A Neve Sobre Estrelas escrita por magah


Capítulo 17
"Tire. As. Mãos. Dela!"


Notas iniciais do capítulo

Heyy! demorei, mas postei 'u'

Esse capítulo promete treta heuheuheu.



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– Crêem Deus Pai garota! Tá parecendo um zumbie!- Molly fez questão reafirmar o que eu já sabia. Ela e a sua delicadeza.

Olhei bem pra cara dela... bom tentei olhar, meus olhos estavam pesados... cada vez mais pesados......

– Acorda demônio!- Molly me chacoalhou- eu não vim aqui pra ficar parada no seu jardim como uma estatua Grega... uii uma linda estatua Grega.

– Molly abaixa a bola vai, olha o tamanho do chifre que tá nascendo na sua testa- comentou Heera maldosamente.

– Ai meu Deus!! ONDE??- Ela pegou o Celular e começou a usar ele como espelho a procura do chifre- Se aquele maldito tiver me traindo lá em Chicago eu arranco as bol...

Olhamos ao mesmo tempo pra ela e ela se calou.

– Parey.

Chamei aquelas duas loucas logo que eu acordei... quer dizer logo que eu tive vontade de levantar da cama. Disse a elas que precisava muito falar com elas e meia hora depois elas estavam me esperando no nosso Point da adolescência, o balanço no meu jardim. Ainda era bem cedo e por isso assaltei a geladeira antes do Armin dar as caras.

Elas se sentaram no banquinho e eu preferi a grama mesmo.

– Conta logo o Bafão garota- exigiu Molly.

– Deve ter sido serio, quase nada te tira o sono, se até na nossa formatura você dormiu- comentou a Heera.

Respirei fundo... respirei novamente, ai eu bocejei. E tentei tomar coragem pra dizer o que eu havia remuído a noite inteira. Resolvi contar tudo o mais rápido p que eu podia.

– OArminmebeijouontem- Disse tudo rápido de mais e baixo de mais.

Elas fizeram uma cara de interrogação e se entreolharam se perguntando provavelmente se eu tinha ficado doida.

– Querida eu não to afim de saber o que você comeu ontem, eu quero o babado entendeu criança? - Molly disse tudo pausadamente como se eu fosse alguém especial.

– Espera, não acho que foi isso o que ela quis dizer- disse Heera.

Voltaram a me encarar, esperando que eu dissesse logo. Eu estava morrendo de vergonha... Mesmo elas sendo minhas amigas mais fiéis, eu já sabia qual seria a reação delas: Fogos, confete e muita zoação.

– Meu Deus, olha ela tá vermelha. Sinto cheiro treta.- Molly desceu do banquinho e se sentou na grama ao meu lado- Repete, mas lembre-se do que a nossa antiga professora de literatura pedia quando líamos algo; Respire entre os monólogos

– Okay- concordei me lembrando daquela professora que era idêntica a Sandra Bullock, e que fazia com que os meninos não prestassem atenção na aula - O. Armin. Me. Beijou. ONTEM!

O queixo das duas foram ao chão, Heera desceu do banquinho também e eu tampei os ouvidos no momento em que elas soltaram aquele típico gritinho agudo de furar os tímpanos.

– Dá pra vocês pararem de chilique!- tentei argumentar por cima dos gritos.

Quando enfim elas deram um tempo no chilique, Molly me agarrou pelos ombros e fez olhar dentro de seus olhos e disse com uma voz de penitência:

– Ou você nos conta todos os detalhes sórdidos, ou eu te jogo no bueiro mais próximo, pra você ir de vez pra Nánia!

Olhei pra ela duvidando muito que ela fizesse isso...

– Eu já ia contar tudo mesmo. Ou você acha que eu chamei vocês pra olharem pra minha cara? - perguntei não esperando uma resposta.

Contei tudo, desde quando o kentin chegou e o mau humor repentino do Armin, até... bom o Beijo. Eles me olhavam com brilinho nos olhos, só a Molly que ficou meio decepcionada quando eu contei que minha Mãe bateu na porta. Como ela disse ela queria mais "Ação! ". Lancei um olhar incrédulo pra ela.

– Desculpa amiga, mas até eu estava torcendo pela ação- Acrescentou Heera.

– Nem creio que ele ficou com ciúmes - Ela deu uma risada maligna- mas também, com o Kentinho naquele estado de perfeição, queridas o que aquele garoto tomou? O elemento X das Meninas super Poderosas ou foi a uma super dose de Biotônico Fontora mesmo?

– Provavelmente foi os dois, combinado lógico com o Amor incondicional que ele sente pela Uvinha aqui- disse Heera.

Tive que concordar com a parte da transformação, mas me incomodou um pouco a parte de "Amor incondicional".

– Parem de tagarelar vocês duas, eu ein! E ele foi muito ousado, tenho que por ele no lugar dele!- disse pensativa.

– Uii, não era você a própria que vivia dissertando sobre as vantagens de um homem com atitude e bla, bla, bla..- comentou Molly.

– Se mordia de raiva quando a Mocinha ou o Mochinho não tomavam a iniciativa e se beijavam logo...- Acrescentou Heera.

– Entendam! Personagens literários!!- exclamei mexendo os braços loucamente- não misturem tudo falou! Argh ninguém merece vocês- disse cobrindo o rosto e deitando na grama pra elas não me verem corando. Poxa é o fim o picadinho eu ficar corando de cinco em cinco minutos. Ainda mais quando lembrava dos labios dele tocando os meus... lábios bem macios aliás. .. Opa! Segura a imaginação ai!

– Admite vai! Aposto que você adorou a atitude dele! -Disse Molly cutucando minhas costelas.

– Ahh admite que você sempre gostou de caras com atitude!- Heera se juntou a Molly.- Admite que até pouco tempo se derretia pelo galã mais malvado só pela atitude dele!

–Parem... de... me... CUTUCAR!!!!- Eu disse meio rindo, meio fazendo cara de raiva e me levantei deixando elas sentadas com os dedinhos no ar- O que vocês querem que eu diga! Que eu adoro caras com atitude! Sim eu AMO! Satisfeitas!

– O que mesmo que você ama?- perguntou uma voz atrás de mim.

Congelei na pose em que eu estava e analisei a cena: Eu confessando que amava de caras com atitude, enquanto as duas coisas que eu chamo de amigas tentavam sem sucesso conter o riso e bem atrás de mim o Ser que estava na palta do dia... Oh Senhor, Deus, Pessoa ai de cima que manda na parada, permita que ele não tenha escutado nada permita que...

– Digamos que eu vou levar isso como um pequeno incentivo...- Ele disso e eu me virei robóticamente para olhar pra cara daquele atrevido. Valeu Deus!

– Olha aqui seu entrometido! Não se atreva a se incentivar a nada ouviu seu...

– Bom dia pra você também, minha pequena imã da natureza- disse ele tirando uns pedacinhos de grama do meu cabelo e descendo o polegar para acariciar minha bochecha... droga de cabelo... droga natureza... droga de bochechas que mudam de cor... droga de garotos com atitude...

Droga de coração que resolve bater descompassadamente... sem ritmo como um coreano tentando sambar.

Ele ficou lá me encarando com aquele típico sorrisinho de canto de boca... maldito eu sei que ele não vai nem ao menos levar em conta o que eu disse quanto ao incentivo e tal.

– Uma das minhas atividades favoritas é segurar vela pra vocês dois- disse Molly quebrando o clima (clima ruim só pra constar! )- Mas meu irmão estava afim de me torturar hoje então ele decidiu me arrastar para ajuda-lo à fazer compras para a nojenta da noivinha dele- contou ela colocando os braços ao redor do ombro de nós dois, envolvendo-nos em um abraço coletivo- Diz ai Magah, pó de mico, uma camisola estilo século XIX com direito a sinto de castidade e tudo ou um belo despacho feito pela Mãe Cleusa mesmo?

– Sinceramente, só mesmo um bom despacho pra aquela alí...-Respondi- Ahh se por um acaso comprar o Pó de mico, divide comigo para o caso de alguém passar dos limites...

Ele arqueou as sobrancelhas como se duvidasse muito que eu fizesse isso... Ele que experimente me desafiar!

– Uii Molly repara na troca de olhares- atiçou Heera puxando a Molly e desfazendo o abraço- vamos embora que estamos sobrando nessa e eu não levo jeito nenhum pra segurar vela também.

– Ok. Vamos que hoje o dia vai render boas risadas... ainda mais quando aquela periguete abrir uma caixa de bombons recheada de baratas -Ela fez uma careta de nojo e me deu um beijo estalado na bochecha e em seguida deu um tapinha na cabeça do Armin- Força na peruca meu querido! Ela é difícil... mas não impossível!

– Eii!- reclamei indignada- De que lado vocês estão??

– Do lado do Amor! -Elas cantarolaram juntas enquanto seguiam para a rua- Qualquer babado Magah, manda um sinal de Fumaça que a gente logo chega aqui e você poderá a se agraciar com a minha presença...

– Hunf! -Bufei e me virei para ir para casa com o Sombra em meu encalço. Aquilo nunca me agradou... ser seguida assim, quantas vezes eu tinha dado uma de louca quando andava na rua e percebia alguém me seguindo (no final a pessoa só ia para a mesma rua que eu ou algo do gênero) minha paciência já estava no fim - espera, que paciência? Eu não posso perder algo que eu não tenho!

Não vou nem falar das reações que meu corpo está tendo nessas últimas semanas... Meu coração não obedece meu cérebro mais, e pra falar a verdade eu já nem sei mais em que estado ele se encontra.

– Dá pra parar de me seguir!- esbravejei me virando pra ele e quase colidindo com o mesmo, coloquei minhas mãos em seu peito para impedir o baque.

– Não estou te seguindo- ele disse com cara de inocente- Aliás, o que você vai fazer agora?

Eu ri sinicamente.

– E por que eu te diria? Pra você dar uma de guarda costas? E eu já estou por aqui com você- disse passando na mão na linha das sobrancelhas. Ainda por cima tira a lealdade das minhas amigas... desgraçado do peitoral duro... Eta! Ainda bem que eu não disse isso em voz alta. Senti o rosto esquentando.

– Uii, tá bravinha?- perguntou ele debochando.

– Se quer mesmo saber?- disse arqueando as sobrancelhas- Vou me arrumar, pois logo logo o Kentin vem me buscar pra gente sair.

Sua expressão mudou do sorrisinho debochado para uma caranca mal humorada. Eu que já estava me vangloriando por tirar o cavalinho dele da chuva, cai do cavalo quando percebi uma luz clarear aquele rosto e aquele sorriso voltar dessa vez com força total.

Ele se aproximou de mim com aquele sorriso - já disse que odeio esse sorriso de canto de boca, totalmente suspeito! -dei um passo para trás olhando-o com desconfiança.

Senti minhas costas baterem contra a porta e percebi que tínhamos mantido aquele ritmo por um pequeno caminho. Não demorou para ele cobrir a distância que eu tinha nos imposto. Coloquei os pulsos na frente do rosto em posição defensiva e isso só o fez alargar ainda mais o sorriso. Até que ele disse:

– Ahh Magah... - Sua expressão era nada menos que provocante... e meu alerta interno começou a soar como um sinal irritante de escola alertando que o recreio estava começando- Tem certeza que é uma boa ideia me deixar com ciúmes? - prosseguiu ele aproximando o rosto do meu, coloquei os punhos mais na frente do rosto que pude- humm...humm...- ele sacudiu a cabeça bagunçando ainda mais seu cabelo desgrenhado e separou meus punhos para olhar em meus olhos com aquelas duas safiras penetrantes.

– Não vejo nenhum problema nisso -prosseguiu ele com o rosto tão próximo do meu que eu poderia contar todos os seus cílios, olhando-o assim tão de perto me deu vontade de ter uma caixa de lápis e um bloco de folhas para retratar todas aquelas cores contratantes, o Azul safira de seus olhos cortado por pequenas estrias douradas bem próximas a íris, o rosa palido de sua pele e o vermelho de seus lábios ( sempre me pareceu irritante o poder que alguns homens tem de ter essa cor de boca tão cobiçada pelas mulheres sem fazerem o menor esforço)- Acho fascinante o modo como você se perde no seu mundo próprio dessa maneira- Disse ele me chamando de volta ao mundo real- Posso ver quando isso acontece pelos seus olhos.

Ele cobriu o pequeno espaço entre nós em um piscar de olhos, mas antes disso coloquei a mão em cima dos lábios prevendo o que ele pretendia, um formigamento se espalhou pelo lugar onde ele havia beijado.

Se afastando de mim sem pressa alguma, percebi que o que eu fiz o desagradou, mas não abalou suas intenções de modo algum. Ele disse:

– "Difícil, mas não impossível", veremos- abriu a porta e fez um gesto para mim passar- Saiba que adoro um desafio...- ele sussurrou no meu ouvido assim que eu passei por ele.

Cruzei a sala em disparada e subi correndo as escadas enquanto minha mãe pedia para tomar cuidado na escada enquanto um arrepio percorria todo meu corpo.

Fechei a porta do meu quarto e Joguei-me no tapete felpudo encarando o teto como se nele eu pudesse encontrar as respostas que ajudariam a humanidade... okay, acho que não a humanidade, mas se resolvesse só o que se passa comigo já estaria de ótimo tamanho.

Enrolei no quarto até escutar a campainha tocar.

Armin Pov's ON.

Ela desceu a escadas assim que a campainha tocou, E eu nunca me cansaria de vê-la novamente. Quanto a campainha, posso dizer que nunca odiei tanto um som.

Ela havia trocado de roupa e vestia agora uma camiseta escrita " A fome não me abandona" e um shorts que na minha opinião estava exibindo de mais aquelas pernas.

– Pai vou dar uma voltinha com o kentin- ela avisou para o pai que estava assistindo um filme natalino de um garoto que foi esquecido em casa ou algo parecido e ele gargalhava a cada cena do filme.

– kentin?- perguntou ele desviando a atenção do filme e franzindo as sobrancelhas.

Ela revirou as sobrancelhas seguiu para dar perto dele.

– É o Ken pai!- ela deu um beijo em sua bochecha e se virou para sair- não vou demorar.

– E por que não leva o seu amigo?-perguntou ele olhando-a de forma incriminadora.

– Bom... Por que... ele tá bem aqui assistindo Esqueceram de mim com você, e ele com certeza prefere terminar o filme não é mesmo?- ela me fuzilou com o olhar.

– Pra falar a verdade nã...

– Tchau Mãe! - ela berrou cortando minha frase no meio e saio de casa correndo.

Ah, Magah você não ira se livrar de mim assim não...

POV's Off.

– Você está linda- ele me elogiou assim que me viu.

– Imagina! Nem penteei o cabelo- eu sorri- e não precisa ficar me elogiando, pois não fui eu que mudei tanto assim.- Lancei um olhar significativo para ele.

– Admito que mudei um pouco- ele alisou o cabelo com as mãos- mas tive um bom incentivo pra isso.

Engoli em seco e continuei caminhando em direção a pracinha em que passávamos muito tempo durante a nossa infância tentando não abordar o assunto " Você ainda gosta de mim".

– Então... como foi passar todo esse tempo na academia militar?- perguntei tentando mudar de assunto.

– Não vou dizer que foi fácil- ele sorriu enquanto lembrava do tempo em que passou lá, ele caminhava de maneira segura e andava com passos largos ( nada parecido com o meu antigo amigo Ken que tropeçava sem motivo algum)- Passei por poucas e boas lá, o Tenente pegava no meu pé mais do que no do resto da tropa, não sei se pelo fato de eu ser o mais fraco e o menor de todos, parecia implicância comigo, entende? - eu assenti incentivando-o a prosseguir- Meu pai me incentivava, dizia que acreditava em mim e eu não queria decepcioná-lo, mas eu odiei muito aquele lugar, odiei ficar longe de casa... odiei ficar longe de você- ele me encarou e eu desviei o olhar corando um pouco- Mas aquele rancor não estava me levando a lugar nenhum a não ser deitar na cama toda noite com o corpo muido, então eu peguei toda a determinação que me restava e tentei me tornar o melhor campista de lá.

– Acredito que você tenha conseguido- comentei- ou eles te levaram para um laboratório e te injetaram a mesma coisas que injetaram no capitão América... só te falta o escudo e o uniforme - sorri e empurrei-o com o ombro.

– Quem dera eu pudesse virar um super heroi- ele também sorriu- mas sim com muito esforço eu me tornei o melhor.

Chegamos na praça e eu me sentei no balancinho e ele sentou ao meu lado, ficamos um tempo sentados balançando em silêncio. Pensei em como deve ter sido difícil ele ter ficado lá, mas o Pai não havia deixado muitas opções para ele, já que ele tinha sido do exército e queria que o filho também fosse.

– E o que você fez esse tempo em Chicago?- perguntou ele puxando assunto.

– Ah, Eu e as meninas moramos em um apê bem legal lá, do lado da Vó-Char; que é uma senhora amiga da família... Não sei se você lembra dela, mas ela sempre passava o natal com a gente...

– Ela que sempre trazia uns biscoitos maravilhosos?- perguntou ele pensativo.

–Isso! - sorri. Ninguém nunca se esquece dos biscoitos dela- Normalmente é ela que nos alimenta. Além disso trabalhamos em uma empresa bem legal e cada uma faz o que gosta, as meninas estão namorando com uns caras bem bacanas e eu adoro encher o saco delas, estão em um grude só, eles só não vieram por que precisavam ter avisado a família deles antes.

– Falando em namorado... e você? Está com alguém?

Eppa! Logo o assunto que eu não queria tocar... Sinto o desconforto chegando, mas essa não é uma pergunta tão complicada... porém essa pergunta leva a outras e bom...

– Ahn... to do mesmo jeito ainda- Pensei que isso não era totalmente verdade. As coisas não continuavam a mesma coisa comigo, tudo que eu havia passado ao lado do Armin... tentei me livrar desse pensamento.

Um sorriso iluminou seu rosto.

– Pensei que aquele rapaz que está na sua casa fosse seu namorado- percebi que ele tentava disfarçar seu contentamento na voz.

Digamos que não por falta de tentativas... pensei em dizer isso, não sei por que não disse... Não sei o que vou responder. Vou pirar... me sinto confusa com relação ao que eu sinto por ele... Mas é só amizade não é?... Não é...

– Magah? Ainda está ai?- notei que ele balançava uma mão em frente ao meu rosto.
Eu havia parado de balançar e percebi que devia parecer um doida por passar tanto tempo sem falar nada assim... Não pude deixar de lembrar de quando o Armin disse que dava para ver em meus olhos quando isso acontecia.

– Me desculpe. Acabei me perdendo nos pensamentos- respondi sem graça.

– Tinha me esquecido que você sempre faz isso... Mas enfim, está com fome?

Revirei os olhos e o encarei seria.

– E quando é que eu não estou?- perguntei sorrindo.

Ele não desgrudava os olhos de mim e eu pensei que tinha alguma coisa na minha cara, então fiquei passando as mãos no rosto desconfiada.

Fomos a uma sorveteria e de lá seguimos para um banquinho que ficava logo atrás de um canteiro com Tulipas amarelas, eu lutava bravamente para que minhas 4 bolas de sorvete não caíssem da casquinha, o que estava se tornando uma batalha árdua, quase me arrependi de ter colocado as 4 bolas... quase. Afinal quanto mais sorvete melhor!

Notei que ele me segurava o riso enquanto me observava. Fiquei envergonhada e terminei um bola constrangida.

–Então... o que você fez com o óculos?- perguntei mudando o foco dele para a pergunta e não para o meu sorvete.

– Lentes, sabe como é, já estava mais que na hora de me livrar daqueles fundo de garrafa...

– Hunmm- resmunguei- Eu gostava deles, mas eles ocultavam seus olhos, e se eu tentasse desenhá-los provavelmente o óculos atrapalharia o brilho - olhei-o de soslaio- mas... acho que estou divagando de mais aqui, foi mal.

– Gosto quando faz isso, parece que nada nem ninguém te tira da sua órbita- Ele sorriu- Queria ser assim.

Bom, não acho que seja bem assim... poderia até ser antigamente, mas parece que os céus enviaram um certo cara só pra me tirar do sério.

– Aii que droga!- Exclamei quando senti uma das bolas do sorvete cair em cima da minha perna- Isso que dar ficar viajando, sua idiota- repreendi a mim mesma.

– Pega um guardanapo- disse ele me estendendo um dos seus, já que os meus eu tinha amassado e jogado fora.

Depois de limpar o máximo que eu consegui, minha perna ainda estava grudando de uma forma desagradável, e surpreendentemente eu havia perdido a vontade de tomar sorvete, e o joguei fora já que o mesmo estava virando mingau.

– Humn, que tal andarmos um pouco? -sugeriu ele.

Assenti me levantando e caminhando lentamente ao seu lado. Percebi que estávamos voltando pelo caminho que viemos. Conversamos um pouco sobre coisas banais, ele quis saber sobre a Herra e Molly, respondi todas as perguntas, mas sinceramente eu estava mais avoada que o de costume. Não parava de me repreender mentalmente toda vez que meu cérebro ligava alguma coisa que o Kentin fazia ao Armin. Eu não deveria estar comparando os dois, não parecia certo comparar que na hora em que tomávamos sorvete o Armin não perderia a oportunidade de me sujar com a comida, coisa que ele não parava de fazer. Droga, olhe eu novamente comparando-os.

–... Queria ver alguns de seus desenhos, ainda tenho aquele que eu subornei de você na oitava série lembra? Era um Pégaso todo detalhado que você tinha demorado dias pra terminar, e eu comprei ele com o meu pacote de biscoito e uma barra de chocolate.

– Verdade! Eu fiquei uma eternidade desenhando ele... mas aquele pacote de biscoito e a barra de chocolate valeram o esforço! Naquela época minha mãe estava de dieta ou seja a casa inteira estava de dieta- Sorri com Lembrança.

– Sua mãe era cheia dessas manias de dieta, teve àquela vez em que colocou aquele suco verde ao invés da água na sua garrafa de educação física e você usou para fingir um vômito falso e ser dispensada da aula.

– Aquela foi ótima! E o Sr. Gomes acreditou, ainda não me conformo de como era possível aquele senhor com 120 kg ser professor de educação física. Além de que ele nos mandava fazer coisas impossíveis, como naquela vez que ele nos mandou subir naquela corda infinita!

– Eu mal deixava o chão- admitiu ele- estou bem melhor agora, eu treinei bastante na corda, não por que eu gostava, mas enfim, sou bom nisso agora.

Viramos a esquina e consegui ver a casa dos meus pais, senti a mão dele roçar na minha, ele tinha diminuído a distância entre nós, mordi a parte inferior da bochecha quando ele pegou minha mão, ainda decidia se tirava a minha mão e se isso seria tão rude como parecia na minha cabeça quando chegamos em frente a caixa de correio dos meus pais.

– Hunmm - Me balancei em meus pés

– Eu te acompanho -Ofereceu ele.

Adentramos o jardim da minha mãe e quando nos aproximamos da porta ele parou bruscamente se virou pra mim e parecia prestes a vomitar. Comecei a me preocupar... Será que havia algum amendoim naquele sorvete e agora a alergia dele estava atacando... Ai meu deus!

Ele pegou minha outra mão e respirou fundo, meu rosto devia ser um misto de confusão e preocupação. Eu estava prestes a perguntar se ele estava passando bem quando ele respirou fundo e olhando em meus olhos disse:

– Eu provavelmente repassei essa cena milhares de vezes em minha mente, cada uma com um desfecho diferente, e é muito provável que eu não esteja fazendo o que eu me preparei pra fazer então, vamos lá- ele respirou fundo novamente e a essa altura meus olhos estavam do tamanho de duas Luas- Eu nunca deixei de gostar de você, e você virou meu objetivo desde que eu resolvi me transformar em alguém que poderia ter uma garota como você. Então não importa o que você me diga, - ele fechou os olhos- eu vou me empenha em ganhar seu coração- Aquela determinação que eu havia visto em seus olhos ontem quando eu o reencontrei reapareceram nos mesmos como duas chamas, e ele foi aproximando seu rosto do meu rápido de mais para que eu pudesse processar o que estava acontecendo.

Seus lábios tocaram os meus com uma delicadeza genuínamente inocente e eu com meus olhos arregalados não movia um músculo até que escutei uma voz furiosa atrás de nós dizer:

– Tire. As. Mãos. Dela!

Eu nunca havia visto o Armin tão enfurecido como naquele momento, sua postura havia mudado e ele parecia outro.

Kentin o mediu-o de alto a baixo e arqueou as sobrancelhas enquanto sorria sinicamete.

– E por que eu tiraria?- ele passou um braço em meus ombros.

O punho acertou o maxilar de Kentin tão rápido que a imagem se tornou um borrão, Kentin cambaleou com a força do golpe tirando o braço dos meus ombros enquanto um filete de sangue escorria no canto de sua boca.

– Você acha que vai rouba -lá de mim?- Armin disse de forma muito calma e sombria- experimente!

Eu nunca fui de ficar parada obsevando nada, mas aquilo era tão surreal que quando Kentin partiu pra cima do Armin e os dois rolarão no chão distribuindo socos por um minuto eu apertei os olhos e me perguntei: Que merda é essa?!.

– PAREM COM ISSO AGORA!- berrei me aproximando deles dois, que deixaram o punho no ar no momento em que eu gritei- O que vocês pensam que estão fazendo seus idiotas?!!- separei os dois empurrando-os de forma nada delicada- Eu não sou nenhuma especie de donzela pra ser disputada okay?!

– Mas...- Kentin tentou argumentar, seu cabelo estava todo desgrenhado e havia grama em toda sua camisa.

– Nada de "mas", Não quero e nem pretendo ser disputada por dois cavalheiros enquanto fico presa na minha torre observando vocês dois em duelo de espadas- Acho que viajei agora, mas não estou com paciência pra tentar falar menos besteiras pra esses dois.- Agora que os seus hormônios de "macho" se acalmaram- fiz aspas com os dedos para provocá-los- Eu quero que você vá embora Kentin, tenho muita coisa pra pensar e vocês lutando ajudaram muito!

– Tudo bem... - ele passou as costas da mão na boca levando o sangue consigo- depois a gente se fala.

A claro, até parece que o que eu acabei de presenciar foi um jogo de poker pra ele estar agindo assim tão normalmente.

Me levantei quando ele se foi e dei uma analisada na situação do Armin. Digamos que se fosse uma competição de quem ficaria com mais hematomas ele ganharia de lavada. Afinal o Kentin acabou de sair do acampamento militar... Não me admiraria se ele soubesse atirar.

Fui para a porta e deixei-o lá sentado. Abri a porta e percebi que não tinha ninguém em casa, ou meu pai estava dormindo e minha mãe saíra. Esperei ele passar e quase ri do cabelo dele que parecia que estava comendo grama, mas achei muita maldade e ri mesmo assim.

– Vai pra cozinha- disse ainda rindo.

– Por que está rindo? É tão engraçado me ver machucado?- Ele limpou o nariz com força e fez uma careta de dor com mau humor.

– Estou rindo por que seu cabelo parece um pasto em crescimento seu babaca!- fechei a cara- E por que eu ficaria feliz em ver você machucado? Agora anda logo.

Procurei a caixa de primeiro socorros e fui até ele, que estava sentado na cadeira com o cotovelos apoiados na mesa. Puxei uma cadeira e embebi o algodão em álcool, virei o rosto mau humorado dele pra mim e passei levemente em um corte no seu super cílio.

– Aii!- Ele reclamou.

– Pensasse na dor antes de se meter numa briga- apertei o algodão que agora estava vermelho pelo sangue- O que deu em você?

Ele se afastou do algodão e disse:

– Como o que deu em mim? Ele estava beijando você! Eu não iria ficar observando vocês com um pacote de pipoca! E você porque não se afast... Aii!

– Pará de falar besteira idiota!- eu voltei a forçar o algodão com nem um pingo de delicadeza no seu corte- Eu não me afastei por que não deu tempo! E eu nem sei por que estou me explicando pra você! -olhei em seus olhos azuis que me encaravam profundamente- pára de me encarar!

– Não.

– Aarrgh- gruni enquanto colocava o band-aid no ferimento.- vou pegar um pouco de gelo pra esse seu maxilar...

Estava colocando o gelo em um paninho quando dois braços me encurralaram na parede da cozinha, me virei pronta pra deixar mais um hematoma nele quando reparei a malícia em seus olhos e engoli em seco.

– Eu nunca poderia deixar ele beijar você assim, te deixar ser tomada nos braços de outro, você pertence a mim, será que não compreende? Eu te am...

– Já pedi pra você parar! - coloquei a pano com gelo com força no seu queixo e me esquivei de seus braços.

– Cabeça dura!- ele sorriu balançando a cabeça e sorrindo.

Me virei em direção a sala para que ele não visse meu rosto vermelho... Mais uma declaração e eu enlouqueço!


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Notas finais do capítulo

Que tal me deixarem feliz?? Cometem meus amores ♡



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