Sword Art Online - Hunter escrita por Razi


Capítulo 4
Capítulo 3 - Laços


Notas iniciais do capítulo

Desculpem novamente a demora do capítulo. Final de bimestre é complicado, provas, trabalhos e etc quem é estudante sabe como que é ;X



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29 de Outubro de 2023 - 17° Andar - River Wood

Após termos caminhado em silêncio desde que saímos do primeiro andar, finalmente chegamos a entrada da vila de River Wood. Eu dizia entrada mas não era possível determinar como isso, pois a vila era só um aglomerado de pequenas casas com uma pequena área no meio, onde havia algumas bancas de NPC que vendiam alguns suprimentos e que na grande maioria eram matérias primas adquiridas da região.

“A Casa dela fica descendo a estrada principal, é só me seguir que logo chegaremos” eu nunca fui muito de conversar abertamente com outras pessoas, mas isso nunca me incomodou e pelo jeito nem a Nalius também.

Continuamos a caminhar em silêncio até chegarmos em nosso destino. Era uma casinha bem simples, mas era caprichada e bem cuidada com um jardim à frente cheio de flores. Atravessamos o jardim e pegamos o caminho que ia até a porta, entretanto havia outro que levava até os fundos onde ficava uma pequena forja, era lá que Samanta atendia seus clientes.

Um pouco inquieto olhei em volta para me distrair, respirei fundo e finalmente bati na porta duas vezes. Alguns segundos se passaram até que a porta começou a se abrir.

“Olá boa tar... ah... é você...” quando Samanta me percebeu, ela simplesmente fechou a porta com uma batida forte.

“É, ela ainda está nervosa, vamos” me virei e comecei a fazer o caminho de volta, Nalius me olhou incrédulo.

“Espera ai, você me arrastou pra cá só pra desistir no final?” Nalius me perguntou com uma cara séria e um pouco nervoso, eu simplesmente o ignorei.

“Você não entende, quando ela está assim, não há nada que eu possa fazer para melhorar” quando me dei conta, Nalius tinha me ignorado completamente também e bateu na porta.

“O que você quer?!” perguntou Samanta com uma cara séria após ter atendido a porta, mas ficou surpresa por ver um desconhecido a sua frente. Nalius ficou admirado pela beleza de Samanta, ela possuía um rosto bem delicado com olhos cor de caramelo e uma pele bem clara com pintinhas no rosto, dando um ar de bem mais nova, porém seu corpo era bem mais desenvolvido e tinha em torno de 1,70m de altura, garotas assim eram extremamente raras dentro de SAO.

“Des-Desculpe!” respondeu Nalius timidamente “É que... ele veio se desculpar!” declarou enquanto apontava o dedo para min.

“O quê?!” A atenção de Samanta novamente se voltou para mim. Dessa vez parecia bem séria, nesse momento tudo o que passava em minha mente era escapar dali o mais rápido possível. “Desculpe!” Disse fazendo uma referência para ela. Decidi acompanhar o plano de Nalius, mas Samanta cruzou os braços com um sorriso de desconfiança.

“E do que exatamente você está se desculpando?!” perguntou ela em direção a mim.

Eu iria responder, mas bem quando as palavras iriam sair da minha boca me lembrei que era por causa de Dariu. O motivo eu já nem lembrava mais, porém no fundo mesmo não querendo admitir, eu estava com ciúmes. E esse fato fez com que eu sentisse meu rosto começar a ficar vermelho e as expressões em SAO eram muito exageradas, provavelmente eu literalmente estava ficando vermelho naquele momento. Olhei novamente para Samanta e ela estava com um sorriso desdenhoso.

“Então porque você está nervosa?” perguntei novamente, só que sério desta vez. Samanta não perdeu nem um segundo para responde.

“Idiota! Você sumiu sem falar nada, não tem ideia do quanto eu fiquei... fiquei...” de acordo com o andamento de sua frase Samanta foi diminuindo o tom de sua voz, até seu rosto corar todinho. Nós tínhamos jeitos bem similares. Quando o assunto era sentimentos nem um dos dois cedia. Eu principalmente não era um pessoa que gostava de se abrir e revelar o que sentia e Samanta, pelo tempo que a conhecia, parecia ser do mesmo jeito.

Olhando para o nada, Samanta percebeu que estava ficando muito vermelha e se virou para que não a olhássemos.

“Já imaginou o que eu diria para a Any-chan se você tivesse morrido?” perguntou ela falando normalmente de costas para Nalius e eu.

Por um momento me lembrei da pequena garota. Em uma missão que estava em andamento na linha de frente que se encontrava no 21° andar acabei me encontrando com Any e Dariu, ambos estavam perdidos e cercados por um grupo de monstros, sem pensar saltei no meio deles e fui derrotando um a um, quando terminei percebi que o rapaz, Dariu, estava muito machucado e a menina que estava chorando, veio correndo até onde eu estava implorando por ajuda para salva Dariu. Me movi até onde ele se encontrava e dei uma poção para restaurar seu HP. E assim nós nos conhecemos. Eles me revelaram que não tinham ideia de como funcionava um jogo RPG e foram para a linha de frente sem nem saber lutar direito. Com isso Dariu percebeu que o lugar de ambos era os andares mais baixos, dando suporte aos jogadores que eram capazes de finalizar o jogo.

Resolvi leva-los até Samanta que possuía uma pequena forja neste andar, o 17°. Ao chegar lá apresentei ambos a ela, que ficou encarregada de ensiná-los a trabalhar em algo que pudessem ajudar. Sempre que dava um tempo eu passava no local para visitá-los, e quando percebi havia criado um vínculo de grande amizade com todos, até que um dia eu cheguei à noite e percebi Samanta e Dariu conversando e rindo um do lado do outro na varanda. Aquilo me queimou por dentro como algo que jamais tinha sentido na vida, me fazendo querer fugir para outro lugar. Voltei para a linha de frente sem retornar e não dar mais nem uma notícia.

“Desculpe...” desta vez eu havia entendido a raiva de Samanta. Any e eu havíamos ficado bem próximos, apesar de eu ser filho único, com a presença dela talvez eu tenha aprendido o que era ter uma irmãzinha.

Samanta me olhou agora com um sorriso calmo no rosto.

“Ah... me desculpe também, acabei me esquecendo de me apresentar, meu nome é Nalius, prazer!” enquanto Nalius fazia uma referência, eu me aproximei novamente da porta onde os dois estavam e disse:

“Ele está me ajudando em uma missão nova de caçador, pelo menos por enquanto”.

“Que bom! Hikaru está sempre sozinho. Meu nome é Samanta, prazer. E obrigada por cuidar desse cabeça oca.” respondeu Samanta para Nalius com uma voz doce.

“Suponho que para você aparecer acompanhado desse jeito e depois de muito tempo, só pode estar precisando de algo, não é?” Desta vez se direcionando a mim.

Comecei a pensar no que eu deveria contar e decidi não revelar sobre os alvos, pois talvez essa informação a deixasse em perigo, sendo ela uma das únicas pessoas com quem eu me importava neste mundo, apesar das circunstâncias.

“Podemos entrar? O que tenho para te dizer não é algo que podemos conversar ao ar livre”

Samanta me fitou por alguns momentos e percebeu que o que eu estava dizendo era sério.

“Ok, entrem. Já está na hora do almoço, devem estar com fome.” Seguimos ela e adentramos a pequena casinha. Comparado às casas que eram possíveis serem compradas ou construídas por jogadores, esta era de pequeno porte, mas Samanta sabia aproveitar muito bem seu espaço, tornando o lugar bem arrumado e bonito. Transmitia uma harmonia muito familiar a de casas ocidentais, os moveis eram simples mas pareciam ser bem trabalhados, estes não estavam da última vez que a visitei, provavelmente eram trabalhos feitos por Dariu.

“Podem se sentar, aí em cima tem uma cesta com sanduiches, podem comer. Vou preparar algo para bebermos” disse Samanta apontando para a mesa e se dirigindo a cozinha.

Sentei-me à mesa e abri a cesta, dentro haviam muitos sanduiches bem recheados de diversas coisas que eu não reconhecia, dei um a Nalius que rapidamente o mordeu. Sem cerimônias também fiz o mesmo e acabei ficando maravilhado pelo gosto, pareciam conter ingredientes do mundo normal, como talvez maionese e mostarda.

“Que delicia, Obrigado Samanta-san!” Agradeceu Nalius com um rosto bem satisfeito e feliz.

“Sim, está mesmo muito bom. Foi você mesma quem fez?” apesar de saber que Samanta era bem organizada e tinha bom gosto, eu sabia também que ela não tinha jeito algum com a cozinha, por isso fiz a pergunta.

“Hehe... foi... foi sim...” respondeu Samanta meio sem graça, e concentrada em fazer o chá.

Neste momento escutei alguns passos vindos da sala, me virei e vi Any entrando correndo.

“Hikaruuuuuuu!!” Disse Any enquanto corria até mim.

“Olá Any-chan!” ela parecia muito contente em me ver, e isso me fez de certa forma feliz. Quando ela chegou até onde eu estava, me ajoelhei na altura dela e disse enquanto colocava a mão em sua cabeça “Você cresceu desde a última vez que te vi.” eu sabia que o sistema de SAO não acompanhava o crescimento do nosso corpo no mundo real, mas eu me lembrava que sempre me sentia feliz quando alguém me dizia isso quando eu era bem mais novo.

“Você também Hikaru-chan” retrucou ela com um sorriso bem alegre enquanto também colocava a mão em minha cabeça, percebi que Samanta começou a conter o riso na cozinha. “Ah você também está comendo o sanduiche que eu fiz? E então você gostou?” seus olhos azuis estavam centrados em mim, com grande curiosidade.

“Hum... então foi você quem fez né...?” contendo meu riso percebi que Samanta estava tentando disfarçar. “Pois bem, estão maravilhosos, você deve ter treinado bastante” Sorridente, Any balançou a cabeça em confirmação.

“Hikaru-san, é bom vê-lo novamente. Quando você desapareceu sem dizer nada Samanta-san ficou muito preocupada!” quando havia percebido, Dariu já estava no meio de nós. Enquanto Dariu dizia isso, Samanta trazia uma jarra que deu uma leva desequilibrada com sua afirmação.

“Hehe... desculpe fiquei muito ocupado com a linha de frente e o trabalho como caçador ao mesmo tempo.” Apesar de tudo que havia acontecido, Dariu era uma pessoa que eu admirava. Pela sua aparência ele tinha quase a mesma idade que eu, mas sua voz e suas atitudes eram de uma pessoa bem mais velha e o jeito com que ele cuidava de Any, eles pareciam mais pai e filha do que irmão e irmã.

Enquanto Samanta servia o chá, eu apresentei-os a Nalius que respondeu educadamente e ficamos conversando sobre algumas coisas do cotidiano mas nada muito importante. Samanta acabou me mostrando o jornal que ela leu no início do dia e fiquei espantado pois não sabia que tinham me citado como destaque nas notícias. Entrando neste assunto foi impossível não contar como tudo ocorreu, contei a eles como foi meu combate contra a criatura elite e de como o portão para a sala do Boss se revelou depois da luta.

“Depois voltei a cidade, e comuniquei um dos líderes da guilda Divine Dragon Alliance que enviou mensagens a todos os jogadores da linha de frente que podia. No dia seguinte reunimos os que vieram e decidimos como iria acontecer a divisão de drops (quem receber o item do último hit fica com ele) e a estratégia que iriamos seguir. Chegamos à sala do Boss já usando a tática que fizemos contra o último que enfrentamos no 47° andar. Tivemos uma batalha dura, mas estavam todos confiantes e preparados, por isso ninguém fez nada de errado e conseguimos eliminar o Boss sem nem uma baixa. Eu fui o felizardo que conseguiu dar o último hit e receber o item especial.”

Finalizando com essas palavras todos se surpreenderam e me parabenizaram. Eu pessoalmente não gosto de falar sobre as coisas grandes que fiz, pois ao meu ver, as pessoas que fazem isso apenas para se mostrar, mas naquele local eu conhecia todos e sabia não pensavam isso de mim.

Samanta ficava um pouco brava por eu ter que enfrentar sozinho criaturas poderosas, mas ela sempre mantinha sua calma pois sabia que isso era preciso ser feito para que todos nós saíssemos deste lugar. Depois de alguns minutos, Dariu e Any se despediram de nós para voltar ao trabalho. Pelo que me lembrava os dois ajudavam em construções de casas para outros jogadores mas cada um tinha habilidades diferentes. Dariu era carpinteiro e Any cozinhava para o restante dos trabalhadores, fora alguns outros trabalhos à parte que faziam quando não estavam envolvidos com uma construção.

“Tudo bem, agora que eles já foram você pode me contar. O que aconteceu?” Indagou Samanta enquanto se sentava à mesa com uma xicara de chá em mão. Eu já tinha me decido em não tocar no assunto sobre a guilda PK mas ainda havia outra coisas que eu só poderia confiar a ela. Olhei para Nalius que me encarou por alguns segundos.

“Oh! Me desculpe, vou me retirar...” Disse Nalius enquanto caminhava para saída. Isso era algo que me admirava em Nalius. Ele era extremamente educado e entendia rapidamente as situações.

“Na verdade eu gostaria de mostrar algo para você antes” sussurrei para Samanta enquanto mexia em meu menu. Desequipei minha estranha manopla e a fiz aparecer em minha frente. Samanta ficou observando-a em minha mão alguns instantes imóvel até que ofereci para ela pegar. Sem hesitação Samanta pegou a manopla e começou a analisar cada peça que a formava até que finalmente a colocou em cima da mesa e com o dedo indicador ela apertou um botão flutuante que apareceu no ar, esse mostrava um pequeno menu com status e outros dados sobre o equipamento. Expliquei a ela sobre o que a Info-chan me disse sobre o estranho equipamento e quem o testou. Curiosa, ela me fez algumas perguntas sobre como eu tinha conseguido tal item.

“Quando falei com a Info-chan eu estava usando uma manopla desse tipo que foi comprada em um NPC mas dois dias depois, eu dropei do Boss do 48° andar esta que está em suas mãos.”

Samanta novamente voltou a sua atenção a manopla que estava na mesa.

“Hum... Não conheço os jogadores que testaram essa manopla, mas até entendo o porquê de não conseguiram equipar a de nível mais forte, ela exige uma build bem... ‘diferente’ ... Mas o importante é que eles não levaram uma mestre ferreiro como eu para examiná-la. Na verdade ela possui status ocultos que só são habilitados por algum tipo de habilidade do jogador. Deve ser algo novo que ainda não está nas mãos dos informantes ou talvez até mesmo uma habilidade...”

“Única...” Minha resposta fez com que Samanta ficasse um pouco surpresa. Habilidades únicas, como eram chamadas, eram habilidades dadas a jogadores selecionados por algum tipo de seleção misteriosa que concediam poderes diferentes e únicos. Não se sabe que tipos de habilidades são, nem o total delas e muito menos como as desbloqueiam. Elas simplesmente aparecem na janela de habilidades do menu do jogador escolhido.

“Sim... Mas tem mais ainda. Essa manopla não é um item normal. Ela tem um nível muito mais alto do que os outros itens que já vi. Talvez seja até um item de rank S, um item lendário!”

“Como você sabe disso?” mesmo perguntando isso, no fundo eu sabia que essa manopla nova era um item bem raro, pois além de dar status muito mais altos do que a mais forte que era vendida no NPC, ela também tinha sido dropada de um Boss.

“Olhando apenas o material que ela é formada. Tem uma cor prateada, mas é meio obscura e não brilha. Bem discreta. Abaixo dela parece que tem uma pequena lâmina que deve ser ativada por uma habilidade ou coisa do tipo.”

Dessa vez fui eu que tinha ficado impressionado com Samanta. Suas habilidades de análise melhoraram muito.

“Obrigado Samanta, acho que isso já é tudo o que preciso saber.” Apesar do que eu disse, Samanta fez uma cara de que gostaria de investigar mais sobre o item, mas me devolveu sem objeções.

Aquilo já era o suficiente, muitas informações já haviam sido esclarecidas sobre aquele misterioso item e eu estava certo que era muito especial para mim

“Hum... Tem mais uma coisinha...” Retirei minha espada que estava em minhas costa e dei a Samanta.

“O QUE VOCÊ FEZ?!” Gritou Samanta ao se surpreender com o estada da lâmina que tinha lhe entregado. Era uma espada que ela forjou a uns 2 meses atrás. Excelente material fora usado para forjá-la, mas devido a minha força e meu estilo de batalha as espadas não duravam muito tempo comigo, mesmo essa que foi feita sob medida para mim.

A lâmina da espada já não possuía o mesmo corte original e em muitos lugares já era perceptível “dentes” devido ao forte impacto contra outras espadas.

Após ter levado uma bronca de Samanta por depredar tanto seu trabalho, tentei revisar minhas palavras para me desculpar, mas logo a expressão de raiva de Samanta passou para um séria e conformada.

“Tudo bem. Eu imaginava que isso iria acontecer. Isso sempre acontece.” Afirmou Samanta enquanto guardava a espada. Logo depois ela começou a caminhar em silêncio até a porta de entrada da casa. Eu apenas fiquei a observando. Antes de sair pela porta ela parou e me olhou. “Você não vem?” Fiz um sinal em confirmações e saímos. No lado de fora estava Nalius me esperando, Samanta passou por ele ainda em silêncio seguindo o caminho para a forja que ficava nos fundos da pequena casa. Dessa vez eu sinalizei para Nalius nos acompanhar e que rapidamente nos seguiu.

“Por causa de você sempre quebrar minhas melhores espadas, eu percebi que um material normal não era resistente o bastante para certos tipos de combates. Por exemplo, quando você luta contra monstros você sempre me trazia as espadas quase sem corte e com um desgaste muito grande na ponta, porém quando você enfrentava outros jogadores a lâmina ficava toda machucada devido aos bloqueios. Só que os metais são feitos de diferentes maneiras aqui. O Ferro da mina de Gostashi do 31° Andar que é da cor vermelho claro, é extremamente resistente, mas não é um bom ferro para fazer lâminas pois seu corte fica péssimo. Agora o ferro que tiramos da mina de Atagashi da cor azul acinzentado, aqui do 17° é excelente para lâminas, pois é possível deixa-lo afiadíssimo mas ele não é tão resistente.” Explicou Samanta enquanto nós caminhávamos para sua forja.

O local de sua forja era bem pequeno, continha apenas uma mesa de trabalho, uma caldeira grande que ficava no centro e ao lado dela tinha uma bigorna de médio porte e algumas ferramentas penduradas na parede. Mas fora do local fechado tinha mais um quintal na parte traseira da forja, onde não era possível ver da rua principal. Lá se encontrava mais uma mesa de trabalho com gavetas e um grande martelo de forja e do outro lado tinha um amolador gigante. Ao chegar no local ela pegou um lingote de ferro de cor roxa, que estava em cima de sua mesa de trabalho e então continuou.

“Após eu consegui chegar a certo nível na profissão de ferreiro eu consegui fazer isto, Uma mistura entre 2 tipos de aços. E este que você está vendo é a junção dos dois metais que mencionei, minha melhor criação!” Concluiu Samanta com um sorriso orgulhoso.

“Hikaru, você prefere uma espada de uma mão com a empunhadura um pouco maior, certo?” Perguntou ela enquanto pegava o lingote roxo com uma pinça gigante e a colocava no fogo que estava agora queimando com sua intensidade máxima.

“Você não vai consertar a minha espada?” fiquei surpreso com a vontade de Samanta de forjar uma nova arma.

“Não. Ela já não tem mais conserto. E estou ansiosa para poder forjar algo com esse novo metal.” Era possível ver uma certa empolgação em seu rosto.

“Mas... Eu não tenho como te pagar por uma nova...” Samanta não teve nem uma reação depois da minha afirmação, apenas continuou com seu trabalho.

“... Eu... Considere um presente... por favor...” Com uma voz baixa ela se escondeu entre seus cabelos e o trabalho.

Minha boca ficou seca por não saber o que responder. Sentia que um obrigado e um eu prometo eram simples demais para o momento, pois no fundo eu sabia que não merecia tudo aquilo que Samanta me oferecia. Minha presença nunca foi de agradar muita gente. Mas naquele local com ela, eu me sentia calmo, como se todo o terror deste mundo fosse algo que havia passado a muito tempo e jamais iria me alcançar novamente. Aquilo me revitalizava e me fazia seguir em frente não importando quais obstáculos estivessem diante de mim. Isso era tudo que gostaria de dizer a ela, mas que infelizmente não saiu da minha boca.

“Não sei se mereço tanto... mas obrigado, vou me esforçar mais e voltarei com mais frequências aqui”

“Bobo...” pude ver um pequeno sorriso disfarçado em seu rosto.

Ela então respirou fundo e se virou para ficar de frente comigo e Nalius, que assistia a tudo. Seu rosto apresentava uma alegria mais tranquila. Vê-la desse jeito me fez ficar da mesma forma.

“O aço na fornalha deve demorar um pouco para ficar quente o bastante para forjar uma nova arma.” disse Samanta enquanto trocava suas luvas.

“Como é feito esse metal mesclado que fez?” perguntou Nalius para quebrar o silêncio mórbido que estava se formando.

“É simples. Depois que se adquire esta habilidade, é possível retirar um metal próprio para a junção. Dependendo da qualidade deles resulta em um lingote¹ novo para poder-se criar outras armas. Existem diversos tipos de misturas que podem ser feitas e elas não se limitam apenas a dois metais na formula. Pelo que fiquei sabendo dos informantes o metal mais raro da classe Lendário, é o Mithril. Eu acredito que só é possível chegar nele através de misturas, pois de todas estruturas de mateis que existem aqui, apenas os básicos são retirados das minas conhecidas, então atualmente só é possível fazer armas poderosas com misturas entre esses matais” explicou ela. Samanta era conhecida como uma ferreira exótica. Suas criações não eram simples e fáceis de serem feitas. Pois o básico da forja, era que o ferreiro tinha que ter em mente o que ele gostaria de fazer com o material. Quanto mais detalhista o ferreiro era na imagem do equipamento em sua mente mais preciso ficava ele, e o que garantia isso era o nível da profissão e a qualidade do material usado. Existiam armas poderosas em SAO com certas habilidades extras, muitas delas estavam listadas nos registros dos informantes. Mas a cada andar descoberto, mais diferentes armas eram desbloqueadas.

“Certo! Está no ponto!” exclamou Samanta enquanto corria com a pinça grande para retirar o lingote do fogo, que agora estava incandescente por causa da temperatura. “Vai ser a mesma medida certo?” Confirmei com a cabeça e Samanta colocou o metal em cima da bigorna. Neste momento Samanta tinha apenas alguns segundos para criar em sua mente a imagem do que ela queria que tomasse forma no metal. Isso era o que a tornava especial como Ferreira. Na sua imaginação ela conseguia criar armas com aparências exóticas sem perder a sua força natural, tornando-as poderosas e com designer únicos.

Há sete meses, quando a conheci, ela tirou minhas medidas para me forjar uma espada como recompensa por tê-la salvado de um PK. Desde então ela sempre forjou minhas espadas com as medidas certas. Apesar de existirem muitas espadas vendidas em NPC ou dropadas de monstros, eram muito poucas as que eu me adaptava de verdade. Mas Samanta conseguia cria um modelo perfeito para meu estilo de batalha, com uma empunhadura um pouco maior possibilitando que eu segurasse com as duas mãos quando era necessário.

Alguns segundos se passaram enquanto seu rosto fitava o metal incandescente com grande concentração. Sem perder sua expressão séria, Samanta começou a martelar o metal que ia se modificando com cada batida até que finalmente ele brilhou por completo e tomou a forma de uma espada. Essa era a minha hora favorita, a curiosidade para ver o designer era igual a de quando se ganha um presente em uma embalagem bonita. Quando o brilho finalmente se apagou, uma espada da cor roxa, mais puxada para o vermelho foi revelada. Ela possuía uma lâmina reta com corte para os dois lados e a ponta um pouco curvada, no centro havia uma pequena linha cor amarelo ouro como decoração que ia da ponta até um pequeno rubi que enfeitava a empunhadura, que era uma pouco maior do que as espadas de uma mão. Mas um detalhe também me chamou mais a atenção, a espada possuía uma pequena parte levantada na área da empunhadura que protegia a mão. Aquilo provavelmente era para imobilizar a lâmina inimiga no meio do combate.

Samanta, com o rosto ainda sério, tocou a espada com o dedo indicador revelando o menu de status. Depois de ler silenciosamente ela me fitou e abriu um sorriso orgulhoso.

“Perfeita! O nome dela é Ilusion. Ela não consta nem na lista dos informantes. Consegui criar uma arma rara!”

“Incrível” Disse Nalius impressionado.

“Muito incrível” Concordei.

“Vamos pegue-a, quero ver como ela se encaixa em você!” encorajou Samanta me oferecendo a espada em cima da bigorna.

E a peguei vagarosamente. A princípio ela não pesava muito, mas depois de movimenta-la no ar, senti que seu poder de corte era muito alto e seu peso aumentava de acordo com a velocidade que a manuseava, deste modo poderia desferir poderosos ataques de força. E sua aparência exótica dava um sentimento de confiança.

“Sim... É uma excelente arma! Obrigado Samanta! Não sei como vou te pagar por isso, mas vou me esforçar ao máximo!” Meus sentimentos queria explodir de alegria, como quando uma criança ganha um brinquedo que tanto queria.

Samanta ficou um pouco acanhada e minha reação foi quase a mesma depois que percebi o clima.

“Apenas venha me visitar com mais frequência então...” Eu sorri com uma confirmação, e isso apenas a deixou mais vermelha ainda.

“Hehe... odeio acabar com um clima assim, mas acho que nosso horário está um pouco apertado, Hikaru-san.” Disse Nalius um pouco sem graça, depois de alguns segundos constrangedores. Me lembrei que ainda tínhamos uma investigação importante para fazer.

Meio sem graça por sair assim, me despedi de Samanta que entendeu a situação sem explicações. Prometendo voltar sempre que possível e ainda a agradecendo muito, eu e Nalius partimos da casa de Samanta que ficou nos observando até que o caminho que tomamos nos escondesse. Sem perceber, o dia já estava ficando com uma cor alaranjada, e ainda tínhamos alguns minutos até chegar à cidade principal para poder pegar o teletransporte para o nosso destino, o 44° Andar.


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Notas finais do capítulo

lingote¹ - barra de metal refinadoespero que tenham gostado desse capítulo, demorou um pouquinho mas saiu xD mas o próximo capítulo vai sair mais rápido, prometo.Pessoal por favor comentem a história, estou morrendo de curiosidade para saber a opinião de vocês!! critiquem, perguntem(adoro tirar dúvidas xD), agradeçam, qualquer coisa até um simples "legal" já serve *-* vou responder assim que possível, eu sou bonzinho e sei receber muito bem criticas, até mesmo as dos fãs mais fanáticos de SAO(sou um deles viu '-') estou carente de comentários D=



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