Ouviram passos e pararam abruptamente o que faziam. Olharam-se e Loki saiu correndo deixando o asgardiano sozinho.

– Thor. -Ouviu uma voz grave o chamar.

– O que quer Heimdall?

– Só vim avisar-lhe de uma coisa. Seu pai chegará em quatro dias. -Comunicou sério. -Quer ver como estão as coisas.

O príncipe concordou. Todo seu bom-humor se esvaiu.

(...)

Assim que Heimdall foi embora, Thor pôs-se a correr em busca de Loki. Queria saber o motivo do mesmo ter fugido. Após muito tempo de caminhada, ouviu vozes vindo de longe e uma delas parecia ser do moreno, que mantinha um diálogo com alguma mulher. Se aproximava na tentativa de entender o que estavam falando quando sentiu seu braço ser segurado e alguém o chamar.

– O que fazes aqui a esta hora em vez de trabalhar? - Era Laufey, que parecia bastante bravo. - Se é para destruir nossa terra que faça direito pelo menos.

– Desculpe então -Disse soltando-se do agarro do outro- Estava procurando Loki. Ele... bem, ele...

– Ele está te dando problemas não é? -Suspirou- Peço perdão pelo seu comportamento. -Distanciou-se um pouco de Thor e colocou mexas de cabelo detrás da orelha.

– Sempre foi assim?

– Desde antes do massacre. Os pais dele sumiram um pouco antes de Odin invadir Jotumheim e com isso ficou amargurado e eu o peguei para criar. E naquela noite terrível, Loki sumiu e o encontramos no dia seguinte desmaiado perto do templo do Oráculo. Então percebemos a cicatriz, porém mesmo perguntando-o todos os dias o que houve ele nunca respondeu.

Thor ficou surpreso com a história, não só pelo fato do moreno ter presenciado atrocidades, mas pelo fato de este ser misterioso. Aquilo aguçou sua vontade de questioná-lo tudo o que estava sentindo e pensando, para depois arrancar-lhe o que de fato havia ocorrido. Sentia que se fizesse isso estaria ajudando o outro e saciando sua própria curiosidade.

Laufey pediu para que o loiro voltasse sozinho pois iria procurar seu filho.

(...)

Ao chegar ao campo de construção novamente, encontrou uma grande aglomeração formada e chegou perto para descobrir o que estava acontecendo. Abrindo caminho, alcançou o centro e encontrou Idun juntamente com Tyr sentados em toras, mas o que mais lhe chamou atenção foi que o grande homem encontrava-se sem uma das mãos. Este explicou que caminhava floresta adentro quando foi atacado por um animal, provavelmente um lobo. Todos ficaram impressionados e temerosos sobre as criaturas que poderiam ter ali. Balder, seguindo a linha de pensamento de todos, tomou frente e pediu cautela máxima. Liberou também que os asgardianos andassem armados para o caso de encontrar algum animal perigoso pelo caminho. "Que bom que eu trouxe o Mjolnir", pensou Thor.

Assim o dia passou, sem sinal de Loki.

De noite todos retornaram a suas casas para descansar. Thor acendeu as velas do seu quarto mesmo com os protestos de Frandal, que dizia estar com um sono insuportável, mas o loiro estava pensativo demais e a escuridão não o agradava. Estava deitado em sua cama quando escutou um barulho vindo do lado de fora. Não perdeu tempo. Levantou-se pegou seu martelo e saiu lentamente de casa, para não acordar ninguém. Foi caminhando no escuro, sendo iluminado apenas pela luz da lua. Novamente outro som desta vez mais perto e pela altura provavelmente se tratava de um animal grande. Se colocou em posição de luta e quando sentiu uma presença e sem pensar duas vezes jogou o Mjolnir escutando um baque grande. Chegou perto receoso para ver qual animal tinha acertado. Mas não haviam patas, nem pelos. Haviam mãos, pernas e um corpo esguio.

– Loki...

(...)

Acordou com a cabeça latejando e o ombro doendo muito. Não conseguia abrir os olhos nem se mexer. Apenas tinha a consciência de que estava ali, mas aonde era exatamente? Lembrava-se de ter ido falar com Thor e desculpar-se por não voltar para ajudá-lo. A conversa com Hela o deixou abalado demais, por isso passou o dia todo longe de qualquer um. Finalmente sentia-se voltando ao corpo e pode levar uma das mãos a cabeça.

– Loki. -Escutou uma voz grave.

– Thor... Onde estou? O que houve? -Perguntou abrindo minimamente os olhos.

– Desculpa, estamos com Idun. Eu te acertei com meu martelo... Pensei que fosse um animal. -Segurou a mão do moreno que antes estava em sua cabeça. -O que estava fazendo lá a essa hora?

– Ia te pedir desculpas por sumir no meio do dia.

– Você poderia ter sumido para sempre, isso sim. -Disse a moça se aproximando-.Sorte que a mira dele é péssima.

O Gigante riu minimamente e logo pediu para ir embora e mesmo com as advertências da curandeira, o loiro teve que levá-lo de volta, como pedido de desculpas. Seguiram caminho até a casa do moreno com o mesmo sendo levado no colo, pois encontrava-se tonto demais para andar. Ao chegarem foram direto para os aposentos de Loki, que era separado dos outros.

– Ei, não tem colchão na sua cama. -Thor disse analisando o local, vendo o quanto era simples.

– Não, meu pai me tomou para dar a Tyr. Achou que assim seria mais confortável para ele agora. -Respondeu com maldade, que não foi notada pelo maior. - Agora durmo ali. - Apontou para uma grossa pele que havia no chão.

O príncipe então o colocou cuidadosamente no emaranhado de pelos brancos. Ficou deslumbrado com a visão que obteve. Loki deitado abaixo de si com os cabelos espalhados, visivelmente feliz e divertido com a situação.

– Sabe, parecemos casados em nossa lua-de-mel. -Riu o loiro.

– Por que acha isso?

– Você assim, tão submisso, parece até uma mulher querendo ser devorada. -Mordiscou o lábio.

– Devorado? Como assim? -Voltava com seu ar inocente.

– Não me tente. -Falou com os olhos cheios de luxúria- Seu ombro está doendo muito?

– Um pouco, você é muito bruto.

– Se quiser posso ser mais carinhoso. -Disse se abaixando até tocar os lábios do outro.

Thor tratava-o com ternura e apenas tocava seus lábios. Subiu em cima deste e desceu os beijos até seu pescoço e em troca recebeu um leve gemido e um abraço que parecia ser dado pela surpresa que levou. Assim foi por um tempo, apenas carícias suaves até que o loiro não se aguentando partiu para algo mais rude. O ambiente ficou mais quente na mesma medida dos corpos.

– Me sinto estranho, exposto. -Dizia Loki.- Mas ao mesmo tempo bem...

– Bem-vindo ao prazer. -Sussurrou em seu ouvido.

– Me diz... você faz isso com outra pessoas?

Parou as o que fazia sentindo uma culpa enorme. Lembrou-se de Sif e das noites que passavam juntos. Não poderia seguir adiante com o outro. Mas ao perceber o olhar de insegurança e expectativa que recebia, mentiu falando um não. E mesmo não tendo ido até o final, Thor ensinou a Loki um bem-estar sem invasões , mas com a mesma explosão de êxtase.

Parecia que cada vez menos tinha poder de escolha para com o Gigante.

(...)

No outro dia o moreno chegou alegremente para trabalhar, mesmo com o ombro dolorido e enfaixado. Na verdade queria ver o loiro a todo o custo, mas foi frustrado ao saber que este ficaria fora por três dias. Heimdall o mandou explorar floresta a dentro junto com Hogun e outros três asgardianos. Assim teve que trabalhar com Frandal a contragosto, recebendo muito auxilio do mesmo.

No final do terceiro dia, enquanto discutia com o novo companheiro de trabalho, ouviu Balder gritar informando a chegada do Príncipe. Seu olhar se iluminou e este chegou perto do loiro, juntamente com todos os outros presentes. Bombardeavam-o com perguntas bem-humoradas, que pouco eram respondidas, pois estava atento em Loki que apenas movia os lábios dizendo um "senti sua falta". Não houve tempo para mais nada, Laufey chegou pedindo silêncio.

– Sua majestade Odin acaba de chegar.

O sorriso de Thor desmanchou-se, seu pai havia chegado. Prepotente e arrogante, olhava a tudo e todos com olhar autoritário. Chamou o filho perto de si, segurou-o pelos ombros e o abraçou, parecendo ter saudade e orgulho deste pela escolha de ir para Jotumheim. Após um breve discurso onde informava que estava lá para inspecionar o andamento de tudo, anunciou que tinha trazido um presente para o príncipe. E de trás dos guardas reais, saiu uma moça de grandes cabelos loiros e olhar maduro.

– Sif... -Thor sussurrou incrédulo.

A mulher correu de encontro deste agarrando seu pescoço dando-lhe um beijo. Os presentes gritavam e aplaudiam, fazendo uma grande baderna. E bem mais longe estava Loki, com o olhar negro de raiva e os punhos cerrados tão fortemente que suas unhas o furaram.

O limite que sustentava havia chegado ao final e ninguém poderia saber o que estava por vir.