Sword Art Online - Hunter escrita por Razi


Capítulo 11
Capítulo 10 – Ouro e Prata


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, no final do mês capítulo novo xD
Bom gente duas coisas que quero contar antes de iniciarem a leitura.
1. Nesse capítulo tem uma parte que pode ser "confuso", no meio dele a narração, que é de costume em primeira pessoa, muda para terceira e depois volta. O motivo disso é que foi feito uma adaptação para deixar mais interessante o momento, espero que gostem.
2. Terminado esse capítulo da uma contagem de 97 paginas em formato A4 que já foram escritas, ou seja se você, leitor, terminar esse capitulo já terá quase lido 100 paginas escritas por mim(lol, muito obrigado!!), e como estou contente por finalmente estar chegando a quase 100 paginas, vou tentar trazer uma surpresa no próximo capitulo xD
Bom, sem mais delongas, boa leitura!



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17 de Agosto de 2024 – 68° Andar – Deserto da Perdição.

“Mas que diabos de lugar é esse?” Perguntei, Kisaro tinha dito que aquele local ficava na linha de frente, porém nunca tinha visto um lugar tão vasto. Não importava para onde olhava, parecia que aquele deserto pedregoso não tinha fim. Era muito difícil de se acreditar que tudo ali estava dentro de apenas um andar de Aincrad.

“Hump! Você é surdo? Não escutou o que aquele idiota insano disse? Nós estamos no Deserto da Perdição.” Nagi estava se desamarrando das cordas que a prendiam. A expressão dela ficou mais exótica e perigosa, provavelmente aquele era seu estado natural. Muito diferente da tímida e insegura Nagi que se apresentou antes disso tudo acontecer.

Não tive muito tempo para refletir sobre o que Kisaro contou de Nagi, mas eu sabia desde o começou que havia algo errado em relação àquela garota.

“Então, você me enganou desde de o início, não foi?”

“Ah! Nem vem tentar dar sermão. Já não basta estarmos nesse lugar isolado! Além do mais, eu nunca me juntaria a você, ‘senhor trabalho sozinho’.”

“Seu plano era fazer eu enfraquecer Kisaro e no momento certo capturá-lo para receber a recompensa, já que seus métodos tradicionais não funcionariam porque ele te conhece, não é?”

Nagi apenas desviou um olhar bravo para o deserto.

“E graças a sua incompetência, vim para no meio do nada junto com você!”

“Minha incompetência?! Foi você a ser imobilizada primeiro! E eu ainda tive que abaixar a minha espada para que você não fosse decapitada!”

“Ah é?! Eu nunca pedi para você se render, idiota!” Após essa resposta Nagi virou se de costas e ficou olhando fixamente o chão com uma expressão furiosa.

“Maldita garota! Que falsa ela é! Não acredito que cai numa armadilha por ela!” Naquele momento eu odiava minha falta de sorte. Além de estar em tal situação eu não tinha quase conhecimento algum sobre o 68° andar e meu mapa também não ajudava muito.

De repente, um pequeno monte de terra começou a se mover como se algo tivesse se desenterrando. Nagi estava Distraída olhando para o outro lado, enquanto o monte de terra alcançava já a altura de seu joelho.

“O que é isso?!” Curiosa com minha pergunta, Nagi se virou para verificar. Uma expressão amedrontadora apareceu no rosto dela. O pequeno monte de terra começou a crescer até um cursor vermelho e uma barra de HP, com o nome Ancient Apache, aparecer. Seu nível era 65, um monstro do tipo normal. Mas ao olhar em volta, inúmeros outros montinhos de terra semelhantes estavam levantando da mesma forma.

Finalmente o primeiro deles apareceu. Um esqueleto mumificado com roupas bem maltratadas e trapos por todo o resto do corpo se erguia entre nós dois. As pupilas negras entravam em contraste com seus olhos vermelhos enquanto eles se moviam para o local em que eu me encontrava. Uma longa espada curva se levantou para o primeiro ataque.

Desembainhei minha espada enquanto pulava para trás para desviar do ataque inicial. Ainda em movimento, puder dar uma olhada em volta. Inúmeros outros monstros do mesmo tipo se desenterravam do deserto. Usando sua velocidade sobre-humana na manipulação dos menus, Nagi mais uma vez equipou seu enorme martelo de guerra.

Sem tempo ou espaço para me posicionar, 5 monstros me cercaram e começaram seus ataques conjuntos.

O sistema de combate contra monstro em SAO era todo baseado em níveis do jogador. Quando um jogador ataca um monstro, este definitivamente irá focá-lo e iniciar um combate, onde o que estiver em maior nível estará em vantagem contra o de menor nível, porém isso não significa que o de nível maior irá vencer. Existe uma relação entre a diferença de níveis que pode afetar a batalha, quando essa diferença está entre 1 a 3, praticamente nada se altera. Entretanto, quanto maior vai sendo a diferença, o dano dos ataques do de nível inferior vai sendo menos eficazes e conforme o nível do mais alto, também tem a diferença entre pontos de HP e defesa que vão aumentando naturalmente com os níveis do jogo. Desse modo, existe um certo limite de nível que um jogador ousa enfrentar e uma margem de segurança que todos estipulam em SAO para enfrentar os monstros sem muito riscos de morte.

Por esse motivo, jogadores solos aumentavam rapidamente seus níveis, pois não dividiam pontos de experiência com um grupo, porém tinham que ter uma margem de segurança muito maior que a dos jogadores que jogavam acompanhados.

Quando o combate envolve mais de um monstro, o sistema se alterava para manter um equilíbrio. Quando um jogador enfrenta um grupo de monstros de nível maior que o dele, os monstros atacam um de cada vez e fazem o movimento de Switch entre eles quando o HP fica muito baixo. Agora se o cenário é ao contrário, quando um jogador de maior nível ataca um grupo de monstros de baixo nível, eles atacam em conjunto numa quantidade baseada na diferença entre os níveis. Por exemplo, quando a diferença de nível fica em 1 a 3 monstros do grupo atacam juntos, enquanto os outros, se houver mais, fazem o movimento de Switch. Esse número vai aumentando até o máximo de 5 monstros atacando ao mesmo tempo um único jogador.

Naquela época eu era nível 86, por isso os monstros sempre me atacavam em conjunto. Para qualquer outro jogador naquela situação, a única solução era fugir o mais rápido possível. Pois enfrentar 5 monstros da linha de frente ao mesmo tempo era, no mínimo, considerado suicídio. Mas para mim, isso era rotina.

O primeiro ataque veio do que estava a minha frente. Um golpe vertical com uma espada rústica e com metal enferrujado. Antes do golpe me atingir, eu acertei a espada dele com a minha, defletindo-a um pouco para a minha esquerda. Girando meu corpo no sentido anti-horário, o retirei da rota da espada inimiga e realizei um movimento que eu chamava de passe. Passe era quando desviava de um golpe inimigo e singelamente passava por ele para ficar em suas costas. Porém, no meio desse movimento, um outro monstro tentou realizar um ataque horizontal. Me abaixei velozmente e pude sentir o vento que a lâmina inimiga produziu, passando pelos meus cabelos. Ao mesmo tempo em que me movimentava, mirei na dobra do joelho do primeiro que me atacou e finquei a lâmina oculta. Este, por sua vez, não suportou e cedeu, fazendo o monstro cair de joelhos.

Enquanto eu me erguia novamente, fui retirando a lâmina oculta ao mesmo tempo em que posicionava minha espada, na minha mão direita, para o ataque. Quando fiquei totalmente em pé, o monstro em que acertei o golpe estava a minha frente, virado de costas e de joelhos. Sem hesitação, finquei a espada bem na nunca do monstro e atravessei a sua cabeça. Do meu lado esquerdo, o segundo monstro, que tinha tentado me atingir com um golpe horizontal, estava se recuperando e preparando um novo ataque. Percebi que ele estava com a perna direita um pouco mais a frente. Tentei desequilibrá-lo dando uma pisada em sua perna e escutei o som de estalos de ossos se quebrando. O monstro imediatamente deu um grito de dor, ao mesmo tempo em que caía de joelhos. Iniciei uma skill de ataque com a minha espada, que ainda se encontrava fincada no crânio do outro monstro. Realizando um corte horizontal, a espada saiu do primeiro monstro que se desfragmentou em diversos polígonos e atingiu a cabeça do segundo monstro, que foi cortada ao meio. Este também despedaçou-se em diversos polígonos.

Percebi também um novo inimigo se movimentando atrás de mim. Aproveitei o embalo do meu último golpe e bloqueei o ataque do monstro com a minha espada. O choque das duas lâminas fez minha barra de HP descer um pouco. Pude vê-la no canto superior esquerdo da minha visão. Estava marcando cerca de 30% devido aos ferimentos, ganhos no combate contra os PK’s, que não tinham nem começado a se recuperar.

Com nossas espadas cruzadas, começamos uma disputa de força. Apesar do nível do monstro, eu não era forte o suficiente para empurrá-lo. Por isso joguei meu corpo de lado um pouquinho e direcionei a lâmina dele para o meu ombro esquerdo. Nesse momento, eu parei de forçar a minha espada, em contra partida o monstro se impulsionou com sua própria força e deixou sua cabeça dentro da minha área de alcance. Recuei meu braço direto enquanto sua espada passava por mim e voltei já com lâmina oculta pronta apara o ataque. O monstro não pode evitar o golpe, a lâmina acertou bem embaixo de seu queixo. Comecei então a executar um ataque diagonal com minha espada que estava na posição abaixada junto com a dele. O golpe veio fazendo o caminho contrário e alcançou a garganta do monstro, passando direto por ela decepando-a.

Antes do monstro cair morto e se despedaçar, eu usei o resto de seu corpo inerte para tomar impulso num pulo que passaria por cima dele. Quando sai da minha posição, duas espadas bateram no local onde eu estava. Enquanto estive no ar, a cabeça, que ainda estava fincada em minha lâmina oculta, juntamente com o restante do corpo, explodiu, dividindo-se em polígonos que encheram minha visão.

Antes de aterrissar, mirei bem em outro monstro, que estava vindo me atacar. Posicionei minha espada para perfurá-lo de cima para baixo. A criatura inimiga não teve nem chance de levantar a espada para se defender. Minha lâmina penetrou um pouco abaixo de sua garganta, fincando-se em seu tronco. Com o choque, ambos fomos ao chão. Para finalizá-lo o mais rápido possível, saquei minha lâmina oculta e cravei em sua cabeça.

Sem tempo para respirar, mais dois ataques tentaram me cortar. Vindos da direita e da esquerda, defendi as duas espadas, produzindo algumas faíscas. Outros monstros vieram até mim para me atacar por outros lados. Agilmente desviei de seus ataques realizando um passe e atacando-os por trás em pontos vitais. Nesse momento da batalha eu entrava no meio deles, para um atrapalhar o outro, sempre desviando e usando minha espada apenas quando necessário. Minha velocidade e o efeito extra da minha espada, causavam grande confusão quando os monstros tentavam me atacar ao mesmo tempo. Isso resultava em brechas em suas formações e nas suas defesas, que eu utilizava e abusava para eliminá-los instantaneamente.

Minha habilidade passiva Balance Justice, que era a causadora da minha velocidade anormal, estava em seu estado máximo, com nove cargas. Quando dois ou mais inimigos me focavam durante uma batalha, ela se ativava dando uma carga para cada adversário que me atacava. Cada carga concedia 25% a mais de velocidade e aumentava o dano crítico em 50%. Ou seja, em seu estado máximo ela me concedia 225% a mais de velocidade e um aumento de 450% no dano crítical. Quando o inimigo que gerou uma carga é morto, a carga ainda fica ativa por mais 15 segundos, porém naquele momento em que uma carga sumia outra já aparecia devido ao grande número de monstros que nos cercavam.

Eu eliminava os monstros quase que instantaneamente, sempre mirando em pontos vitais como garganta, articulações e cabeça. Durante os últimos meses, fiquei treinando incansavelmente até conseguir dominar esse estado de êxtase em que essa habilidade me deixava. Por causa disso pude enfrentar uma grande quantidade de monstros ao mesmo tempo e subir de nível muito mais rápido do que qualquer outro jogador, pois o tempo que um jogador solo levava para matar uma única criatura, eu matava três.

Perdi a conta de quantos monstros eu já tinha matado. Um a um foi sendo esfaqueado, cortado e morto pelas minhas lâminas. As explosões de polígonos chegavam a causar uma chuva infinita que levantou uma névoa. Já não via meus movimentos e nem os pensava, devido à tamanha concentração. Apenas deixava fluir a batalha, o mundo parecia estar em câmera lenta e apenas eu estava na velocidade normal. Durante aquele momento, me senti como se estivesse em transe profundo, com meus pensamentos inertes e longes deixando apenas minhas lâminas dançarem pelo ar.

Logicamente, eu não enfrentava tantos inimigos ao mesmo tempo por questões de segurança. Sempre escolhia enfrentar os monstros de três em três, mas naquele lugar eu não tinha escolha. Por isso, apenas me conformei e deixei fluir.

De repente uma preocupação veio até mim, o medo de nunca mais ver Samanta ou Any. E a que estava comigo, Nagi, tive medo por ter acontecido algo com ela. Isso me arrancou do meu transe.

Quando tomei novamente a minha consciência, tinha acabado de decepar um braço de um monstro e estava prestes a decapitá-lo. Hesitei por um instante, mas no final terminei de eliminar o monstro.

Olhei em volta e vi apenas Nagi eliminando o último deles que estava a vista. Uma grande fadiga me atacou depois disso. Acabei caindo de joelhos para poder descansar um pouco. Nagi aparentemente estava na mesma situação.

“Você...” Ela estava ofegante e se apoiava em seu martelo para não cair. “Eu... matei apenas três dessas criaturas... tinha uns trinta deles... cara, você é assustador...”

Não sabia o que responder. Também quase não tinha fôlego para isso. O que acabara de acontecer não tinha sido muito bem assimilado. Só me lembrava de ter ficado nesse transe uma ou duas vezes em SAO.

De repente a área atrás de Nagi começou a se mexer. Diferente dos monstros anteriores, que apenas submergiram da areia, este parecia estar se movendo por baixo dela. O nome “VoidWorm” com duas barras de HP apareceu. Me levantei imediatamente correndo na direção onde Nagi estava.

“Cuidado!” Gritei. Ela apenas me olhava com uma expressão assustada. Sem pensar, empurrei Nagi para longe com toda a minha força.

Um gigantesco verme da areia saltou da terra com sua enorme boca aberta, mirando o local que eu estava agora. Sem chance de esquivar, a criatura me devorou numa bocada só e voltou a se enterrar na areia.

...

Nagi ficou perplexa por causa da cena que acabara de presenciar.

“Hi... Hikaru!” Gritou ela enquanto se levantava. Ainda ofegante, Nagi começou a verificar onde o verme iria aparecer. Mais uma vez a terra começou a se movimentar, a uns vinte metros de distância de onde ela estava. “Você vai ver, seu desgraçado!” Nagi empunhou seu martelo e começou a carregar uma skill enquanto corria.

Quando chegou no local, ela deu um feroz rugido enquanto executava a skill de seu grande martelo de guerra. Antes da arma encostar no chão, o verme saiu velozmente da terra. A pressão do ar fez com Nagi fosse arremessada para trás, sem finalizar seu ataque.

Dessa vez o verme saiu por completo do chão, mostrando seu monstruoso corpo roliço. Ele se virou para Nagi, que estava caída no chão, e deu um alto grunhido agudo. Ela pode observá-lo por completo, media cerca de vinte metros de comprimento e tinha a largura de um vagão de trem. Sua enorme mandíbula era capaz de engolir até mesmo um carro. Grandes dentes pontiagudos se enfileiravam horizontalmente pelas bordas da sua boca.

Nagi ficou petrificada de medo por causa do grande monstro a sua frente. Este, por sua vez, se levantou pronto para abocanhá-la. Mas no momento em que o verme ia atacar, ele fez um barulho estranho, como se tivesse engasgado. Ele deu algumas contrações que foram perceptíveis em todo o seu corpo. De repente caiu no chão, fazendo um pequeno tremor devido ao seu peso.

O verme se mexeu e rolou um pouco para o lado, parecendo estar de barriga para cima, depois ele parou completamente. Nagi pode ver sua última barra de HP desaparecer.

Foi então que uma lâmina perfurou a barriga do monstro, de dentro para fora, cortando-o horizontalmente e depois descendo verticalmente. Uma grande quantidade de gosma verde saiu pelo corte e se esparramou pelo chão.

...

Eu estava todo sujo daquela gosma nojenta e esquisita, mas estava vivo. Depois de sair de dentro do verme, cai no chão arfando. O cheiro era insuportável e fez com que eu imediatamente sentisse vontade de vomitar. Porém nada saiu, apesar do sistema de SAO permitir que os jogadores tivessem saliva, não era possível vomitar dentro do jogo. Após o meu ataque de nojo, olhei de relance para Nagi que ainda estava com uma cara totalmente surpresa, como se não tivesse acreditando no que tinha visto. O verme, logo atrás de mim, brilhou intensamente e se dividiu em inúmeros polígonos.

Dei uma pequena risada, tentando achar graça naquilo tudo. Nagi também me acompanhou e quando percebemos, estávamos tendo um ataque de risos. Não sabia o motivo, mas não conseguia parar de rir, talvez fosse felicidade por estar vivo.

Quando a crise de risos acabou, eu me deitei um pouco e comecei a olhar para o céu. Apesar da situação em que me encontrava, fazia muito tempo desde que eu não me sentia tão aliviado.

Então comecei a sentir umas leves queimaduras no meu corpo. Me assustei ao perceber que a gosma verde era ácida e estava corroendo minha capa. Levantei-me imediatamente retirando a capa e a camisa. Equipei um cantil de água e joguei por cima do meu corpo. Infelizmente minha capa e camisa acabaram sendo destruídas e eu não tinha reservas comigo. Por pouco consegui salva minha calça.

Apesar de não ser muito popular, sempre tentei manter uma boa forma física. Mais por causa do meu pai que sempre exigia que eu frequentasse clubes de esporte nos finais de semana. Por isso eu não me importava muito de ficar sem camisa perto de outras pessoas. Mas ficar exposto àquele calor que fazia no deserto, não me agradava nem um pouco.

Enquanto ajeitava a bainha da minha espada em minhas costas, olhei para Nagi. Ela estava parada me olhando fixamente.

“O que foi?”

“Hã? Ah, nada...” ela desviou o olhar e começou a mexer em seu inventário. “Toma...” ela invocou uma capa e jogou ela para mim.

“O que é isso?” O tecido parecia tinha uma cor branca mais acinzentada

“Não gosto de ficar devendo favores...” Nagi olhou para o lado com uma cara meio estranha. “É por você ter me salvado agora pouco...” Quando ela disse isso, percebi que a barra de HP dela também estava na área vermelha. Provavelmente aquele ataque do verme, que eu a joguei para lado, teria a matado.

Dei um sorriso um pouco disfarçado, pois era a primeira vez que eu estava recebendo um presente de uma garota que não era da minha família. Quando olhei melhor, percebi que era maior que uma capa e sua cor era um cinza mais escuro, com detalhes em preto.

“É um sobretudo. Ganhei como recompensa por ajudar um comerciante no 50° Andar.”

“Nossa, parece caro. Posso mesmo?”

“Vai logo. Ele é exclusivo para homens, por isso não tem serventia para mim.”

Equipei o sobretudo sem hesitar. As roupas em SAO tinha diferença apenas no sexo. Tamanhos e larguras não existiam, pois assim que equipadas, ambas se modelavam perfeitamente no corpo do jogador.

“Obrigado.” Respondi meio sem graça.

“Hum... não precisa agradecer.” Apesar de tentar parecer rude, ela ficou com uma aparência bem tímida.

Ainda tinha a questão de como iriamos sair dali. O deserto em si parecia não ter fim.

“Bem, onde estamos? Como saímos daqui?”

“Não tem como sair daqui. Não sem um mapa.” Nagi ficou séria. Olhava para horizonte sem muita esperança. “Esse lugar é novo. Foi feito com algum tipo de ilusão que faz parecer que ele não tem fim, mas na verdade ele fica te teletransportando para vários pontos do mapa desse andar. Não dá pra sair sem um mapa que indica os pontos de teletransporte. Já que não tinha ninguém vendendo, decidi nem entrar. Mas ouvi muitas histórias sobre esse lugar.”

“Então, ficarmos parados não vai ajudar em nada.” A bússola não funcionava e ficava apontando para diversos lugares. Por isso comecei a caminhar em direção ao sol.

“Ei, espera! Você nem sabe pra onde ir, pode acabar ficando mais perdido do que já está.”

“Não tem como ficarmos mais perdidos do que já estamos.” Um pouco hesitante, Nagi começou a me seguir a uns cinco passos de distância.

Ficamos andando por algumas horas. Encontramos com muitos monstros durante o caminho, mas nenhum grupo tão grande como o primeiro que nos atacou.

O relógio no menu marcava 11:30 am. Após aquele ocorrido não conversamos mais. Não sabia se podia confiar em Nagi. Toda vez que eu olhava para ela, ela desviava o olhar. Estava claro que ela também estava me vigiando.

“Então... É verdade o que ele disse sobre seus métodos de caçada?”

“Hump! Se for para me dar sermão, é melhor rever seus métodos cruéis também.”

“Esquece... pelo jeito não dá para ter uma conversa com você.” Realmente naquele momento tudo o que eu não queria, era ter uma discussão com alguém cabeça dura.

“É verdade...” A resposta veio algum tempo depois, mas me surpreendeu. Não pelo fato de ser verdade em si, mas sim por ela própria ter admitido.

“Por que você faz isso? Bom, você sabe. Atitudes assim não muito bem vistas pela sociedade.”

“Foi você mesmo quem disse, não? ‘Nem todos que estão aprisionados aqui são vítimas’. Acredito que todos que estão vivos hoje, já fizeram algo que ‘não é muito bem visto pela sociedade’ para poder sobreviver aqui dentro, em SAO. E todos aqueles que morreram, esses sim são vítimas.” O que Nagi disse, me fez pensar de uma outra maneira. “Acho que quando somos jogados num mundo onde é viver ou morrer, aprendemos a lutar com todas as nossas armas para poder sobreviver. Nunca quis fazer essas coisas, ‘caçar humanos’, nem mesmo usar esses métodos. Mas neste mundo, essa é minha melhor arma. Então porque devo deixar de usá-la?”

“Hum... Desculpe por...”

“Não. Preconceito, as vezes pode nos manter vivos aqui dentro. Só pelo simples fato de julgar alguém antes de conhecê-lo, pode acabar te salvando.”

Não tinha ideia pelo que essa garota já havia passado, mas parecia que ela teve muitas experiências ruins. De certa forma me senti mal pelo que havia pensado sobre ela.

“Se você ainda tem dúvida, meu nome é Nagi mesmo. Megitsune, é apenas um apelido.”

Não sabia o que dizer, por isso fiquei calado e continuamos nosso caminho. Ficamos andando por mais algumas horas, já havíamos passado da hora do almoço a muito tempo. Continuamos enfrentando alguns monstros pelo caminho, mas nada muito difícil. Com o tempo, nossas barras de HP se recuperaram completamente.

“E você? Por que você caça dessa maneira?” A pergunta me pegou desprevenido. De início não a entendi, mas depois de assimilá-la eu já sabia qual era a resposta.

“Existem pessoas que eu quero que sobrevivam a isso tudo, quero que elas voltem a salvo para o mundo real e quero que elas sejam felizes. Mas infelizmente existem outras pessoas que estão tentando impedir que esses meus desejos se realizem. Por isso, eu caço essas outras pessoas.” Nagi sorriu por um momento.

“Acho que te julguei mal também.” Nesse momento ela se aproximou mais de mim e ficou caminhando comigo lado a lado. “E sobre Kisaro, o que vamos fazer?”

“Deveríamos encontrar uma maneira de sair daqui antes, não acha?”

“Pensei que já estávamos fazendo isso.” Ambos rimos um pouco para descontrair.

“Ele é realmente grande, parece meu ex-professor de judô. Nunca vi algum jogador daquele porte. Fico imaginando se ele tem mesmo a força que aparenta ter.”

“Venho caçando ele faz tempo. Não por aqueles motivos que te falei antes. Mas sim por que ele conhece meu rosto. Se ele espalhar essa informação, todos vão me reconhecer e dessa forma, meu melhor método de caçada vai por água abaixo. Além de que a recompensa por ele é bem alta.”

“É, faz sentido.”

“E você? Se atraiu apenas pela recompensa?”

“Não. Tem alguém da guilda dele que eu quero interrogar. Mas agora depois do que ele nos contou, a situação muda completamente. Temos que impedi-lo, ou senão ele vai destruir a linha de frente.”

O sol já estava começando a se pôr, por isso decidimos achar algum local para passarmos a noite. Depois de praticamente um dia inteiro caminhando sem rumo num sol ardente, enfrentando monstros, completamente exaustos e com sono, finalmente tivemos um pouco de sorte. Encontramos uma cidade fantasma. Ela tinha a aparência de uma cidade do velho oeste, aquelas vistas em filmes antigos de bang-bang. Não era pavimentada e tinha apenas duas fileiras de construções em madeira e uma rua que passava pelo meio. No centro tinha um Saloon, com portas dobradiças e tudo. Resolvemos passar a noite lá, pois parecia ser a construção em melhor estado da pequena cidade.

O dia havia sido cansativo e não dormíamos fazia quase dois dias. O Saloon não era muito grande, tinha um balcão com 5 banquetas e um bar atrás, um espaço maior onde ficavam cinco mesas com 4 cadeiras cada e um pequeno palco com um velho piano de lado.

“Wow! Parece realmente um daqueles cenários de filmes antigos do Velho Oeste.” Fiquei impressionado com o lugar, pois sempre gostei desses tipos de filmes ocidentais. Fui até o bar e fiquei olhando o restante do lugar. “Me sinto como se a qualquer momento o xerife entrasse por aquelas portas, com suas mãos no sito e dissesse: ‘Hora de acertar as contas, filho’” Nagi deu uma gargalhada.

“Aqui, pega.” Ela pegou um chapéu que estava em cima de uma banqueta e jogou para mim.

O chapéu era estilo cowboy de couro marrom, estava um pouco surrado, mas isso dava uma impressão bem legal. Coloquei ele e me olhei num espelho que estava posicionado em cima das prateleiras do bar.

“ ’Então nos vemos ao meio dia, quando o relógio der o seu último gongo’ ” Nagi fez uma cara sorridente e riu da minha imitação.

“Fufufu... Isso combina com você, de verdade.”

Não havia prestado atenção até aquele momento, Nagi era muito bonita. Seu longo cabelo brilhava como ouro por causa da luz do pôr do sol. Aquele jeito, o sorriso, tudo nela parecia tranquilo e extremamente belo. Sem me dar conta, meu coração acelerou um pouco.

“Hã? O que foi?”

“Er... Nada...” Fiquei envergonhado por ela ter me visto com o olhar fixo nela. Ela logo depois deu uma risadinha, que acabou me deixando mais vermelho ainda.

Nos sentamos em uma mesa e dividimos a pouca comida que nós tínhamos. Ambos não estávamos preparados para ficar um longo período fora de zona segura.

Conversamos sobre diversos assuntos, desde alimentos favoritos em Aincrad até quais alvos já foram capturados. Contei diversas histórias que aconteceram durante minhas caçadas e ela também contou as dela. Apesar dela ser mais conhecida pelo método de seduzir os alvos e depois enviá-los ao castelo de ferro negro usando o sistema de abuso, pelo que me contou, ela usava pouco isso. Apenas nos alvos que não era possível chegar perto através do método convencional. Por esse fator, ela conseguiu capturar jogadores que outros caçadores não foram capazes e foi por conta disso que sua fama cresceu.

Quando percebemos, o brilho da lua cheia já tinha substituído o pôr do sol há muito tempo. Com o relógio marcando 21:30, decidimos descansar do longo dia que tivemos. Como iríamos dormir no mesmo local, dividimos o Saloon em dois. Ela iria dormir para o lado de dentro do bar, que aparentemente tinha uma parte acolchoada abaixo das prateleiras, enquanto eu fiquei com a parte do salão das mesas. Desse modo, ambos teriam uma certa privacidade com o balcão entre nós.

Juntei duas mesas e tentei fazê-las de cama, mas não ficou muito bom. Então optei por dormir no palco mesmo. A angustia de não sair vivo daquela situação me causava medo por nunca mais ver Samanta e Any. Com Kisaro a solta, era capaz da linha de frente não conseguir zerar o jogo e ambas ficarem presas em SAO junto com o restante dos jogadores.

Isso tudo que ficava me perturbando acabou com meu sono. Então resolvi tentar encontrar algo para me distrair. Caminhei em direção ao piano que estava um pouquinho de lado no palco. Ele era um piano antigo, sem acabamento e não muito grande. Me sentei no banco e verifiquei se meus pés alcançavam os pedais. Ajustei a altura e abri a tampa do teclado, revelando suas teclas brancas e pretas em perfeito estado, que era possível enxergar graças ao brilho da lua que iluminava o local.

“Faz tempo que não toco algo.” Apertei uma tecla levemente. Uma pequena nota se propagou pelo local. Fechei meus olhos, respirei fundo e comecei a tocar uma música que veio a minha mente. (A música é essa https://www.youtube.com/watch?v=8hWwMZ8yn_I)

A melodia era suave e lenta, me acalmava do mesmo jeito em que me fazia lembrar de certos momentos que passei dentro de Aincrad. Eu já havia tocado essa música cerca de duas vezes na casa de Samanta. Na última, Dariu estava presente.

Tocar instrumentos musicais dentro de SAO exigiam o treinamento da profissão músico. Quanto maior o nível da profissão de músico, mais instrumentos eram possíveis tocar. Mas também tinha o nível de treinamento com o instrumento, que quanto maior fosse mais fácil ficava tocar músicas rápidas e complexas. Entretanto, esse sistema tinha uma exceção. Se alguém já soubesse tocar algum instrumento, antes de entrar em SAO, seria realizado uma espécie de sincronia com o jogador no momento em que ele tocasse esse instrumento, aumentando automaticamente o nível dele para o que ele está apto. Me perguntava se isso ajudava a nossa habilidade lá fora.

Enquanto tocava, comecei a pensar fortemente em Samanta. A vontade de estar com ela novamente e medo de nunca mais vê-la se conflitavam. Eu nunca tinha sentido isso antes. Nunca alguém tinha se tornado tão importante para mim.

Uma angustia me percorreu naquele momento. Nas última vezes em que estive com ela, nós sempre brigamos. Aquilo fazia meu peito doer. Fazê-la sofrer e chorar.

“Samanta... me desculpe.” Eu estava sendo egoísta, nunca pensei em como ela se sentia. Sempre me mantive longe para não envolvê-la em problemas. Depois sempre voltava pedido desculpas para ela, sem dar explicações. Achava que tudo se resolveria depois dela me perdoar. Nunca perguntei sua opinião, nem o que ela gostaria de fazer.

“Talvez... se eu não voltar... ela me esqueça, e assim fique mais feliz. Talvez, se eu não existisse mais para perturbá-la ou preocupá-la. Seria melhor eu não envolve-la mais nessas coisas...” A tristeza me encobriu. A única coisa que a fazia infeliz aqui era eu.

“Mas... quem iria protege-la?” Como se fosse uma chama, os momentos felizes que havia passado com ela voltaram a minha memória. Desde o momento em que nos encontramos na primeira vez até nosso convívio depois. A ligação que havia entre nós e, pôr fim, a vontade de protegê-la, sobrepôs todos os sentimentos anteriores.

“Não! Eu vou sair daqui, impedirei Kisaro e irei finalizar SAO, Libertando todos! Com certeza vou conseguir!” Me lembrei do sorriso de Samanta. A vontade de vê-la sorrir novamente afastou meu desanimo e me encorajou a enfrentar o que viesse a minha frente.

Quando terminei a música, Nagi me surpreendeu batendo palmas alguns passos atrás de mim.

“Me desculpe... Acabei me empolgando.”

“Não... Eu não estava conseguindo dormir também. A música... ela é linda”

“Obrigado. A música não é minha, é de um jogo bem antigo. Quando vi o piano não consegui resistir”

“Para conseguir tocar dessa forma, você deve ter aumentado bastante seu nível na profissão de músico.”

“Na verdade, eu já tocava bem antes mesmo de entrar em SAO” Nagi deu um sorriso irônico após meu comentário.

“Você não tem cara de quem se interessa por essas coisas”

“É... eu sei. Mas eu fazia parte do clube de música no ginásio. Tocava piano lá.”

“Hum? Pensei que você fizesse judô.” Dei uma gargalhado por ela ter prestado atenção no que falei antes sobre a semelhança do meu ex-professor com Kisaro.

“Sendo sincero, só participei da primeira aula de judô. Depois de alguns hematomas tive certeza que aquilo não servia para mim.” Rimos juntos por alguns segundos.

“Sabe, meu avô também costumava tocar piano. Ele dizia que quando tocamos uma música pensando em uma pessoa, o piano reproduz todos os nossos sentimentos pela pessoa. Essa música foi linda, você estava pensando em alguém?” Fiquei envergonhado com a pergunta direta de Nagi. Era como se ela estivesse me perguntando se eu gostava de alguém.

“Quero que uma pessoa seja muito feliz. Mas eu sempre acabo causando problemas para ela e depois brigamos por motivos que muitas vezes não são assim... motivos...” Apesar de ter escolhido as palavras para respondê-la, acabei me enrolando nelas.

“Entendo...” Nagi olhou para o chão com um sorriso meio forçado, depois ela me encarou por alguns segundos “Seu cabelo é mesmo dessa cor?” As perguntas que ela fazia eram sempre inesperadamente diretas. Entendi que ela estava querendo mudar de assunto, por mim tudo bem. Estava ficando um pouco embaraçoso, então resolvi acompanhar o ruma da conversa.

“Não, aqui por algum motivo ficou com uma tonalidade mais prata. O meu verdadeiro é branco igual neve.”

“Nossa, seu visual deve ficar bem legal!”

“De certo modo, sim. Mas as pessoas que não me conhecem acham que sou um delinquente.”

“Entendo... As outras pessoas, que não sabem nossas histórias. Elas costumam ser cruéis... Por que você entrou em SAO?”

“Não tive um motivo muito especial, sou apenas um viciados em jogos de RPG. E você? Porque entrou aqui?” Conversar sobre o mundo real era um tuba entre os jogadores. Mas ali naquele momento, me sentia bem conversando com ela sobre esses assuntos.

Nagi se sentou na Beirada do palco e olhos para a parte escura do Saloon.

“Não precisa responde se quiser” Achei que tinha forçado a barra com minha pergunta.

“Não. Não é isso. É que... é só uma história, meio difícil de se falar. Mas quero contar pra alguém...” Sua voz ficou um pouco mais fria e tinha perdido o entusiasmo que tinha. Fiquei em silêncio, esperando Nagi voltar a falar. “Quando eu tinha nove anos de idade, tinha um vizinho com problemas mentais. Ele morava sozinho a três casas de distância. Sempre que saia na rua para brincar, ele ficava me olhando de um jeito estranho. Mas minha babá, que era mais como uma irmã mais velha, sempre nos mantinha longe dele. O Nome dela era Nayuri, na época ela tinha 17 anos de idade e sempre cuidava de mim quando meus pais estavam viajando.” Nagi começou a derramar algumas lagrimas enquanto falava.

“Um dia, esse homem invadiu minha casa e me pegou. Ele me amordaçou e amarrou. Ele queria me violentar, mas Nayuri chegou e o impediu... Só que ele era forte demais e acabou dominando-a. Por sorte os gritos dela chamaram a atenção dos vizinhos que chamaram a polícia. Por fim os policiais entraram e prenderam ele. Porém já era tarde. Ele estrangulou Nayuri enquanto a violentava, bem na minha frente...” A voz de Nagi tinha um tom frio e suas lagrimas rolavam pelo seu rosto.

“Eu...Eu lamento por...”

“Não se preocupe. Aquele desgraçado teve o que merecia. Meu pai conseguiu fazer ele ser sentenciado a morte. Dois anos depois ele foi executado. Porém, a psicóloga da minha família me atestou com uma doença pós traumática. Eu tenho Androfobia¹.” Não tive reações e nem palavras para demonstrar naquele momento. Me sentia incapaz de fazer algo, por isso permaneci em silêncio. Nagi deu um pequeno sorriso melancólico. “Sei que parece meio... estranho contar isso, principalmente por eu fazer o que faço. Mas foi por esse motivo que resolvi entrar em SAO.” As lagrimas novamente voltaram a rolar pelo seu rosto. “Com exceção ao meu pai, não sou capaz de chegar perto de mais nem um homem, nem mesmo meus primos. Nunca tive relações com um garoto, nem mesmo uma conversa. Tive que estudar numa escola só para garotas, desde o fundamental... Quando foi anunciado o sistema de fulldrive, pensei que poderia superar tudo isso. E foi assim que acabei presa aqui, sozinha. Com o tempo e sempre com o pensamento de que essa não sou eu, pude chegar perto de muitos. E para provar para mim mesma que estava curada comecei a utilizar esses métodos para caçar. No começo foi difícil, mas hoje em dia acho que já me acostumei. Porém me tornei fria, alguém sem sentimentos que só pensa em si mesma.” Quando ela terminou o relato, ela secou suas lagrimas e continuou olhando para o nada. “Acho que agora você já pode me julgar como uma mal caráter, que usa as outras pessoas para o ganho próprio...”

“Não. Você, como todos, ficou apavorada com que estava acontecendo e acabou fazendo muitas coisas que não faria no mundo lá fora. Eu mesmo, já matei 6 jogadores. Não me arrependo de ter feito, pois sei que eles matariam mais gente. Mas você fez porque tinha um motivo. Uma batalha pessoal que você queria vencer. Até ajudou indiretamente a finalização do jogo.” Nagi começou a me olhar diretamente. Eu desviei o olhar e comecei a olha para a lua. “A maioria dos jogadores utilizam os avatares de uma forma diferente que agiriam no mundo real. Talvez para expressar suas vontades mais profundas. Mas isso não é totalmente ruim, nós jogamos para realizar sonhos. Sonhos que podem ser bons, como salvar o mundo. O que importa, acho que são a intenções. E a suas foram sempre boas.” Nagi deu um sorriso aliviado.

“Obrigada... Ela tem muita sorte por ter alguém como você para amá-la.”

“Hã?!” o último comentário de Nagi me deixou totalmente vermelho. Samanta foi a primeira que veio em minha mente.

“Nada não...” Ela sorriu e foi voltando para o outro lado o balcão.

“Assim que sair daqui vou vê-la, Samanta. É uma promessa!”

Também resolvi ir dormir, já estava tarde da noite e tínhamos que acordar cedo para achar uma forma de sair daquele deserto. Me deitei sobre as mesas e o sono veio rapidamente.

Não me lembro de ter sonhado nada durante aquela noite. Porém me recordo claramente daquelas batidas fortes, que faziam meu corpo todo tremer com suas vibrações. Como um grande tambor, elas acontecia a cada intervalo de 3 segundos, num ritmo sincronizado. Vagorosamente fui abrindo meus olhos. Minha primeira visão foram os lábios de Nagi que estavam bem próximos aos meus.

“Aaahhhh.” Me assustei devido à situação embaraçosa e acabei caindo da mesa em que estava.

“Sssshhhhh!” Nagi imediatamente fez um sinal de silêncio.

De repente um grande barulho seguido de um tremor fez balançar todo o Saloon. Já era de manhã e sol estava radiante como se fosse um dia tranquilo. Novamente o estrondo veio seguido de um tremor.

“O que é isso?!” perguntei sussurrando.

“Não sei. Acordei com isso e depois vim tentar te acordar. Mas você dorme feito uma pedra!” Nagi respondeu no mesmo tom de voz. Mais uma vez o som veio seguido do tremor.

Ambos fomos ao centro do Saloon e começamos olhar pelas janelas. Desembainhei minha espada e Nagi retirou seu martelo de guerra do inventário. Os sons e tremores parecia cada vez mais intensos.

“Parecem ser... passos.” Quando pronunciei essas palavras, os sons e os tremores pararam. Alguns segundos totalmente silenciosos se passaram, enquanto isso nós dois ficamos imóveis.

“O que está aconte-” Antes de Nagi terminar sua frase, o Saloon inteiro começou a ranger como se estivesse sendo partido. Começou então uma barulheira de madeira se partindo até que alguns raios de sol nos atingiram. Quando me dei conta o telhado do Saloon tinha sido arrancado. Olhamos para o céu e um gigantesco Golem de pedra entrou na frente do sol dando um rugido monstruoso.


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Notas finais do capítulo

Androfobia¹ - Medo de Homens.

Agora me digam, pra quem gosta de jogar bastante já deve ter sentido ou entrado nesse transe que foi descrito com Hikaru, não? Ou eu sou o único maluco que isso acontece?rsrs Eu digo isso mas eu pelo menos não consigo entrar nesse estado quando eu quero, simplesmente acontece. Queria saber se já acontece com mais alguém.
Obrigado a todos que estão acompanhando!! Até o próximo capitulo xD



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