudo para evitar recaídas.

Desde que ele chegou ao instituto, nunca teve nenhuma crise.

Outro deles se chama Juugo. Apenas Juugo. Ninguém sabe seu sobrenome, historia de vida, de onde veio, como foi parar ali, nada.

Mas sabemos que ele foi o primeiro a entrar para o instituto Saika, e quando fui mandada para cá, à três anos, ele já passava dos dez.

Também é o aluno mais velho da escola, já não freqüenta mais as aulas, e logo será transferido para o Sindicato Born, que é um manicômio natural, já que sua idade já está avançada para ele continuar interagindo com adolescentes.

E, por último, vem o primo de Hinata. Neji Hyuuga tem um caso muito grave de múltipla personalidade. Ele tem três.

Três.

Nunca conheci nenhuma delas, e peço a deus todos os dias para que jamais conheça.

Além dos quatro, existe apenas mais uma pessoa famosa: Seu nome é Temari, e ninguém sabe nada a seu respeito.

Apenas sabemos que ela é do inverno, e passa o dia todo em seu quarto, tocando piano, sem parar.

Sem parar!

Ela nunca aparece para os almoços, dia de testes, de exames, de recados. Para nada. Nunca.

Eu paro de pensar nisso e continuo comendo meu café da manhã em silêncio. Todos vestem calças pretas e camisetas da mesma cor. Nosso cabelo tem de estar obrigatoriamente preso se for comprido, e é por isso que eu estou incomodada com o coque desarrumado que se pendura no alto de minha cabeça.

Solto um resmungo e deslizo os dedos pelo palito que prende meus fios no alto, e eles caem como cascatas onduladas até a minha cintura.

Quando me preparo para prendê-lo novamente, ouço um segurança falar alto:

— Você! Entre no refeitório.

Eu me volto para a porta com a curiosidade falando mais alto quando uma figura alta entra em minha visão, e eu arregalo os olhos com o susto.

Um garoto de cabelos negros e arrepiados entra em meu campo de visão, com o rosto em branco, mas o maxilar apertado denuncia seu estado de irritação.

Os olhos são negros como uma noite sem luar, e a pele leitosa parece dez vezes mais clara enquanto ele usa a roupa preta obrigatória para as aulas. Um pingente com um leque japonês vermelho e branco está pendurado em seu pescoço.

Lindo. Absolutamente lindo.

Mas não é isso que chama minha atenção.

Eu sinto o chão se dissolver sobre meus pés, e o ar ficar pesado e quente há minha volta. Meus pulmões de repente estão trabalhando desesperadamente em busca de oxigênio, e minha cabeça lateja.

Eu tremo, e minhas mãos suando frio seguram com força a borda de nossa mesa. Sei que estou pálida.

Ele é a imagem perfeita do homem que estava em meu quarto no dia anterior.

Mas é bem mais jovem e os cabelos são curtos.

Mas só isso não era o suficiente para me fazer entrar em um estado tão crítico que me impede de pensar e respirar.

Eu respiro ruidosamente e ouço Shikamaru me perguntar: “Você está bem? Você está bem?” Mas seu rosto e sua voz não passam de um borrão e um sussurro distante.

Meus olhos estão presos no homem que entrou pela porta.

E minha cabeça borbulha, e minha visão escurece.

E de repente eu estou tendo visões.

“– Eu quero te ver, Sasame. Assim que possível. – O garoto diz, enquanto sorri.

— Eu não sei se devo, Sanosuke. – A garota cora, e sorri. – Mas irei tentar, prometo.”

Duas crianças correm em um pasto verde.

Dois amantes se beijam no crepúsculo.

Dois amigos jogam água um no outro em uma praia.

Marido e mulher trocam votos de amor eterno.

Uma mulher dá a luz enquanto o homem segura sua mão com força.

Adolescentes escrevem seus nomes em uma árvore, dentro de um coração.

Garoto e garota montam uma barraca em uma floresta.

E então tudo fica escuro, e eu estou caindo.

Caindo, caindo, caindo.

E, de repente, eu estou de novo no refeitório, e Shikamaru balança meus ombros.

Eu estou suada e tremendo.

— Shika? – Eu pergunto, e minha voz sai mole, como se eu tivesse acabado de acordar.

— Você está bem? – Ele estala os dedos perto de minhas orelhas. – Ficou pálida e em órbita.

— Estou bem. – Eu digo, e engulo meu suco. – Acho que essa salada de frutas tem algo que sou alérgica.

Ele comprime os lábios.

— Estranho.

— Bastante. – Eu forço um sorriso e me levanto. – Esqueci um livro importante no quarto. – eu digo. – Vou buscar.

Shikamaru acena, e eu vou sigo até a única saída do refeitório.

Passo ao lado dele antes de sair. Tenho certeza que ele me sorri.

Quando olho para trás, depois de já estar do lado de fora, olho novamente, e ele está de costas para mim, enquanto coloca uma maçã em sua bandeja.

Eu respiro fundo, e algo em minha cabeça grita: “Cuidado!


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Notas finais do capítulo

:Aguardo:
Flores ou pedras!
Em reviews.