Seus olhos não saiam da garota de vestido rosa e com bolero branco, daquele jeito, sorrindo para tudo e todos, nem parecia a mesma garota que quase o assassinara aquela manhã de domingo. Pepper estava linda usando o vestido que Tess dera a ela e o bolero que Maria lhe presenteara na noite passada, a senhora Stark gostaria de tê-la presenteado no dia certo, mas infelizmente ela passaria o domingo fora.

— Eu só vou dizer uma vez e espero que você me escute. — Howard sussurrou no ouvido de Tony. — Se você não chamar a Pepper depois do culto e dizer o que sente para ela, e pedi-la em namoro depois de beijá-la — Tony arregalou os olhos e olhou assustado para seu pai que estava com o semblante sério —, eu irei me declarar para ela.

— Pai! — Tony o repreendeu. — Estamos na igreja.

— É, Cristo também está orando a Deus para que ele lhe dê coragem e faça isso que eu acabei de dizer. 

— Pai!

— Pai, pai, é só isso que você sabe dizer garoto? É melhor você ir preparando um discursso mais bonita para dizer a Pepper, porque o culto já está quase no fim. — Informou com um tom de advertência.

— Eu não vou dizer nada a ninguém. — Respondeu decidido.

— Então 'ta bom, quando um rapaz mais corajoso do que você se declarar para ela não vem querer chorar no meu ombro. — Avisou e se focou no pastor, mas depois de alguns segundos acrescentou: — E nem no ombro de Jesus. 

Tony olhou para seu pai com os olhos semicerrados e depois se virou para frente, com uma expressão nada agrádavel.

Não demorou muito para que o pastor fizesse a oração final e encerrasse o culto, como Howard havia dito. Como de costume as pessoas conversavam do lado de fora da igreja e as crianças corriam de um lado para o outro, enquanto era feita uma roda de pessoas próximo de onde o pastor McDaniel estava, mas naquele momento sua atenção ia toda para Pepper.

— Muitas felicidades, querida, que Deus continue te abençoando e nunca se esqueça que Ele tem um grande Ministério para sua vida.

— Não me esquecerei partor McDaniel, muito obrigada. — Agradeceu sorridente e o pastor lhe deu um forte abraço. — Te vejo amanha no ensaio do coral, tudo bem?

— Como assim? Não vai fazer festa de aniversário esse ano? — Perguntou curioso e com um sorriso nos lábios.

— Esse ano não. Eu vou sair com o Tony. — Sorriu de volta.

— Ah, sim e quando é que vocês me entregarão as alianças para eu abençoar o namoro de vocês.

— Pastor! — Pepper o repreendeu. — Não somos namorados, apenas amigos e o senhor sabe disso. — Entoou constrangida. 

— Toda Luisiana sabe disso querida, até a anjaiada no Céu sabe disso. — Resolveu brincar com a loura que riu.

— O senhor é uma figura pastor. — Disse divertida e depois de se despedirem mais uma vez ela foi de encontro ao Tony, que a esperava do lado de fora da igreja.

— Pensei que você tinha sido arrebatada. — Foi a primeira coisa que Tony disse ao vê-la.

— Bem, se fosse assim você deveria estar...

—... entrando de braços dado com você 

—... comigo...

Eles deram os braços e andaram de uma forma engraçada pelo gramado da igreja, levantando as pernas de forma ereta.

—... elegantemente pelas portas do Céu. — Disseram em uníssono e depois pararam de andar, rindo um do outro. 

— O pastor estava me dando os parabéns. — Explicou Pepper depois de um tempo.

— Suspeitei que fosse isso. — Suspirou e passou a mão pelos fios de seu cabelo preto. As lembranças das palavras de seu pai surgiram em sua cabeça e seu coração acelerou, fazendo com que em seu estômago fosse aberto a porta para as borboletas voarem livremente por ali.

— Tony, você está bem? — Pepper perguntou ao notar que seu amigo estava ficando branco como papel. — Tony? — Ela segurou na mão dele e notou que ele estava gelado. — Você está frio, o que você tem Tony? 

O moreno sentia suas pernas vacilerem, como ele ia conseguir dizer a Pepper que a amava e que estar com ela era a melhor sensação do mundo quando nesse exato momento, estando ao lado dela, ele sentia que vomitaria a qualquer momento?

— Eu 'to bem. — Ele passou as costas da mão pela testa molhada de suor. — Eu que-que... — ele gaguejou e se insultou mentalmente.

— Qual é o seu problema, Tony? — Pepper riu divertida. — Desembucha menino.

— É que, é que eu...

— Pepper! — Aldrich Killian surgiu empurrando Tony e abraçando Pepper pela cintura. — Feliz aniversário. — Ele a rodopiou e Tony sentiu um grande impulso de ir até a casa de Pepper e pegar o machado que Ian usava para cortar lenha quando eles iam acampar na floresta e usá-la diretamente no pescoço de Aldrich.

— Ah, obrigada Aldrich. — Pepper agradeceu com as bochechas rosadas e depois de ter sido colocada no chão novamente, passou as mãos pelo cabelo ainda molhado.

— Você está diferente, o que aconteceu com seu cabelo liso de sempre? — Perguntou enquanto segurava um mecha do cabelo dela entre os dedos.

"Tira a mão dela se você não quiser perder sua mão também, seu idiota." Tony não pudera evitar o pensamento.

— Tony jogou ovo em mim essa manha e não deu tempo de secar o cabelo e arrumá-lo como de costume. — Explicou.

— Ah, sei, bem você fica linda de qualquer forma... — "Dê-me forças para não avançar nesse moleque, Senhor." — ..., mas é uma pena que o Anthony seja tão infantil a esse ponto.

Em um momento Aldrich estava sorrindo para Pepper e no outro ele estava caído ao chão pelo soco que Tony lhe dera na face.

— Você está maluco Stark? — Aldrich gritou furioso, se levantando rapidamente.

— Tony! — Pepper o olhou assustada.

— É, acho que Deus ouviu só a parte do "Dê-me forças", mas... — Antes que ele pudesse continuar Aldrich se jogou contra ele.

— Seu estúpido, o que você tem na cabeça?

— Sai de cima de mim! — Tony bradou.

— Parem! — Pepper pediu desesperada.

Ian e Howard apareceram e separaram Tony e Aldrich.

— O que está acontecendo aqui?

— Tony! — Howard o fulminou com o olhar. — Não foi isso que eu pedi pra você fazer depois do culto. — Falou tão perto que apenas Tony ouvira o que ele disse.

— Foi esse garoto mimado que começou. — Aldrich se defendeu.

— Mimado? Olha quem fala. — Provocou e quando eles iam esbarrar um no outro novamente, Ian se colocou entre eles e os empurrou para trás. Howard puxou Tony com força e o obrigou a se afastar, o levando para dentro do carro.

— Vai para casa Aldrich. — Ian instruiu e Aldrich travou o maxilar.

— A gente se vê Pepper. — Dito isso ele seguiu para o lado contrário do qual os Stark haviam ido.

— O que aconteceu aqui Pepper? — Ian perguntou.

— Eu não sei ao certo, estávamos conversando Aldrich e eu quando o Tony deu um soco nele. — Explicou meio incerta. 

— Hm. 

— Hm? O que você quer dizer com isso?

— Não quero ver você e o Aldrich juntos, ouviu?

— Espera, é o Tony que vacila e eu que me dou mal?

— A questão não é quem se dá mal ou não Pepper, a questão é que Aldrich não é flores que se cheire.

— E sobre não fazer acepção de pessoas? — Indagou.

— Certo, vou ser mais claro mocinha. — Ian colocou as mãos sobre os ombros dela. — Me pergunta... — ele se interrompeu e recomeçou: — Se pergunte o seguinte, quem é mais legal: Aldrich ou Tony?

— Que raio de pergunta é essa pai? Por favor, os dois são legais com a diferença de que o Tony é meu melhor amigo e o Aldrich, bem, eu gosto dele e acho que isso não é segredo para ninguém.

— Uau! — Os braços dele caíram ao lado de seu corpo. — Era segredo para mim. — Ele fez uma careta. — Isso é sério? 

— É. — Respondeu cruzando os braços sobre o peito. — Você devia dizer era para o Tony ficar longe do Aldrich e não eu. — Dito isso ela atravessou o gramado da igreja e foi em direção a sua casa.