Broken Flower escrita por Fleur dHiver


Capítulo 15
O Almoço do Ano


Notas iniciais do capítulo

Povo! E ai? Para quem tava com saudades um capítulo novo e grande o suficiente para ninguém reclamar. COM KARIN!!!!
Não foi betado qualquer monstruosidade é só me informar que eu arrumo.
Espero que gostem. Uma boa leitora a todos;*



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Não foi preciso chamar uma segunda vez, Suigetsu e Juugo acataram seu chamado e em meio segundo eles já estavam a mesa. Passaram por ela correndo, como se não a tivessem enxergado no meio do caminho. Uma atitude comum do primeiro, mas bastante surpreendente por parte do segundo, Juugo era sempre muito gentil e calmo.

Mesmo assim não se importou com os trajetos e a falta de modos, deu de ombros e correu atrás deles. Podia sentir o clima da casa mudar sempre que eles apareciam. A atmosfera se tornava outra, o ar parecia ficar menos denso e sufocante. Não importava as atitudes de Sasuke (ou a falta delas), sempre haveria um motivo para sorrir perto daqueles dois.

Ao chegar a sala de jantar os dois já estavam sentados à mesa. Suigetsu cutucava a refeição com a ponta de um garfo, Juugo apenas observava tudo e ao nota-la parada a porta enrubesceu, abaixando a cabeça.

— Desculpe-me pelo mal jeito, Sakura. Foi a fome. — Seu tom foi tímido, largou os talheres e encolheu-se em sua cadeira, dando uma leve cutucada na perna do amigo para que acompanhasse o seu gesto.

— Não tem problema. Sasuke pegou pesado com vocês? — Puxou a sua própria cadeira ao lado da cabeceira da mesa, Juugo se levantou e sentou-se ao lado.

— Como sempre... — A resposta não veio do rapaz ao seu lado, mas sim de Suigetsu que estava a sua frente ainda examinando a refeição. — O que é tudo isso? Que comida é essa? Não diga que tem peixe em algum lugar aqui. — Diferente do amigo, ele não se importava com sua falta de modos e o que Sakura poderia pensar dela. Estava com fome e a comida cheirava bem, isso era uma coisa importante. No entanto as comidas daquela mulher poderiam ser enganadoras, já tinha sofrido nas mãos dela, afinal Sakura adorava comer peixe.

— Eu não fiz peixe por causa da sua palhaçada. — Voltou sua atenção para ela franzindo o cenho. — É frango empanado e carne assada. Pode aproveitar a vontade.

–— Não é palhaçada, é doutrina. — Poderia dizer que ele não era um peixe ou qualquer outro tipo de criatura marinha, mas a única coisa que fez foi revirar os olhos. Responde-lo só iria dar início a uma briga sem fim. Sorriu ao ver Juugo acompanhar o seu gesto.

— O cheiro está bom. — Assim que a voz ecoou no cômodo tudo pareceu congelar, os garotos ficaram quietos, observando cada passo dado pelo Uchiha, apertou o estofado da cadeira segurando-se para não morder o lábio inferior e deixar obvio seu nervosismo, não deveria ficar assim, estava tudo sob controle.

Assim que ele sentou pode sentir o cheiro do sabonete de camomila do banheiro do primeiro andar, seu olhar era atento, parecia analisar a comida servida criticamente, mas podia ver que seu semblante estava calmo e pacifico. Como imaginara, ele tinha gostado da refeição, com esse pensamento não pode segurar o sorriso mínimo que surgiu em seus lábios.

— Vai ficar só olhando ou vai comer? — A voz de Suigetsu chamou sua atenção, estava prestes a dizer que eles já podiam se servir, mas as palavras morreram em sua garganta assim que seu olhar decaiu-se na figura ao batente.

Sinceramente estava certa que ela não apareceria que arranjaria uma desculpa qualquer e tudo ficaria bem. No entanto ela estava ali, com seu olhar escarlate penetrante, tão penetrante que poderia se dizer que a intenção de Karin era perfurar Sakura.

Porém se a Uzumaki esperava intimidar Sakura de alguma forma iria se arrepende, manteve o contato fixo com o mesmo vigo da outra, até que ela recuasse ao notar que tinha se tornado o foco da mesa, apenas Sasuke parecia mais interessada na comida do que em nota-la, já sabia que ela estava ali afinal, não tinha porque se virar.

— Você é bem vinda a se juntar. — Ser convidada por Sakura a se sentar não era o que esperava, mas como sempre foi de seu feitio disfarçou bem a surpresa, arrumou os óculos e sorriu de forma debochada analisando tudo com o seu nariz fino arrebitado. — Bem, agora vocês podem se servir à vontade.

Suigetsu e Juugo atacaram a comida em uma voracidade só, Sasuke permaneceu contido como sempre, mas repetiu seus pratos umas três vezes, mantendo se em silencio a maior parte do tempo. O almoço foi todo de Suigetsu que não perdeu uma oportunidade sequer de provocar Karin, contando histórias do antigo time Hebi e fazendo piada dos trejeitos da garota. No entanto não houve retorno como sempre ocorria, dava para ver que estava fazendo muito esforço, mas não o respondia, permanecia quieta e na sua, se não fosse por Suigetsu sua presença passaria quase despercebida. Além do fato de parecer que tudo a desagradava, cada garfada era acompanhada de uma careta, serviu-se do mínimo possível e bebericou o Moyashi como se fosse veneno.

Dava para sentir o quão desconfortável ela estava e de uma forma bastante sádica isso agradou a Sakura. Nunca tinha sido o tipo de pessoa que espezinhava, na verdade estava mais para a que confortava os outros, mas não podia negar que sentia um prazer cruel ao vê-la assim tão por baixo, tão quieta.

Sabia muito bem que em parte seu comportamento recatado era por causa de Sasuke, Karin sempre bancava a sonsa quando ele estava a vista, mais cedo ou mais parte ela iria mostrar as garras tinha certeza disso. E mesmo ciente que a causa de sua quietude era apenas um possível disfarce, continuava a se deliciar com tal comportamento.

A situação era sempre inversa. A diminuída era sempre Sakura, enquanto Karin mantinha o seu notório ar de superioridade. Mesmo que nada falasse ou fizesse, a vitória era sempre dela, mas não hoje, não mais em sua casa. Tinha certeza que ela estava notando a diferença.

Ter o conhecimento da verdade não tinha preço, podia devanear sobre os próximos passos dela sabendo que estava blindada, protegida contra todos eles e a única coisa que faria dessa fez era rir. Rir do fracasso e de suas tentativas ardilosas de tentar destruir seu casamento.

— (...) Então a idiota esqueceu a chave do lado de fora e nós tivemos que passar a noite toda trancados naquele quarto com a velhinha e aquela criança barulhenta. A melhor parte vem agora, de manhã...

— Chega! Você poderia muito bem quebrar aquela porcaria de porta, mas eu prefiro não falar sobre isso. — Bateu com o copo na mesa, ajeitando os óculos de aro vermelho logo em seguida. — Acho que já deu de relembrar é viver, talvez eu devesse contar algumas histórias imbecis sobre você.

— Fique à vontade, porque as imbecilidades só particularidades suas. — Juugo sorriu, mas logo se arrependeu ao notar o olhar mortal que Karin direcionava a ele. — Sou incrível demais para isso.

— Deveríamos começar contando porque você não come peixes. — Sakura tinha parado de prestar atenção nas histórias quando a Uzumaki abriu a boca, mas após essa sentença não teve como não erguer a cabeça e observar o desenrolar das coisas. Suigetsu ficou mudo, sua expressão leve e sarcástica desapareceu e ele parecia enraivecido de verdade, como nunca tinha visto.

— Isso é particular! Essa é a minha doutrina.

— Doutrina? Há! Você... — A discussão foi interrompida com o som da cadeira de Sasuke arrastando no assoalho de madeira.

Todos os olhares caíram sobre ele. Não gostava de ter que dar explicações, não queria ficar ali e continuar a ouvir aquelas bobeiras, ainda por cima mais uma discussão entre Karin e Suigetsu, no entanto como as coisas se sucederam se viu forçado a dizer algo.

Ereto, fitou os olhos claros e expressivos de sua esposa.

— Vou meditar. Obrigada pela refeição, Sakura. — Um sorriso suave surgiu nas feições alvas, sorriso esse que não lhe era direcionado faz tempo, mas o contato foi quebrado pelo barulho de Karin no outro lado da mesa.

— Eu vou também! — Ergueu-se em um pulo, afastando-se do assento com afobação.

Essa ideia não apareceu agradar a Sasuke, bem, não tinha como ter certeza já que ele não esboçou nenhuma reação, apenas deu um suspiro e começou a caminhar em direção a cozinha, acompanhado por uma animada Karin.

Sakura nada disse, observou-os passar pelo batente e então ergueu-se começando a recolher os pratos sobre a mesa. Ela tinha feito uma promessa, ele tinha feito uma promessa. Nada acontecia, nada nunca aconteceu e eles estavam no jardim, a vista de todos.

— Está tudo bem? — Não se surpreendeu ao ver Juugo, ajudando-a a retirar a louça.

— Está sim. Obrigada a ajuda. — Junto levaram os pratos para a pia, evitou ao máximo voltar sua atenção para o jardim. Não tinha porque ficar bisbilhotando.

— Você deveria treinar com a gente, sabia? — Suigetsu largou o que carregava de qualquer jeito sobre a mesa da cozinha. — Não tem mais nada para lá.

Abriu o registro d’água e com a ajuda de Juugo começou a lavar a louça. Não conseguiu resistir por muito tempo e acabou dando uma pequena bisbilhotada. Sasuke estava sentado bem abaixo de um grande carvalho com Karin rodando a sua volta, parecia tentar conversar alguma coisa, mas não durou muito e logo se sentou ao lado dele, mas diferente do primeiro não estava em total concentração, mexia a cabeça e os ombros a todo instante.

— Acho que não seria uma má ideia.

— Não mesmo, princesa. Quem sabe assim, a Karin não some. — A risada de Suigetsu ecoou pelo ambiente e os outros dois o acompanharam.

— Até parece que você ia gostar caso isso acontecesse.

— O que? Você está dizendo aquilo que eu acho que está dizendo, princesa? — Bateu com força no tampão de madeira da mesa. Não podia acreditar que estava ouvindo aquele tipo de insinuação. — Eu ia amar se a Karin sumisse de vez, nada ao contrário disso.

— Hum... É mesmo?

— Acho que sentiria a falta dela. — Ousou dizer Juugo, encolhendo os ombros logo em seguida, se fosse possível se esconderia atrás de Sakura, Suigetsu estava com cara de quem iria matar alguém.

— Vocês são loucos, ‘tá faltando louça para ocupar as suas cabeças. — Pegou as peças que tinha deixado sobre a mesa e largou na bancada ao lado da Uchiha e voltou para o seu canto, resmungando vários impropérios. Sakura e Juugo se entreolharam e sorriram.

O resto da lavagem se passou tranquila, Suigetsu reclamou da monotonia, do som da água, da chatice que era a ioga de Sasuke, dos pássaros de Juugo, dos cabelos vermelhos de Karin e ainda disse mais, segundo ele, Sakura era perfeita, poderiam fugir juntos que ele não se importava com o fato dela ser polígama.

— É sério, princesa. Seu único defeito é ser casada com Sasuke, o ditador. Eu fico imaginando como será quando vocês tiverem seus filhos, pobre da criança. — Parou de esfregar o prato ao ouvir aquela frase, Naruto sempre disse que Sasuke seria um bom pai, ela por muito tempo acreditou nisso também, mas agora já não sabia mais.

— Sakura... — Virou-se para Juugo ao seu lado e abanou a cabeça voltando a lavar o prato.

— E você vai dar doce escondido, porque ele não vai permitir açúcar na casa. Vai ser aquela que “deseduca” ou a que faz que é realmente necessário.

— Nossa, dessa forma eu serei uma mãe terrível.

— Muito pelo contrário, será a melhor de todas as mães.

Em meio aos risos, fechou o registro da torneira e mais uma vez voltou sua atenção para o jardim, Sasuke ainda estava lá, sentado em sua posição de lótus, tranquilo e inalterável, no entanto a Uzumaki não estava mais orbitando a sua volta. Deu de ombros, não se importava com o local onde ela se encontrava, seria até melhor se tivesse ido embora.

— Bem, eu vou por algumas roupas para lavar e nós podemos fazer um treinozinho de leve, que tal? — Juugo se animou com a ideia, mas Suigetsu anuiu.

— Chega de treino por hoje.

— Podemos fazer algo no centro então? — Dessa vez ambos se agitaram. Passou a mão pelos cabelos, prendendo-o de forma desleixada. — Ok. Já voltou então.

— Sakura, tem algo doce?

— Torta de limão na geladeira.

Mesmo no corredor podia ouvir a voz de Suigetsu e os barulhos que fazia ao pegar a comida, fechou os olhos tentando não pensar na possível bagunça que ele estava fazendo, ao voltar a abri-los visualizou algo que não esperava, parada no final do corredor estava Karin.

Aquele velho e conhecido ar de soberba havia retornado junto com sua presença inusitada naquele lugar.

— Por mais que me custe admitir preciso dizer que o almoço estava bom.

— Eu sei que estava, mas de qualquer forma obrigada. — Karin deu uma risada anasalada.

— Você está adorando isso, né? Acreditando que essa sua brincadeira de casinha é realmente alguma coisa. — Passou a ponta do dedo por uma das cômodas que estava no corredor, mexendo no arranjo de flores logo em seguida. — Ou melhor, acreditando que ele é só seu. — Essa foi a vez de Sakura dar uma risada, a Uzumaki não entendeu o porquê, mas não demonstrou.

— Então é isso? — Cruzou os braços em frente ao corpo, dando alguns passos em direção a outra. — Essas são as coisas que tem a me dizer? Previsível, devo dizer que esperei durante o dia todo pelo momento que iria ouvi-la e estou... Decepcionada.

— Decepcionada, é?

— Sim, muito decepcionada.

— Você é mesmo patética, parece que gosta de uma boa mentira. — Não havia mais distância entre elas, estavam paradas de frente uma para outra. Karin mantinha seu olhar debochado e cínico, enquanto Sakura se mantinha confiante e altiva.

— Ele me contou tudo, Karin. Eu sei a verdade, toda a verdade.

— A foi? Ele sentou ao seu lado e resolveu abrir o seu pobre e sofrido coração?

— Seu deboche não adianta mais, suas perturbações não me atingem mais e pensando bem nunca deveriam ter me atingindo. Já deveria saber que são apenas as ações de uma pessoa desesperada. Chego a ter pena de você, Karin. Fica tecendo essas histórias porque é infeliz e não consegue aceitar o fato dele ter preferido a mim. — Mesmo que o sorriso permanecesse em seus lábios, podia ver seus olhos crisparem de raiva. — É, estou usando essa palavra: pre-fe-ri-do. Porque essa é a verdade, ou não, já que segundo ele nunca houve outra opção a não ser eu.

O som de palmas ecoou pelo espaço fechado e vazio.

— Lindo. Isso é muito meigo e fofo. Consigo imaginar a cena exata, ele tocando seu rosto e dizendo tais palavras e você, boba como é, admirando cada silaba que saia pela boca dele. Tão previsível, as vezes você me frustra...

— Não são mentiras.

— Claro, ele seria o primeiro marido a negar uma traição. — Cerrou o punho, enquanto Karin mantinha as mãos unidas em frente ao rosto.

— Não é do feitio do Sasuke mentir. Nunca foi!

— Acho engraçado como vocês de Konoha, custam em aceitar que ele mudou. Talvez eu tenha um espaço por isso. Porque você não o enxerga mais, não o entende como eu. — Sua mão coçou de vontade de ir no rosto alvo dela, mas se segurou ao máximo que pode e forçou um sorriso.

— Eu entendo o meu marido melhor que qualquer um! Sempre entendi, sempre vou entender. Não a nada que diga que vai mudar o fato dele ser meu e de você ser apenas uma invejosa. Além de ser o pior tipo de amante que existe no mundo, pois eu nunca vi uma que contasse a esposa que seu marido a trai.

— Sabe por que eu falo? — Aproximou o rosto do ouvido de Sakura. — Porque você é fraca e não importa o que seja dito, você nunca vai deixa-lo e eu me divirto demais com isso. Eu o vejo na minha cama e sorrio ao imaginar você aqui, nessa casa, limpando, lavando e cozinhando para ele. Como a boa esposa que é. Tão adorável, tão dedicada, pena que a dedicação dele seja minha. — Não teve como se segurar dessa vez e seus dedos estalaram no rosto alvo e ao ouvir a risada dela teve vontade de agarra-la pelo pescoço e esgana-la com suas próprias mãos. — Pode me bater, pode me xingar isso não vai fazê-lo amar você, nunca vai.

— Quer saber... Não vale a pena. Você simplesmente não vale! O melhor que eu tenho a fazer é sair de perto de você e rir das suas tentativas patéticas e frustradas.

Mesmo que estivesse querendo matá-la e por toda a sua raiva para fora, segurou-se. Porque era madura e havia feito escolhas. Só precisava se acalmar e pensar com clareza, tinha certeza que quando o fizesse ia enxergar o desesperou de Karin em cada uma daquelas palavras. Era só desespero.

Deixou-a sozinha no corredor, tomando o caminho até a lavanderia, mas Karin não permitiu que conseguisse se afastar o suficiente, pois logo a segurou pelos ombros, colando as costas de Sakura.

— Eu poderia deixar isso passar, mas acho que você deveria saber, ou melhor se prevenir. Tome cuidado por onde anda, princesa. Ou vai acabar ouvindo histórias que podem destruir o seu conto de fadas, afinal, nosso Sasuke é guloso.

Não ficou para ouvir a risada ou qualquer outro tipo de provocação a mais, tomou seu caminho até o final do corredor e virou em direção a lavanderia, abriu a porta e entrou. Se soubesse que entre todas as coisas que poderia fazer aquela seria a pior, não teria entrado naquele cômodo. Deveria ter lembrado, não podia ter esquecido que aquela maldita peça estava ali. Agora, todo o ambiente parecia impregnado com aquele maldito cheiro adocicado.

Por um tempo manteve sua atenção voltada para a jaqueta no pequeno cesto ao chão, se ajoelhou ao lado dele. Não tinha necessidade, pois estava sentindo o cheiro da porta, mas ainda assim esfregou a peça em seu nariz.

Fechou os olhos. Aquilo não era nada.

“Vai acabar ouvindo histórias.”

Era apenas roupa suja, aquela noite tinha sido tudo para eles. O que uma jaqueta e um perfume barato poderiam representar?

“Nosso Sasuke é guloso.”

Não. Não! Era só mais uma mentira, era só mais veneno. Karin estava desesperada e faria qualquer coisa para desarma-la, qualquer coisa... E quase conseguiu, quase.

Não deveria pensar essas coisas. Eram só besteiras.

Abriu a tampa da máquina de lavar e jogou a jaqueta. Era só uma peça de roupa, uma maldita peça. Lembrava de ter sentido cheiro de bebida também, ele estava bêbado, poderiam muito bem ter esbarrado em alguém na rua e o perfume ficou.

Era um perfume forte, ficaria em qualquer um.

Eu o vejo na minha cama e sorrio ao imaginar você aqui, nessa casa, limpando, lavando e cozinhando para ele. Como a boa esposa que é.”

Nada disso importava, nada mais a abalaria.

Palavras vazias, nada mais que isso.

Pegou o resto das roupas sujas e tacou na máquina, ligando-a logo em seguida.

— Sakura? — Passou a mão pelo rosto tirando as lagrimas que tinham se acumulado no canto de seus olhos. Ao se virar, Suigetsu estava parado em frente a porta. — A Karin lhe disse alguma coisa?

— Não. Por que a pergunta?

— Ela passou pela sala igual um foguete, mais animada do que esteve a tarde toda, eu estranhei esse comportamento. — Sorriu, colocando uma mecha de seus cabelos rosados atrás da orelha, fitando os próprios pés. — Se ela disse algo: ignore. Ela é louca, não se leva a sério.

— Eu sei, não se preocupe.

— Vamos ao centro ainda? — Fitou-o por um tempo antes de lhe responder, a verdade é que tinha perdido o ânimo completamente, suspirou e permitiu que seus ombros caíssem.

— Acho que não, lembrei que tem algumas caixas no escritório de Sasuke que precisam ser arrumadas. Devo passar o dia organizando essas tralhas. — Suigetsu deu de ombros, abrindo a porta da lavanderia.

— Vai querer ajuda?

— Não, não. Essa parte eu prefiro fazer sozinha. — Sakura o acompanhou para fora do cômodo.

— Mas eu achei que... — Era a voz de Karin, não dava para definir o que falava, mas seu tom não era mais provocador como minutos atrás, parecia irritada. — Você que sabe então... — Os sons que se seguiram foram sussurrados, segurou-se para não se aproximar sorrateiramente, o barulho da porta batendo os trouxe de volta e Sakura começou a caminhar mais depressa, quase correr.

— Sakura, tem uma coisa que eu queria muito falar a você... — Tentou segura-la pelo braço, mas ela se esquivou do agarre dele. — Lembra aquela...

— Suigetsu! Agora não. — Não parou por nenhum momento, ao chegar a sala de estar da casa, Sasuke estava lá, juntando os cacos de um copo de vidro. Parecia desatento, só a percebeu quando estava a quase cinco passos dele, parou o que fazia assim que a viu. A Uchiha junto as mãos em suas costas, torcendo os dedos até os nós ficarem brancos.

— Hum...

Abriu e fechou os lábios algumas vezes, tinha tantas perguntas, tantas duvidas, mas Sasuke era arisco demais para ela simplesmente jogar tudo para fora.

— Você vai sair ainda hoje?

— Não. Vou ficar em casa.

(...)

Passou a ponta dos dedos pelos músculos bem torneados, delineando algumas pequenas marcas e cortes, algumas não passavam de um sombreado na pele alva, ao que tudo indicava os cuidados médicos que recebeu ao longo desses anos tinham sido bastante esdrúxulos.

Beijou-lhe a omoplata direita e deitou a cabeça sobre as costas largas, sabia que apesar da respiração tranquila e compassada ele ainda não dormia, estava bem acordado. Subiu uma das mãos até o cabelo negro espetado e sedoso.

“Porque ele seria o primeiro marido a mentir sobre uma traição”

Fechou os olhos e encolheu-se em seu canto, parando com as caricias e se afastando do corpo dele. Apertou a coberta contra o corpo nu. Não deveria estar tendo aquele tipo de pensamento, não depois de tudo. Por que se torturar assim? Por que?

— Sasuke?

— Hum...

— Aquela noite... A sua promessa, não foi só para me dobrar foi? Ela era real.... Cada palavra era real, não era? — Ouviu-o suspirar, a coberta foi arrastada e logo ele estava virado para ela, com o rosto próximo demais, os cabelos negros cobriam parte de seus olhos, mas ainda podia vê-los com clareza.

— Ela era real. Dissemos tudo que precisávamos, não tem porque continuar a falar disso.

Fechou os olhos e fez o possível para absorver aquelas palavras, só elas e nada mais.

Porque você é fraca e não importa o que seja dito, você nunca vai deixa-lo.”

Os dedos ágeis dele tocaram seu ombro e do ombro foram param a nuca, levando-a de encontro com o rosto dele, antes que abrisse os olhos seus narizes se tocaram em um roçar suave, logo em seguida seus lábios.

— Você é minha. Eu não a deixarei ir, nem deixaria aquela noite.


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam? Teve de tudo, teve Karin, teve Suigetsu, teve Sasuke... Mistério, intriga, romance, comédia. Quero todo mundo feliz. Ok? Ok.
Vamos a demora, eu nem tenho o que dizer, ele deveria ter sido postado semana passada, mas minha alergia louca atacou e ai foi adiado, então eu sai fim de semana (sim, eu tenho vida) e ele foi adiado, segunda eu fiquei até tarde fazendo trabalho e na terça eu estava sem vontade e ainda precisava revisa-lo, não deu. Hoje quase que não dá também, mas me forcei para não atrasar o resto. E aqui estamos.
Sei lá, acho que nem tenho muito o que dizer, eu tinha, mas o sono tá dando um branco na minha cabeça.
A Jessica23 foi nosso comentário 200. UHUL! Quanta felicidade, apesar de curtir muito do nosso numero atual que é 222, eu adoro esse numero, tão lindo, tão fofo. Asume é a 222, poderosa você. Eu estou falando de números sim, porque sou dessas. u.ú
Bem, agradeço a todos que acompanham, favoritam e cometam a história.
Um beijo forte e até mais;*
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