O homem tirou a fita adesiva da boca de Sasuke primeiro, que falou calmamente:

– Você não me quer aqui.

O outro ignorou e fez o mesmo com as duas meninas.

– É sério. Vou te dar uma chance de se redimir antes que eu abra a boca para os seus superiores. Nos tire daqui e finja que não viu nada e eu faço o mesmo. – o Uchiha apelou com uma voz calma que Hinata admirou. Ela nunca conseguiria falar com aquela tranquilidade naquela situação, estava surtando e prestes a chorar.

– Claro, pequeno punk. Fita adesiva pra você. – o homem falou achando graça e voltou a calar Sasuke. – Vou perguntar mais uma vez e dessa vez quero respostas, certo? Como entraram aqui? Vieram fazer alguma pegadinha escolar, é isso?

– Ele estava falando sério. – Sakura interveio. Sua voz estava mais tremida que a do namorado e era óbvio que ela não tinha a mesma confiança. – Ele é Sasuke Uchiha. Único herdeiro da empresa, você devia saber disso.

Por um instante, Hinata achou que o homem acreditou, mas um segundo depois, ele começou a gargalhar de forma maníaca.

– Certo, e eu sou o Batman.

Sakura revirou os olhos, inconformada. Os funcionários realmente deviam saber quem era Sasuke, o que raios estava acontecendo?

– É sério... Ele é...

– Cala a boca! – o homem berrou, descontrolado. – Vocês não entenderam a situação grave de vocês.

Então, apontou uma arma para a cabeça de Sakura, fazendo os olhos de Hinata encherem-se de lágrimas imediatamente e Sasuke se mover freneticamente para tentar sair da cadeira.

– O que vocês estão fazendo aqui? – ele repetiu, dessa vez com o rosto extremamente perto do de Sakura, que estava tentando ao máximo se afastar e mantinha uma face de completo desespero. Nunca imaginaria que ele realmente ia ameaçá-los com uma arma.

Hinata estava desesperada, e tudo o que ela conseguia pensar era em Naruto e como ele os tiraria dali se o homem tinha uma arma. A respiração dela estava acelerada e já não conseguia enxergar direito. Fitou Sakura e percebeu que ela estava ainda mais em choque e que nunca iria conseguir responder com aquela arma apontada para a sua cabeça.

Por um instante, achou que estava tudo perdido. Que iriam ser presos ou mortos, tudo por causa de um mal entendido com a morte de Itachi. Hinata fechou os olhos, não querendo encarar a cena do homem ameaçando Sakura e ouviu um estrondo. Era a porta batendo.

Ela ousou abrir os olhos e deparou-se com Naruto brigando com o homem, que não entendia nada do que estava acontecendo e só se batia, confuso. Felizmente, o fantasma tinha sido esperto o suficiente para jogar a arma longe antes de começar a deixar o portador completamente louco.

Hinata estaria sorrindo, se ainda não estivesse em completo choque. Ela olhou para os lados e viu Sasuke e Sakura tentando se desamarrar e resolveu fazer o mesmo, sabendo que ia falhar. Em poucos minutos, viu o Uchiha partindo para cima do homem e o deixando inconsciente.

Respirou fundo, aliviada, e olhou para Naruto, que correu para ajudá-la.

– Disse que eu cuidaria de tudo! – ele exclamou, ofegante, mas com um sorriso no rosto. Ela acenou com a cabeça e sorriu também, feliz por ele estar feliz, como sempre.

– Como raios eles não me reconheceram? – Sasuke disse, enquanto desamarrava Sakura, que o abraçou assim que se viu livre da corda.

– Isso se tornou perigoso demais, Sasuke, vamos dar o fora daqui! – ela exclamou, ao se afastar, mas ele apenas negou com a cabeça.

– Chegamos até aqui, temos que conseguir o troço! – Naruto falou, exaltado, estava claramente feliz por ter conseguido fazer alguma coisa.

Hinata, que até então estava silenciada por seu choque, se manifestou, dizendo exatamente o que Naruto tinha dito.

– Sim, já estamos aqui. – Sasuke concordou, recebendo um olhar de reprovação da namorada. – O que? Você que quis vir junto!

Sakura bufou e revirou os olhos, com desdém.

– Idiota. - foi tudo o que ela conseguiu responder. – Ok.

Hinata a encarou, não acreditou como ela era tão facilmente persuadida. De fato aquilo estava perigoso demais e ela não queria morrer, não agora, que a sua vida estava se tornando interessante.

– Não se preocupe, Hinata. – Naruto falou, como se tivesse lendo seus pensamentos. – Vai dar tudo certo!

Ele deu um sorriso largo e a encarou, alegre, contagiante. Ela sorriu de volta e acenou de leve com a cabeça, por algum motivo, ela acreditava nele, naquele sorriso, naqueles olhos, naquela energia.

Os quatro continuaram a andar, dessa vez com mais cuidado. Deixavam sempre Naruto ir na frente para liberar a área depois. Dessa forma, conseguiram chegar no escritório do Uchiha sem outra interferência.

– Agora é com você, Naruto. – Sasuke disse para o nada e o loiro acenou, determinado. – O certificado provavelmente está no cofre, a senha é 09062307. Você consegue decorar, é o aniversário de Itachi e o meu logo em seguida. Hinata, ele está acompanhando?

– Estou! 09062307! Eu decorei! – ele exclamou.

– Acho que sim. – ela afirmou, ainda receosa e encarou Naruto com preocupação, não queria que ele entrasse sozinho, mesmo sabendo que ninguém conseguia vê-lo. Hinata percebeu que era um tipo de preocupação que nunca tinha sentido por ninguém antes e se assustou com os próprios sentimentos.

Tinha que parar de alimentar aquilo.

– Naruto, traz o papel pelo chão e empurra ele por baixo da porta, eu tiro foto, você coloca de volta e a gente se manda. Não traz em mãos, não queremos que a câmera ache que a gente fez algum truque de mágica. – Sakura complementou e Hinata perguntou-se qual era o ponto se eles já estavam sendo filmados de qualquer forma. Todo mundo saberia que um cofre não se abre sozinho e um papel não sairia conveniente do cofre para as mãos de Sakura que esperava do lado de fora.

Suspirou, aquele era um plano falho desde começo, eles não consideraram que o papel ainda continuava visível nas câmeras, o que era uma estupidez de se esquecer.

Naruto fez o que a amiga mandou, logo o papel estava sendo arrastado por baixo da porta e Sakura estava tirando várias fotos por precaução. Depois de alguns segundos, Naruto voltou sorridente e falou:

– Consegui! Vamos!

Hinata sorriu para ele, mas escondia a preocupação óbvia de que seriam pegos uma hora ou outra, do mesmo jeito que foram pegos de surpresa pelos outros homens. Estranhamente, eles conseguiram sair pelas portas dos fundos sem nenhuma interrupção.

– Isso é muito estranho. – Sasuke comentou e todos concordaram.

– Quem liga? Vamos sair daqui. – Sakura falou com urgência, sem largar o braço de Sasuke nem por um segundo desde que se livrara daquela cadeira. Hinata queria ter aquela naturalidade com alguém, a de se apoiar em alguém sem parecer estranho e anormal. Ela queria ter alguém com quem pudesse contar, sem esperar nada em troca. Seus olhos migraram para Naruto, que ainda estava sorridente, mesmo depois de passar por tudo aquilo e seu coração disparou.

Ela não queria alguém. Ela queria ele.

Mas sabia que era impossível. Não apenas porque ele estava morto, apesar de esse ser um grande motivo de qualquer forma. Ela sabia que se ele estivesse vivo, eles nunca teriam se conhecido, eles eram de diferente turmas, ele era completamente extrovertido e aberto e ela era tímida e antissocial por consequência. Eram incompatíveis e ele era inalcançável de todas as formas.

– Você está bem, Hinata? – ele perguntou de repente, interrompendo os seus pensamentos.

Ela acenou roboticamente com a cabeça e soltou um sorriso. Estava ótima.

Voltaram para a mansão no mesmo silêncio que saíram e quando chegaram, Naruto estava esperando na porta.

– E agora? – ele perguntou, entusiasmado. Hinata percebeu que ele gostava de estar fazendo alguma coisa para variar, de se meter em encrencas para se sentir vivo.

Sasuke entrou na casa com o olhar fixo na foto do celular e deixou os três do lado de fora.

– Hinata, pode ir pra casa. Eu vou analisar isso e qualquer coisa a gente te chama. Muito obrigada pela ajuda. – Sakura disse para a morena. – Naruto, você também. Volta para sei lá onde, vai assombrar alguns rebeldes.

Ele fechou a cara imediatamente.

– Eu quero ajudar! – exclamou, teimoso.

Honestamente, Hinata queria ajudar também, não tinha feito tudo aquilo para não participar da próxima etapa, agora também estava curiosa para saber toda aquela história e qual era a verdade.

Ela repetiu as palavras de Naruto e Sakura respondeu calma:

– Eu sei, não se preocupem, vocês vão, mas você sabe como Sasuke fica quando quer se concentrar, Naruto. Ele vai querer ficar sozinho, não vai dormir até descobrir a verdade por trás daquele certificado.

– Ele fica rabugento. – Naruto traduziu para Hinata, fazendo-a rir. – Tudo bem, tudo bem. – concordou por fim.

– Ok. – Hinata acompanhou. – Mas por favor, qualquer coisa mesmo pode ligar. Mesmo.

Sakura acenou com a cabeça.

– Pode deixar, muito obrigada. – respondeu com um sorriso e virou-se para entrar atrás do Uchiha.

Assim que ficou sozinha com Naruto, Hinata corou, mesmo tendo ficado sozinha com eles diversas vezes. Eles se entreolharam e andaram juntos até a bicicleta dela.

– Isso foi divertido. – Naruto disse de repente e ela acenou. Apesar dos perigos e da provável prisão que os esperavam, tinha mesmo sido divertido e ela gostou de ter conhecido os amigos dele melhor. – Você foi muito corajosa se vestindo de cientista.

Ele riu da lembrança e o rosto dela ficou vermelho imediatamente. Ela não tinha sido nada corajosa, ela entrou em pânico no instante em que foi pega, ele que tinha sido extremamente corajoso ao enfrentar todos aqueles homens sozinho, mesmo sendo invisível.

Queria dizer-lhe isso, queria falar tudo o que achava dele e como o admirava e como queria ser pelo menos um pouco como ele, mas sua timidez a impediu. Sabia que não iria ganhar nada com aquilo.

– Obrigada. – foi o que resolveu responder.

– De nada! E você viu a cara daquele cara quando eu comecei a bater nele? Ele ficou completamente louco. – Naruto dizia, movendo as mãos e imitando a cena com vividez. Ele sorria e contava com êxtase os seus triunfos, rindo.

Hinata estava completamente encantada e ria pela felicidade dele, além das caras engraçadas e gestos que ele fazia.

Ela ainda não sabia, mas Naruto gostava de fazê-la de rir tanto quanto ela gostava de vê-lo rir.