POV Bella

Eu não conseguia parar de chorar, mas não entendia o motivo. Minha mão nem estava doendo tanto assim. O amor da minha vida estava parado bem na minha frente, mas as malditas lágrimas embaçavam minha visão.

- Você só vai precisar de alguns pontos, e já vou te dar um remédio para dor. – ele chamou a enfermeira – Não chore meu amor, já vai terminar. Como você fez isso?

- Er... Eu escorreguei, eu acho. – porque ele fazia isso? Eu não era o amor dele.

- Hun, você bebeu? Está cheirando vinho... – mas que merda...

- Você está me chamando de bêbada por acaso? – eu fiquei nervosa. – Eu quero outro médico, AGORA! – eu sabia que o verdadeiro motivo de querer outro médico não era por ele ter insinuado minha leve bebedeira, e sim porque eu estava prestes a agarrá-lo, aquele cheiro refrescante que mexia com meu desejo, a tanto adormecido.

- Não. Eu não vou chamar! – ele sorriu torto e meu coração descompassou.

- Isso não adianta! Eu quero outro médico.

- O que não adianta? – ele me encarou confuso.

- Essa merda de sorriso torto! – mentira, eu estava me derretendo por ele, e eu não podia. Ele já tinha me feito sofrer demais.

- Eu sei que é mentira, você ainda é uma péssima mentirosa. – e sorriu torto novamente. – Além do mais eu sou o único médico do plantão.

A enfermeira entrou na sala com o que ele usaria para suturar o meu corte, interrompendo nossa mini discussão. Eu fiquei muda enquanto ele habilmente costurava minha mão.

- Pronto, terminei! Tome alguns analgésicos para dor – falava enquanto prescrevia os medicamentos que deveria tomar – o corte não foi muito profundo, você tem que voltar daqui uma semana pra tirar os pontos, certo?

- Uhun. É só isso? Posso ir embora agora? – perguntei friamente.

- Pode. Er... Então, nos vemos por aí? – ele estava louco por acaso? Eu não queria mais vê-lo, nunca mais. Não é?

- Talvez – ‘Ah, qual é Bella, você pode fazer melhor do que isso’. Minha consciência gritava para eu me afastar, mas o seu cheiro, sua voz e seus olhos me prendiam – Então Dr. Cullen, eu já vou indo. Até daqui uma semana!

Virei às costas e saí, como eu posso ser tão idiota? ‘Até daqui uma semana’? Onde está meu amor próprio? Eu não acredito nisso, eu não posso me dar bem com ele. Eu só sofreria mais quando descobrisse que ele tem família, ou até mesmo filhos.

Olhei no relógio e já era 1 da manhã. Como eu ia voltar pra casa a essa hora? Simples, ia ligar para Alice. Me celular não estava na bolsa, eu só podia estar sonhando. Era muito azar pra uma pessoa só. Mão cortada, Edward como médico e sem celular? Por acaso hoje era dia das bruxas ou alguma coisa parecida?

Decidi, então, ir até a recepção.

- Olá, boa noite, sou Isabella Swan! Eu cheguei hoje na cidade, me carro ainda não chegou, cortei minha mão, meu ex-namorado traidor que me costurou, estou sem celular e por último, mas não menos importante, eu não tenho como ir embora. – suspirei – Posso, por favor, usar este telefone para pedir um táxi?

- Claro minha querida, sente-se ali que eu mesmo faço isso por você! – a recepcionista me olhou com cara de pena e colocou o telefone no gancho.

Segui o conselho dela e me sentei em uma das cadeiras da recepção, fechei meus olhos e me concentrei nos últimos acontecimentos. Senti uma mão no meu ombro e abri os olhos para ver quem era.

- Querida, eu liguei para a companhia de táxi e a frota está toda ocupada, eles irão mandar um táxi daqui aproximadamente uma hora! Se você quiser esperar por aqui, temos uma lanchonete no segundo piso. Logo que o táxi chegar eu anuncio seu nome no auto-falante, Srta. Swan. – ela apontou pra um lugar a minha direita – Ali ficam os elevadores, fique a vontade para tomar um café enquanto aguarda. – sorriu ternamente.

Resolvi ir até a lanchonete e comer alguma coisa, eu só tinha almoçado e comido um pouco de queijo, meu estômago estava roncando. Peguei um lanche e uma coca-cola, pra acalmar meus ânimos, sentei em uma das mesinhas e comecei a comer e ler uma revista que estava lá em cima.

- Sabe, coca-cola é horrível para seu estômago. Você devia tomar um suco! – Edward falou, puxando uma cadeira e sentando.

- Como se isso fosse da sua conta, Dr. Cullen! Você está me seguindo por acaso? Veio de NY pra me atormentar? Deixa eu te contar uma coisa, se for essa a intenção você está se saindo muito bem. – respondi com muita educação – O que você quer de mim, afinal?

- Na realidade eu não quero nada de você. Eu só quero você! – sorriu torto e piscou. Meu coração quase saiu do peito com essa pequena declaração – Mas, enfim, você gostaria de jantar comigo amanhã? É meu dia de folga e eu adoraria conversar com você sobre alguns assuntos pendentes.

- Sabe, Edward, eu ainda não entendo o que você está querendo de mim! Me fazer sofrer? Cinco anos de sofrimento não bastam pra você? – lágrimas escorreram pelo meu rosto enquanto falava, eu não conseguia suportar ficar perto dele – Eu realmente não agüento isso, e não. Eu não quero jantar com você amanhã. Nós não temos assuntos pendentes, você pode continuar feliz com a sua nova namorada, talvez esposa, eu não suporto mais, eu não quero mais sofrer por isso.

Srta. Swan, seu táxi a aguarda na entrada do hospital.

- Bom, eu acho que isso é um adeus. – virei de costas para Edward e saí em direção aos elevadores.

- Não Bella, isso é só um até breve. Eu ainda vou te provar que te amo!

Continuei andando sem olhar para trás, sabia que se olhasse eu teria uma recaída e correria para os braços reconfortantes dele. Minha noite de tormentas seria longa, e a conversa que eu teria com Alice amanhã também. Como ela podia esconder de mim que ele tinha voltado?

Cheguei à recepção do hospital e agradeci a gentil recepcionista que me auxiliou, fui até o táxi e expliquei onde tinha que me deixar. Ele tentou puxar papo no meio do caminho, mas deve ter recebido respostas monossilábicas e automáticas, afinal minha cabeça estava em outro lugar, ele então desistiu e o caminho continuou no mais puro silêncio.

Chegamos ao meu prédio cerca de 20 minutos depois, ainda parei na portaria para explicar o acontecido para Sr. Adams e agradecer a preocupação, ele me fez prometer que qualquer problema eu o chamaria. Entrei no meu apartamento, coloquei um pijama confortável e fui me deitar.

Eu tinha encontrado Edward, e a presença dele foi arrebatadora, ao mesmo tempo que fez com que minha única coluna de sustentação ruísse, que era o fato de não vê-lo mais, fez com que eu sentisse uma pequena cicatriz em meu peito, como se as feridas abertas se cansassem de ficar expostas e estavam se fechando com o bálsamo que era sua presença. Eu não sabia mais o que pensar, eu só tinha uma certeza, eu ainda o amava muito, mas mesmo assim não esqueceria o que ele tinha feito comigo. Mas ele disse algo que me intrigou: ‘Não Bella, isso é só um até breve. Eu ainda vou te provar que te amo!’.

Minha parte racional insistia em dizer que ele só queria brincar mais comigo, e a emocional gritava com todas as forças ELE TE AMA, SEMPRE AMOU, É HORA DE DAR UMA CHANCE DE REESCREVER O PASSADO. Eu queria acreditar que ele só queria brincar comigo, mas o brilho dos seus olhos e a sinceridade de sua voz rouca trouxeram a tona uma parte adormecida em mim, a esperança.

Lágrimas caíam de meus olhos e senti um alívio que há tanto tempo não sentia. Eu tinha visto meu Edward, sim ele era meu. E sempre iria ser, mesmo quando estava longe. Só hoje me dei conta de como seu cheiro, sua voz e seu toque faziam falta. E eu me sentia quase completa, e com uma sensação que ele me provaria o que eu tanto duvidava. Mas e eu, seria capaz de perdoá-lo? Só o tempo pode dizer.

Mandei um SMS pra Alice, eu ainda estava brava com ela por me esconder isso.

De: Bella

Para: Alice

Sua baixinha traidora!

Como você escondeu que o Edward tinha voltado?

E o pior, que ele estava tão gostoso! rs

Te amo mesmo assim, B.