Impugna escrita por Juno Wolf


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo foi realmente necessário. Espero que gostem e entendam que essas explicações eram realmente importantes para o rumo que a fanfic irá tomar.



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Dentro do carro, eu penso no quão tranqüilizador foi sair daquela casa antes que todos acordassem. Depois de um tempo, eles pararam de acreditar que eu fugiria, e tratam como se fosse apenas uma escola comum, então deixam o motorista pronto todas as manhãs.

O Instituto Saika é um inferno. Mas não é pior que minha casa.

Eu não vou fugir. Eu simplesmente não teria o que fazer se fugisse. Não teria para onde ir. Não teria amigos com quem contar. E eu me recuso ir viver na república junto de meu irmão.

E é isso. Danzou tem o controle sobre a minha vida, e nunca consegui captar o momento exato em que ele conseguiu fazê-lo.

Os portões enormes de ferro do Instituto estavam trancados, como sempre.

Eram altos o suficiente para não fugirmos, e o lado de dentro do colégio tinha o chão completamente preenchido com cimento para que ninguém tentasse fugir, já que eles não nos mantêm presos dentro de nossos quartos.

Como se isso fizesse com que o local ficasse menos parecido com uma cadeia.

Estalei minha língua, enquanto o motorista – o qual eu nem me preocupo em saber o nome – falava com o segurança no portão.

Os homens perfeitamente vestidos com os ternos pretos deram ordem para que o portão fosse aberto, e então o enorme carro se locomoveu para dentro.

Não havia jardim. As árvores eram pequenas e plantadas em vasos. Aquilo me deixava agoniada.

Sempre praguejei os imbecis que tentaram cavar para fugir por debaixo do paredão de pedras do IS, e acabaram sendo pegos.

Um mês depois, o gramado havia sido completamente preenchido com cimento.

O carro para, e eu sei que já estou na porta dos dormitórios.

O esquema dos dormitórios é um tanto complicado de se entender, mas acredito ser capaz de explicar sem dar nó na cabeça de ninguém.

As idades dos - detentos– estudantes variam dos quinze aos vinte anos. Como eu já disse, o Instituto Saika se especializou no tratamento psicológico de jovens nessa faixa etária, e também serve como um colégio, para que não percamos os estudos.

Eles dividem os dormitórios por estação – outono, primavera, verão, inverno – e cada estação corresponde a uma colocação de acordo com o diagnóstico do “paciente”. As colocações são dividias por letras – que vão de “A” a “D”.

Os pacientes do nível “A” são os mais leves. Normalmente são pessoas com dificuldade para controlar a raiva e adolescentes problemáticos, além de pessoas que tentaram suicídio. É a colocação mais vazia, pois os estudantes passam um curto período “internados”, e logo depois de receberem tratamento psicológico são liberados.

Os de nível B – e estudantes ocupantes do primavera – são leves, mas é o tipo de tratamento que leva tempo. A maior parte dos ocupantes do primavera são pacientes com distúrbio de bipolaridade tipo I e II, que trouxeram algum problema dentro de casa.

Já os estudantes do nível C – ocupantes do verão – são os casos considerados um pouco mais sérios. Pessoas com distúrbio de bipolaridade (misto, ciclos rápidos ou ciclotimia), pessoas com problemas de dupla personalidade, esquizofrênicos graves, pessoas com transtorno de borderline, depressivos recorrentes, entre outros.

Verão é o meu dormitório. Eles acham que eu tenho esquizofrenia catatônica.

Imbecis.

Por último, é outro dormitório que se encontra quase vazio. Os ocupantes do nível D são os mais perigosos. Ocupantes do inverno, em sua maioria, são psicopatas, pessoas com múltipla personalidade, ou com algum outro problema mais sério e raro.

Enquanto subo as escadas vazias – pois não se passam das quatro da manhã – me lembro da minha primeira semana no IS.

• Hyuuga Hinata•

Foi diagnosticada com transtorno bipolar

ciclos rápidos.

Ocupante do verão.

Na minha primeira semana, me sentei no lugar de costume.

Eu ainda não conhecia Shikamaru, e não estava nem um pouco a fim de fazer amigos.

Não sou boa com amizades. Não sou boa em impressionar as pessoas. Além disso, naquele dia eu tinha acabado de despachar uma alma pra lá de teimosa, e estava sem nenhum humor para conversar.

Algumas garotas se sentaram na minha mesa isolada, e eu notei que uma delas parecia um tanto deslocada com a conversa das amigas. Elas falavam de algo sobre fetiche sexual, e logo eu pude notar o por quê do desconforto da outra.

Havia visto Hinata pelos corredores e na sala de aula, mas nunca havia falado com ela – e nem pretendia. Mas, mesmo sem trocar palavras com a morena, eu já sabia que ela era exageradamente tímida, e um assunto tão “forte” quanto aquele deixaria qualquer um sem jeito.

A garota virou os olhos para a minha direção, e sorriu.

Quando eu sorri de volta, senti que ela estava completamente fora da casinha ouvindo a conversa da ruiva e da loira sentadas a seu lado. Eu soltei uma risada com a cara que ela fez quando ouviu a loira falar de algo sobre gostar de meninos que “caem de boca”.

• Yamanaka Ino e Uzumaki Karin •

Karin é ocupante do primavera. Transtorno bipolar tipo I.

Soube que ela colocou fogo na própria casa em um de seus ataques.

Ino é do meu dormitório. Foi diagnosticada com dupla personalidade.

Seu outro eu é chamada de “Marilyn” pelos médicos.

E pelo nome você deve saber o porquê.

Dica: Marilyn Monroe. Atriz. Cantora.

Sex Symbol.

Conhecida pela quantidade de homens com quem dormia.

Sentei-me ao lado da morena, e sorri. Ela estava tão desconfortável com aquela conversa quanto eu, e me senti mal por ela.

Não sou do tipo que socializa, mas me senti na obrigação.

– Sou Sakura. – estendi minha mão para ela, e ela foi tão gentil ao me cumprimentar, que eu me perguntei se ela era outra injustiçada, como eu.

– Hyuuga Hinata. – Ela sorriu.

– Como veio parar aqui? Você não parece ser louc... – Opa.

– Eu não sou louca. – Ela disse, com seu rosto mudando completamente de um segundo para o outro. – Eu não sou louca, não sou! – Ela gritou, se levantando de supetão, e batendo com as mãos na mesa com uma força tão grande que eu achei que iria quebrá-la.

– Calma, eu não disse que você era! – Disse tentando concertar minhas palavras, mas Hinata me olhou com os olhos tão ameaçadores que eu me calei.

Ela me assustou.

Uma garota cerca de dez centímetros menor que eu, me assustou!

– Seus olhos. – Ela disse num sussurro engasgado, e o que veio a seguir me fez engolir seco. – PÁRA DE ME OLHAR ASSIM! EU NÃO SOU LOUCA! EU NÃO SOU!

O refeitório todo parou para olhá-la. O silêncio era sepulcral, e a voz de Hinata era a única que eu podia ouvir.

– TODO MUNDO ME OLHA ASSIM! PARA DE ME OLHAR ASSIM! EU NÃO SOU LOUCA! EU NÃO SOU LOUCA! NÃO ME OLHE ASSIM! – Ela começou a chorar e gritava cada vez mais alto.

Quando olhei para a porta, vi as enfermeiras correrem para dentro do refeitório.

Uma garota morena de coques tentou acalmar a baixinha, sem sucesso.

– Minha irmã, meu pai, todos me olhavam como se eu fosse louca! EU NÃO SOU LOUCA, TENTEN! EU NÃO SOU! – Ela soluçava, e o susto escorreu para fora do meu corpo.

Um sentimento muito mais profundo tomou conta de mim.

Pena.

– ME SOLTEM! – Ela gritou quando as enfermeiras a seguraram.

A morena de coques que antes tentava acalmar a amiga, começou a chorar.

– NEJI! – Hinata gritou, desesperada para ser solta. – EU NÃO SOU LOUCA! EU NÃO QUERO! ME SOLTEM! NEJI!

Eu já havia ouvido aquele nome antes.

Neji Hyuuga era o primo de Hinata. Um ocupante do inverno.

– Sedem ela! – Disse uma das enfermeiras, e Hinata se debateu.

– NEJI!

A injeção do sedativo foi aplicado, e a garota caiu nos braços da enfermeira mais alta.

E então, silêncio.

No dia seguinte, ela me pediu desculpas, e chorou.

Eu odeio isso. Por que eu sou assim?

Depois disso, ela teve apenas mais uma crise.

Foi de partir o coração.

• Algo que vale a pena falar •

Hyuuga Hinata foi transferia para o dormitório inverno

dois dias depois de sua segunda crise.

Ainda acho a atitude desnecessária.

Eu termino de subir as escadas, e duas enfermeiras passam por mim. Eu só sou capaz de ouvi-las sussurrar:

“– Um novo aluno? – Uma delas pergunta.

– Um nível D. – A outra suspira. – Multi personalidade.

– Deus nos ajude.”

Não sei quem é o aluno novo, e não sei qual a historia de sua vida.

Apenas lhe desejo sorte mentalmente.

Ele vai precisar.

Principalmente quando se é iniciado no nível D.


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