Inalcançável escrita por Gaia


Capítulo 20
Barreiras




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Naruto chegou na casa de Hinata no exato horário combinado, surpreendendo a morena, que se sobressaiu com ele batendo na porta de seu quarto. Ela deu uma olhada no espelho, arrumou o cabelo e abriu a porta apressada.

Ela sorriu automaticamente ao ver a expressão em sua face. Apesar dele já tê-la visto com o vestido anteriormente, ainda parecia em completo choque e ela não podia deixar de notar os seus olhos azuis a analisando de cima a baixo.

Naruto não disse nada, mas não precisava, ela já conseguia lê-lo como as páginas de um diário.

– Vamos? – ele perguntou, tropeçando nas letras.

Ela acenou timidamente e saiu do quarto. Tudo estava correndo bem, até ouvir a voz grave de seu pai chamando o seu nome.

– O que pensa que está fazendo? – ele perguntou, aparecendo em sua frente. – Você está de castigo.

Hinata o encarou, tendo a sensação familiar de inferioridade que sempre adquiria na presença do pai, e se encolheu. Ela não tinha prestado atenção nos gritos repressivos da briga que tiveram anteriormente, mas devia saber que estaria de castigo. Ela conteve um soluço que chegou imediatamente ao ver a expressão inflexível de seu pai.

Ela não soube o que responder. Apenas conseguiu soltar um pigarro patético:

– Mas...

– Nada de “mas”, volte já para o seu quarto. – ele falou determinado e ela obedeceu simplesmente, passando por um Naruto atônito.

– Não vamos conseguir sem você, Hinata! – ele exclamou atrás dela. – Você tem que ir.

Ela apenas o encarou com sua expressão de pura angústia e ele se calou. A relação com o pai era importante para ela, ele entendia isso, mas não podia deixá-lo controlá-la para sempre.

– D-Desculpe. – ela murmurou, mesmo sabendo o quanto ele odiava desculpas.

– Nada disso. – Naruto negou, perplexo. Pegou a mão dela e arrastou para a janela. – Eu fiz isso várias vezes, confia em mim. – completou, pegando alguns travesseiros e os colocando de baixo da coberta, para parecer uma pessoa. Hinata pensou que isso nunca enganaria seu pai, mas apreciava o esforço de Naruto por ela.

– Eu não posso...

– Pode sim! Hinata, escuta. – ele começou, de repente a fitando. – Você é única que pode mandar em você mesma! Não é certo outras pessoas fazerem isso.

– Eu sei, mas...

– Você é a dona da sua vida! E você não fez nada de errado! – ele continuou. Seu olhar estava determinado, enquanto ele continuava arrumando a cama de forma minuciosa. – Você quer ir, não quer?

Ela acenou que sim imediatamente. Claro que queria. Gostava de passar tempo com ele e queria ajudá-lo mais do que tudo.

Então, de repente, Hinata lembrou dos berros de seu pai, distinguiu exatamente o que ele estava falando. Lembrou-se dele a acusando de ser negligente com o seu primo, de não ligar para a escola, de ser ingrata... Recordou-se de exatamente todos os insultos que supriu na hora por sua própria sanidade.

Aquilo não estava certo. Ela não devia esquecer para suprimir, não devia ter medo do seu próprio pai, não devia vê-lo como um obstáculo para ultrapassar. Talvez se rebelar não fosse a resposta, mas ela não podia continuar daquele jeito. Ela tinha que responder, pelo menos tentar explicar suas acusações. Mas um passo de cada vez, ia começar saindo escondido.

– Você está certo. – ela falou para Naruto e sorriu.

Entusiasmado, ele abriu a janela e subiu na árvore perto, olhando pra baixo, tentando prever se daria para descer ou não.

– Venha, eu te ajudo. - ele propôs, se colocando em uma posição firme e erguendo a mão para Hinata, que hesitava. Nunca tinha feito isso antes, mas ela confiava nele.

Com cuidado, pousou a mão na dele e se apoiou, obedecendo os passos que ele dizia, esperando não estragar o seu vestido e sapatos.

De repente, um de seus saltos escorregou e ela perdeu o equilíbrio, pensando que ia cair no chão e juntar-se à Naruto no outro mundo. Estava prestes a gritar e proteger-se, quando percebeu que não tinha caído. Firme nos braços de Naruto, se sentiu segura. Em um abraço caloroso e seguro, ela não teve coragem de olhar pra cima, temendo que ele visse a cor vermelha das maças de seu rosto.

Com um sorriso escondido, ela tentou se afastar, mas ele ainda a segurava com força, como se não quisesse largá-la nunca mais. Ela não estava reclamando, gostava do contato, mesmo achando extremamente estranho e achá-lo tão humano, apesar de tudo.

Depois de perderem a noção do tempo, sem saber se passaram-se segundos ou minutos, ele finalmente afrouxou o abraço, mas não a soltou. Ela encarou o rosto dele e se deparou com a mínima distância, quase palpável, que os separava. Corando violentamente, ela se apressou em se afastar, enquanto ele ria nervosamente da mesma forma desajeitada.

Com ambos ainda envergonhados, ele a ajudou a descer da árvore, hesitando em tocá-la novamente. Naruto tinha se surpreendido com tudo o que tinha sentido ao abraçá-la daquela forma, mas preferiu ignorá-los, sem saber exatamente o que estava sentindo de fato. Ele nunca tinha parado para pensar em sentimentos, sempre estava ocupado demais com outras coisas, era altruísta demais para pensar em si mesmo.

Hinata pegou a sua bicicleta e tentou arranjar uma posição boa para pedalar de vestido, mas nada parecia funcionar.

– Eu pedalo. – Naruto sugeriu e a ajudou a subir na garupa. Ela não se importou com o fato das pessoas verem a cena da bicicleta pedalando sozinha, só queria fazer Naruto feliz. E ele sentir-se útil e vivo era a melhor forma que conseguia.

Quando finalmente chegaram na mansão Uchiha, Sasuke já estava esperando do lado de fora, com um terno chique e postura impecável. Hinata pensou que ele estava provavelmente acostumado em comparecer em eventos da alta sociedade e sabia como se comportar perfeitamente.

Quase que ao mesmo tempo, Sakura saiu de dentro da casa, com o vestido perfeito que tinha comprado e com os cabelos rosados erguidos em um coque bem feito. Ela estava linda como sempre.

Hinata olhou para Naruto, esperando uma reação de choque, mas não a obteve, ele apenas pegou sua mão e a puxou para perto do casal.

– Vamos? – ele perguntou e Hinata repetiu.

– Todos lembram do plano? – o moreno perguntou e os três acenaram positivamente.

Hinata tentou ignorar a sensação ruim e entrou no carro com os outros. Ela estava com um péssimo pressentimento, mas não podia desistir agora, não quando tinha chegado tão longe.

Se ela tinha se impressionado com a mansão Uchiha, luxuoso era pouco para descrever a casa de Madara. Ela não conseguia acreditar que alguém tinha tanto dinheiro e como podia gastá-lo tão despreocupadamente. Havia uma longa fila que saia da porta de entrada, onde havia uma fileira de seguranças, encarregados de pegar os penetras.

Engoliu um seco. Nunca tinha ido à uma festa daquele porte. Entraram na fila, sendo seguidos por alguns olhares, que analisavam Sasuke meticulosamente. Ele apenas bufava e revirava os olhos, sabendo exatamente o que estavam pensando dele. Afinal, era o último herdeiro, estava com toda a fortuna Uchiha em suas mãos.

Hinata estava nervosa e tentando disfarçar o seu ataque de ansiedade chegando.

– Vai ficar tudo bem. – Naruto disse, ao fitá-la e ela se conteve em acenar.

Ela resolveu se distrair com a decoração maravilhosa da mansão, que estava com todas as paredes perfeitamente cheias de luzes de natal e flores penduradas. As árvores, também cobertas por luzes, chamavam atenção pelas cores diferenciadas e até o concreto do chão estava brilhando.

Sua tática funcionou, quando menos esperou, estava na barreira de seguranças e via Sasuke entregando o convite e se referindo a ela e a Sakura como suas acompanhantes.

– Eu sou um Uchiha, pouco me importa se ai diz que só posso trazer mais uma pessoa. – ele dizia com um ar de desdém que ela nunca conseguiria imitar.

Os homens pareceram intimidados tanto quanto ela e deixaram-os entrar. Não foi surpresa para Hinata ver que o interior da mansão era tão absurdamente elegante quanto o exterior, mas não podia mais perder tempo admirando-a.

– Já sabem o que fazer. – foi tudo o que Sasuke disse, e foi com Sakura para as escadas, esperando encontrar Madara. Naruto encarou-a, com um ímpeto de determinação brilhando em seus olhos.

– Vamos, temos que achar alguma coisa que incrimine esse cara. – ele falou e ela acenou, seguindo-o. A parte deles do plano era fuçar em papeladas e qualquer coisa que achassem que pudesse incriminar Madara pela morte de Itachi, enquanto Sasuke e Sakura procuravam por ele e o mantivesse ocupado por um bom tempo.

Hinata seguiu Naruto exatamente por onde Sasuke tinham os instruído. Anteriormente, o Uchiha tinha feito eles decorarem o mapa da mansão, mostrando todos os cômodos onde poderiam estar documentos importantes e cofres.

Depois de entrarem e saírem de diversas portas, estavam com a impressão de que não seria tão fácil quanto achavam quando estavam formando o plano.

– Eu duvido que algo tão sério esteja tão ao nosso alcance. – Hinata comentou baixinho. Ela sempre teve bons olhos para esse tipo de coisa, não sabia porque. – Vamos para aquela porta que vai para o porão que Sasuke mencionou.

– Mas ele disse que é impossível de abrir aquela porta. – Naruto respondeu.

– Exatamente.

Os dois foram para onde ela tinha sugerido, passando pelos seguranças de formas diversas, sempre utilizando-se do fato de que Naruto era invisível e de que Hinata era uma mulher indefesa que por acaso estava perdida. Sem perceber, estavam se divertindo com o improviso.

Finalmente, chegaram na porta que dava para o porão. Como pensavam, era uma barreira. Com chaves digitais e várias fechaduras firmes, Hinata teve certeza que era ali onde encontrariam tudo o que precisavam para entregar Madara para a polícia. Mesmo a justiça sendo comprada pela empresa Uchiha, não havia como refutar evidências reais, afinal, o pai e mãe de Sasuke ainda tinham poder pleno da empresa e eles não estavam interessados em perder toda a sua fortuna e morrer.

– E agora? – Naruto perguntou, sentindo-se impotente.

– É só atravessar e abrir pelo outro lado. – Hinata respondeu simplesmente. Ela queria passar a mesma confiança que ele passou quando a ajudou a fugir de casa. – Se você conseguiu aprender a tocar nas coisas, consegue desaprender.

Ela sorriu, tentando transmitir o seu otimismo, mas ele ficou sério. Tentou atravessar a mão pela porta, mas apenas a tocou delicadamente.

– Eu não consigo. Dessa vez é diferente. – disse, tentando de novo. – Parece que eu estou mais... Sólido que nunca.

– Claro que consegue. – ela respondeu imediatamente, não apenas para incentivá-lo, mas porque acreditava realmente nele. – Você não desiste, lembra?

Ele sorriu e levantou a cabeça.

– É verdade! – exclamou, de repente energético. Hinata nunca sabia como ele conseguia se erguer tão rapidamente e lembrar-se de sua determinação de forma tão abrupta, mas agradecia mentalmente por isso.

Depois de várias tentativas, ele finalmente conseguiu atravessar a porta e a abriu pelo lado de dentro. Hinata entrou e encarou a escuridão, procurando por um interruptor. Quando acendeu a luz, se deparou com exatamente tudo o que estavam procurando.

Estavam dentro de um escritório com diversos computadores e estantes cheias de arquivos. Se entreolharam sorrindo e começaram a vasculhar incansavelmente pelos papeis.

– Espera, o que é isso? – Naruto perguntou, apontando para uma segunda porta que tinha escrito na madeira os dizeres: “projeto Fênix”.

– Vamos focar no Itachi primeiro. – Hinata respondeu e separou uma pasta de arquivos com a mesma frase para analisar depois.

– Calma, Hinata, eu sinto como se tivesse que entrar ali. – Naruto murmurou, de forma estranha e ela o encarou com preocupação. Ele estava encarando a porta de um jeito obsessivo.

A morena suspirou e mostrou-lhe a pasta.

– Então vamos ler esse primeiro. – ela disse, encarando a frase na capa. Naruto juntou-se a ela e ambos começaram a ler.

“Projeto Fênix: renascendo das cinzas. Parte 1: Reciclagem.”


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Notas finais do capítulo

Pela primeira vez posso falar que a culpa não foi minha pelo atraso, hahah. O Nyah! lindo teve problemas e ficou off por uns dias, mas voltou para nossa alegria *-*
Enfim, ta aí o cap novo, espero que tenham gostado (:
Beijocas :*