Impugna escrita por Juno Wolf


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora! para vocês mais um capítulo fresquinho!
Queria agradecer ás garotas pelas recomendações! Eu amei!
E algumas garotas me contataram pelo fato de eu não respondido os reviews... Provas finais, a vida está corrida, estou sem tempo. Assim que eu arranjar alguns minutos, responderei todas! Por isso não deixem de comentar!
mais crateras sendo abertas nesse capítulo! espero que isso encha a curiosidade de vocês!
Beijos!



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— Mas que inferno, Emett, será que dá para você me soltar? – Eu sacudo meus braços tentando me livrar do agarre forte que o homem faz sobre meus braços.

Eu tenho longos cabelos negros, e meus olhos são tão azuis que parecem brancos. Sei disso por que tem um espelho atrás de nós. Eu tenho dezenas de tatuagens espalhadas pelos meus braços, barriga e pernas nuas. Olho para a imensidão chocolate que são os olhos do homem á minha frente, e tento não me concentrar em seu peito nu.

— Eu não vou te soltar, Iwaly. – Emett grita de volta.

— Você é um babaca! Espero que morra com suas mentiras! Faça o favor de me soltar, caralho!

Em todos os meus dezessete anos, eu nunca imaginei que eu já fui uma rebelde hippie em alguma vida passada. Mas aqui estou eu.

— Eu nunca menti quando disse que te amo!

— CALA A BOCA! – Minha voz é tão alta que ressoa pelo apartamento pequeno, que eu posso claramente distinguir como bagunçado.

Muitas garrafas de bebida barata e latas amassadas de cerveja se amontoam no chão. O lugar cheira à camomila e cigarros, e sacos de lixo estão amontoados na beirada da porta. Posso ver um ou dois copos quebrados – e eu sei que fui eu quem os quebrou.

— Mas que merda, baby. – Ele suspira, e mexe nos cabelos loiros que passam do ombro. – Eu vou ter que me matar para te fazer entender que eu sou louco por você?

— Talvez não me trair fosse o suficiente! – Eu sinto lágrimas escorrerem por meus olhos, mas quando ele aproxima a mão para limpá-las eu estapeio-a com força, e puxo outra vez o meu pulso, soltando-me.

— Baby...

— Não me chama assim! – Eu grito, magoada. – Eu odeio o fato de você achar que dizer que me ama e me chamar por esse apelido imbecil resolva todos os nossos problemas! Eu sou uma idiota! Como é que eu fui cair no seu papo? Paz amor e música? Com isso não se vive, Emett! – Minha voz está duas notas mais fina – Meu Deus, eu poderia estar tomando chá com a minha mãe agora, e em vez disso estou aqui discutindo com você. É terceira vez que você me trai, Emett! Isso fora as que eu não pego no flagra!

— Iwaly, entenda...

— Entender é o caralho! – eu berro – Eu te odeio, vá para o inferno!

Eu abro a porta do apartamento e puxo o primeiro casaco que vejo nos ganchos atrás da porta.

Desço as escadas correndo com a voz de Emett atrás de mim, pedindo desculpas, chamando-me de volta.

— Me deixe em paz! – Eu grito, quando atinjo a rua, mas ele segura meu braço novamente.

Baby, vamos conversar!

— Eu não tenho nada para falar com você! – Puxo meu braço de volta, e desequilibro, caindo de bunda no meio da rua.

Ouço uma buzina.

Emett grita meu nome tão alto que meus ouvidos chiam, então uma luz forte se aproxima dos meus olhos e tudo fica escuro.

Eu acordo chorando.

Uma memória da última vida que tive antes de renascer como Sakura me deixa perturbada. É a primeira vez que eu vejo minha morte.

Meus braços tremem, minha garganta está seca, e eu tenho medo de dormir novamente. Reviver a própria morte – mesmo que ela não seja exatamente a “minha” – é perturbador.

Naquele momento eu tento me imaginar no lugar de Iwaly. Acho-a burra por perdoar tantas traições – uma vez que considero isso imperdoável. Talvez ela o amasse muito.

Ou talvez – como ela própria havia se descrito – fosse uma perfeita idiota.

Quando olho para o relógio já é hora de levantar. Seis e meia em ponto.

No Instituto Saika todos nossos horários são definidos – Acordar, comer, ir para a aula. Horário livre, hora de voltar para o quarto.

Nossos chuveiros têm a água ligada de manhã, das seis às sete, e à noite, das oito às nove. Se não tomar banho nesse tempo, fica sem.

Eu entro no chuveiro e deixo a água morna escorrer por meu corpo, levando o tremor embora. Me seco, escovo os dentes, e então visto o uniforme preto que sou obrigada a usar todos os dias.

Penteio meu cabelo ondulado e depois o prendo em um rabo de cavalo firme. Calço meus sapatos e espero eles abrirem a porta.

Todos os dias, ao toque de recolher, todas as portas são trancadas. Isso evita tentativas de fuga durante a noite e escapulidas das garotas para o dormitório masculino – e vice versa.

Sete horas em ponto minha porta é destrancada, e eu bocejo antes de deixar o quarto.

A fila para o refeitório já está formada, e como sempre seguranças e médicos nos escoltam para o café da manhã. Garotas entram primeiro. Garotos logo depois.

O tagarelar dos alunos da primavera e do outono me incomodam.

Eu sento-me à mesa de costume, encarando sem expressão o pacote de cereal lacrado, o pote de plástico, a maçã e a garrafa de 200 ml de leite que jaz em minha bandeja.

O sonho da última noite mexeu muito comigo.

Abro o pacote pequeno de cereal e despejo no pote, jogando o leite da garrafinha sobre ele. Estou à caminho de ingerir a primeira colherada quando os meninos entram, e eu aceno para Shikamaru que ainda aguarda na fila do refeitório. Ele me sorri, e eu tento devolver o cumprimento.

Quando ele se senta ao meu lado, a colher de cereal ainda está parada no ar a caminho da minha boca.

— Dormiu bem? – Ele diz, bocejando.

Eu nego com a cabeça e encaro a colher. Então finalmente a levo até a boca. Faço uma cara feia.

O cereal amoleceu.

— Quer falar sobre isso?

Eu nego com a cabeça novamente, e me forço a engolir o leite e cereais antes esquecidos sobre a vasilha descartável.

Não é agradável falar sobre a própria morte.

Shikamaru não insiste mais, e começa a comer seu pão com queijo. Agradeço mentalmente por isso.

Meus olhos se pregam na entrada quando os pacientes do inverno começam a entrar. Hinata é a última da fila das meninas, como sempre. Meus olhos param nela. Ela me olha. Depois para Shikamaru.

Então sorri.

Meus olhos se arregalam.

— Shikamaru...

— Não. – Ele parece prever minha pergunta. – Ela não é um segundo grau, mas... – Ele trava a língua, e eu retorço o rosto em uma carranca.

— E então, Shikamaru? – Ele evita meu olhar – Mas o que? – Eu suspiro olhando-o, tentando ignorar a irritação que faz meus membros formigarem.

— Na hora certa, Sakura.

Hinata tem participação em tudo isso. Tenho vontade de pressionar Shikamaru até que ele abra a boca, mas não o faço.

Em vez disso, enfio a colher na boca, na esperança de que isso controle meus impulsos.

Quando os garotos entram, eu prendo o ar. Naruto é o primeiro da fila. Ele me olha e acena, e eu retribuo.

No dia anterior, quando ele me contou sobre sua participação nas minhas vidas complicadas, – lembrando que agora eu tenho que acrescentar o plural quando se trata de vida – eu automaticamente simpatizei com ele. É o tipo de pessoa capaz de te jogar para cima quando você está na merda.

Meus olhos ainda dançam pelos garotos, quando meu olhar encontra o da última pessoa da fila. Sasuke.

Engulo à seco.

Acho que Shikamaru está falando comigo, mas não tenho certeza, por que meus ouvidos estão abafados, e meu coração acelerado.

Solto um grunhido irritado por sua presença me causar tais sensações, mas não é como se eu pudesse evitar. Sinto-me como se cada uma das sete outras vidas disputasse por um espaço em minha cabeça.

Eu respiro fundo tentando me acalmar, e a voz de Shikamaru fica mais clara. Suspiro aliviada.

—... Você entendeu Sakura? – Eu o olho e faço um sinal positivo com a cabeça.

Tive vergonha de dizer que estava perdida demais em Sasuke para não prestar atenção no que ele falava.

— Então, pode repetir, por favor? – Eu sorrio sem graça, e ele revira os olhos.

— A culpa não é minha! – Digo, em defesa de meu orgulho.

— Eu disse que você e Naruto não devem agir com tanta empatia, Sakura. – Ele me olha, e eu sei que ele sabe que estou confusa. – Vocês nunca haviam se quer trocado um olá, e agora são amigos. Não existem só aliados aqui, lembre-se disso.

Sabe quando você tem o instinto de olhar para certo lugar?

Eu viro a cabeça para o outro lado do refeitório.

Olhos que carregam a escuridão me encaram de volta. Os cabelos vermelhos como fogo competem com as olheiras sobre os orbes verdes. Eu prendo o ar.

Sabaku no Gaara me encara da mesa em que se senta sozinho, então morde o próprio dedo com muita força. Eu posso ver o carmesim manchar os dentes brancos quando o sangue escorre.

Eu não tiro os olhos ele enquanto ele escreve na mesa.

Ninguém além de mim parece notar a atitude sinistra.

Uma a uma as pessoas deixam o refeitório em direção às salas de aula, sempre sendo escoltadas por médicos e seguranças.

Shikamaru termina de comer, e eu me levanto com ele. Mas, quando chegamos à porta do refeitório eu corro até a mesa.

Minha espinha gela, eu leio as palavras escritas à sangue pela segunda vez e a apago com um guardanapo logo em seguida.

***

— O que ele havia escrito? – Shikamaru me pergunta mais tarde, quando a aula de arte nos permitiu sentar um ao lado do outro para fazer uma pintura.

— “Ele já está agindo.” – Eu mordo meu lábio e encaro minha tela ainda em branco. – Eu não agüento mais isso, Shikamaru. Desde ontem eu não tenho um minuto de paz!

Shikamaru olha para mim, depois para a própria tela que continua intocada, assim como a minha.

— Está acontecendo tudo mais rápido do que deveria. – Ele suspira. – Tanto que até mesmo Gaara está se envolvendo nisso.

— Você o conhece? – Eu arqueio a sobrancelha, incrédula.

— Ele é um segundo grau, mas sua situação é diferente. – Ele começa a pincelar tons de verde em seu quadro. – Enquanto eu e Tenten estamos à serviço de Tsunade, Gaara está à serviço de Orochimaru, porém sobre uma missão de Tsunade.

— Como um agente duplo?

— Exatamente. – Ele não para seu trabalho. – Ele vaza informações restritas para Jiraya e Tsunade, e manda resultados falsos das missões para Orochimaru.

— Então ele está do nosso lado? – Pergunto crítica.

Shikamaru nega.

— Ele ainda está a serviço de Orochimaru, e uma hora ou outra ele descobrirá que seu protegido está o traindo. E é provável que o lance ao inferno pela traição.

— Então está do nosso lado. – Eu confirmo. Shikamaru suspira.

— Não exatamente. – Ele morde o cabo do pincel. – Não é como se ele pudesse escolher um lado.

— Como assim?

— Quando Orochimaru descobrir sua traição, e ele irá descobrir alguma hora, Gaara será jogado ao tártaro. Se ele desistir de ajudar os outros dois componentes do triângulo, será jogado ao tártaro por descumprir sua missão. – Shikamaru me olha. – Seja lá qual for sua escolha, ele estará na fodido do mesmo jeito.

***

Ele escolheu servir aos três, Sakura. Não é como se a culpa fosse sua.

Uma escolha. Gaara escolheu nos ajudar. Isso não tem lógica alguma. Quem coloca a própria alma no inferno para ajudar pessoas que ele mal conhece?

Eu havia feito a mesma pergunta à Shikamaru naquele momento, mas ele apenas negou com a cabeça e seguiu sua pintura.

Eles me deixavam no escuro, e eu ia acabar me afogando nele.

Estou agora no intervalo entre as aulas do período da manhã e da tarde. O almoço foi estranhamente normal, e isso me tranqüiliza e me assusta ao mesmo tempo.

Normalidade nunca foi uma opção para mim.

Daqui alguns minutos nós seremos liberados para tomar sol, então iremos voltar às aulas.

Dizem que este lugar deveria ser aconchegante, mas eu me sinto uma prisioneira.

Eu me reviro na cama tentando dormir pelos próximos quarenta minutos que tenho livres.

Mas parece que ninguém quer me dar paz.

Eu bato a mão com força no colchão.

— Você está morto, siga a luz. – Digo rispidamente por que sei que tem uma alma para dispensar bem ao meu lado.

O arrepio de uma presença nunca falha.

— Sugiro que tente novamente. – Eu reconhecia bem aquela voz, e até havia me esquecido desse problema.

Abro os olhos e me levanto num pulo.

— O que você quer?

Minha voz sai rouca, e eu engulo o bolo que se forma em minha garganta. Encaro-o da forma mais feroz que consigo, mal contendo minha ira. Estou irritada demais para ter medo.

— Você parece tão feroz quanto um poodle, Sakura.

— Poodles também mordem. – Respondo na lata, e isso me agrada.

Ele ri com divertimento, ignorando minha expressão irritada. Tenho vontade de estapeá-lo.

Mas aí me lembro que ele está morto.

— O. Que. Você. Quer? – Digo pausadamente, contendo a irritação.

Meu irmão, Sasori, sempre teve um talento nato para a escrita.

Uma vez, enquanto eu o observava digitar, perguntei como ele escrevia histórias tão mágicas.

Eu escrevo o que vejo.

Ele sorriu ao ver-me confusa.

As pessoas só vêem o que querem ver, Saky.

Bom, Sasori, detesto lhe dizer que você está errado, por que nem em um milhão de anos eu iria querer ver essa alma arrogante rir da minha cara.

— Jura que você está tentando me intimidar? – Ele dá uma risada arrogante. – Eu já estou morto, Sakura.

— Uma pena. Se você ainda estivesse respirando não estaria aqui desperdiçando meu tempo e enchendo meu saco. – Solto, cheia de veneno.

O sorriso sarcástico me faz querer revirar sua cara.

— Você ainda tem que realizar minha missão. – Ele diz. – E você vai ter que fazê-la, querendo ou não.

— Argh. – Eu mordo minha língua para não gritar com ele. “É normal querer matar alguém que já está morto?” penso.

— Eu te disse que diria meu nome na hora certa, e agora já está mais do que na hora. – Ele sorri de canto. – Meu nome é Uchiha Itachi.

Eu sei que já ouvi esse sobrenome antes.

Eu o encaro com as sobrancelhas arqueadas então algo em mim estala.

Os olhos negros. O jeito petulante.

— Você é irmão do Sasuke. – Não foi uma pergunta. Eu sabia que era.

Ele sorri.

— Tendo isso como base, você já deve saber com o que se relaciona sua missão, não sabe? – Eu o olho confusa. – É uma simples mensagem. Sei que você vai ser capaz de entregá-la.

Ele sorri.

— Ouça bem, Sakura. – Ele diz, e se aproxima – Tudo o que você precisa fazer é dizer a ele que...

***

Os lobos espreitam a noite em busca do corvo guerreiro deixado para trás.— Eu repito quando narro a Shikamaru detalhes sobre o encontro com Itachi.

Nós estamos em filas uma ao lado da outra enquanto caminhamos até o pátio para o banho de sol.

— Uma charada?

— Eu não faço ideia, Shikamaru. – Suspiro

— Talvez seja algo que o Sete entenda.

— Eu só espero que isso não me envolva. – Eu engulo à seco. – Já tenho problemas demais para resolver.

Ele dá uma risada baixa.

— Isso é só o começo.


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