Broken Flower escrita por Fleur dHiver


Capítulo 22
A Pior de Todas as Traições


Notas iniciais do capítulo

Minha internet caiu as quase quatro da manhã e só voltou agora. >.<
Para o povo que prometi no face postar na madruga, não tenho culpa! O mundo conspira contra mim. Desculpa.
Dedicado a GuaruDaAmora e ao Tanaka Kou (amo/sou Kou) ♥
Guaru vamos o infinito juntas mais uma vez e outra vez e de volta e sempre. Kou (mozão. Com esse avatar a intimidade rola fácil. nnn #ÉAFaltaDeSonoFalando) primeira recomendação, vemk que vou te guardar no meu coração. çç Lana Del Rey me embala muito nessa fanfic. Muitas lágrimas ao som de Young and Beautiful, mas não esse capítulo. Esse capítulo eu escrevi vendo Lisbela e o Prisioneiro, então ele tá muito nacional, ainda mais aquela música da mulher do matador e Agora... O que faço eu dá vida sem você? Você não me ensinou a te esquecer (8)
Amei as duas dedicatórias, infelizmente não é um cap feliz, mas é meio que a cara de BF. Então acho que é um privilégio ter um cap sofrência em homenagem. AHAUSHA
O capítulo tá intenso, mas talvez um pouco mais leve do que eu pensava (o que não significa que está leve para todos)

Recomendações médicas:
Se sua TPM é do tipo chorosa, não leia até ela passar.
Pegue o ursinho de pelucia, ou o namorado, ou os dois.
Chocolate a gosto
e uma caixinha de lenços umedecidos.

O gongo rolou, bem vindos ao fight. Uma boa leitura a todos;*



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— Ainda não consigo acreditar que está saindo com Sai. — Tomou mais um gole de café enquanto segurava a vontade de rir daquela história mirabolante. Nunca teria suposto que encontro entre essas duas pessoas tão improváveis pudesse acontecer.

Como era dialogo? Quer dizer o que a Ino sabia sobre o Sai? O que Sai sabia sobre a Ino? Só podia pressupor as conversas mais estapafúrdias possíveis, com o ninja falando coisas tiradas de sua enciclopédia e Ino fula da vida. Porque era isso, ele falaria sobre a necessidade dela de estar sempre bonita como falta de algo ou medo e ela jogaria a bebida na cara dele. Tinha que ser assim!

Mas aparentemente não foi.

— Não está tentando me pregar uma peça, né? — A Yamanaka deu uma risada anasalada, cutucando com o cotovelo a lateral do corpo de Sakura.

— Bem, eu ainda não consigo acreditar que casou com Sasuke, ou melhor, que ele casou com você. Parece que estamos em um impasse, testuda. — Revirou os olhos, pegando algumas rosquinhas de dentro do pacote em sua bolsa

— Não posso fazer nada com relação a isso, pois independente das suas crenças nos casamos. — Ergueu sua mão esquerda, balançando em frente ao rosto da amiga, enquanto remexia os dedos para enfatizar ainda mais a aliança que ornava seu anelar.

Ino apenas sorriu, apreciando o som da risada leve de Sakura. Um som suave e delicado, um som que a muito não ouvia. Observou com atenção os contornos da amiga, mesmo de perfil podia ver que seus olhos brilhavam, aquele brilho característico e suave que ela sempre teve quando sua risada alcançava até mesmo sua íris.

— Eu falei que era só uma questão de tempo até tudo dá certo. — As palavras da amiga a sobressaltaram, fitou Ino por um momento até a lembrança pular em sua cabeça.

O dia no hospital que falou sobre quase todas as suas inseguranças, principalmente com relação a um herdeiro para Sasuke. Um filho... um filho que agora ela carregava e não poderia estar mais feliz e plena do que naqueles últimos dias. Quando contasse a Yamanaka ela surtaria sem dúvida alguma.

— Mesmo você não falando dá para perceber a felicidade obvia de vocês. Não tira esse sorrisinho besta da cara. Já está me deixando enjoada. E afinal quando eu vou saber o que está me escondendo? — O aperto de Ino foi forte no braço dela, mas Sakura não demorou a se livrar do agarre da amiga. Sabia que ela estava morrendo de curiosidade, porém ela não podia saber antes de seu marido.

— Só saberá depois que ele voltar de missão. — Fitou o relógio em seu pulso mais uma vez, certificando-se de que ainda tinham algum tempo para passear. Já tinha comprado algumas (muitas) coisas, mas agora um macaquinho vermelho e branco não saia da sua cabeça, tão fofo e delicado, queria voltar na loja e tê-lo para si.

— Ainda tem a surpresa dele! — Ino voltou a segura-la, sacudindo-a pelos ombros com mais ímpeto do que o desejado por Sakura. — Testuda, eu tenho quase certeza que estou mais empolgada que você com todas essas reviravoltas, parece que a surpresa vai ser para mim. — Sim, isso era verdade. Apesar da curiosidade a expectativa de Sakura estava voltada para o que ela ia dar, enquanto Ino falava todos os dias sobre o que ela ia receber de Sasuke. — Você disse que ele saiu em missão com o Time Taka, não foi? — Enrugou o nariz pelo comentário, não gostava que chamassem o outro time por esse nome.

— Sim. Voltam no final de semana, creio eu.

— Achou que eles já voltaram. — Uma risada escapou dos lábios da Yamanaka, fitou-a para ver se ela estava caçoando, mas Ino não lhe fitava. Sua atenção estava voltada para algum ponto qualquer no meio da avenida principal.

Observou o movimento das ruas, o mercado, as calçadas, mas não havia nada que prendesse sua atenção ou pudesse fazer com que sua amiga soltasse tal comentário.

— Ino...

— Aquela não é a Karin? — O rosto de Sakura foi segurado e virado em direção a um ponto vermelho, obviamente uma cabeleira ruiva e a pessoa parecia usar óculos, as características eram únicas, mas não tinha certeza absoluta se era mesmo Karin. — Fico feliz que as coisas entre vocês duas também tenham se assentado da melhor forma que poderia. — Chegou a dar uma risada, pronta para responder a Ino, mas um ponta luminosa manteve seu olhar preso na figura que caminhava despreocupada. Assim que a garota ergueu o braço um brilho luminoso surgiu e o coração de Sakura pareceu ter falhado uma batida.

Não. Não era possível, não tinha como ser. Por que ela tinha cogitado exatamente isso? Não havia nada no pulso dela, era só impressão e mesmo que tivesse, Karin era vaidosa como qualquer outra garota, com toda certeza tinha pulseira e braceletes em casa.

— Sakura?

O chamado de Ino a trouxe de volta, mas ainda assim não conseguia desviar o olhar da figura que já podia ver com clareza, era ela.

— Eu...

Não era nada. Ele disse, disse com todas as letras que não tinha envolvimento que era coisa da cabeça dela. Ele fez uma promessa. “Que pensamentos absurdos você anda tendo, Sakura” – Riu de sua própria incoerência.

— Sakura, está tudo bem? — Ela realmente queria dizer “que sim” a Ino, sorrir e continuar a falar sobre futilidades, Naruto, Sai, Hinata, qualquer coisa, mas não conseguia manter a atenção presa na amiga, seu olhar voltava a Karin e a na quarta vez que isso ocorreu, sentiu uma ponta profunda no peito.

Sim, era uma pulseira em seu pulso, uma pulseira prata. Droga! Não, sentiu o toque de Ino em seu braço, mas se afastou, fechando os olhos e puxando em suas lembranças toda e qualquer bijuteria que já tenha visto a garota usar. Passou algumas pulseiras de couro preta, mas nada prata, nada reluzente. Nada que... soltou o ar com dificuldade, ela caminhava em linha reta no meio da rua, tranquila e despreocupada. Puxou uma das mangas da blusa para cima e... era um bracelete. Havia deixado o copo de café cair sem perceber, se afastou do chão melecado.

— Você está quase chorando! Está se sentindo bem? Quer algo para comer? Sentar? Não sei. Qualquer coisa. Eu preciso que fale o que está sentido. — Os questionamentos de Ino a sufocavam, pareciam estar em uma dança coordenada, ela dava um passo e logo era acompanhada, passou as mãos no pescoço, massageando a nuca.

— Ino... Eu...

Gesticulava, mas as palavras não saiam. Sua voz já estava embargada, ela estava certa, estava prestes a chorar e não podia, não devia. Mas não conseguia se controlar, levou uma das mãos ao peito, fechando o punho abaixo do seu pescoço. No entanto seu gesto puramente tenso, foi mal interpretado pela amiga.

— É um mau pressentimento? — Braços gentis a acolheram, as mãos de Ino esfregavam gentilmente seus braços, buscando consola-la. — Fique tranquila, somos médicas se algo de ruim tivesse acontecido nós seriamos as primeiras a serem informadas, Sasuke deve estar em casa agora ou entregando...

A menção do Uchiha a fez se desvencilhar da amiga, quando ela cogitou ir em direção a Sakura estendeu uma das mãos forçando-a parar. Jogou o cabelo para trás e respirou fundo. Era a joia, tinha certeza, bela e reluzente, tinha um falcão sobre a pele clara de Karin. Ino continuava a falar ao seu lado, mas não conseguia mais ouvi-la, o único som que tinha em foco era o da sua própria respiração.

Quando fechou os olhos pode sentir as pequenas gotículas de lágrimas descendo pelos seus cílios. Como? Como pode? Não queria saber demais nada, passou a mão no rosto e deu o primeiro passo.

— Sakura!

Karin já esperava ser confrontada, era obvio. Mantinha o sorrisinho presunçoso no rosto, apesar de ter fingido, da pior forma possível surpresa em vê-la, Sakura cortou qualquer falsa cortesia e educação. Estava em ebulição e não se importava se o seu alvo se tornasse ela.

— Onde ele está?

— Quem? Seu marido? Como eu vou saber? O marido é seu, não é mesmo? — Em um movimento rápido arrancou o maldito bracelete do braço de Karin e começou sua caminhada em direção ao distrito. Porém logo foi forçada a parar ao ter o pequeno objeto arrancado de seus dedos. — É meu e não te dou o direito de toca-lo.

— E eu não dou a você o direito de chegar perto da minha casa ou da minha família. E se eu a encontrar aos arredores, você vai se arrepender. — Não houve resposta e ela não esperou por uma, já podia sentir os olhos curiosos sobre si, mas não se importou. Não virou para trás, ignorou a todos e seguiu seu caminho para casa, porque só tinha uma pessoa de quem esperava ouvir alguma coisa.

O som da porta batendo reverberou pela casa. O coração saltava em seu peito, os nervos em frangalhos, estava pronta para despejar toda a sua irá, mas não tinha como, Sasuke não estava. Foi de cômodo em cômodo a sua procura. Sentou-se no meio da escada, sentindo a raiva passar e em seu lugar finar apenas a decepção, a dor que a consumia por inteiro.

Apoiou os cotovelos nas pernas mantendo as mãos estendidas em frente ao seu corpo, a aliança dourada reluzente em seu dedo. Tombou para o lado, apoiando a cabeça nos vãos do corrimão, permitindo-se chorar e pôr para fora toda a dor que estava sentindo.

"E a Karin? Você me esfrega ela na cara todo santo dia, me impõe a presença dessa vagabunda, quer que eu a aceite, que eu conviva com ela. Mesmo eu estando ciente de tudo."

"— De tudo o que? — Esbravejou cruzando os braços em frente ao corpo. — O que você fantasia entre mim e a Karin, me fala? ”

“Karin é minha companheira de time, apenas isso."

O som do trinco a alertou da chegada dele, mas não moveu nem um centímetro sequer em sua direção. Na sala silenciosa podia ouvir os mínimos ruídos, o som das chaves sendo tacadas no pote que se encontrava em um móvel do hall, a capa sendo largada em algum lugar, a bolsa sendo largada e as sandálias ninjas sendo jogadas.

Havia uma exasperação nos gestos dele, uma irritação palpável. Talvez Karin já tivesse contado a ele sobre o encontro entre elas duas, talvez já estivesse pronto para dar suas desculpas imbecis, suas promessas vazias. Sakura passou ambas as mãos no rosto. Chega de chorar.

— O que está fazendo na escada e no escuro? — Sasuke passou por ela, sem lhe dar muita atenção, tomando o caminho para a cozinha.

— Como foi a missão? — Antes que ele cruzasse o batente para o outro aposento, se virou a fitou.

— Não quero falar sobre isso. — O maxilar trincou com aquelas palavras, porque Sasuke sempre arranjava um jeito de sair pela tangente.

— Mas eu quero falar sobre isso.

— Minha missão não é um assunto seu. — A voz dele saiu mordaz, seu tom era forte para não deixar possíveis brechas. Pegou uma garrafa de água na geladeira, tomando um longo gole.

— É assunto meu quando você usa suas missões para ficar com ela. É assunto meu quando você consegue ser cínico bem na minha frente e continuar fingindo com tanto descaramento que Karin não é sua amante. — A porrada que Sasuke deu no balcão da cozinha, fazendo com que Sakura saltasse para trás pelo movimento inesperado, mas a vontade que tinha era de tacar tudo que via pela frente nele.

— Ela não é minha amante! Não é! Será que isso não consegue entrar na sua cabeça? — Controle não era a palavra da vez, estava nítido que Sasuke também não estava para brincadeiras no dia de hoje,

— Mentiras não entram na minha cabeça! — Segurou o encosto de uma das cadeiras, inclinando o corpo para frente. — Eu não confio em você! Eu não acredito em você!

— E o que mais você quer de mim? Eu agi como você queria, eu disse o que você queria ouvir. O que mais eu preciso fazer para que me deixe em paz, Sakura? — As palavras não foram medidas na hora de serem proferidas, mas bateram forte em quem as recebia.

— Disse... fez... — As unhas estavam cravadas tão fundo nas palmas das mãos que começava a arder e não seria uma novidade se já estivesse sangrando. — Eu só queria a verdade, mas você já provou ser incapaz de dize-la.

— Você quer a verdade? — O olhar era duro e penetrante, um sorriso de escarnio surgiu nos lábios perfeitos e Sakura quase tremeu ao pensar no que ele poderia vir a lhe revelar. — A verdade é que eu tenho coisas muito mais importantes para me importar do que esse seu surto sem sentido, ou do que qualquer outro de seus surtos sem sentido. Tenho questões mais relevantes para refletir do que sua opinião sobre a minha relação com a Karin, e essas idiotices infundadas que você fala! Durante meses eu e o Naruto temos planos que acabaram de ir por água abaixo e saber o que você pensa sobre o meu “caso” não chega nem perto das minhas prioridades no momento.

— Eu não... eu não consigo. — Remexeu os ombros dando alguns passos para trás. — Não consigo. Não dá mais para mim, eu cheguei ao meu limite de tudo. — Andava de um lado para o outro, os olhos enxercados, a paciência de Sasuke já perdida a muito tempo.

— O que? O que não dá para você? A verdade? Foi pesada demais? — Cruzou a bancada, puxando-a pelo braço e a forçando a encara-lo. — Ou você preferia uma versão dramática para acompanhar o seu show?

— Amar por nós dois! Você conseguiu! Parabéns, tirou tudo de mim... — e aquela frase ecoou entre eles, bateu fundo e dolorosamente. Como se a tocar queimasse, ele a soltou, mas não se afastou, os olhos negros intensos acabando de destruir o que ainda havia restado em Sakura. — Eu não sei nem mais o que eu sinto por você... o que ainda existe no meio de essa raiva, rancor, desprezo... eu...

— Vai ter que lidar com isso. — Deu uma risada, passando a ponta dos dedos pelo canto dos olhos. Queria gritar, queria dizer tudo o que estava preso em sua garganta, mas fitando a fisionomia crua e fria de Sasuke ela perdeu a vontade, pelo simplesmente fato de que não havia uma razão, então sorriu. Deixando que suas lágrimas corressem livremente.

— Por que? Por que não podia me deixar ir embora? Por que precisava fazer isso comigo e com você? E com todo mundo? Por que... – Suas palavras estavam perdidas em meio as lágrimas. Não. Não conseguia fazer com que sua mente parasse de tortura-la com aquele maldito roteiro.

— Era isso que você queria não era?

— Não...

— Desde o começo.

Estavam frente a frente, mas sua mente estava perdida em meio a todas as diversas lembranças que a destruíam ainda mais. Sasuke ameaçou segura-la pelos braços, mas ela afastou suas mãos. Não queria ser tocada por ele.

— Tudo isso são só desculpas que você arranja.

— Eu odeio o fato de você continuar negando.

— O tempo inteiro. — A puxou por um dos braços, mas ela o empurrou. — Não me toca

— É pelo o que? Pelo Gaara?

— Pela Karin! Não me toca.

— Para você poder se esfregar nele?

— Como você faz com ela? Não...

— O que vocês já fizeram além daquele beijo?

— Não me tire por você e por sua imundice

— Imagino que muitas outras coisas...

— Para de me tocar.

— O que ele faz que você gosta?

— Ele me ouve. Ele me quer. — Sasuke segurou-a pelo pescoço puxando o rosto de Sakura para perto do seu.

— Já avisei a você o que vai acontecer.

— É lindo ver o tamanho da sua hipocrisia...

— Vamos chegar a Karin de novo, talvez seja o que você precise ouvir. — Os lábios dele se arrastaram pela maçã do rosto dele até o ouvido, o hálito quente acariciando sua pele. — Talvez você queria ouvir que eu a fodi. — O empurrou para longe de seu corpo.

— Já falei para não me tocar! Ou...

— Ou o que? Ou o que, Sakura? Vai me lançar longe, então faça, faça agora. — Ele tinha parado de tentar segura-la como vinha acontecendo, seus rostos estavam tão próximos que ela conseguia diferencia a pupila da íris, coisa rara pelo tom sempre tão forte dos olhos dele.

— Eu estou com ódio, com nojo e eu o quero o mais distante possível de mim.

— Garanto que o seu desprezo não é maior do que o que sinto de mim mesmo, querida. — Então subitamente Sasuke a beijou. Um beijo intenso, forte e odioso, quase uma imposição por parte dele. O empurrou, jogando-o contra o batente da pia. — Parece que vamos ter que aprender a viver com o seu desprezo, com seu ódio e com o seu nojo.

Não podia continuar ali, não queria mais ter que fitá-lo. Deu as costas a Sasuke, caminhando em direção as costas, no entanto ele não permitiu que saísse dessa forma e a seguiu, puxando-a pelo braço e sendo repelido.

— Olhe para mim! — A sacudida a nauseou, apoiando-se no corrimão da escada, sem intensão alguma de se voltar para ele. — Eu não vou deixar você ir. — Caiu. Carregando-o junto e mesmo sem querer demonstrar nada chorou novamente, sentindo seus ombros tremerem, enquanto soluçava, virou a cabeça quando ele a puxou, mas não a ergueu, permaneceram os dois sentados na escada, ela praticamente jogada, sentindo parte do seu corpo sobre a perna esquerda dele.

— Só me deixa em paz.

— Vamos esquecer isso.

— Esquecer...

— E continuar nossas vidas.

— Nossas vidas... — Ergueu o tronco escorando-se no corrimão oposto ao dele.

— Pare de repetir o que eu digo, Sakura.

— Por que continuar?

— Porque é o certo. — Apesar da briga, o tom dos dois estavam calmos, cansado. Era esse o sentimento, só não sabiam direito do quê.

— Você não se importa. Não se importa comigo, ou com o que eu penso, ou com o que acho e sinto... então para que...

— Hoje não foi um bom dia, eu não estava em um bom dia

— E quando são os bons dias? E você precisa de um bom dia para estar bem com a sua esposa, para conversar e para ouvi-la e ser ouvido? — Ele não a respondeu. Já tinha cansado de secar as lágrimas, elas escorriam volta e meia. — Eu falava sério quando disse que o liberto. Sem ressentimento.

— Não.

— Só... eu não sei. Mas vai... — Suas pernas foram seguradas e Sasuke impulsionou o corpo para frente, se enfiando entre elas, uma mão repousada no degrau de cima na altura de sua cintura, enquanto a outra secava algumas de suas lágrimas.

— Não.

— Não faz sentido continuar.

— Não posso ir e nem deixar você ir. — Ele segurou o rosto dela deslizando os lábios por sobre os macios e aveludados de sua esposa, proferindo as palavras por sobre sua boca suculenta.

— Para... por favor.

— Eu não traio você com a Karin, acredite em mim.

E antes que ela realmente acreditasse, se levantou, afastando-se dos toques delicados que só queriam mantê-la. Eram uma mentira, ela já conhecia toda a história. Seria uma tola se voltasse a cair nela. Sasuke ameaçou acompanha-la, mas ela o impediu.

— Eu quero ficar sozinha, só hoje. — Como em sinal de aceitação, ele recuou um degrau.

— Só não faça as malas.

Em seu quarto correu direito para o banheiro, seu estomago estava embrulhado, pois para fora tudo que tinha comido aquele dia. Lavou o rosto e jogou-se na cama e chorou tudo que tinha e o que não tinha para chorar. Não sabia o que fazer, o que falar, o que pensar. Com Sasuke por perto ela nunca pensava com clareza, preferia que ele sempre fosse um imbecil porque assim era muito mais fácil ver as coisas com clareza.

Acabou caindo em um sono sem sonho e acordou ouvindo o ruído de um trovão. Ergueu a cabeça vendo que já tinha escurecido, fitou o quarto, só então percebendo que havia deixado sobre o criado mudo de Sasuke a caixinha vermelha com o sapatinho do bebê e o chocalho de prata dentro.

Pegou o pacote. Contar ou não contar? Como pai merecia saber, mas não tinha vontade alguma de partilhar aquela alegria com ele. Levou o embrulho para o closet, tirando o tampão de seu fundo e guardando junto as outras coisas de bebê que havia comprado. Já estava com monte de roupinha e acessórios.

Um outro trovão a sobressaltou, fazendo com que Sakura batesse a cabeça na prateleira de cima. Com o movimento brusco a caixa de joias caiu no chão acarpetado, agachou recolhendo tudo que tinha se espalhado, ao levantar a porta-joias, deparou-se com a quarta de Gaara completamente esquecida nos últimos dias.

Largou tudo o que fazia pegando o pequeno embrulho e revirando em seus dedos, não fazia mais sentido não a ler. Deu de ombros, rompendo o lacre e puxando o papel fino de dentro do envelope:

Olá, Sakura.

Bem, você não veio a minha despedida – como eu presumia, e eu não posso negar que isso foi um tanto decepcionante tendo em vista que eu desejava profundamente vê-la. No entanto mesmo com a sua ausência eu não poderia partir sem antes lhe dizer algumas palavras.

Primeiramente sinto muito pelo beijo e pelos tomates, espero que nenhum dos dois tenham lhe causado qualquer transtorno. Depois que eu refleti sobre essas ações distintas percebi como o fui precipitado. Não sei o que me leva ter ações tão estupidas com relação a você, mas tem algo em ti que me deixa inebriando, com uma estranha e intensa vontade de tê-la por perto.

E ainda assim não é justificativa e eu só posso me desculpar e torcer para que tais eventos não tenham tido nenhuma consequência penosa em sua vida. Não se preocupe, essa não é uma carta de amor ou de um tolo apaixonado e sim de um amigo.

Um amigo preocupado e bem-intencionado. Queria lhe contar sobre um fato curioso que eu presenciei e alguns outros que eu ouvi falar.

No dia em que eu a visitei, eu não passei bem o resto do dia. Pelo meu comportamento, pelo seu, pelo de seu marido. Atormentei-me com isso durante horas e alguns rapazes (incluindo meu cunhado) resolveram me arrastar para zona vermelha da Vila. Veja, é um costume comum entre rapazes e a busca era por diversão o que não quer dizer que precisamos ter um contato direito com qualquer garota, mas não vim aqui para lhe falar de minha conduta e sim do que eu vi naquela noite. Não procurei saber se os outros tinham visto também e nem a informa-los para tirar a dúvida, essa é a primeira vez que menciono o ocorrido com alguém.

Durante aquela noite, eu observei seu marido caminhar em direção a uma das prostitutas que o levou para o beco atrás de um prostibulo e logo depois sair arrumando suas roupas. Quando Sasuke não era mais que um ponto qualquer no meio dos outros, arranjei uma desculpa qualquer e fui até a tal mulher.

Juro a você que não queria ser o portador de tais notícias, mas você precisa conhecer a pessoa com quem está casada. Ele realmente fez o que nós dois imaginamos, ela me mostrou o dinheiro e confirmou sua identidade, emendando ainda que era um cliente fixo.

Bem, de qualquer forma, prostitutas podem mentir, então avancei com minhas buscas. Questionei o Kiba, um ácido frequentador daquele lugar se costumava ir junto com o Uchiha e ele só riu e me disse que Sasuke tinha seus próprios polos. Falou de uma ruiva que eu vim a descobrir se chamar Karin. Sabe quem é, não é?

Kiba não sabia de nada, a fundo, tinha apenas insinuações. Shino disse que ela obviamente é muito interessada nele e que seu marido nunca fez nada para repeli-la como sempre costumou fazer com outras garotas da Vila. Chouji disse ter visto ele saindo diversas da casa dela, geralmente sozinho, no entanto alguns dias havia outros rapazes juntos. E só!

Shikamaru acrescentou que quando saímos a procura de algo com um julgamento já formado é muito mais fácil encontrar as provas do que quando não temos nada a pré presumir e ele não está errado. Tudo pode ser uma sucessão de mal-entendidos, mas ainda assim acredito que você deveria estar a par de tudo. Precisa ter total ciência de com quem se envolve.

Todavia eu reafirmo o que já lhe disse: caso precise de qualquer apoio eu estarei aqui, não importa para o que, pode contar comigo.

Att,

Gaara.

(...)

— Prometa-me que não há mais ninguém na sua vida? Prometa que eu sou a única.

(...) e entre um beijo e outro um sussurro surgiu e agora o que ecoava em sua mente era uma única palavra que significa um mundo inteiro: Prometo.

...

Página: Fleur D'Hiver

Enquete: Fanfic do Mês


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Notas finais do capítulo

Então, tem toda uma coisa dramática e eu não se ficou claro ou não. Geralmente eu descrevo muito as cenas, mas tem partes que não fiz. Porque a ideia é um dialogo continuo e ininterrupto, saca? Espero que tenham sacado. Espero ter sido um tapa na cara de vocês. Porque eu acho esse capítulo forte, mas não sei se todos vão achar tbm.

Não sei o que vocês pegaram, mas me contem suas percepções. O que sentiram, o que pensaram lendo cada frase. Quero muito, muito, muito saber.

Eu to caindo de sono, então perdoem minha incoerência. Em setembro rolou o Fanfic do Mês, mas eu não coloquei o link aqui, porque não lembro mais. Mas mesmo sem noticiar por aqui BF ganhou e em outubro eu fechei para o enem e agora novembro BF tem mais um capítulo por causa disso. Devo trazer até domingo.
E votem! Para que aconteça isso mês que vem tbm. Regras: não votem duas vezes, porque tem como eu saber e só um por pessoa conta. Não precisa participar da página, mas seria legal, apenas clicar no link e votar.

Tenho mais a dizer, no entanto, sério... ZzZ.
Estou quase em coma.
Obrigada pelo carinho, comentários, favoritos, acompanhamentos. Amo todos;*
Aguardo suas percepções sobre essa traição e quem CHOROU ME CONTA, PFVR. EU NUNCA PEÇO NADA A VOCÊS (só as vezes, por amor)