Broken Flower escrita por Fleur dHiver


Capítulo 12
Verdades, bebidas e fraquezas


Notas iniciais do capítulo

Sah e nandasan1107 agradeço pelas lindas recomendações feitas por vocês, dedico o meu mais novo surto em forma de capítulo a vocês duas. Um olá caloroso aos novos leitores e as novas pessoinhas que deixaram comentários no ultimo capítulo. Peço que todo mundo leia as notas finais e é isso.
Uma boa leitura a todos;*



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Piscou diversas vezes, seus olhos queimavam. Podia sentir as lágrimas querendo cair, mas as segurou com todas as suas forças. Não, não choraria, não mais.

Uma sensação nova a dominava. Era libertador ter dito aquelas palavras, como se um peso enorme tivesse sido retirado de cima de seus ombros e ao mesmo tempo a sensação era opressora.

Lá estava ela, a desaparecida Haruno Sakura, sim Haruno, não Uchiha, naquele momento era a velha Sakura abrindo mão do que tinha batalhado tanto para ter. Algo em si gritava, esperneava e esperava. Esperava por uma reação. Uma reação que fosse muito mais do que simplesmente explodir de raiva. Uma reação que a fizesse voltar atrás. Uma reação que ela sabia nunca viria.

Sasuke a fitava com tamanha intensidade que Sakura chegou a achar que poderia perfurar o seu corpo apenas com aquele olhar. Os ombros estavam tensos, as mandíbulas travadas, ele estava furioso.

O silêncio no aposento era sufocante. Os olhos claros da garota se mantinham presos aos negros sempre tão perturbadores. Sakura esperava tanto dele, mais do que ela realmente estava disposta a assumir e Sasuke, bem Sasuke estava perdido. Aquela não era uma situação que ele sabia lidar, não era a conversa que ele um dia pensou em ter.

— Você não vai embora. — Não havia raiva em sua voz, apesar dele parecer raivoso. Não havia descaso, nem tinha uma ordem implícita. Aquela era uma afirmação calma e contida. Uma contestação que ele tinha certeza ser real.

Sakura sorriu e maneou a cabeça cruzando os braços em frente ao corpo. Por que esperar mudanças a essa altura?

— Eu poderia me irritar, esbravejar e gritar com você, mas não. Eu só vou sorrir. — E voltou a permitir que mais uma risada escapasse por entre seus lábios. Por que? Porque, bem, ela queria chorar. Chorar do que era o que ainda não estava definido. De Sasuke? Dela? Ou de seus estupidos sentimentos?

Passou uma das mãos na nuca, massageando-a. Sua atenção sobre caiu no hall de entrada, queria escapar daquela conversa, já sabia que nada de bom veria dela. Deu um passo em direção ao corredor, mas Sasuke a interceptou.

— Você não vai porque eu não vou lhe dar o divórcio. Nem hoje, nem nunca. — Virou-se para ele e sentiu todo o seu corpo gelar, para logo esquentar e uma fúria sem precedentes começar a domina-la. Por que parecia que Sasuke precisava destruir tudo? Por que era sempre assim?

— Não me importa o que você vai fazer. — Sentiu sua visão embaçar por um instante, mas sua voz não fraquejou em momento algum. — Eu tenho certeza que há outras formas de conseguir sem o seu consentimento.

E a mesma fúria que a dominara em pouco instantes começou a domina-lo, aquela raiva presa a tanto tempo começou a corroê-lo. Sasuke mordeu o lábio inferior enquanto um sorriso cruel surgia.

— Você está com algum problema para me entender, Sakura? Eu. Não. Permito. Que. Você. Saia! — As palavras foram pontoadas e novamente a garota se assustou por vê-lo sair do seu estado sempre tão controlado.

— Eu não estou te pedindo permissão! — Esbravejou, virando-se completamente para o Uchiha. — Nem que eu precise usar a minha força para isso, eu vou embora.

— Vai ter que me matar então, porque é a única forma de me tirar da sua vida. É a única forma de você conseguir passar por aquela porta. — Os punhos foram fechados e a garota crispou os lábios.

Voltou sua atenção para o teto, respirou fundo e sorriu, um sorriso triste, um sorriso magoado.

— Amanhã mesmo eu falarei com Tsunade. Resolverei essa situação de uma vez por todas e você vai poder...

—Tsunade? — Sasuke a interrompeu fazendo Sakura dar dois passos para trás pela explosão de raiva. — Por que não fala com o kazekage logo? — O Uchiha deu dos passos em direção a Haruno, fitando-a, analisando suas reações, mas Sakura mantinha o rosto virado. Balançando a cabeça de um lado para o outro, sem crer no que ouvia. — Por que ele não arranja um lugar em Suna para você ficar? Quem sabe na porra da casa dele?

— Para de enfiar o Gaara no meio da história! Para de culpa-lo pela merda que é a nossa vida! — As palavras dela o calaram. Por um tempo Sasuke pareceu perdido, fitou-a sem saber bem o que dizer e ela chegou a pensar que ele pediria desculpa pelas tantas vezes em que abriu e fechou a boca sem nada a dizer, mas não, Sasuke não pede desculpas.

— Gaara? —Uma risada anasalada escapou, mantendo um movimento ritmo com a cabeça, enquanto fitava os próprios pés. — Claro, apenas Gaara. — Levantou ambas as mãos e o ar de riso não tornou o seu semblante feliz, mas sim amargurado. — Por que trata-lo de uma forma polida quando vocês já são tão íntimos.

— Não. — Dessa vez foi Sakura quem começou a rir. — Não. Não. Não. Não! Por que voltamos para o mesmo tópico o tempo inteiro? — Levantou o tom de voz, erguendo seu dedo indicador e apontando para o rosto do homem a sua frente. — Eu não vou ficar aqui enquanto você sai culpando os outros pelos nossos problemas, cresça Sasuke. — Deu de costas para ele, tomando o caminho para as escadas da residência, mas o Uchiha não permitiu que ela continuasse outra vez, puxou-a com força pelo pulso, forçando-a a se virar e encara-lo.

Seu queixo foi agarrado com brusquidão e os olhos outrora negros estavam vermelhos, rubros como sangue. O tremor violento tomou o corpo de Sasuke como se ele estivesse fazendo uma força descomunal para se controlar e os olhos voltaram a sua a escuridão habitual.

— Escuta bem, eu não vou deixar vocês ficarem juntos, eu nunca vou permitir isso. Eu mato você antes de presumir que está me traindo com ele. Você é minha. — Todo o corpo feminino foi sacudido pelo os movimentos raivosos dele. Sakura acumulou chakra nos punhos e levou ambas as mãos ao peito de Sasuke empurrando-o para trás.

Fazendo-o cambalear para trás, assombrado pelo movimento inesperado.

— Eu não preciso e não vou ficar ouvindo esse tipo de merda vindo de você, logo de você! — Esbravejou sem conseguir acreditar no que ele tinha sido capaz de dizer para ela. — É muito hipocrisia da sua parte.

— Por que da minha parte? Eu não fico por ai me agarrando nos outros.

—Não? Não!? — A verdadeira vontade de Sakura era de partir para cima de Sasuke e quebra-lo por inteiro. — E a Karin? Você me esfrega ela na cara todo santo dia, me impõe a presença dessa vagabunda, quer que eu a aceite, que eu conviva com ela. Mesmo eu estando ciente de tudo.

— De tudo o que? — Esbravejou cruzando os braços em frente ao corpo. — O que você fantasia entre mim e a Karin, me fala? Porque eu simplesmente não consigo entender essa sua psicose absurda com relação a ela. Karin é minha companheira de time, apenas isso.

— Para de mentir! Eu sei que você fode com ela sempre que pode, que me trai enquanto eu viro as costas. — Sasuke parou por um momento atordoado com aquela afirmação. — Pela forma como ela se portou essa manhã eu não duvido nada que já tenha trepado com ela na nossa cama. — A garota passou as mãos pelo rosto em um movimento rápido, não podia chorar. — Eu tenho nojo de você.

— Isso é ridículo. — Repetia constantemente Sasuke balançando a cabeça em negação a todo instante. — Você está tentando virar a história contra mim quando a errada é você! — Apontou para ela, circulando em torno da Haruno. — Eu não tenho nada com a Karin e você sabe bem disso. Fica dizendo esses absurdos para fugir do seu adultério.

Mordeu o lábio cheia de vontade de gritar que ouviu da própria Uzumaki, mas ele não a ouviria e continuaria a negar e acusa-la, não dava para continuar nessa situação. Sentou-se no braço do sofá estava exausta, brigar com Sasuke tirava mais as suas energias do que um treinamento intensivo com a Tsunade.

— Foda-se você e foda-se essa vagabunda. — O tom utilizado não foi rude, foi apenas cansado, desinteressado. Abaixou a cabeça fitando o chão, levou uma das mãos as costas massageando os ombros tensos.

Pode ver quando os pés dele começaram a vir em sua direção, mas não moveu nenhum musculo, a caminhada não era agressiva. Quando estava a sua frente, ergueu a cabeça pronta para pedir que ele parasse, que não estava mais com estrutura para aquela discussão, mas não era discutir o que ele queria, não agora. Os lábios macios foram tomados pelos dele. Ambas as mãos de Sasuke foram de encontro com o rosto alvo, segurando-a pela lateral da cabeça, impedindo-a de se afastar de seu beijo.

Um beijo que não era agressivo, quase delicado, mas o toque era possessivo dominante. Os corpos caíram no sofá, Sakura se debateu, empurrando-o para tentar escapar daquilo.

— Pare... Pare com isso. — Voltou a acumular chakra e tira-lo de cima de si. Agarrou a cabaceira do móvel e ergueu parte do tronco, arrastando-se para a outra ponta.

Antes que conseguisse sair, Sasuke a puxou pelas pernas fazendo-a se deitar e indo para acima de Sakura mais uma vez.

— Podemos fazer as pazes, podemos esquece essa conversa... — Dizia enquanto sua boca descia pela lateral do rosto dela até o pescoço.

— Não... Eu não quero. — Voltou a acumular chakra, estava pronta para empurra-lo, mas dessa vez com bem mais força que ele caísse e se quebrasse, não ligaria. No entanto parou e deixou as mãos caíram a lateral de seu corpo fitando os movimentos do Uchiha. — Então é isso... No final você vai até mesmo me força a algo que eu não quero. — Os movimentos foram minguando e ele ergueu a cabeça cravando seus olhos sobre o rosto dela. — E se eu tentar escapar mais uma vez e se eu quiser correr, vai fazer o que? Bater-me mais uma vez, como no outro dia?

Ele a fitou por um tempo com aquela intensidade que poucas vezes Sakura presenciou e por alguns segundos ela teve certeza de ter vislumbrando algo a mais quando o corpo dele estremeceu sobre o seu. Culpa? Ela nunca saberia pois logo tudo sumiu, não havia mais intensidade, não havia mais nada a não ser escuridão e frieza.

Não houve resposta, não houve agressão. Sasuke apenas saiu de cima de si e saiu como se nem ao menos estivesse vendo o corpo de Sakura sobre o sofá, o único som que denunciou sua escapatória foi a porta batendo. E o som que ecoou pela casa, também ecoou pelo coração quebrado da kunoishi.

(...)

As palavras ainda ecoavam na sua cabeça, sumiam e voltavam. Torturavam-no. Não sabia para onde estava indo, o que estava fazendo. Sasuke estava cego para tudo e para todos.

Não se importava nenhum um pouco com as pessoas a sua volta, com os olhares e com os poucos que tentaram pará-lo continuou a caminhar a esmo. Perdido. Confuso. Furioso. Se encontrasse com Gaara era bom que outra pessoa fosse ali bem no centro da Vila onde alguém poderia surgir para impedi-lo de cometer um homicídio.

Levou as mãos à cabeça tentando desanuvia-la. Como queria encontra-lo. Como queria mata-lo com as próprias mãos, nada lhe daria mais prazer que isso.

— Sasuke? — Não ouviu o chamado e continuaria o seu caminho se seu braço não tivesse sido segurado.

Puxou com brusquidão sem se importar em saber quem o tinha segurado, mas o agarre voltou e ele se virou para ver quem tentava impedi-lo, suas sobrancelhas se uniram ao fitar o rosto bronzeado do amigo.

— Não se meta no meu caminho, Uzumaki. — Com um movimento ágil livrou-se do aperto em seu braço, deu um passo, mas Naruto parou bem a sua frente.

— Qual é o seu problema? — Sasuke não respondeu e tentou desviar do outro, mas Naruto não estava disposto a deixa-lo ir sem conseguir uma resposta. — O que está havendo Sasuke?

— E para que quer saber? Por que está fingindo se importar com o meu estado? — Questionou já sem paciência deixando Naruto confuso com a explosão do amigo. — Desde que decide casar com sua amiga você não faz a menor questão de manter um diálogo decente comigo, ou melhor no início você via me encher para desistir do casamento. — O Uzumaki abaixou a cabeça incomodado. — Depois que casei não houve mais nenhuma tentativa de conversa ou persuasão, então eu te digo que agora não é a hora para voltar atrás com suas escolhas. Não o quero no meu pé. — Voltou a caminhar e dessa vez Naruto não se enfiou na frente dele.

— Vocês brigaram, não foi? — Disse ainda parado no mesmo lugar, Sasuke apenas suspirou levando ambas as mãos aos bolsos.

— Tome conta da sua vida Naruto.

— Vamos beber alguma coisa. — Virou-se, mas Sasuke não tinha manifestado nenhuma vontade de acompanha-lo

— Está querendo saber como sua amiga está? Vá até a nossa casa, ela está lá. Fale com ela, resolva com ela, não venha me perturbar. — Naruto correu até o amigo, caminhando ao seu lado.

— Estou aqui me preocupando com o meu amigo quero conversar com você e não com ela.

— Dispenso sua preocupação. — O Uzumaki voltou a pará-lo, segurando-o pelos dois braços.

— Você está com cara de quem vai fazer besteira e não vou permitir que faça, não de novo. Não me importa o que aconteceu com vocês dois, foda-se, querem se matar dentro daquela casa, se ela quer permitir que você destrua a vida dela eu estou pouco me lixando agora. — Sasuke grunhiu voltando sua atenção para o céu. — Mas eu não vou permitir que destrua sua vida, porque seja o que for que você está pensando em fazer não tem como eu ajudá-lo a se safar, não mais.

Naruto o soltou, mas Sasuke não fez nenhum movimento. Apenas continuou a fitar as estrelas até sua atenção sobre cair sobre homem a sua frente, o Uzumaki deu um mínimo sorriso e começou a caminhar a frente do amigo e logo foi acompanhado.

— Hinata está gravida. — Naruto fitava o copo de saquê a sua frente, Sasuke apenas balançou a cabeça entornando a bebida e voltando a encher o seu copo. — Eu disse a ela que estava muito feliz, mas eu estou apavorado, com tudo. Nós estamos casados, mas as coisas não estão exatamente como eu queria que a Sakura nem a Hinata me escutem, mas você tem sorte por não ter um sogro. — Mais um copo foi virado, mas dessa vez o Uzumaki o acompanhou e os dois voltaram a ficar cheios.

“O pai dela me enlouquece dizendo que não estou dando a filha dele a vida que ela merece, que o certo seria nós dois morarmos no clã, minha vida já é um inferno com as visitas constantes dele, imagina morando naquele lugar onde ele manda? — Mais um copo virado, Naruto sentiu a garganta arder, mas Sasuke parecia bem, já estava virando outro.”

— Em partes eu sei que ele está certo, as coisas ainda não estão como eu queria, logo vem a prova para capitão da ANBU, espero passar, as coisas vão melhorar e muito. Para nós dois, não é? — Se virou para o Uchiha que apenas deu de ombros. — Mas a gravidez dela veio em uma péssima hora, crianças são um custo a mais, quando a prova vier, virá o treinamento e eu não terei todo o tempo a dispor, o início é sempre quando vem as piores missões, as mais longas.

“Vai ser a deixa perfeita para Hiachi conseguir levar Hinata para o clã. E nessas condições como eu posso negar? Ele vai estar certo. Hina precisará de apoio e segurança e eu não estarei lá para dar. — Fitou a própria bebida dentro de seu pequeno copo preto. — A não ser que eu desista da prova, mas ai nossa situação financeira não vai mudar e Hiachi vai se aproveitar disso também. Estou fodido de qualquer forma e melhor eu começar a me preparar para a mudança. — Sasuke deu uma risadinha debochada virando o copo e sendo acompanhado pelo amigo. — Bairro Hyuuga aqui vou eu. — Ergueu o copo e virou, sendo acompanhando por Sasuke, uma garrafa inteira de saquê se foi, Naruto ergueu uma mão e pediu mais uma.”

— Vamos... Desabafei com você, compartilhei os meus problemas. — Fitou o amigo de canto, a expressão de Sasuke tinha suavizado um pouco enquanto ouvia Naruto falar sobre seus problemas, mas assim que o tema voltou a circular sobre sua cabeça sua postura e semblante voltaram a endurecer. — Quando vai começar a me contar o que está acontecendo? — O Uchiha tirou o dinheiro no bolso para dividir com Naruto, mas para comprar uma garrafa de uísque. — O que vai fazer com isso? Fala comigo, eu quero ajudar.

— Você estava certo, esteve certo o tempo todo. Do momento que bateu na porta da minha casa ao seu discurso bêbado no meu casamento. Estava certo quando me chamou para treinar no dia seguinte à eu pedir para sair com a Sakura. Estou acabando com ela, Naruto. Estou destruindo a sua melhor amiga e não a nada que eu possa fazer para remediar essa situação, porque eu não vou deixa-la ir. Não importa o que você, nem qualquer outra pessoa venha falar, ela é minha e vai continuar sendo. — O Uchiha virou o seu último copo de saquê com aquele tipo de olhar indecifrável. O olhar que fazia com que Naruto sempre apostasse tanto nele, mas agora o temia, porque não era apenas Sasuke, tinha Sakura também. Presa a doença que era o seu melhor amigo.

Retirou o dinheiro para dividir com Naruto e pediu ao barman que trouxesse uma garrafa de uísque para levar.

— O que vai fazer com isso? Fala comigo, eu quero ajudar. — Naruto o fitava com apreensão, Sasuke pegou a garrafa e fitou o amigo por um tempo.

— Não ouse me seguir. — Deu as costas para o Uzumaki tomando o caminho para o centro, enquanto retirava a tampa de sua bebida.

Poucas foram as vezes em que Sasuke visitou aquela zona da Vila, uma quando era uma criança curiosa, a segunda quando foi liberto de seu cárcere privado, a terceira por causa de Suigetsu e Naruto, a quarta foi antes de se casar.

Tomou mais um gole de sua bebida parando bem em frente a melhor rua noturna de Konoha. Onde as melhores garotas de programa se encontravam, as mais bonitas, as mais caras. As melhores casas noturnas, haviam boatos de que alguma dessas casas, as mais renomeadas possuíam tuneis por debaixo da Vila para que algum freguês anônimo e com muito dinheiro pudesse cruzar sem o inconveniente de ser visto.

Poderia ter optado em descobrir se esse boato era verdadeiro, mas no momento e em seu atual estado não ligava muito para quem o veria entrar naquele lugar. Começou a caminhar pela rua com uma iluminação que já denotava luxuria todo o lugar estava impregnado a algo que denotava sexo.

Não precisou dar muitos passos até a sua presença ser notado, aos poucos as garotas começaram a surgir. Algumas quase se jogando sobre o seu corpo. Ignorou a maioria, principalmente as que o segurava, chegou a olhar para algumas, mas nada ali parecia prender a sua atenção.

No entanto houve uma que o empertigou, ela não estava entre o círculo formado a sua volta, fumava um cigarro e estava a penumbra de um estabelecimento, o fitava com interesse, mas não veio agarra-lo como as outras. Os cabelos eram loiros, curtos e repicados, no entanto a iluminação colorida e precária dava eles um outro tom, uma outra cor e foi exatamente por isso que ele se aproximou dela.

Puxou a para um beco. Não queria beija-la, mas acabou tendo um beijo roubado, o gosto da boca dela era amargo e não lembrava a boca que ele queria beijar. Os olhos possuíam eram da mesma cor, só que um pouco mais escuro e pela proximidade pode ver pequenos pontos amendoados, não acinzentados e cristalinos como deveria ser.

Virou a de costas pensando que dessa forma seria mais fácil e mais prático. Não houve gentileza, nem suavidade. Afundou-se na carne dela, ouvindo a gemer e destruindo seus desejos. Ela não gemia dessa forma. Quatro estocadas profundas e ele a largou, afastando-se do corpo da garota e abotoando a calça a muito custo.

Ela se virou pronta para continuar o seu trabalho, mas ele a repeliu. A garota o observou confusa.

— Você ainda me parece excitado. — Sorriu sacana tentando atrai-lo novamente, mas Sasuke nem ao menos a fitava.

— É, mas não é você que eu desejo. — Tirou uma quantia alta da carteira. — Tome e vá fazer outra coisa hoje. — A garota pegou o dinheiro, contando as notas. — Nunca estive aqui com você. Entendeu? — Maneou a cabeça em concordância e o viu sumir pelo beco, sem voltar para a rua principal.

(...)

Depois de tudo que aconteceu aquela tarde e no dia anterior ela queria ir embora o mais depressa possível. E não colocar mais os pés nessa casa. Entrou no quarto que dividiam e foi direto para o closet, puxando uma de suas malas.

Abriu-a sobre a cama e começou a dobrar as roupas que tinha despejado sobre o colchão. Tinha certeza que passaria mais uma noite sozinha e isso era bom, arrumaria todas a suas malas e amanhã bem cedo estaria fora dali, depois mandava alguém pegar as coisas que estavam empacotadas no andar debaixo, ou comprava coisas novas.

Haviam presentes de casamento ali, não queria leva-los para sua casa. O melhor seria deixa-lo e Sasuke faria o que bem entendesse com eles depois.

Sentada sobre a cama em frente a sua mala aberta, manteve o ritmo até ouvir um som peculiar. Virou-se vendo um vulto mover-se pela varanda do quarto, parecia querer abrir a janela. Voltou sua atenção para a mala e respirou fundo. Já sabia quem era, rezou para que Sasuke não estivesse afim de brigar, não mais. Não fez movimento algum para ajuda-lo, continuou a dobrar suas roupas.

Uma brisa gelada invadiu o quarto e logo em seguida o Uchiha surgiu fechando a janela no processo. Fitou a mala e os movimentos ritmados de Sakura, toda a raiva que tinha sentido durante a tarde voltou e teve vontade de jogar todas aquelas roupas no chão e sumir com aquela mala, mas não fez nada, apenas suspirou.

Sakura não se virou para vê-lo em momento algum. Continuou sentada na mesma posição dobrando suas blusas e colocando-as cuidadosamente dentro de sua mala como se não tivesse presença alguma no quarto, além dela e de sua mala.

A cama afundou em seu lado direito, fazendo com que a respiração dela se desregulasse por um breve momento, mas permaneceu a ignorar todos os movimentos do Uchiha. Não daria atenção a Sasuke, estava saturada de toda aquela situação.

No entanto um único movimento de Sasuke fez com que ela ficasse atônita. Sasuke tombou para o lado, apoiando a cabeça nas costas de Sakura, sem aviso. Todo o corpo feminino enrijeceu. Ele não tinha jogado o peso contra ela oprimindo-a, forçando-a, ou alguma conotação sexual, não, muito longe disso era apenas um contato. Um misero contato que a quebrou por inteiro. A peça de roupa que dobrava caiu por entre seus dedos estáticos.

Ambos permaneceram nessa mesma posição por um longo tempo. Sakura fitando a porta do banheiro sem saber o que fazer e sem querer se mexer. Evitando até mesmo respirar fundo e acabar fazendo com que ele se movimentasse de alguma forma. Sasuke permanecia escorado a sua esposa sem nem ao menos mexer um musculo se quer. Os olhos fechados, apreciando o cheiro dela que só naquele momento ele notou que estava impregnado em cada parte daquele aposento.

O primeiro movimento surgiu, os dedos calejados dele tocaram os fios rosados que estavam bem próximos ao seu rosto, deslizando por parte das costas dela. Sakura remexeu os ombros sem saber como reagir aquele toque, ou a toda aquela situação. O que estava acontecendo afinal?

O cheiro dele estava diferente. Podia sentir aquele odor característico de bebida alcoólica, era o mais forte que sobrepunha os outros, mas havia um outro delicado demais para um homem e enjoativo demais para o seu gosto, além do péssimo cheiro de cigarro que parecia ter invadido o quarto junto com ele. Os dois últimos eram novidades para ela, Sasuke não fumava e não conseguia correlacionar aquele perfume as pessoas que ela conhecia. Preferiu não pensar muito no que aquilo significava, mas não pode esconder o alivio que sentiu por não ser o cheiro de Karin

A mão de Sasuke espalmou em sua cintura e os dedos dele moveram-se em uma carícia muito suave e particular. O toque inesperado a sobressaltou, porém não o repeliu, apenas deixou-se levar para ver exatamente o que ele estava querendo com aquilo.

— Sakura, não vá. — Sentiu o silêncio pesar no ambiente, fechou os olhos, ele não tinha o direito de lhe pedir isso. — Eu não sei ser como você quer, mas, eu, eu... — Abanou a cabeça. Ele o que? Ele ia mudar? Sakura não precisou se dar ao trabalho de corta-lo as palavras de Sasuke morreram porque aquele era um caminho que ele não conhecia.

— Eu nunca pedi que você mudasse, não há o jeito que eu quero. — As palavras saíram pesadas e magoadas, deu um sorriso triste fitando a aliança sobre o seu dedo. — Eu te aceitei como você era, mas por alguma razão algo se perdeu e eu não conhecia essa sua versão atual. — O nariz coçou, os olhos começaram a queimar, mas nada caiu. — Ou estava cega demais para enxerga-la.

A cabeça permaneceu apoiada em suas costas, mas as mãos pararam de se mover, as caricias sumiram, mas o contato persistiu. Sasuke continuava a segurar sua cintura, sem pressão, apenas a palma de sua mão tocando a pele de Sakura.

— Se é por causa de outros que você quer ir... — Sakura bufou e se afastou, sem se importar se ele perderia o equilíbrio ou não.

Levantou da cama, levando ambas as mãos ao rosto, coçando os olhos e massageando os ombros logo em seguida.

— É por isso que estou indo. Por não suportar mais esse tipo de situação, não por terceiros. — Balançou a cabeça saindo de perto do Uchiha e entrando no closet.

Quando começou a fazer a mala tinha pensado que teria tempo de colocar praticamente todas as suas coisas, por isso não fez distinção em quais peças estava guardando, mas agora tudo tinha mudado de perspectiva com Sasuke em casa, interessado em voltar a perturba-la com esse assunto. Separou algumas peças essenciais, voltou para o quarto jogando-as dentro da mala aberta e foi até o banheiro pegando sua nécessaire e mais alguns utensílios de extrema necessidade. Jogou-os na mala e começou a fecha-la.

Sasuke observou toda a movimentação dela sem entender o porquê de tudo ter se tornado tão apressado e afobado, mas vê-la fechar a mala fez com que a compreensão dos fatos surgisse, levantou-se sobressaltado.

— Você está pensando em ir embora agora? — Seu tom era grave e exasperado.

— Achei que não fosse voltar para casa hoje. — O Uchiha permaneceu parado, fitando-a enquanto colocava a mala no chão e puxava-a para fora do quarto. Aquilo não parecia real, aquela cena parecia uma ilusão criada pela bebida. Sakura não estava indo embora, não, não estava. A seguiu para fora do quarto acompanhando cada passo dado por ela.

— Minha presença se tornou tão insuportável assim? — Não houve resposta apenas um suspiro enquanto os degraus da escada iam ficando para trás.

— Chega, por favor, não aguento mais continuar a brigar com você. Será que não cansa? — No pé da escada, virou-se para fita-lo. Os olhos claros marejados. — Não dá mais. Acabou. — Manteve o olhar preso sobre o dele antes de virar-se, cruzou o corredor com pressa sem voltar-se para trás, se o fizesse estaria perdida, tinha certeza disso.

Uma lagrima solitária escorreu assim que seus dedos tocaram a maçaneta da porta e ao gira-lo, sentiu as mãos de Sasuke puxarem seu braço de uma só vez. Levando seu corpo de encontro com o dele, mas uma vez.

O aperto era forte. Sasuke a agarrou e não deixou espaço para que escapasse sem que tivesse que apelar para a força, como a tarde seus lábios foram capturados.

O beijo terminou de destruir suas estruturas já em frangalhos. A desestabilizou por inteiro. O toque era intenso, sôfrego, ele a prendia, a dominava. As mãos grandes prensavam o corpo dela contra o dele, como que para se certificar de que ela permaneceria bem ali, em seus braços.

— Eu quero que você fique. — As palavras foram ditas em meio a beijos que a entorpeciam, não mais selvagens e vorazes, mas ele estava quase sendo delicado, como se estivesse preocupado em memorizar cada pedaço de sua boca. — Isso tem algum valor?

Sua mente protestou, sabia o que deveria dizer, sabia o que deveria fazer. Mas nenhuma palavra saiu pela sua boca, o único som a ser ouvido foi o baque oco da mala caído ao chão.

Os lábios deles percorriam uma trilha de beijos nebulosos, suas mãos ganharam vida própria e se afundaram nas costas dele, por dentro da camisa. A boca estava com gosto de bebida e fumaça, mas ainda assim se viu presa aqueles beijas. Ouviu o som de seu gemido quando Sasuke mordiscou a curvatura de seu ombro.

— E as minhas vontades possuem algum valor? — Os dedos dele passaram pela alça do vestido dela, arriando a primeira.

— Uhum. Por isso você vai ficar porque no fundo também não quer ir... — Segurou o rosto frágil com ambas as suas mãos, mas dessa vez não havia força, não havia dominação. Os olhos negros estavam presos aos verdes. — Você pode não dizer, pode não ter esperado, mas sonhou que um dia eu seria um homem bom. — Um beijo foi depositado no canto dos lábios rosados. — O marido do ano, um digno cidadão que todos em Konoha sorririam para mim e me veriam como uma pessoa exemplar. — O olhar se tornou sombrio quase magoado, com uma pitada de tristeza e aquela velha vontade de afaga-lo ressurgiu. — Mas meu bem, eu não sou nada disso, Nem nunca vou ser. Eu não sou bom, Sakura. Isso não faz parte de mim.


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Notas finais do capítulo

BUM! PQP! O que eu fiz? Alguém disposto a me matar? Alguém que pensou que esse era o momento e eu simplesmente fui lá e falei: "Not today". SHAUSHASUAHSUA Eu não presto, ou eu presto porque eu simplesmente estou apaixonada pelo Sasuke desse capítulo, com todo o seu surto, com toda a sua falta de tato, com o fato dele não valer porra nenhuma.
Algumas mudanças aconteceram fora do previsto quando comecei a escrever a base do capítulo a parte do Sasuke era minuscula, a conversa com Naruto era outra. Mas eu gostei muito assim, as vezes as coisas saem do meu controle inicial e eu adoro quando isso acontece. São os meus capítulos favoritos.

~

Quero agradecer de forma decente as meninas que recomendaram: Bolacha-chan, sua recomendação foi de outro capítulo, mas eu estava mal naquele dia, muito mal e eu não sei se consegui expressar de forma sincera minha felicidade, mas eu fiquei tocada por suas palavras, principalmente por você ser leitora de uma outra história minha e sua primeira aparição por aqui ter sido uma recomendação foi uma surpresa maravilhosa. Obrigada, meu bem.

Sah e nandasan1107 esse capítulo é todo de vocês, espero que tenham gostado.
Sah querida quando eu li o seu comentário falando sobre uma recomendação eu esperava para algo nos próximos capítulos. Uma coisa que ia vir quando a história já estivesse bem adiantada e logo no depois que vi sua fabulosa recomendação fiquei imensamente feliz, obrigada pelas palavras. Linda demais vocês.

nandasan1107 você ja chegou me deixando uma recomendação? Ta louca mina? Quer me matar? Queria eu adorei cada palavra contida naquele texto, fiquei extasiada em saber que acha tudo aquilo da minha singela história. Obrigada de verdade.

~

Nesse momento de agradecimentos, não posso esquecer de todas as lindas que me escreveram com relação a situação do meu avô. Obrigada a Seatler, a Deya, a Danilindinha, a Gaab_A e a Sah. Ele não melhorou, mas também não piorou e isso já é uma vitória. Na minha ultima visita contei a ele sobre o que falaram e das MP e ele riu e disse que eu estava preocupando os outros atoa que logo, logo ele sairia dessa e eu tinha que parar de drama e continuar escrevendo normalmente. kkkk É, esse é o meu avô.

A mudança nas notas se deve a estética, eu fiz isso em Dicionário de Cama e achei que ficou tão mais organizado que resolvi adotar por aqui também e estou curtindo bastante. Com relação as review, estou respondendo todo mundo nessa madrugada. Sem estresse, eu sei que to tensa, mas ngm vai ficar sem resposta.
Então é isso, agradeço a todo mundo que acompanha, comenta e favorita a história.
Espero saber a opinião de vocês sobre mais esse capítulo e nos vemos na próxima.
Beijos;*