Olhava para a porta que estava na frente, só precisava colocar uma mão na maçaneta e virá-la, obrigar os seus pés dar um passo para frente e pronto! Estaria na enfermaria. Contudo, nada é tão simples. Não tinha nem coragem de deixar a mão direita na maçaneta, quanto mais fazer o movimento para abrir a porta.

–Somos a ovelha negra da família, Albus. Grifinória nunca esteve em nossos sangues- Disse uma voz feminina ao lado dele.

Pulou assustado. Estava tão distraído que nem percebeu que a presença da sua própria prima. Rose deu um sorriso forçado para ele, se encostou à parede com os braços cruzados no peito, desviou os olhos e fixou sua visão para o chão da escola.

–Estive aqui mais cedo, também não consegui abrir essa porta idiota- Falou ela melancólica- Você pensa que é o único que sofre com toda essa situação não é, Albus? Entretanto você não é o único, você pode ter namorado por não sei quanto tempo com esse cara, mas você não teve o mesmo tempo de amizade que eu e ele tivemos, não se sentou ao lado dele na primeira noite em Hogwarts, não participou das nossas aventuras, não viveu anos de amizade tão bela com ele como eu tive. Para você apenas um grande segredo desmoronou na sua frente, porém para mim foi uma infinidade de segredos que me fez realmente pensar que tudo o que tivemos foi só uma atuação dele, e que eu nunca fui digna de confiança.

Albus olhou para Rose assustado. Foi egoísta da parte dele pensar somente nele mesmo, sendo que ele tinha uma prima que sempre esteve ao lado de Jhon, sendo companheira fiel de amizade dele.

–Eu não tenho coragem de entrar nessa enfermaria, em parte é pelo mesmo motivo que você, mas em outra é porque eu realmente não sei se o que tivemos foi real ou foi uma atuação perfeita de amizade que tivemos- Ela olhou para Albus- Sinto inveja de você- Desencostou da parede e foi embora deixando Albus sozinho no corredor.

Sozinho na frente da enfermaria ele estava paralisado. Como Rose podia ousar dizer que tinha inveja dele, sendo que ele mesmo também a si perguntava se tudo o que ele passou com Jhon foi real.

Ele que deveria sentir inveja de Rose. Ou talvez não...

Sentia na verdade pena de si mesmo e de Rose. Os dois passaram pelas mesmas coisas com Jhon, em ângulos diferentes. Ambos pensarem que o conheciam inteiramente, contaram os seus maiores segredos para ele, as melhores memórias que tem ele está contido pelo menos em uma, e se sentia felizes só de estar perto dele.

Decidiu que é melhor sair dali, tem coisas melhores para fazer agora, do que ficar tentando ter coragem para algo tão inútil.

Outra vez levou mais um susto. Mas ao invés de ser Rose lhe assustando, foi Alice.

A garota praticamente arrombou a porta da enfermaria. Ela olhou para Albus com bastante curiosidade.

–Por que você está ai?

–Er...- Não sabia o que dizer, estava nervoso, principalmente com Alice olhando para ele como se fosse suga-lo.

–Você é estranho Albus Severus Potter- “Olha quem fala” Pensou ele amargo- Entra!

Albus nem teve tempo de protestar, a garota apenas pegou a mão dele e puxou para dentro da enfermaria. Com a mesma grosseria que abriu a porta, ela fechou. Sorriu para Albus, e ainda segurando a mão dele, praticamente obrigou a acompanha-la saltitando até uma cama especifica.

–Você deveria ser mais cuidadosa Alice- Repreendeu Jhon. Ele estava deitado na cama, com os olhos fechados, e cheio de ataduras.

–Eu estava usando uma força necessária para ter certeza que a porta fechou direito- Respondeu Alice se sentando na ponta da cama. Ela apontou para uma cama que tinha ao lado da do Jhon, e Albus entendeu que era para ele se sentar.

–Uhum! Sei- Disse Jhon irônico virando para o lado oposto de que Albus estava sentado, ele levou o lençol até o queixo e suspirou- Teve notícias de James?

Albus quase caiu da cama. Por que Jhon estava querendo noticias de James?

Alice se levantou rapidamente e colocou um dedo na boca de Albus, pedindo silêncio, ela deixou a cortina em volta da cama de Jhon meio aberta, de um modo que ela pudesse ver o Potter, mas nem Albus e Jhon podia ver um ao outro. Jhon até agora não reparou que o moreno estava ali. Mesmo não entendo o que a Longbottom estava planejando com tudo isso, ficou quieto.

–Papai disse que falou com o tio Harry hoje de manhã. Ele teve uma péssima noite, brigou com o tio, e parace estar no mesmo estado de depressão que tinha quando...- Ela não completou- Mas ele disse que parece que ele vai ficar bem, os dois tiveram uma conversa bastante interessante, e disse que melhorará rápido, e que talvez aceite essa situação toda.

–Obrigado por me manter atualizado. Se me der licença, eu irei dormi agora- Ele escutou um barulho vindo da cama de Jhon, percebeu que ele estava mudando a posição na cama.

–Você não quer saber sobre o Albus?- Perguntou ela olhando fixamente para o filho do Harry Potter.

–Eu não sei mais se tenho o direito de saber dele. Eu gostaria de poder vê-lo e abraça-lo, contudo acho que isso nunca irá acontecer- Disse Jhon em uma voz arrastada.

A palavra “nunca” pensou tanto no coração de Albus. Embora se amargurasse por ter sentimentos por ele, ainda sentia um grande amor que era difícil de parar.

–Diz isso como se tivesse feito algo.

–Talvez eu realmente tenha feito.

–Isso não é válido, você estava sobre o efeito de imperius- Rebateu Alice.

Albus apertou tanto os seus lábios para conter a surpresa que ele podia sentir perfeitamente o gosto metálico do sangue. Suas mãos apertavam tão forte o colchão que ele podia sentir que fosse capaz de fura-lo. Tinha certeza que estava bastante pálido. Mesmo surpreso foi capaz de se manter em silêncio.

–Mas eu que pronunciei a maldição.

–Porque alguém o obrigou. Você é tão chato, Jhon! Deveria parar de se auto culpar com isso, você não podia fazer nada naquele momento. Isso só faz com que a pessoa que estava te enfeitiçando naquela hora se sinta melhor, porque ele não só queria matar Henry, mas fazer com que o amor dele sofresse com isso pelo resto da vida! Como você pode ser tão inteligente, mas ao mesmo tempo tão idiota?- Alice reprendeu Jhon de um jeito que Albus nunca tinha visto.

Estava acostumado com Jhon sempre cuidando ou reprendendo a irmã, era estranho ver o contrario agora.

–Sinto muito agir dessa forma- Albus escutou o barulho da cama e viu uma mão acariciando a bochecha de Alice- É que é meio difícil lidar com algo que mesmo você não sendo culpado ainda veio de mim. Obrigado por ficar sempre ao meu lado.

Agora Albus podia ver totalmente Jhon. Ele estava com abraçando à irmã tão forte que poderia ser capaz de machuca-la. O rosto dele pareia estar tão sem vida, e saia lagrimas dos seus olhos.

Estava sendo um momento lindo entre irmãos, mas Jhon olhou para o lado e paralisou totalmente. Alice percebendo a mudança de Jhon o soltou do abraço e beijou sua bochecha.

–Acho que vou nadar no lago- Ela anunciou e foi embora saltitante e cantarolando uma musica.

Os dois estavam em silêncio. Albus por não saber o que dizer, e Jhon por estar assustado demais.

O moreno olhou melhor para o Jhon, e Merlim! Ele sentia tanta falta de Jhon! O seu talvez ainda namorado estava sem camisa, mas umas ataduras nos braços e peito, usava um moletom que escondia outros machucados que Albus tinha certeza que existia na região da perna, na parte da cabeça tinha os lábios inchados, dois curativos na bochecha esquerda, e estava roxo a testa dele. Sua aparência estava tão deplorável, mas isso podia ser consertado e ele nem se importava tanto com isso. Tudo o que importava que o seu Longbottom estava na sua frente.

Percebeu que estava chorando quando sentiu a bochecha molhada. Não sabia dizer se era pela saudade que sentia, ou pelo alivio de saber que Jhon não matou Henry. Mesmo que talvez tenha sido ele que matou indiretamente, ele é capaz de compreender que foi algo forçado e uma estratégia do inimigo para utilizar Jhon como uma arma.

–Achei que fosse brigar com sua irmã por querer ir ao lago á essa hora- Albus decidiu falar primeiro, mesmo que fosse algo idiota.

–Eu fiquei tão feliz de vê-lo que sinceramente eu não me importo agora se ela decidir brincar com a lula gigante- Potter riu do que ele disse- Albus, eu...

Jhon foi bruscamente interrompido por Albus, que praticamente pulou da cama para ir beijar o Longbottom.

Era um beijo desesperador, cheio de saudade, felicidade, alivio e ao mesmo tempo carinhoso. Albus percorreu suas mãos pela costa de Jhon, que embora estivesse nua, ele não é capaz de encontrar a tanto a pele, já que uma parte dela estava coberta de ataduras. Jhon já segurava o pescoço de Albus, com medo de que a qual quer momento fosse tirado dele.

Albus sentia tantas saudades de Jhon que nem se importou com o gosto do lábio de Jhon, era uma coisa meio estranha, e tinha certeza que era a fusão de todas as poções que o garoto foi obrigado a tomar. Mas ainda sentia o gosto único de Jhon, mesmo que fosse minimamente. Ele nem poderia falar nada sobre isso, tinha certeza que seu lábio ainda tinha um pequeno vestígio de sangue da hora que ele o apertou.

Separaram-se por falta de ar, mas Albus arrastou o seu beijo para o queixo indo em direção ao pescoço.

–Merlim! Eu te amo tanto!- Gemeu Jhon segurando com força o cabelo de Albus.

Parou de beija-lo e olhou fixamente para os olhos de Jhon. Era tão diferente do que tinha encontrado um pouco antes estava que estava tão opaco, e agora estava cheio de vida, brilhando e tão quente.

–Me desculpe. Eu não podia contar para você sobre isso, eu prometi para os aurores que não faria isso!- Desesperado, explicou Jhon.

–Agora eu entendo perfeitamente você- Albus o abraçou- Eu senti tanto a sua falta! Fiquei tão preocupado com você!- Exclamou ele.

–Eu também estava preocupado com você- Ele devolveu o abraço- Por favor, fique comigo- Ele sussurrou no ouvido de Albus.

Albus o abraçou mais forte e beijou seu pescoço.

–Não se preocupe, vou ficar com você- Murmurou de volta.

****

O vento que batia em seu rosto fazia tão bem. A fonte de luz primária refletia tão perfeitamente no livro, que se perguntava por que estudava na biblioteca quando podia estudar na área externa de Hogwarts. Tudo estava tão calmo. Suas costas contra arvore não doía, algo que muitas vezes acontecia quando ficava sentando nas cadeiras da biblioteca.

Escutou alguém pisando em uma folha seca, isso o desconcentrou da leitura. Olhou para cima com um pouco de dificuldade já que o sol atrapalhou a visão. Podia ver que era uma menina com cabelo ruivo, estava com as mãos na cintura.

–Sente-se- Ele se afastou um pouco para o lado, para que tanto ele como Lily pudessem se apoiar na arvore.

–Obrigada- Ela sorriu e depois olhou para o livro- Você foi sorteado para casa errada, deveria estar na corvinal com a sua irmã!

–Digo o mesmo Lily, deveria estar na sonserina com o seu irmão!- Lily fez cara de emburrada, e Hugo apenas deu a língua para ela- Foi você que começou nem vem!- Ele deixou o livro ao lado dele.

–Você parece bastante feliz.

–Sim, estou bastante contente. As vendas da minha poção aumentaram e isso diminuiu bastantes casos de mortes envolvendo lobisomens- Confessou bastante animado.

–É engraçado ver você animado no meio disso tudo.

–Se fosse para eu ficar preocupado com tudo que está acontecendo, eu jamais teria um dia de felicidade. Sempre tem algo acontecendo conosco, se isso não chegar diretamente á mim, não vejo motivo para me abalar.

–Acho que devo fazer o mesmo.

–Com certeza. O que acontece com os outros, deixa com eles, só se intrometa se eles de alguma forma te colocar- Aconselhou Hugo.

–Você é tão pacifico, Hugo. Faz tempo que não fazemos nada juntos, sabe? Fred II e Lucas estão no salão jogando xadrez. Eu estou indo para lá- Ela se levantou e ajeitou a saia- Por que não vem comigo?

Às vezes se esquecia de que era jovem. Ficava fazendo tantas coisas, que não se lembra de que ainda é novo e que tinha muito que aproveitar. Era bom sempre ter alguém como Lily, Fred II e Lucas, eles eram os únicos que são capazes de distrai-los e faze-lo divertir.

Sorrindo pegou o livro e foi juntamente com Lily até a torre da grifinória.