Certo dia, sob uma tempestade,  um velho andarilho com uma pedra nas mãos procurava desesperadamente por um abrigo. Cada passo que o homem dava eram dois para trás, pois o vento forte e a chuva o cegavam e faziam-no perder as forças. 

Não fazia uma refeição há muitos dias, pois não tinha nada de valor para trocar. Seu único bem, inútil para alguns e um tesouro para ele era uma pedra. Não uma pedra qualquer, pois dentro dela havia um líquido que em contato com o oxigênio, endurecia e ficava tão duro, mas tão duro quando o chifre de um chapéu Viking.

Mas o andarilho não sabia o valor que tinha aquele líquido, tal vermelho que lembrava sangue e tão brilhante que cegava como se estivéssemos olhando para o Sol.

Depois de alguns minutos a tempestade já estava passando, assim, o andarilho pôde ver melhor e achou uma pequena caverna para passar a noite.

Logo de manhã, a luz do sol inundou a caverna, acordando o andarilho. Os pássaros cantavam como se seus ninhos não tivesses sido destruídos pela tempestade na noite anterior. O andarilho, após pegar a pedra, notou que nela havia uma pequena rachadura, mas não ligou e foi embora.

Após chegar em um cais, foi recebido alegremente por um marinheiro que lhe ofereceu abrigo e comida em troca de alguns serviços em seu navio. Disse-lhe apressadamente que poderia começar logo no outro dia, pois ainda ventava muito, a correnteza estava forte e o mar cheio.

Depois de notar que o andarilho não havia sequer uma trouxa de roupas, resolveu lhe emprestar uma muda, para começar o trabalho no dia seguinte. Assim o andarilho usaria as suas roupas velhas para trabalhar.

Por curiosidade o marinheiro perguntou ao andarilho porquê ele segurava uma pedra. O andarilho logo disse: 

- Não sei, quando achei esta pedra logo gostei. Algumas partes de seu tom cinza é mais escura que a outra, porém não desorganizadamente. Vê? Não é linda?

- Bom... é uma pedra! Não pode ser bonita - disse o marinheiro.

O andarilho apenas suspirou, olhou para a pedra e notou que a rachadura havia aumentado. Novamente não ligou e seguiu o marinheiro para dentro do navio. 

Após receber a primeira instrução, o andarilho foi trocar o ouro que o marinheiro havia lhe dado, por comida.

Depois de uma longa caminhada, sob uma árvore estavam três meninos que olharam para o andarilho com desprezo e logo abriram um sorriso malvado por verem que o saco de pano, onde continha o ouro, brilhava com intensidade, conforme o andarilho passava pelos raios de sol que as árvores deixavam transpassar por suas folhas. Logo começaram a correr em direção ao homem que estava distraído guardando sua preciosa pedra no saco de pano que nem notou a aproximação dos meninos.

Quando foi colocar o mesmo no bolso, os três meninos passaram correndo e um agarrou o saco. O andarilho tentou ir atrás deles, mas os meninos haviam desaparecido.

Voltando ao cais, a poucos metros do navio, pronto para se explicar ao marinheiro sobre o roubo quando escutou um EI!

O andarilho olhou para trás e a pedra que atingiu sua testa, quebrou, fazendo o líquido escorrer por seus olhos e endurecendo logo em seguida.

O homem cego, desgovernado e urrando de dor, foi andando em direção à ponta do cais e caiu no mar.

De tanto esperar, o marinheiro ficou aborrecido por achar que havia sido roubado e se sentou na beira do cais. Olhou para o mar e uma luz vermelha chamou sua atenção e então, esquecendo que não sabia nadar, atirou-se no mar, assim afundando rumo à luz, linda luz vermelha.