Inalcançável escrita por Gaia


Capítulo 21
Uchiha




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Sasuke e Sakura estavam tentando ao máximo manter Madara entretido no jogo de pôquer que começaram com mais algumas outras pessoas no andar de cima. Estava mais fácil do que imaginavam, o Uchiha caçula sabia exatamente o que dizer para provocá-lo e sabia todos os truques para continuar ganhando e fazer o tio querer revanche.

– Esse pirralho, eu ensinei tudo o que ele sabe e agora olha ai, me dando um couro. – o outro reclamava, com tom de brincadeira, mas claramente irritado e com seu orgulho ferido. Sasuke realmente estava aproveitando o momento e sorrindo com sua própria conquista.

– Tenho certeza que você vai recuperar as suas apostas, tio. – Sasuke disse, sorrindo presunçoso. – Ainda sobraram algumas fichas... – continuou, apontando debochado para a pequena pilha do Uchiha mais velho, que riu falsamente.

Os outros da mesa mantinham-se calados e tentavam não demostrar nenhuma reação com as provocações de Sasuke, sem saber ao certo em quem depositar sua lealdade.

– Sasuke. – Sakura cochichou em seu ouvido. – Você precisa deixá-lo ganhar, precisamos ganhar mais tempo para Naruto e Hinata.

– Garotas... Sempre querendo dançar. – ele falou para o resto da mesa, em um tom divertido. - Só um minuto, linda, estamos quase acabando. Por que você não vai esperar com as outras mulheres?

Sakura revirou os olhos, sabia que quando Sasuke resolvia se envolver em qualquer coisa, ele realmente se comprometia e levava a sério.

– Por que você não vai a merda? – ela retrucou e ele arregalou os olhos, a censurando por não participar da atuação. – Você nunca me deixa jogar e sempre usa esses seus argumentos machistas. Mulheres não podem jogar pôquer, mulheres aquilo... Eu cansei de você. Aposto que o seu tio pode me ensinar, não pode sr. Uchiha?

Enquanto o resto da mesa a encarava com incredulidade, Madara ficou satisfeito em vê-la se impor sobre o seu sobrinho insolente daquela forma. Ele certamente estava gostando de vê-lo desrespeitado pela própria namorada e Sakura percebeu disso.

– Claro que sim. – ele disse, enquanto Sasuke ainda encarava Sakura, tentando ler seus pensamentos. – Qual é o seu nome, querida?

– Sakura, senhor. – ela respondeu, tentando copiar o charme que Ino usava para flertar, tentando ignorar os olhos negros de Sasuke que estavam fixos em sua expressão.

– Não, não, me chame de Madara. - o outro respondeu prontamente, claramente mudando de tom de voz para falar com ela.

– Pelo amor de deus... – Sasuke murmurou, enojado. Sakura olhou para ele com súplica em sua expressão, esperando que ele entendesse todo o seu plano apenas pelo seu olhar.

Madara sorriu para ela mais uma vez e ela retribuiu, esperando que o namorado tivesse entendido suas verdadeiras intenções.

– Isso aqui é o que chamamos de Full House, é uma das melhores combinações do jogo e fará o seu namoradinho perder todas as fichas que apostou. – ele disse depois de deixá-la ver sua mão, então colocando as cartas na mesa com desdém e um sorriso malicioso no rosto.

Sasuke soltou um sorriso, que por pouco não fez Sakura rir também.

– E isso, Saky, é um Royal Flush, a melhor sequência do jogo. – o outro Uchiha ralhou, cruzando os braços depois de mostrar as cartas e pegar as fichas.

A raiva que Madara exalou era quase palpável e Sakura chegou a pensar que poderia sentir o calor das chamas que estariam saindo do corpo dele se fizesse esforço.

– Ah, foi sorte. – ela falou, tentando não demonstrar sua própria satisfação por Sasuke estar destruindo Madara na frente de seus leais súditos.

– Você quer algumas fichas emprestadas? – Sasuke perguntou, em tom de deboche. – Vamos provar pra ela que não foi sorte.

O mais velho bufou com desdém e ralhou:

– Não preciso. Eu tenho mais aqui. – ele tirou algumas de seu bolso e jogou de qualquer jeito na mesa.

– Se você já está na sua reserva emergencial, é bom começar a ganhar logo, tio. – o outro provocou.

Madara já nem estava mais tentando parecer que estava levando tudo na brincadeira e começou a mostrar a sua seriedade, deixando os outros companheiros desconfortáveis.

– Não se preocupe, eu te ajudo, sempre sei quando ele está mentindo. – Sakura disse baixinho para ele, que apenas pousou a mão em sua coxa de forma possessiva. Instintivamente, ela se sobressaiu, pronta para se mexer e livrar a sua perna daquelas garras, mas pensou melhor e resolveu continuar com a sua atuação.

Precisava lembrar que Madara era um psicopata e que qualquer coisa que fizesse de errado, podia colocar tudo a perder. Sakura engoliu um seco e tentou manter sua expressão indiferente, mas mantinha o olhar fixo nos de Sasuke, para se comunicar assim que precisasse de socorro.

Enquanto o jogo se desenrolava, ela fazia questão de fazer perguntas óbvias e fingir que não entendia os movimentos mais básicos do jogo, apesar de entendê-lo muito bem.

Madara ficava feliz em parar o jogo para ensiná-la, sem saber que estava ganhando tempo para Naruto e Hinata roubarem evidências contra ele.

Depois de algum tempo, Sasuke ganhou de novo e Madara levantou-se violentamente da cadeira, encarando o sobrinho com escárnio. Os outros jogadores se moviam desconfortáveis, fingindo que não estavam presentes e Sakura apenas mexia a perna -agora livre das mãos de Madara- com ansiedade.

Sasuke encarou o olhar do tio com a mesma voracidade e, quase cuspindo as palavras, ralhou:

– O que você vai fazer, tio? Me matar?

Madara o estudou de cima a baixo e se endireitou. De forma fria, olhou para os companheiros e ordenou que saíssem imediatamente. Então, tudo aconteceu rápido demais, em questão de segundos, ele já estava segurando o pulso de Sakura com força e apertava uma faca com a outra mão.

Sasuke não se moveu, levantou-se calmamente, tentando não demonstrar o desespero que tomou conta de seu corpo ao ver a arma. Precisava pensar rápido, não podia entrar em pânico.

– Isso foi bem sutil, eles nem perceberam que você estava com um olhar psicopata. – arriscou, mantendo seu olhar fixo na faca o tempo todo.

– Sasuke. – Madara falou com um tom de voz que fez Sasuke perceber que tudo até então tinha sido brincadeira de criança. Que o verdadeiro Madara, frio e calculista só tinha tirado a sua máscara verdadeira agora e que tudo até então tinha sido um grande teatro. Ele estremeceu. Pela primeira vez na vida, estava realmente assustado, tinha encontrado alguém mais manipulador que si mesmo.

– Vou facilitar as coisas pra você. – Sasuke continuou, mesmo sabendo que tinha perdido, sem se quer ter começado. Olhando para aqueles olhos com uma loucura distorcida, percebeu que nunca seria páreo para aquele homem que não reconhecia mais como tio. – Você solta a faca e Sakura e eu não conto para ninguém que você matou o meu irmão.

O outro soltou uma gargalhada desdenhosa e puxou Sakura junto ao trancar a porta e colocar a chave no bolso de dentro de seu casaco.

– Querido sobrinho, o cenário aqui é outro. Eu estou no controle. – ele sorriu e apertou Sakura ainda mais, que a essa altura, não ousava se rebater ou tentar se soltar. Apenas encarava os olhos negros de Sasuke, esperando encontrar algum conforto, mesmo sabendo que não acharia.

– Eu vejo diferente. – Sasuke mentiu, evitando o olhar de Sakura, sabendo que se enfraqueceria. – Eu sei o que você fez e porque. Tenho provas.

A essa altura, ele estava tentando encontrar na sala qualquer coisa que podia usar como arma para se defender, mas estavam em uma mera salas de jogos, que não tinha nem tacos de sinuca para ajudá-lo.

– Claro que tem. – Madara riu sarcasticamente e se aproximou. – Você é um moleque que não sabe nada sobre a vida e finge que entende tudo porque morre de medo da própria ignorância. Chega de brincadeiras, Sasuke.

O Uchiha caçula suspirou, ele não queria admitir e não queria dá-lo a satisfação de ter o controle, mas não podia mais arriscar a vida de Sakura daquele jeito. Finalmente adquiriu forças para fitá-la nos olhos e se arrependeu imediatamente. Neles, encontrou um desespero que desconhecia, um terror que nunca tinha sentido e uma conexão inexplicável que não podia se dar ao luxo de perder.

Ela começou a chorar e ele desviou o olhar, não conseguindo mais aguentar.

– Eu nunca imaginei que você chegaria tão baixo por dinheiro. – ele disse, sincero. Não conhecia o homem a sua frente, não era o mesmo tio que comparecia aos feriados e lhe dava presentes no natal. Não era o mesmo que o ensinou a jogar cartas e ficava ao se lado quando levava uma bronca do pai.

– Não por dinheiro, Sasuke. – ele disse, erguendo Sakura pelo braço. – Por poder.

De repente, Sakura estava sendo atirada para longe e batendo a cabeça na parede, caindo imóvel no chão.

Sasuke congelou, esquecendo-se de qualquer coisa que tinha planejado até aquele momento. Já não lembrava que estava tentando achar provas para provar a culpa do tio e como sairia dali, nem porque.

Nada mais importava se Sakura estivesse morta. Tentou respirar fundo, mas sabia que estava tentando engolir os soluços em vão.

– Você sempre recusou a empresa com tanto afinco. Mesmo nós tendo a cidade em nossas mãos, mesmo podendo fazer o que quisermos, quando quisermos, e você nunca hesitou em recusar tudo isso, mesmo tendo de bandeja em suas mãos. – Madara ralhou, desgostoso. – Não suportei ver você e seu irmão jogando uma oportunidade dessa no lixo. Sempre tão cegos.

– Então você matou mesmo Itachi. – Sasuke afirmou. Ele já sabia, claro, mas afirmar em voz alta só tornava tudo mais real e ele ainda não acreditava que o seu irmão estivesse morto, afinal. Seu estado de luto enrustido ainda era o de negação.

– Não está escutando? – o outro perguntou impaciente. – Vocês não merecem a herança que tem.

Madara se aproximava, com a faca firme em sua mão, apontada diretamente para o abdômen de Sasuke, que cada vez mais se afastava, sabendo que não tinha nenhuma saída.

– E você vai me matar a sangue frio? – ele perguntou, já beirando ao desespero. – Sem nenhum plano para caso seja pego?

O tio riu e sentou-se novamente na mesa de pôquer.

– Eu planejo muito rápido. – disse, sem deixar a sua expressão divertida sair de sua face. – O fato de sua namoradinha assanhada estar aqui só facilita ainda mais minha vida.

Sasuke o encarava com nojo, ainda tentando pensar em como pegaria Sakura e sairia dali. Na grande sala de jogos, haviam duas janelas cobertas por largas cortinas, que impediam a luz do sol entrar quase de forma uniforme. Estavam no segundo andar, mas não tão longe assim do chão. Talvez se se jogasse...

Uma possibilidade de sair já existia, agora tinha que pensar em como se livrar de Madara. Então, uma ideia brilhante surgiu em sua mente, algo que seu irmão teria pensado se tivesse a chance.

– Você está certo. – ele falou, tentando atuar de forma como nunca tinha atuado na vida. – Eu nunca percebi os benefícios que a minha herança pode me dar. Todo o poder, teria a garota que eu quisesse, qualquer coisa que eu quisesse. – ele completou, lembrando do discurso que o seu próprio pai tinha feito.

Madara permanecia com um olhar impassível, sem entender onde o sobrinho queria chegar.

– Mas uma das coisas que mais me impedia de querer tudo isso é que o trabalho deve ser bem insuportável. Ter que ir todo dia para um escritório e assinar papeis, convocar reuniões, analisar infográficos... – ele continuou esperançoso. – Não é pra mim.

– É um preço pequeno a pagar...

– Talvez, mas e se você não tiver que pagar nada? – Sasuke perguntou, fitando-o. - Eu admito que não concordo com as coisas que você fez até então, infelizmente agora já está feito. Mas você abriu os meus olhos, eu realmente estive cego.

– Tarde demais. – Madara murmurou friamente.

– Eu acho que podemos nos ajudar. Você me deixa viver e eu faço a parte chata da empresa, mas dou todo o lucro e qualquer coisa que vier junto para você. Nós dois ganhamos.

Sasuke sabia que essa era a sua última chance, o blefe final. Ele tentava não demonstrar a sensação sufocante que estava crescendo dentro de si ao pensar que Sakura poderia estar morta.

– Sasuke, Sasuke. – o outro Uchiha sussurrou sinistramente, enquanto se aproximava cada vez mais. – Deixe o blefe da vida real para os profissionais.

Madara enfiou a faca no abdômen de Sasuke de forma violenta, sem deixar de fitá-los nos olhos até o último momento, enquanto o sobrinho caia no chão, gritando de dor.


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Notas finais do capítulo

Gente, sempre fui SasuSaku shipper né, todas minhas fics de Naruto são deles, então simplesmente NÃO CONSIGO deixar de focar neles um pouquinho haha, desculpa! Mas enfim, prox cap volta pro Nat e pra Hina, prometo.

De qualquer jeito, gostaram? S2

Beijocas :*



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