Sword Art Online - Hunter escrita por Razi


Capítulo 16
Capítulo 14 – Consequências - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

(Onde foi parar o botão de postar capítulo novo? ...) Éééé... teste, teste?... Beleza ta funfando.
Poxa... estou até envergonhado com a minha demora nas postagens. Sério, me desculpem x.x Mas agora vou até o fim ò.ó

Este capítulo foi divido em dois, pois ficou muito, mas muito grande. (Não adianta, não sei escrever resumidamente) Então lá vai :D



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23 de Agosto de 2024 – 67° Andar

Era fim de tarde, o céu estava alaranjado, não ventava e nem fazia calor, um excelente outono. Os últimos andares que conquistamos eram, em grande parte, desertos, mas este tinha um pedacinho de verde. Um único bosque, em que não havia nenhuma missão, pelo menos para mim na época.

O local que escolhemos para encontrarmos com Hanzo era uma estrada pavimentada com pedras, bem ao final do bosque. Mais à frente, a paisagem ia ficando seca com densas plantas rasteiras e com grandes rochas que pareciam estar se equilibrando para não caírem.

Porém, nós estávamos escondidos na floresta enquanto Shizuharo ficava na estrada esperando Hanzo chegar.

O plano era fazer Hanzo confessar e desmascará-lo na frente dos comandantes da linha de frente. Dessa forma, eles perceberiam a ameaça que eu sempre os alertei. Além de que esse simples fato poderia abalar mais ainda a relação entre as guildas e O Exército. No mínimo, os comandantes da linha de frente iriam colocar pressão em cima dos líderes do Exército para que houvesse mais cooperação.

Para realizar o plano, pedi a Nalius ir contatar pessoalmente algum comandante da linha de frente e o fazer vir até o local. Dei a Shizuharo um Cristal de Gravação de Mensagem para que ele registrasse sua conversa com Hanzo em áudio para servir como prova. Enquanto isso, Nagi, Samanta e eu estávamos observando e prontos para intervir em qualquer coisa.

A ansiedade estava infligindo a todos, o tempo não parecia estar passando. Shizuharo ficava andando de um lado para o outro quando de repente alguém apareceu andando pela estrada.

Ele era alto e estava usando uma armadura branca com detalhes em vermelho. Tinha cabelo curto de cor preto, na sua cintura estava uma espada larga de duas mãos.

“Kinghts of Blood”. Como mencionado por Shizuharo, ele era um membro da KoB, porém achei estranho não o ter reconhecido pelo nome. Mas assim que o vi, me lembrei exatamente de quem era. Hanzo era um jogador que fazia parte da linha de frente e como membro da KoB, entretanto ele não estava presente na maioria dos evento principais de guilda como as batalhas contra Chefes de andares. Ele não era um jogador de alto nível, seu tempo de resposta e reflexo eram baixos, limitando-o a usar armas que exigem mais força. Ainda assim, eu nunca o tinha visto lutar sozinho, ele jogava apenas em grupo na posição de retaguarda, ficando sempre de olho para se aproveitar e dar o golpe final nos monstros. Era um jogador parasita, que se aproveitava dos outros e sempre pulava de guilda em guilda.

Nagi também parecia conhecê-lo, mas ela não fez nenhum comentário. Samanta mantinha-se concentrada em observar.

Hanzo parecia ter cerca de dezoito anos, sua expressão séria não era muito agradável. Durante a viagem até o local, Shizuharo nos contou sobre a sua relação com Hanzo e como ficou nessa posição.

Shizuharo e Hanzo são primos e combinaram de jogar juntos quando SAO foi anunciado, por isso eram próximos. Mas Hanzo, sempre ganancioso, conseguiu manipular Shizuharo a fazer parte de uma estratégia que daria boas vantagens a eles. Hanzo ganharia equipamentos de alta qualidade enquanto estivesse passando informações de dentro da linha de frente, e Shizuharo seria aquele que divulgaria a informação para a comunidade PK. O trato incluía uma garantia de que Shizuharo jamais fosse perseguido ou caçado por outros jogadores. Infelizmente, ele não tinha ideia de como ou quem garantiria isso. Tudo o que precisava fazer era repassar as informações de Hanzo para os negociadores de guildas PK.

“Diga logo o que precisa, tenho uma reunião com a guilda daqui a pouco.” Disse Hanzo. Sua voz firme tinha um tom de superioridade ao ser dirigida a Shizuharo.

“E-Eu preciso de informações...” Ao contrário de Hanzo, Shizuharo estava nervoso e sua voz um pouco trêmula.

“O quê...?” Hanzo fechou a cara, mostrando estar indignado. “Não tenho nada a informar. Os pontos importantes do mapa que descobri na linha de frente já foram listados”.

“É que eu preciso informar...” Shizuharo começou a dizer algo mas parou e ficou em silêncio.

“Droga Haruno! Diga logo o que você precisa! Não estou com tempo para enrolação”.

O nome que foi pronunciado por Hanzo provavelmente é o nome real de Shizuharo. Com isso podia se afirmar que a história de serem primos era verdadeira. Mas ainda restava confirmar a veracidade do restante da história.

“Eu preciso saber quem é que disse para nós fazermos esse trabalho”.

“Você está indo direto demais. Preciso que você ainda faça o Hanzo confessar que ajudou a vazar informações”. O cristal de gravação que entreguei a Shizuharo tinha pouco tempo de duração. Por isso ele tinha que ser o mais breve possível e não prolongar a conversa.

“Hã?! Porque isso agora? Você sabe muito bem o que foi combinado”.

“É que...” Shizuharo tinha começado a conversa de um forma muito complicada. Não tivemos tempo para combinar nada, por isso pedi a ele apenas para arrancar uma confissão de Hanzo. Porém, naquela altura, mudar o rumo da conversa seria muito suspeito. “Preciso de ajuda... Não sei mais o que fazer...”.

“Diga logo! Droga, você parece ter visto um fantasma.”

“Hoje, um grupo de caçadores do Exército veio atrás de mim...” Hanzo ficou subitamente em silêncio com a revelação que Shizuharo.

“Aquele maldito... Eu sabia que não podíamos confiar nesse traíra!” Resmungou Nagi enquanto se levantava do lugar onde estávamos escondidos.

“Espera!” Agarrei o braço de Nagi e a puxei de volta antes que Hanzo a visse. “Vamos ver como isso vai se desenrolar”.

“Espera, mas como?” Perguntou Hanzo.

“Eu não sei... Eles simplesmente chegaram. Ele sabia meu nome, onde eu estava e queriam me levar de qualquer jeito. Por sorte tinham muitos PK’s comigo e eu consegui escapar de fininho no meio da confusão.”

“Droga, droga, droga! Isso muda as coisas... O trato foi desfeito então. E eles estão tentando eliminar as provas.” Hanzo estava preocupado e começou a andar de um lado para o outro. “Se eles já divulgaram seu nome para os caçadores e já até foram procurar você, é questão de tempo até eles falarem sobre mim. Droga! Se os comandantes ficam sabendo que eu venho passando informações da linha de frente desde o começo, os caçadores serão a menor das minhas preocupações”.

“Isso! Muito bem, Shizuharo!” Nós, que estávamos escondidos, trocamos sorrisos de vitória. Era certeza que cristal tinha gravado tudo, pois aquela conversa não tinha durado nem cinco minutos. A confirmação de que eu estava certo me aliviou completamente. Tudo o que nos restava era prender Hanzo e esperar Nalius chegar acompanhado de algum comandante da linha de frente. A prova era inegável e se Hanzo contasse mais, poderíamos seguir os rastros de PoH e seu colaborador do Exército.

“O-O que eu faço?” Perguntou Shizuharo.

“Você?! Eu sei lá! Eu preciso encontrar alguma forma de me inocentar disso!” Hanzo parecia concentrado em achar alguma resolução. Enquanto isso, pedi a Nagi para dar a volta no local e cercar Hanzo para que ele não escapasse. “Já sei! Se eu te entregar para a linha de frente, e disser que você era culpado por isso tudo”.

“O quê? Você...”

“Oras, vamos lá! É melhor que ser caçado e morto pelos caçadores do Exército. Eu entrego você para os jogadores da linha de frente e eles vão apenas te prender e...”

“Não precisa mais de tudo isso Hanzo-san.” Saí caminhando do meu esconderijo. Calmamente e sem movimentos bruscos, me aproximei de Hanzo e Shizuharo com minha espada embainhada nas costas. “Acabou. Nós escutamos tudo.”

Hanzo estava surpreso, mas deu um sorriso falso como se estivesse tentando rir

“Vo-Você, acho que você está se equivocando.” Ele olhou para trás, talvez procurando por um meio de escapar. Mas ao ver Nagi com o martelo em mãos, se conformou.

“Não, não é um equívoco. Graças a ajuda de Shizuharo-san, nós finalmente achamos o delator que traiu e causou a emboscada contra a cruzada da linha de frente.” Hanzo ficou vermelho de raiva e fitou mortalmente Shizuharo.

“Você! Como se atreve a armar isso contra mim?! Eu que o ajudei tanto!” Hanzo sacou sua espada rapidamente e iniciou um ataque com toda a sua fúria em cima de Shizuharo.

Sem hesitar, saquei minha espada e fui em direção a eles. Shizuharo virou se e começou a correr em direção oposta ao ataque. Porém Hanzo conseguiu diminuir a distância entre eles facilmente, impossibilitando uma fuga de Shizuharo.

Por muito pouco, consegui desviar o ataque de Hanzo, que causou apenas um corte superficial no braço de Shizuharo. O ferimento fez com que ele cambaleasse e quase caísse, mas em seguida, se recuperou e começou correr em direção a floresta.

“Nagi, vá trás dele! Se algum monstro desse andar atacá-lo, ele morre, e a prova vai junto!” Nagi imediatamente começou a correr atrás de Shizuharo.

“Pensa que vai ser fácil?! Eu não vou deixar!” Hanzo tentou atacar Nagi, mas ela desviou pouco antes da lâmina acertar seu corpo. Sem hesitar, ele tentou atacá-la novamente. Entretanto, desta vez, eu bloquei o ataque por completo e me posicionei entre eles. Por alguns segundos ficamos numa disputa de força com nossa espadas, até que eu o joguei para lado e ele recuou.

“Vai!” Gritei para Nagi. Ela apenas acenou e começou a correr. Samanta estava mais afastada de nós, porém Hanzo já tinha percebido a sua presença. Ela estava hesitante e com uma expressão preocupada.

“Humph... Se quiserem, podem me atacar os dois juntos, dessa forma vão ter mais chance”. Samanta estava com a minha antiga espadas em mãos, um pouco trêmula com ideia de atacar um jogador.

Eu a olhei e fiz uma expressão reconfortante e indiquei com a mão para que ela se acalmasse.

“Está tudo bem... Eu cuido disso.” Ela então abaixou a espada e se distanciou de nós.

“Há! Você acha que pode comigo?!” Se vangloriou Hanzo. Voltei a fitá-lo com uma expressão séria.

“Você...” Antes que abrisse a minha para continuar a minha frase, Hanzo executou um ataque na horizontal mirando o meu pescoço. E desviei do golpe, mas em contra partida vieram mais três ataques rápidos derivados de uma Sword Skill. Com maestria alterei o curso das duas primeiras sequencias e evadi o terceiro. Me afastei de Hanzo para poder analisá-lo.

Eu pretendia oferecer uma chance dele se render pacificamente, evitando assim um combate direto. Porém não tive escolha e resolvi fazer aquilo que venho feito há muito tempo.

“Ficar fugindo não o levará a nada”. Decidi não responder a provocação e me concentrei a desviar dos golpes seguintes. Sem hesitar, Hanzo começou a executar diferentes habilidades, tentando sempre acertar o meu peitoral ou a minha cabeça. Contudo, sua falta de experiência em combate PVP era evidente.

Hanzo utilizava uma espada larga de duas mãos. Jogadores desse tipo utilizam mais pontos em força para que seus ataques causem mais danos com apenas um único golpe. Entretanto, a velocidade de seus movimentos acaba diminuindo drasticamente, o que possibilita seus alvos desviarem com mais facilidade dos seus ataques. O segredo de uma build era a mescla perfeita dos atributos principais de acordo com a arma e equipamento que o jogador utilizava. Porém, os golpes de Hanzo eram lentos e facilmente previsíveis. Ele era como um livro aberto, muito fácil de se ler e saber qual seria seu próximo movimento. E ele nem tentava esconder isso.

Os ataques de Hanzo passavam zunido perto de mim. Eu provavelmente tinha vantagem em nível, mas não devia ser muito alta, tendo uma diferença entre quatro ou cinco níveis. Entretanto a diferença entre pontos investidos em agilidade era evidente. Eu não utilizava nem uma armadura, o que me deixava mais leve e rápido. Hanzo, por outro lado, estava usando uma armadura pesada que limitava seus movimentos e sua velocidade. Provavelmente ele havia investido muitos pontos em força e poucos em agilidade, mas ainda assim ele não sabia utilizar essa build de forma correta, como fazia Kisaro.

Os itens que Hanzo utilizava também tinham um alto padrão de qualidade. Sua armadura estava completa e aparentava ser bem resistente e cara. Sua espada, no entanto, não era de nível excelente, porém não deixava de ser forte. Diferentes de outros MMORPGs, apenas itens fortes não faziam um jogador se destacar dos demais, claro que isso ajudava. Uma coisa que aprendi era que um item de qualidade excelente não iria fazer você vencer, porém um item de qualidade baixa com certeza te faria perder. Como um jogador solo, eu não era capaz de fazer mais dinheiro que um grupo, mas ao economizar na armadura eu podia sempre ter boas armas.

“Seu... Apenas fique parado... Droga...” Hanzo já apresentava sinais claros de cansaço. Seus lentos movimentos também eram desorganizados, ele não tinha uma postura e nem sabia posicionar os pés para ter um melhor aproveitamento dos golpes. Por fim, seu estilo de luta se resumia em balançar sua arma para ativar as habilidades e torcer para que o seu oponente entrasse na frente dos seus ataques.

“Você... Você sequer tem ideia do que fez?” Era simplesmente ridículo imaginar que um jogador daquele tipo tinha entrado para a considerada melhor guilda de Aincrad. “Você sabe quantos morreram por sua causa?!” Naquele momento eu tinha entendido. Hanzo havia vendido as informações da linha de frente em troca de itens mais fortes e outras bonificações que o ajudaram a chegar onde estava.

“Cale a boca e morra logo!” Hanzo ativou uma habilidade e iniciou um golpe em horizontal. Dessa vez eu não desviei. Carreguei uma habilidade especial de espada de uma mão, ela consistia em desarmar um oponente e como bônus tinha uma pequena porcentagem de destruir a arma do oponente. Interceptei o ataque de Hanzo a poucos sentimento de me atingir. Com a minha habilidade, acertei um golpe um pouco acima da empunhadura da arma de Hanzo. Uma grande quantidade de faísca se originou do impacto. A intensidade do golpe foi tão forte que fez com que a espada de Hanzo fosse atirada para longe, parando apenas quando fincou numa árvore. Antes que Hanzo entendesse o que havia acontecido, girei meu corpo aproveitando o impulso do ataque e acertei um chute em seu peito. Com o impacto, ele foi arremessado para trás.

Caído no chão, Hanzo estava me olhando amedrontado enquanto eu caminhava em sua direção.

“Eu deveria simplesmente acabar com você aqui e agora!” Era inevitável acalmar a minha raiva enquanto eu pensava em todas as coisas que aconteceram por culpa de Hanzo.

“Espero que essa ameaça tenha sido um equívoco.” Uma voz interrompeu nossas ações. Junto dela, sons de armaduras e armas sendo desembainhadas vieram em seguida. Uma guarnição de cavaleiros, formada por 5 homens, apareceram empunhando suas armas em minha direção. Em seguida, cerca de mais 13 homens entraram em meu campo de visão, todos prestando atenção em mim. Os cinco primeiros que apareceram estavam trajando armaduras completas da cor branca com detalhes em vermelho, três deles portavam escudos com brasão da KoB, enquanto os outros dois estavam utilizando uma lança e um machado de haste longa. Os demais utilizavam outros tipos de armaduras, leves e pesada e com cores diferentes. Todos estavam ou com suas armas em punho ou já se preparavam para sacá-las, porém apenas os cinco primeiros tinham intenção de me atacar.

Apesar de estar enfurecido, eu me mantive parado e comecei a analisar a situação. Os jogadores que tinham me cercado eram todas da linha de frente, então se eu não atacasse não haveria riscos para mim. Mas ainda assim, me mantive pronto para o pior.

“Abaixem as armas. Não há sentido em atacar um homem cercado sem antes ouvi-lo”. A mesma voz de antes fez com que todos se acalmassem. Os cinco jogadores mais exaltados embainharam suas armas sem questionar e recuaram alguns passos. Os demais vagarosamente foram formando um largo círculo em minha volta. E então o dono da voz se revelou. Ele estava usando uma armadura completa, de cor vermelha e um escudo grande também com o brasão da KoB. “Pelo menos não um que esteja em sã consciência, não é?” Seu olhar repousou em cima de mim. Por pressão, calmamente embainhei minha espada.

Boa parte dos jogadores presentes eu já conhecia de vista ou conheci em batalha contra Chefes de andares. Mas era impossível não reconhecer aquele que os comandava. Ele era conhecido em toda Aincrad devido aos seus feitos. A maioria dos jogadores o considerava como jogador mais forte de todos. Mas ele não era apenas forte, as suas estratégias inteligentes e análises precisas salvaram muitas vidas em confrontos contra Chefes de Andares. E foi graças a estratégia e formação de batalha dele que evitamos ter mais baixas durante a cruzada. Um dos únicos jogadores que era respeitado, não somente dentro de sua própria guilda, mas também por todas as outras guildas da linha de frente. Diferente de PoH, que era um fantasma que muitos duvidavam da existência, Heathcliff era uma lenda viva.

“Então...Você pode explicar o que está acontecendo?” Heathcliff aparentava ter em torno de 25 anos. Sua postura era madura e sua voz imponente fazia até mesmo aqueles que o odiavam, o respeitar.

Eu já havia conversado com ele algumas vezes no passado, inclusive, fui até ele após as cruzadas para avisá-lo sobre a conspiração. Porém, por faltas de provas da minha acusação, nada foi feito.

“Foi por causa deste jogador que os chamei.” Disse Nalius que vinha correndo atrás de todos. Tomei a frente da conversa e continuei a explicar.

“Ele é o culpado pelo vazamento de informações da cruzada e vem passando dados sobre mapas, tesouros, habilidades, literalmente tudo o que a linha de frente descobre, para as guildas PK’s.” Não esperava que Nalius trouxesse tantos jogadores da linha de frente, principalmente Heathcliff em pessoa.

“O quê?! Heathcliff-sama, não pode acreditar no que ele está dizendo!” Hanzo imediatamente começou um teatro como se não soubesse de nada do que estava acontecendo. Todos ficaram em silencio esperando que Heathcliff dissesse algo. Ele ficou pensativo por alguns minutos e em seguida dirigiu se a mim.

“Há provas para essa acusação?” Eu tinha que tomar cuidado com o que eu responderia. Eu não queria mencionar Shizuharo, pois provavelmente eles não o perdoariam também. Porém naquele momento a única prova estava em sua posse. E Nagi estava tentando recuperá-la. Eu tinha apenas que enrolá-los um tempo até que os dois voltassem.

“É claro que eles não...” Hanzo institivamente tentou se defender. Mas antes que o fizesse, eu o interrompi.

“Sim, eu tenho.” Foi tudo o que pude dizer. Revelar Shizuharo indicaria que nos misturamos aos PK’s e eles desconfiariam disso. Mas a gravação de Hanzo seria incontestável. Entretanto, a minha promessa de que protegeria Shizuharo seria quebrada, pois ele seria levado para prisão ou até mesmo morto.

Hanzo ficou me olhando atentamente. Ele sabia o que tinha dito mais cedo e também sabia que era mais do que o suficiente para incriminá-lo. Heathcliff ficou em silêncio esperando que eu o apresentasse alguma prova. Após alguns segundos ele olhou para os lados como se procurasse alguém. Samanta estava fora da estrada, escondia entre as árvores.

“Então, poderia apresentá-las?” Insistiu Heathcliff.

“Não está comigo agora.” Alguns jogadores em volta soltaram alguns risos abafados enquanto outros cochichavam entre si. Heathcliff se manteve pensativo até soltar um suspiro desapontador.

“Já conversamos sobre isso Hikaru-kun. Não posso tomar qualquer atitude sem ter provas.” Eu sabia que Heathcliff estava certo, porém eu não podia deixar todo aquele trabalho simplesmente escapar diante de mim.

“Droga, não sei o que fazer...” Eu não conseguia pensar em um plano para reverter aquilo.

“Estávamos em uma reunião estratégica para decidir a próxima batalha contra o Boss deste andar. Não tenho mais tempo para situações assim. O que começou aqui, acaba aqui e agora. Todos de volta à cidade, vamos!” Após o comando de Heathcliff os jogadores em volta começaram a se mover de volta para cidade. Hanzo começava a ficar em pé quando me olhou com um sorriso de desdém. Eu calmamente desembainhei minha espada e pensei cuidadosamente nas minhas próximas ações.

“Levarei Hanzo comigo para o primeiro andar, para o castelo de ferro negro.” Heathcliff parou de mover e se virou para me encarar novamente. O resto dos jogadores também pararam para observar.

“Lamento Hikaru-kun. Mas não posso deixar que um integrante da minha guilda seja levado para prisão sem provas.” O clima tenso voltou a pairar.

“Eu não pretendo pedir permissão.” A partir daquele momento as minhas escolhas não tinham mais volta. Ao ver minha espada desembainhada, Heathcliff ponderou por um breve momento e voltou a me encarar, desta vez com um leve sorriso no rosto.

“Deste modo você não me deixa alternativas, Hikaru-kun.” Heathcliff desembainhou sua espada lentamente e deu alguns passos em minha direção. Os outros jogadores ficaram tensos e boa parte deles voltaram a ficar em prontidão com armas em punho.

“Vocês estão de brincadeira! Não vão fazer isso, não é?!” Antes que Nalius tentasse algo, ele foi imobilizado por dois jogadores próximos.

Fiquei em guarda no mesmo instante. Enquanto isso os outros jogadores iam formando um círculo em minha volta. Quando eu estava completamente cercado, os jogadores começaram avançar lentamente ganhando terreno. Minha respiração começou a acelerar, já estive em algumas situações que fiquei encurralado, entretanto dessa vez todos a minha volta eram jogadores da linha de frente.

“Não interfiram.” Todos os jogadores pararam e voltaram a atenção para Heathcliff, que caminhava calmamente até parar a cerca de dez metros a minha frente. “Isso é um problema interno de apenas uma guilda, as outras não devem se intrometer. E será um combate honesto. Um contra um.” Um pequeno alvoroço aconteceu entre os jogadores quando Heathcliff ficou em guarda.

Minha respiração se acalmou, mas meu coração começou a bater mais forte. Meu corpo estava frio, tão frio que eu me segurava para não começar a tremer. Aflição, medo, ansiedade ou desespero? Eu não sabia o que sentia naquele momento. A imagem de Heathcliff como meu oponente não me parecia assustadora, mas de algum modo inexplicável ele me fazia ficar inseguro. Era como se aquela fosse a primeira batalha da minha vida, e ainda por cima lutando contra um veterano.

Eu fiquei em guarda e mantive minha postura como se nada estivesse me afetando.

“Se acalma... Eu tenho que... Tenho que fazer como sempre...” Eu me forçava naquele momento a seguir a estratégia e me manter concentrado. “Analisar sua postura, ler seus movimentos...” Por alguns momentos fiquei preocupado com a segurança de Samanta, mas ela parecia ter se escondido bem, pois eu não conseguia mais localizá-la. “Foco... preciso me focar aqui agora.” Meu oponente era habilidoso, e pensamentos externos me distrairiam durante a luta. “Analisar...”

Não importava a força dos oponentes, se era um Boss ou simplesmente um monstro de nível baixo, analisar o inimigo é uma tática básica. Essa era a maneira segura de viver em SAO e é dessa forma que me mantenho vivo até agora. A partir das análises é que descobrimos como agir e começamos a formar uma estratégia que se adeque a ocasião. Mas ela tinha de ser precisa, pois uma informação errada poderia ser pior que a desinformação. Problemas podem ocorrer e são nesses momentos que duas variáveis, não equivalentes, vão definir o curso de uma batalha. Uma delas é a habilidade do jogador, o quão bem ele consegue lidar com situações de improviso e o quão ele está preparado para enfrentar o desconhecido. A outra e mais importante, e também a mais injusta, é a sorte.

Heathcliff era um jogador de alto nível, seus equipamentos indicavam que ele era do tipo cavaleiro. Uma armadura pesada completa com um escudo grande e uma espada de uma mão. Era de fato um estilo popular e simples, o ataque não era tão alto e sua mobilidade era baixa, mas o que atraia os jogadores era sua taxa de sobrevivência que o tornava eficiente por causa da grande robustez que eles tinham.

O escudo que Heathcliff portava era grande o suficiente para cobrir o ataque mais alto até o mais baixo. Ele o posicionava a sua frente, deixando à mostra o emblema da KoB que era a cruz vermelha com um fundo branco. Ele deixava sua espada em guarda atrás do escudo, para não revelar a posição em que ela se encontrava. Enquanto isso, ele concentradamente me olhava.

Era clara aquela situação, nós dois estávamos nos analisando. O primeiro o movimento é sem dúvida o mais importante, pois ele pode decidir uma batalha em apenas um golpe ou simplesmente dizer quem dizer vai dominar o embate.

Ambos tentávamos analisar e ao mesmo tempo esconder o máximo de informações um do outro. Não tínhamos dado nenhum passo mas a batalha já havia começado. A tensão de não saber o que fazer e do que o meu inimigo era capaz me apavorava. Então soltei a respiração bem lentamente e girei minha espada do meu lado esquerdo e depois do lado direito, apenas para aliviar a tensão. O pequeno zumbido, que misturava um tom agudo seguido de um tom baixo, da lâmina cortando o ar me acalmava e ajudava a me concentrar.


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Notas finais do capítulo

O.O'

"parar justo agora? D="

Uhum, mas a boa noticia para você, caro leitor que ainda me acompanha(T.T sorry, prometo que estou melhorando meu ritmo de escrita), é que a continuação dele já está finalizada e em processo de revisão (Capitulo com mais palavras da fic is coming).

Próximo Capitulo: Consequências - Parte 2



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