Broken Flower escrita por Fleur dHiver


Capítulo 23
Está Tudo Bem


Notas iniciais do capítulo

'Ce paah! Voltei! Com o capítulo extra, a cereja do Bolo do Fanfic do Mês #palmas
Eu disse que ia postar domingo, mas perdi a hora escrevendo e ontem (segunda) foi um dia intenso aqui em casa, cheio de treta tretosa. x.x Enfim, apareci hoje.
Minhas senhoras e senhores estão todos trabalhados na conspiração. Altas teorias no capítulo passado, um disse me disse, ponto que pega dali e vai até a China. Olha, eu poderia dizer que muitos acertaram, mas foram poucos, a maioria acertou errando. Pegou a alma do negócio, mas se encontrou com a Lua em algum momento, alguns muito coerentes, mas não é aquilo, só que tá no caminho. Só sei que eu ri muito.
E Jebs, querida, ainda estou rindo. Seu comentário inteiro é super engraçado, mas aquela referência do final foi até para o twitter, imprimir e por na moldura, eu ri tanto que minha mãe veio ver se eu estava passando mal.

Para vocês apreciarem:
"Isso aqui tá parecendo Dom Casmurro, a Sakura é o Bentinho, o Sasuke é a Capitu, e o Sebastião é a Karin." - Jebs, 2015

Sasuke cigano dos olhos oblíquos e dissimulados. SAHSUAHSUAHSUAHSUA Eu vou levar isso para vida.

No mais espero que gostem e uma boa leitura a todos;*



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"Karin é minha companheira de time, apenas isso. "

"Pela forma como ela se portou essa manhã eu não duvido nada que já tenha trepado com ela na nossa cama. "

"Eu não tenho nada com a Karin."

Por isso você vai ficar porque no fundo também não quer ir...”

Suas lembranças divergiam. Os dias felizes que vinham tendo, pareciam sumir pouco a pouco, dando lugar para os tempos difíceis que passou junto a Sasuke. Todas as dúvidas, incertezas, dores confirmadas. Ela já sabia de tudo isso, ela sempre sobre. Karin, a puta. Tão óbvio, tão claro.

Aquela noite que Gaara citava foi o dia que pediu o divórcio, o dia que ele entrou em casa pela janela do quarto cheirando a bebida e ao perfume que ela não reconheceu. A embriagues provavelmente o fez descuidado, porque aquela foi a única vez que sentiu aquele odor, mas como o kazekage dizia não foi a única noite. E quem duvidaria que fosse? Não ela, não mais.

Lembrava que no dia sentindo tinha dito a si mesma que ele deveria ter sentado perto de alguém com aquela fragrância ou que tinham se esbarrado no meio do caminho. Procurava justificativas para o injustificável, procurava não ver. E a única coisa que conseguia pensar era: A que ponto chegamos? Mesmo doendo e machucando, ela preferiu fechar seus olhos.

Leu e releu cada linha daquela carta. Certificando-se de que cada palavra deveria estar marcada em sua pele, em sua alma para que nunca mais esquecesse o quão burra e tonta tinha sido. Amar demais foi e sempre será sua ruina. Ele era tudo... e ela, obviamente, nada.

Em algum momento pegou no sono ali mesmo, dentro do closet, no chão acarpetado. Quando acordou seu rosto pinicava e seu corpo estava dolorido. No entanto não se importou, permaneceu deitada, observando as poucas joias que tinha espalhadas ao seu redor. No canto, próximo ao lado de Sasuke estava a carta e um colar de pérolas que tinha ganhado de seu falecido pai. O presente foi dado um pouco antes do evento que mudou de vez toda a sua vida, ficou órfã, veio a guerra, veio Sasuke, nunca tinha usado, apesar de ser deslumbrante.

O mais bizarro era que o olhando agora, não conseguia deixar de comparar Sasuke a perolas: forjado na dor, frio, indestrutível, porém belo. Quando suas costas começaram a latejar se ergueu. Manteve o tronco encostado no gaveteiro de seu canto e metodicamente passou a arrumar as peças dentro do porta-joias.

Por último sobrou a carta, pegou, deslizando os dedos pelo papel fino e em seguida fitando a porta do closet. Talvez Sasuke ainda estivesse em casa, lá embaixo, parado na porta. Esperando e desejando a ela, ou ele poderia ter saído, como fez antes. Poderia estar na Karin, com a puta, ou outra. Konoha inteira poderia ser dele e ela não saberia.

Esse pensamento lhe deu vertigem. Ergueu-se em um pulo e correu para o banheiro, mas nada saiu, a carta ainda estava presa entre seus dedos. Subitamente pensou em rasga-la e começou, mas antes que o corte chegasse ao meio do papel ela parou. Não, era imprudência. Sabia que as vezes agia como uma drogada, viciada em Sasuke se em algum momento perdesse a vontade, precisava daquele reforço, precisava reler e se torturar e se odiar, mas ficar convicta.

Largou a carta sobre a pia de mármore, colocou a banheira para encher e se jogou nela. Queria esquecer aquele dia, sua vida, seu casamento. E mesmo que se esforçassem não conseguia apagar as palavras, não conseguia deixar de chorar, afundou a cabeça na água ao sentir as grossas e quentes lágrimas verterem.

“Você é mesmo patética, parece que gosta de uma boa mentira. ”

“Ele sentou ao seu lado e resolveu abrir o seu pobre e sofrido coração? ”

“Claro, ele seria o primeiro marido a negar uma traição. — Cerrou o punho, enquanto Karin mantinha as mãos unidas em frente ao rosto.

— Não é do feitio do Sasuke mentir. Nunca foi!

— Acho engraçado como vocês de Konoha, custam em aceitar que ele mudou. Talvez eu tenha um espaço por isso. Porque você não o enxerga mais, não o entende como eu. ”

“Eu poderia deixar isso passar, mas acho que você deveria saber, ou melhor se prevenir. Tome cuidado por onde anda, princesa. Ou vai acabar ouvindo histórias que podem destruir o seu conto de fadas. Afinal, nosso Sasuke é guloso. ”

“Nosso Sasuke é guloso. ”

Emergiu, com o pulmão gritando por ar, passou as mãos sobre o rosto, tirando o excesso de água, encostando a cabeça na lateral da banheira. Lembrava com clareza daquela discussão e como as palavras dela não faziam sentindo algum na época, apenas provocação barata. Deveria ter ouvido com mais atenção, com cuidado, talvez não estivesse naquela situação agora, talvez já tivesse feito algo.

Feito algo..., mas o que?

Suspirou, deixando da boca para baixo submerso na água quente, afastou alguns montinhos de bolha, buscando nela as respostas para suas dúvidas. Não podia deixar aquilo por isso mesmo, não tinha como continuar a viver dessa forma. Poderia confronta-lo, mas essa ideia não ganhou muita força. Os confrontos deles eram apenas desgastes físico e emocional, ela não conseguia deixar o sentimento de lado e ele não conseguia dizer a verdade.

Não tinha como buscar resolução em um mar de mentiras. Não importa que caminho escolhesse, confrontar Sasuke estava fora de cogitação. Já tinha dado todas as chances que lhe cabia. Será que Tsunade conseguiria arranjar uma forma dela se divorciar sem Sasuke contestar? Sem sequer saber, a não ser depois que todos os tramites estivessem feitos.

Impossível.

Mesmo ela que não tinha tanto conhecimento nas questões legais da Vila, sabia que algo assim era inviável. Se pedisse o divórcio, sua vida se tornaria um inferno. Porque Sasuke não facilitaria nada, com certeza partiriam para aquele tipo longo e penoso, desgastante ao extremo.

“Só não faça as malas. ”

Ele estava calmo quando disse isso, mas ela conhecia a extensão de sua cólera e não era algo belo de se ver, ainda mais quando descobrisse sobre o bebê. Se ele soubesse que estava grávida qualquer remota chance de se libertar da sua atual vida sumiria. Ou pior, ele poderia deixa-la ir, mas mover céus e terras para ficar com a criança.

Na mesma hora levou ambas as mãos ao ventre ainda liso. Não deixaria que ninguém a separasse de seu filho, nem mesmo Sasuke. Se essa possibilidade fosse posta em pauta, ela fugiria, sumiria no mundo e ele nunca mais ouviria falar dela.

Fugir... não poderia, não ousaria...

Um arrepio percorreu todo o seu corpo. Não, quer dizer... não. Não tinha como. Não! Pensamento mais absurdo. Ficou ereta na banheira, passando a mão nervosamente pelos cabelos. Sorriu. Sim, tinha que gargalhar dessa ideia, não tinha como cogitar tal coisa.

Como faria? Para onde iria? Como não seria descoberta? Como não se tornaria nukenin? Como não teria Sasuke em sua cola? Tantas perguntas, nenhuma resposta. É claro que não teria respostas, porque foi uma brincadeira, uma bobeira.

Fugir...

A água pareceu ficar fria enquanto essas ideias rodopiavam pela cabeça de Sakura, ergueu-se em um salto, pegando a toalha ao lateral da banheira e ao se virar a carta entrou em seu campo de visão.

“Todavia eu reafirmo o que já lhe disse: caso precise de qualquer apoio eu estarei aqui, não importa para o que, pode contar comigo. ”

Apertou a toalha contra o corpo. Se conseguisse falar com Gaara talvez... não! Aquilo foi um pensamento desesperado, não um plano de ação, precisava tirar isso de sua cabeça. Não iria fugir. Tinha outras opções, encontraria outras soluções. Fitou seu reflexo no espelho. Se ela...

— Sakura...

O chamado a sobressaltou, por um momento pensou que Sasuke estava dentro do quarto, mas quando retornou para o cômodo a porta estava fechada e ela continuava sozinha.

— Sakura.

— Sim?

Não queria ter que responder, mas o tom dele tinha se tornado mais grave. Sabia muito bem que caso ele não ouvisse sua voz acabaria arrombando a porta. O silêncio perdurou entre eles, escorou a cabeça na madeira lisa. Mesmo quieto sabia que ele ainda estava lá, esperando por uma resposta dela. O aperto no peito quase a deixou sem ar.

— Eu ainda quero ficar sozinha. — A maçaneta não foi forçada, não houve suspiro, irritação ou alguma pancada. Houve apenas o vazio, fora e dentro.

Não esperava que ele estivesse em casa, não esperava ter que falar com ele agora. Seria muito mais fácil lidar com tudo estando ele fora daqui, sem fingir se preocupar, sem procura-la. Isso só abriria as feridas e piorava a dor. Porque ela o amava e ele a traia e apesar de trai-la nunca a deixava ir, porque se sentia culpado e talvez a odiasse por despertar tal sentimento e ela vivia nesse ciclo porque o amava. Não tinha fim, sua tortura não acabava.

Sentou-se no chão, com os cotovelos apoiado nas coxas e a cabeça entre suas mãos. Não tinha solução, não tinha escape... talvez precisasse mesmo fugir. Não tinha como continuar a viver assim.

A primeira coisa que deveria fazer era arranjar um jeito de falar com Gaara. Arranjar um jeito de entrar em contato com ele, porque não podia simplesmente sair da Vila e ir para Suna sem que ele soubesse. Sair da Vila... meu Deus! Sakura sentiu um bolo se formar em sua garganta, nunca tinha pensando em deixar Konoha, sua casa.

Não podia se tornar uma nukenin. Não poderia abandonar seu posto, o trabalho que fazia no Hospital. Soltou um grunhido teria que parar de pensar nessas coisas e sair de alguma maneira que não fosse legal. Poderia pedir ajuda a Tsunade para os dois. Mas dizer o que?

Preciso que me ajude a fugir do meu marido? – Era melhor excluir essa frase de sua mente, Sakura sabia muito bem que não podia envolver Tsunade nesse tipo de situação. Primeiro se houvesse algum selo especial para enviar cartas ao kazekage, Tsunade não liberaria para ela; E segundo serve para o mesmo de pedir abrigo asilo e sigilo, como Hokage ela não podia se envolver e tomar partido nesse tipo de situação. Ainda mais com uma criança a caminho.

Bem, Shikamaru estava casado com a Temari, irmã de Gaara. Com toda certeza ela tinha uma via direta para o envio de cartas e encomendas a ambos os irmãos, ou se não quisesse usa-la, podia ao menos pegar um endereço, um código para mandar junto com algum animal invocado. Com toda certeza a segurança e rastreamento em tudo que ele recebe.

Mas... queria envolver terceiros nessa história?

Já tinha terceiros envolvidos, mas era totalmente diferente. Gaara ofereceu apoio, ele já sabia, agora Shikamaru eram duas pessoas que não tinham conhecimento sobre seus problemas ou sobre aquela carta. Falar com eles era o mesmo que inventar desculpas desnecessárias que podem levantar suspeitas e no final por seu plano abaixo. Afinal, por qual razão a esposa de Uchiha Sasuke quer saber de uma maneira de se comunicar com o kazekage?

Péssimo. Péssimo. Péssimo!

Sua cabeça estava explodindo, tomou um remédio com água da torneira, guardou a carta de volta na caixinha de joias, pois uma roupa qualquer e tentou dormir, porque era o mínimo que ela podia fazer. Perdurou para dormir, rolou de um lado para o outro, pensando em tudo que poderia fazer e não fazer até apagar. Quando acordou no dia seguinte suas têmporas ainda latejavam, tinha dormindo grande parte do dia e sua real vontade era nunca mais sair do quarto.

Chegou a duas decisões absolutas e todo o seu plano seria basicamente moldado sobre elas: primeiro – todos os cuidados médicos que uma gravidez requer seriam feitos por ela mesma; segundo – tudo precisaria ocorrer enquanto Sasuke estivesse fora da Vila.

As pessoas geralmente ficam muito agitadas perto de grávidas e apesar de amar seu local de trabalho qualquer informação sobre funcionários vasa muito rápido, em sua primeira consulta do obstetra o prédio inteiro já saberia da sua gravidez e logo, as pessoas de fora ficariam sabendo e Sasuke.

Pesquisaria sobre o assunto, questionaria Tsunade e Shizune e ela própria cuidaria do que fosse preciso nesses primeiros meses, não era sua especialidade, mas não tinha como ser difícil, já tinha os exames de sangue o resto ela dava um jeito.

E o Sasuke fora da Vila deveria ter sido seu primeiro pensamento, até mesmo antes de informar Gaara. Não tinha como fugir com seu marido esperando que ela voltasse para casa e dormir. Quando ela não voltasse o pandemônio seria solto, seria caçada e em dois tempos: Adeus fuga!

Não! Se o plano era realmente sério, precisava fazer tudo direito, tudo bonito, sem furos.

Quanto mais pensava nisso, mais chegava a conclusão de que precisava de ajuda. Precisava de alguém que a encobrisse quando partisse, pelo menos até chegar em Suna. Depois que cruzasse os portões daquela Vila nada mais a pegaria.

Tsunade estava descartada por motivos mais que óbvios e Shizune ia no pacote. Chegou a pensar em Sai, mas não sabia se ele era cem por cento confiável, apesar de não gostar de Sasuke e agora tinha seu envolvimento com Ino. Não que faltasse confiança entre elas, no entanto Sakura sabia que sua amiga tinha dificuldade tremenda em guardar segredos. Além de sempre existir a possibilidade de ela resolver brigar com Sasuke, ou Karin, ou os dois, o que só pioraria as coisas.

Tinha duas opções realmente viáveis: Naruto e Kakashi. O primeiro já tinha lhe oferecido ajuda, além de ter certeza absoluta que Naruto trocava cartas com Gaara. Kakashi e ela estavam tendo uma relação conturbada desde que aceitou a proposta de casamento de Sasuke. Entre os integrantes do time 7 ele foi o que mais demonstrou resistência em aceitar Sasuke de volta e em crer em suas verdadeiras intenções.

E apesar de Naruto parecer a melhor opção, o copy-ninja era quem estava mais certa em procurar. A relação de Naruto e Sasuke estava bem forte agora, estavam voltando ao que já foram um dia (se é que deixaram de ser), pedir ajuda a ele, seria o mesmo que trair seu melhor amigo e tudo isso seria muito doloroso para o Uzumaki.

Precisaria de bastante persuasão com Kakashi, mas era provável que ele aceitasse, depois de fazer seu discurso, repreende-la e dizer que o final seria daquela maneira. Procurá-lo-ia assim que fosse possível. Até lá... fingiria que está tudo bem. Porque tudo deveria estar bem depois de uma boa-noite de sono.

Praticou alguns sorrisos no espelho, conversou consigo mesma e fez o possível para parecer normal, sem choros, sem lembranças. Só precisava respirar, não se estressar e se lembrar que está tudo bem.

Tudo está bem.

Finalmente saiu do quarto, já estava escurecendo e apesar de não ter fome decidiu que faria algo para comer. Afinal sua última refeição foi no começo da tarde do dia anterior. Parou no começo da escada, torcendo para que ele não estivesse em casa. Uma puta, Karin, Konoha inteira, ela não ligava. Que não estivesse em casa.

Mas ele estava. Desde que foi trancado para fora do seu próprio quarto rodou, pensou e refletiu e no final deitou-se no sofá, por lá ficou. Quando ouviu os sons dos passos de Sakura ergueu a cabeça na mesma hora, assim que ela o fitou abaixou a cabeça, pressionando os lábios em uma linha tênue.

Sasuke continuou parado onde estava, a espera do que viria a seguir, um ataque, um grito, mais brigas, outro pedido de divórcio, mas nada aconteceu. Sakura passou por ele como se nem o enxergasse. Sabia que era melhor continuar onde estava, mas ainda assim levantou e a seguiu até a cozinha, escorou-se no umbral e a observou enquanto preparava sua refeição. Buscando em seu comportamento alguma explicação para aquela mudança brusca.

Sakura colocou mais molho do que era preciso e demorou-se em arrumar os frios, apenas porque a montagem do sanduiche a mantinha calma, centrada e desligada da presença de Sasuke. Estava sendo uma batalha manter-se de pé sem uma vacilação, uma oscilação sequer.

Tudo está bem.

— Ino esteve aqui mais cedo. — Meneou a cabeça, mas ainda sem fita-lo, levou o alimento a boca, mantendo-a ocupada, enquanto ele continuava sua análise minuciosa. — Queria saber como você estava e disse que tinha sentindo palpitações e um possível mau-pressentimento na rua. — Deu de ombros, tirando alguns farelos do canto de seu rosto.

— Foi apenas um mal-estar, estava muito quente ontem.

— Voltou a passar mal? — Sakura ergueu a cabeça, fitando-o com atenção e logo desviando o seu olhar.

— Eu estou bem!

Ao dizer essa frase um breve sorriso surgiu no rosto de sua esposa, para logo em seguida ela voltar a comer. A conversa foi encerrada e nenhum dos dois se preocupou em puxar o novo assunto. Mesmo agora, com ela tão perto e serena, ele ainda se sentia estranho, alerta. A sensação que tinha era que estava em uma emboscada, como se Sakura estivesse preparada para lhe dar um bote, mas ele simplesmente não conseguia prever os movimentos. Esse não era o comportamento natural dela, uma das qualidades e defeitos dela sempre foi a excessiva honestidade, ela era uma péssima jogadora, uma péssima mentirosa.

Esperou que ela terminasse sua primeira e única refeição no dia para acompanha-la de volta ao quarto. Quando chegou no último degrau, esperou, para ver se a porta seria novamente fechada ou se a solene permissão de voltar para seus aposentos lhe era concedido.

Concedido.

Ao Sakura não fechou a porta e ele tratou de acompanha-la, observou o quarto nos mínimos detalhes procurando por qualquer mudança. Enquanto ela entrava no banheiro foi ao closet, contando as malas na parte de cima e certificando-se de que nenhuma foi tirada do lugar. Sua parte parecia organizada como sempre e a dela um pouco bagunçada, mas nada fora do normal.

Girou sobre os calcanhares e assim que deu o primeiro passo, algo espetou seu pé, abaixou para pegar o pequeno brinco, girando-o em seus dedos. Não era uma arma, nem uma ameaça, jogou-o sobre a bancada no lado de Sakura e voltou para o cômodo central.

Observou-a, puxar as cobertas e se enfiar debaixo do edredom, sem dizer uma única palavra. Aquilo estava tão esquisito quanto todo o ataque na manhã passada. E o mais perturbador era ela parecer fingir que não o enxergava, ou que sua presença era tão relativa que não a incomodava nenhum pouco.

No entanto seguiu os passos dela, ajeitou-se para dormir, desligou as luzes puxou a coberta e fitou o ombro dela se mover conforme a respiração. Arrastou-se para o meio da cama

— Sakura. Devemos falar sobre a Karin e...

— Acho que já falamos tudo que era preciso. — Dava para ver que ela estava tensa. Suspirou, passado a mão pelo rosto, a qualquer momento seria ele a perder a paciência.

— Não acho. Muitas coisas ficaram soltas ontem.

— Discordo, você disse foram bem claras. Você só faz aquilo que pensa que me agrada e não tem um caso com ela. — A puxou pelo braço ficando por cima dela, por um momento a expressão serena e controlada vacilou e ela pareceu aflita, acuada, mas logo passou.

— Sakura, aquelas coisas todas que eu disse, não... você me pegou em um mal dia e ouviu o que não deveria. — Os olhos verdes passeavam por qualquer lugar, menos em direção ao seu rosto, mas ainda assim ela sorriu e com toda a delicadeza soltou o braço preso.

— Não se preocupe, está tudo bem. — De súbito beijou-lhe a maçã esquerda do rosto, em seguida a ponta do nariz descendo para os lábios, um toque calmo, quente e gentil. — Sasuke... eu realmente não estou me sentindo bem. — A fitou, o sorriso continuava lá, não protestou, rolou para o lado e deu as costas para ela. Seja o que fosse que ocorria dentro daquela casa, eles definitivamente não estavam bem.

A vontade de levantar era mínima, mas deveria. Tinha quase certeza que seu plantão era a noite, mas preferia ir mais cedo para confirmar, já procurava Shizune para saber as questões da obstetrícia e quem sabe já não começava os estudos hoje mesmo. Suspirou, passando os dedos pelos lábios rosados, o beijo tinha sido durante a noite, porém a sensação perdurava.

— Agradeceria se parasse de suspirar pelo seu marido. — Sakura quase caiu da cama ao ouvir a voz de Ino vindo do seu lado. Deu um pulo, ficando com um dos pés presos entre as cobertas.

— Como... o que? Ino! — A Yamanaka revirou os olhos pegando a revista que tinha largando quando viu que Sakura começava a despertar.

— Você é patética de manhã, de tarde e de noite. Pobre do Sasuke-kun que tem que acordar todas as manhãs vendo essa sua cara. — Sasuke. Chutou a coberta para o lado, procurando por ele dentro do quarto. — Ele não está, saiu quando eu cheguei. Convocação da Hokage algo assim. — Deu de ombros e Sakura relaxou sentando na borda da cama. — Como está se sentindo?

Mal.

— Bem. Aquilo tudo foi só uma mal-estar. — Não se virou para fita-la, no entanto podia ouvir Ino se arrastar para borda da cama.

— Sério? Pensei tanta coisa, ainda mais quando você partiu para cima da Karin. Sakura, o que foi aquilo? — Remexeu os ombros, desconfortável com o assunto.

— Não sei. Eu tive um lapso. O calor, o café, os biscoitos, enfim. Nem lembro direito como cheguei em casa. — O que não deixa de ser verdade. A visão do bracelete no braço de Karin a cegou de uma tal forma que não questionaria se alguém dissesse que derrubou tudo que via pela frente. Estava completamente sem chão naquele momento.

— Foi tudo muito estranho. — Suspirou, mexendo nas madeixas claras da amiga. — Cheguei a pensar que ela havia ti provocado de alguma maneira.

E tinha.

— Não. Já até pedi desculpas pelo meu comportamento. — Sorriu da mesma forma que fez para Sasuke e como com ele, sua atuação foi analisada de perto.

— Vai voltar hoje ao serviço?

— Sim. Você sabe se meu turno é a noite? — Ino confirmou com um aceno, saindo de cima da cama. — Ótimo! Vou mais cedo porque preciso falar com a Shizune. Espere só um pouquinho porca. — Não foi xingada como de costume e quando voltou para o quarto a Yamanaka parecia refletir sobre alguma coisa antes de perceber sua presença.

— Testuda, e a surpresa?

Ficou estática. Tinha esquecido completamente, dessa porcaria. Abriu a boca algumas vezes e sorriu sem graça, apontando em direção ao closet e com a outra mão apertou o roupão contra o corpo.

— Vou pegar.

Não fazia ideia do que diria, não tinha cabimento dizer que não tinha ganhado nada. Poderia usar a desculpa do seu estado de saúde, mas dois dias em casa é o suficiente para o marido lhe presentear. Levou as mãos à cabeça forçando-se a pensar em alguma coisa. Em um lampejo abriu o porta-joias pegando o colar de seu pai. Terminou de se vestir e voltou para o quarto, entregando as pérolas a Ino.

— Uou! São lindas! — Ela se ergueu, pondo em frente ao pescoço e vendo o próprio reflexo. — Estou sentindo uma inveja enorme de você, quero um marido que me de joias.

Não é a mim que ele presenteia com joias.

— Pode deixar que eu avisarei ao Sai. — Ino enrubesceu, devolvendo o colar a sua dona.

— E a sua surpresa para ele? Pode me contar agora. — Sakura girou-o entre seus dedos, negando com um movimento rápido, dando uma pequena risada perante a expressão decepcionada da amiga. — Por que?

— A minha surpresa ela é complicada e eu queria estar bem para entrega-la e é a longo prazo, então não se espante se demorar a saber. É algo que vai vir com o tempo. — Ino revirou os olhos, mas não disse mais nada, Sakura tomou seu café da manhã e foi caminhando junto da amiga pelas ruas da Vila.

— Você falou sobre o sai e eu nem disse que nós já nos desentendemos. — Deu uma risadinha, andando de braços dados com a Yamanaka.

— Mas já? O que ele fez?

— Começou a implicar com a minha possível viagem. — Ino suspirou e cenho de Sakura se franziu, tentou puxar na memória qualquer conversa anterior sobre isso, mas não tinha, ou ela não tinha prestado atenção.

— Viagem? Que viagem?

— Bem, no dia que você passou mal a Shizune informou a todos os internos do Hospital que vai ser aberta uma seleção para uma missão médica de um ano, no mínimo. A tarefa vai ser montar e capacitar pequenas postos e Iryounin* em pequenas e grandes Vilas da Aliança. Tem mais detalhes, mas esse é o básico. Eu nunca saí nesse tipo de missão e todo mundo que faz adora! Então eu pensei em me candidatar, mas ele criou uma planilha com razões pelas quais eu não devo ir. Acredita? Planilha! Está na minha sala com fontes para referência e tudo. — Sim. Era a cara de Sai fazer algo do gênero, principalmente a parte da referência tirada de suas enciclopédias. Poderia ter gargalhado da amiga, da situação e tudo mais, no entanto sua atenção estava focada demais nessa história de missão médica que não conseguia pensar em outra coisa

— E como faz para se candidatar? Tem etapas ou assinou já está dentro?

— Tem que preencher uma ficha que está na recepção, porque tem alguns requisitos obrigatórios que estão frisados lá. E é por etapa. Depois que você entrega o formulário tem que aguardar alguns dias para ver se te chamam, caso chamem você passa por uma bateria de exames e já está aprovado na primeira fase. — Essa parte sobre exames caiu como um balde de água fria sobre Sakura, estava bom demais para ser verdade. Não poderia sair nessa missão estando grávida.

— Sabe quais exames vão pedir?

— Acho que vai ser um check-up geral. Vamos ser jogados em lugares que não tem um médico sequer, vilas com surtos de alguns vírus e tudo mais, devem checar tudo, por vacinação em dia, prevenir qualquer outra reação.

— Entendo.

A missão não servia para ela, teoricamente não servia, porque ela não precisava sair em uma missão para enganar a Sasuke, apensar dizer que saiu. Quanto tempo essa farsa duraria não dava para saber, mas provavelmente o suficiente para leva-la até Suna ou ao menos, até o meio do caminho. Ele nunca iria até o Hospital para confirmar e caso fosse a Hokage, tinha o seu ajudante aqui para atrapalhar.

Droga!

Nesse caso, Naruto seria melhor que Kakashi! Mas não tinha como pensar nisso. Seu plano já estava quase traçado: fugiria enquanto Sasuke estivesse em missão; não dava para prever o tempo, dessa forma assim que ele partisse agilizaria tudo e deixaria um bilhete informando que ela saiu em missão; teria seu aliado para confirmar a partida e com sorte quando ele começasse a desconfiar de tudo isso já estaria tão longe quanto o possível.

Sim. Sim. Sim! Isso era um plano quase decente. Ainda precisava ajeirar as arestas, informar os participantes, arranjar um jeito de comunicar Gaara e não ser considerada uma nukenin. No entanto nada de negatividade, fugiria dessa tormenta e seu bebê, estaria longe de toda essa aura negra, pesada e sufocante. Estariam juntos, sem ameaças de separação em um lugar bom e feliz.

...

*Iryou-nin: ninjas especializados em tratamento médico e na utilização de ninjutsus médicos

Enquete: Fanfic do Mês

Pagina: Fleur D'Hiver


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Notas finais do capítulo

Mais teorias? Mais conspirações? O que dizer do plano da Sakura? A gente já sabe que ela vai atrás do Naruto... Mas o Kaka é a primeira opção. O que será que rolou? Heim? Heim? Vejam hoje, no Globo Reporter. -nnnnn

Eu tinha dito que no próximo cap já seria o prologo, mas esse ficou longo demais e eu cortei então existe a possibilidade de não rolar no próximo. Eu manjo muito da arte de me estender. Hehehe

Como vamos voltar ao prólogo gostaria que me dissessem que eu reescrevesse na integra a cena (claro, esse capítulo seria bem grande), tentasse por algumas partes ou já mostrar o que seria o depois do prólogo: o que viria a seguir a chegada e ao pedido da Sakura ao Naruto.
To cheia das duvidas com relação a isso.
Digam que músicas vocês escutam enquanto leem BF, vamos montar nossa playlist e frase ou cena mais marcante EVER até o momento para vocês.

Estou respondendo os comentários no passo da tartaruga, não desistam de mim!
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Agradeço a todos vocês que fazem de BF, BF. Gente que acompanha, comenta, favorita, recomenda todos em meu coração;*
Aguardando vocês nos surtos e no próximo cap