Tudo rodava em sua cabeça pela velocidade dos flashbacks, aquilo não poderia está acontecendo novamente, mas parecia que estava e ele não tinha o controle de fazer parar. Será que Aldrich arrancaria Pepper dele novamente? A dor seria mais intensa do que antes? Aquilo era um sinal de Deus lhe mostrando que ele deveria ter apenas uma relação de amizade com Pepper ou era o contrário, que ele deveria persistir mais, pois assim ele finalmente conseguiria tê-la em seus braços?

— O que você está fazendo aqui? — A loura perguntou puxando, automaticamente, a mão de Rachel para mais perto de si e de Tony.

— Lembra que eu tenho permissão para ver minha filha? — Arqueou uma sobrancelha sorrindo.

— Eu sei, mas você sempre avisa antes de dar o ar da graça, o que aconteceu para você vir tão de repente? E que eu me lembre temos até os dias certos para as visitas. — Justificou, mas ela não iria impedir Rachel de passar alguns momentos saudáveis com o pai.

— Ei, eu te conheço de algum lugar. — Aldrich disse olhando para a estatua de Tony, que ainda não sabia o que fazer ao certo.

— Experimenta tirar o cavanhaque. — Respondeu por fim, mas Aldrich ainda se manteve refletivo em relação a ele.

— É o Tony. — Quem respondeu foi a Pepper.

O semblante de Aldrich mudou da água para o vinho, de algo pensativo para uma carranca. Os olhos semicerrados e o maxilar travado confirmavam o que Tony pensara, ele ainda se lembrava das brigas que aconteceram entre eles e que graças ao Tony ele não conseguiu fugir da policia, mas Tony sabia muito bem que com ou sem a ajuda dele a policia acabaria o pegando.

Antes que a situação ficasse mais tensa do que estava, Pepper resolver colocar Rachel entre os dois e chamar a atenção de Aldrich.

— Rachel não vai abraçar o papai? — Inocentemente Rachel caminhou até Aldrich que se abaixou e a envolveu em seus braços, depois depositou um beijo em sua testa e sorriu pacificamente. Apesar de Rachel saber como foi concebida ela não tinha raiva do Aldrich, ela o amava e eles haviam passados momentos bonitos juntos, Aldrich não era uma pessoa má, na realidade, era um ótimo pai.

— Como você está? — Perguntou.

— Estou bem e o senhor?

— Melhor agora.

— Você veio de avião até Luisiana para me ver? — Perguntou entortando a cabeça para a direita.

— Com certeza, mas aproveitei para resolver alguns assuntos do trabalho, então juntei o útil ao agradável. — Ele lhe deu uma piscadela.

— Vai ficar muito tempo? — Pepper perguntou.

— Não, uns três dias na verdade. O que eu tinha para resolver eu já o fiz e estava pensando se poderia ficar com a Rachel no hotel até eu ir embora.

Pepper não podia negar aquilo, mas era sempre muito difícil quando Aldrich lhe pedia para ficar com Rachel, ela sabia que ele a tratava como se fosse feita de porcelana e que ele a amava muito, mas mesmo assim ela ainda ficava receosa, desde que descobrira que estava grávida ela criara laços muito fortes com a Rachel.

— Quer ir com o papai Rachel?

Para Tony era estranho ouvir a palavra “papai” sendo direcionada a Aldrich, principalmente quando a filha era de Pepper, ele não deixou de pensar que ele deveria ser o pai Rachel e não Aldrich.

— Quero. — Disse depois de pensar por alguns segundos.

— Vamos até meu apartamento pegar algumas roupas dela e o material escolar. — Pepper disse.

— Tudo bem. — Aldrich assentiu. — Stark vai? — Finalmente direcionou seu olhar para Tony novamente e em seus lábios estava um sorriso irônico. Tony se controlou para não o mandar colocar aquele sorriso em um lugar nada adequado.

— Não, essa é minha deixa. — Ele se virou para Pepper e a abraçou demorando algum tempo e dizendo em seu ouvido: — Sempre interrompidos por Aldrich. — Riu discretamente. — Tchau Rach! — Ele passou a mão pela cabeça dela, mas aquilo não fora o bastante para ela que acabou abraçando a perna dele. — Nos vemos amanha na igreja. — Ele acenou para elas e caminhou em direção onde havia estacionado o carro.

— Você deve ter ficado feliz em ter reencontrado o amiguinho de infância. — Aldrich comentou.

— Você não faz ideia. — Dito isso ela pegou Rachel pela mão e andou até o prédio onde morava e antes que Aldrich a seguisse ele olhou por um tempo na direção em que Tony havia caminhado.

Felizmente domingo de manha chegou e logo Tony encontraria Pepper novamente. Tentando ver algo bom no que ocorrera ontem ele percebeu que talvez ele pudesse chamar Pepper para almoçar hoje e, a sós — não que a presença de Rachel o incomodasse —, pudessem conversar melhor, quem sabe quando Rachel voltasse não teria uma grande surpresa?

— Oi! — Tony a saudou assim que viu a loura adentrando a igreja. — Senta aqui com a gente. — Disse apontando para seus pais que rapidamente a cumprimentaram com um abraço. Pepper sentou ao lado dele, na ponta do banco. — Como você está? — Perguntou.

— Bem, na verdade com saudade da Rachel, hoje eu não fui acordada com beijos e abraços e nem com a musica da abertura do Bob Esponja. — Lamentou.

— A parte dos beijos e abraços eu posso resolver com prazer, é só irmos para sua casa e deitar... — Ele preferiu calar a boca antes que a palma pesada de Pepper o fizesse depois de ver o olhar mortífero que ela lhe direcionara. — Só estava brincando, até porque eu não quero que você fique imaginando indecência com meu lindo corpo. — Disse voltando o olhar para frente, mas ele pôde ver pelo canto do olho que ela sorrira.

O culto ocorreu bem, os louvores cantados foram lindos, a pregação foi excelente e eles trataram de guardar cada palavra proferida pelo pastor que era boca de Deus naquele lugar como a coisa mais preciosa que ouviriam aquele dia, o que de fato era verdade. Eles fizeram a oração final e assim que o pastor pediu para os irmãos se cumprimentarem Tony puxou Pepper para um forte abraço.

— Vamos almoçar juntos? E eu não aceito um não como resposta, até porque ontem não consegui te dizer o que queria. — Eles se separaram e ela franziu o cenho.

— O que é? — Ele sabia que ela era curiosa e esse detalhe não pôde deixar de arrancar um sorriso maroto de seus lábios.

— Vem almoçar comigo que eu te falo. — Passou o dedo pela ponta do nariz dela.

— Ah! Tudo bem, meu bebê não está em casa mesmo, você serve para distração.

— Poxa! Essa magoou. — Fingiu-se triste e Pepper riu divertida.