Inalcançável escrita por Gaia


Capítulo 17
Assassino




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/408259/chapter/17

Naruto estava novamente no quarto de Hinata, que tentava ignorar o fato o máximo que podia, para não começar a gaguejar ou corar. Ele estava tagarelando sobre alguma aventura que teve com os seus amigos de infância e de que como foram pegos depois. Ela achava adorável o jeito como ele se empolgava com coisas pequenas e como contava cada história como se ainda estivesse lá, gesticulando e encenando.

Ela ria genuinamente e tentava acompanhar os detalhes, enquanto ele divagava e se perdia em suas próprias histórias.

– Então o idiota do Sasuke achou que era uma ótima ideia falar que a gente ia pagar todos os prejuízos. – ele completou, rindo. – Óbvio que o homem não acreditou em alguns pirralhos de dez anos e mandou a gente embora com vassouradas.

Hinata riu, imaginando o Naruto pequeno e seus amigos se metendo em encrencas.

– O máximo que eu cheguei de me meter em encrenca foi quando estávamos no mansão. – ela admitiu, nunca fora aventureira como ele. Na verdade, sempre fez tudo certo e obedecia as ordens de seus pais. Nunca tinha parado para pensar no que estava perdendo.

– Que bom pra você! – ele exclamou e ela sorriu, apesar de não concordar.

Com momentos como esse, o fim de semana chegou rápido demais. Hinata e Naruto encontraram os outros na mansão Uchiha mais uma vez e ela apenas ficou calada, esperando pelas instruções.

Como Sakura tinha dito antes, o plano era na agência funerária e fazer perguntas, enquanto Naruto fuçava nos arquivos. Ela não achava que era uma ideia tão brilhante, mas era a única que tinham.

Quando chegaram lá, Sasuke foi o primeiro a falar com o senhor que estava atrás do balcão. A agência parecia ser chique, mas não o bastante para um Uchiha, o que fez Hinata estranhar, afinal, eles deveriam ter providenciado o maior enterro feito na cidade.

– Eu quero ver a ficha de Itachi Uchiha. – ele falou sem delongas, enquanto o velho apenas o encarava.

– Isso é contra as...

– Eu não ligo. Deixa eu ver. – ele falou novamente inflexível e a morena estremeceu, não gostava do lado frio de Sasuke, apesar de respeitá-lo. Ela viu de lado, enquanto Naruto entrava na porta dos fundos, afim de achar o arquivo sozinho.

– Olha, garoto... – o outro tentou argumentar, mas o moreno apenas o encarava com um olhar determinado de ódio e persuasão que só um Uchiha conseguia soltar. – Eu... É...

Sasuke posou no balcão os dois atestados de óbito e se aproximou do velho, que se inclinou para trás, assustado.

– Olha nos meus olhos e me diz o que há de errado com isso. – Sasuke ralhou, sem tirar os seus olhos negros dos claros do homem.

– Filho, não somos nós que providenciamos os atestados de óbito, nós apenas...

– Senhor, nós sabemos que para a realização de um enterro, é preciso ser entregue vários documentos, como o atestado de óbito, entre outros. – Sakura explicou, achando que Sasuke estava o pressionando demais. Naruto já tinha entrado para procurar a ficha, ele não precisava fazer com que o homem tivesse um ataque cardíaco.

– Mas eu não tenho nada a ver com o fato de que haja dois atestados... – a essa altura, o velho já estava gaguejando e Sasuke estava impaciente.

– Qual deles você recebeu? – ele perguntou friamente.

O senhor colocou os olhos e analisou os atestados.

– Esse aqui. – respondeu, apontando para o que dizia que Itachi estava embriagado e tinha morrido por causa de uma pancada na cabeça.

– Sasuke, ele não sabe de nada. – Sakura mencionou. – Temos que descobrir quem fez a autópsia.

– Você não percebe, Sakura? – ele perguntou, sem deixar de fitar o velho. – Essa agência vestiu Itachi, o colocou na porra do caixão, cuidou da merda do enterro. Eu tenho certeza que alguém viu o buraco de tiro na cabeça do meu irmão, enquanto o arrumava. A pergunta é: quem te pagou para você ficar calado?

O velho estava suando frio e pela primeira vez Hinata percebeu que ele era culpado. Até então, estava achando que ele era tão inocente quanto Sakura acreditava, mas a verdade era que era apenas um ótimo mentiroso. Tinham sorte que Sasuke também era.

– E então? – ele perguntou, cada vez mais intimidante.

– Olha... Eu não sei. – ele gaguejava, deixando Sasuke cada vez mais impaciente.

– Eu não vou perguntar novamente...

– Não, é sério! – o velho respondeu aflito. – Tudo foi lidado por emails, eu nunca vi a cara do homem. Era simplesmente assinava com “Sr. Uchiha” e eu achava que fosse o pai do menino. Ele me depositou um dinheiro a mais e pediu para que tudo fosse confidencial, então eu fiz, eu normalmente não faço perguntas...

Sasuke respirou fundo e se afastou, estreitando o olhar.

– Quem cuidou do enterro de Itachi? – Sakura perguntou ao namorado e Sasuke não se mexeu.

De repente, Naruto saiu da sala de arquivos rapidamente, tropeçando em tudo ao seu redor e fitou todos com choque em seu olhar.

– Madara Uchiha. – os dois disseram ao mesmo tempo.

Sakura fitou Sasuke com incredulidade, enquanto Hinata encarava Naruto com a mesma expressão de choque.

– Sasuke, ele é seu...

– Tio, eu sei. – ele completou. – Vamos embora.

O casal foi na frente, enquanto Hinata ficou para trás, esperando alguma reação e Naruto.


– Desculpa pela inconveniência, senhor. – ela falou para o velho que ainda estava um pouco atordoado com tudo. – Me desculpa mesmo.

Ele a encarou confuso, não conseguiu entender como uma garota tão meiga estava envolvida com o jovem que tinha acabado de quase lhe ameaçar.

– Você não devia andar com esses punks, garota. – ele advertiu-a, recebendo apenas um sorriso em troca.

– Tenha uma boa tarde. – ela disse e saiu, quando viu que Naruto já estava pronto para ir.

– Você não precisa ser boazinha com todo mundo, sabia? – ele reclamou, quando já estavam na porta. – Tem gente que não merece.

Hinata encarou os olhos azuis de Naruto e respondeu, da forma mais genuinamente gentil que possuía de si mesma:

– Todo mundo merece bondade.

Ele piscou algumas vezes, mas preferiu não retrucar. Se encontraram com os outros perto do carro de Sasuke, que estava rodando em círculos, perturbado.

– Mas se o seu tio que pagou, então quer dizer que ele que... – Sakura começou, sem saber como continuar.

– Matou Itachi, sim. – ele completou, ríspido. – Naruto conseguiu os arquivos?

Hinata acenou que sim e os entregou para Sasuke.

– Na última página tem a assinatura do seu tio e uma observação dizendo que tudo devia ser confidencial. – Naruto informou e ela repetiu.

– Por que o seu tio iria querer matar Itachi? – Sakura perguntou, preocupada.

– A herança. – Hinata respondeu imediatamente e todos a fitaram. – A segurança da empresa aumentou e, Sakura, lembra quando você não conseguiu entrar na mansão? Você mencionou que eles aumentaram a segurança porque a herança Uchiha mudou de herdeiro.

– Eu sempre soube que o meu tio era um psicopata! – Sasuke exclamou no auge de sua frustração.

– Você não achava que ele era um psicopata nesse sentido... E não sabemos de verdade se ele é... – Sakura tentou acalmá-lo, mas a verdade era que estava tão atordoada quanto ele e não acreditava no que estava falando.

– Mas isso quer dizer que ele teria que matar os pais de Sasuke também, né? – Naruto perguntou. – E o próprio Sasuke.

Hinata reproduziu o que o loiro disse e recebeu olhares preocupados.

– Temos que falar com a polícia. – Sakura disse imediatamente.

– Certo, como se a polícia não fosse completamente comprada pela empresa Uchiha. – Sasuke retrucou.

– Sasuke, Não podemos simplesmente esperar até você e sua família morrerem! – Naruto exclamou, inconformado. – Precisamos agir!

Hinata repetiu as palavras, mesmo achando que agir era uma ideia terrível. Aquilo era muito maior que eles, não havia nada que quatro adolescentes podiam fazer. Era contra um grande político rico que estariam lutando, não era um jogo.

– Eu sei. Acho que devíamos ir na casa dele e procurar algo que o incrimine. – Sasuke murmurou, como se fosse a coisa mais simples do mundo.

Sakura revirou os olhos.

– Óbvio, vamos na casa do assassino! – ela ralhou, incrédula. Já estava honestamente cansada das ideias idiotas e suicidas do namorado, que já não ligava para a sua própria vida.

– Você tem uma ideia melhor? – ele perguntou. Ela não tinha. A verdade era que ninguém nunca ia acreditar na palavra deles e eles precisavam de prova para incriminar alguém tão importante.

E ter Naruto ao seu lado era uma vantagem que ninguém nunca teria.

– Ele não sabe que nós sabemos, é só fingir que estamos visitando para fazer um trabalho de escola, ou sei lá. – Sasuke explicou e Sakura bufou, derrotada.

– Ok. Mas precisamos pensar nisso direito. Sem improvisos. – ela afirmou determinada e todos concordaram.

Enquanto iam para a mansão pensar em um novo plano. Hinata estranhou o fato de Naruto estar tão calado, mas não comentou nada. Quando finalmente chegaram, ele disse:

– Ainda bem que isso tudo está acabando.

Ela não podia concordar mais. Não queria mais se envolver em perigos e nos mistérios da família Uchiha. Tudo o que queria era passar as tardes conversando e rindo com Naruto, que quando não estava com seus velhos amigos, parecia muito mais feliz.

Talvez ele ficasse se condenando constantemente por estar morto quando estava com mais gente, pois só ela conseguia o ver. Hinata queria tanto ajudá-lo a seguir em frente, mas ao mesmo tempo ficava se perguntando o que aconteceria depois. Não sabia se ia aguentar ficar sem ele, não depois de provar uma vida ao seu lado.

Ela suspirou, não podia ser tão egoísta.

– Também acho. – se limitou em dizer, sorrindo. – Quando acabarmos com isso, podemos voltar a nossa missão de descobrir se Sakura gostava de você.

Apesar de Hinata continuar sorrir, o seu interior estava pegando fogo apenas com a ideia de imaginar que Naruto seria feliz com outra pessoa, que ele queria outra pessoa, que alguém era muito mais importante para ele do que ela. Mas ainda assim, ela era o tipo de alguém que não tentaria mudar isso, apenas aceitaria e ficaria feliz com a felicidade dele.

Nunca podia imaginar o quão masoquista pode ser uma pessoa tão altruísta.

– Sim! Eu aposto que ela ainda é caidinha por mim! - ele exclamou entusiasmado e entrou na mansão atrás dos outros.

Hinata suspirou e fitou os cabelos loiros por trás. A cada segundo tinha que se convencer que estava fazendo tudo aquilo para ajudá-lo e ignorar a grande parte do seu coração que palpitava toda vez que ele sorria.

Imaginando como a vida podia ser tão irônica, ela entrou para ajudá-los a formar o plano que daria fim aquilo tudo de uma vez por todas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gente, 500 perdões pela demora, foi a páscoa (FALANDO NISSO FELIZ PÁSCOA S2) e eu esqueci de postar antes de ir viajar, hehe, dsclp, ainda amo vocês, ok?
Enfim, gostaram? Pedras?

Beijocas :*