Cheguei na biblioteca e me sentei em uma poltrona ao lado de uma janela. Sei que devia estar muito frio lá fora, mas eu a abri um pouco. Deixei que o vento soprasse nos meus cabelos loiros e me levasse para longe dali. Depois de um tempo, me levantei com um suspiro, e comecei a deslizar meus dedos pelas prateleiras. Sentia-me como se os livros que tocava pudessem me consolar. Tantos segredos, tanta coisa para se achar... devia ser por isso que eu amava a biblioteca. O silêncio, o cheiro das enciclopédias antigas, os conhecimentos que estavam tão bem guardados em simples estantes...

– A senhorita está procurando alguma coisa? – ouvi um sussurro próximo ao meu ouvido.

– Professor... Lupin? O que faz aqui?!? – perguntei com o coração acelerado me encostando na estante, de frente para ele... Minha nossa! Como não percebi ele chegar?

– Eu sempre venho aqui nas minhas horas livres – disse sorrindo e me erguendo uma sobrancelha – E a senhorita? O que faz aqui?

– Eu... gosto daqui. Acho bom para... pensar.

– Ah... – ele falou colocando uma mão na cabeça e sorrindo nervoso, enquanto encarava o chão – Stephanie, eu... posso te chamar de Stephanie, certo?

– Cl-claro – eu disse, nervosa.

– Ótimo! Bom, eu... Sabe, sobre amanhã... Er... Eu sei que é errado, mas eu lhe ouvi falando com seu namorado e, se você preferir não ter a revisão amanhã para poder passear com ele, tudo bem. Afinal, é apenas uma aula extra. Você não me deve essa satisfação, além do que...

– O senhor não quer mais que eu vá? – eu o interrompi, triste com a possibilidade.

– Não! Nunca! É só que o seu namorado pareceu meio chateado e...

– Ele não é meu namorado! – interrompi novamente com raiva – Só porque vou ser obrigada a casar com ele não significa que eu esteja apaixonada por ele! Ele é só um amigo!

O professor deu um meio sorriso:

– Mesmo? – disse se aproximando um pouco.

Eu estava super corada. Era impressão minha, ou ele realmente se importava se eu estava ou não estava namorando o Louis?

– S-sim... Claro! Eu não estou apaixonada por ele!

– E por quem você está apaixonada, Stephanie? – ele me perguntou, sussurrando. Ele já estava perigosamente perto...

– Por que o senhor se preocupa tanto? – respondi com o mesmo tom de voz, com as pernas trêmulas. Por Merlin, o que estava acontecendo comigo?

Ele colocou as mãos delicadamente na minha cintura, como se pedisse permissão. Parecia não saber se olhava para meus olhos ou para os meus lábios, alternando constantemente o olhar entre os dois.

– Stephanie, já faz muito tempo que eu venho querendo te dizer isso -ele falou, nervoso – O fato é... Desde que eu te vi entrar pela porta da minha sala de aula pela primeira vez, eu senti uma coisa que... eu não sei como descrever. Um sentimento bom. E com o passar do tempo, eu percebi que você é a garota mais linda que eu já vi em toda a minha vida. A mais inteligente, a mais determinada, a mais curiosa, a mais simpática... Você é a garota mais encantadora que eu já conheci, Stephanie. Eu acho que... Eu acho que estou apaixonado por você. Eu... Eu sempre sofri com a possibilidade de você não corresponder. Quando eu te vi entrar naquele salão hoje, de braço dado com o Delacour, eu... Minha nossa, Stephanie, eu sofri muito. Senti tanta coisa, que era capaz de amaldiçoar aquele garoto ali mesmo, na frente de todo mundo. Mas agora você me diz que não tem nada com ele, que não está apaixonada por ele! Por favor, seja sincera comigo. Você poderia me dar uma chance? Eu não consigo mais viver sem você!

Eu estava chocada, com a boca aberta em um perfeito “o”. Tudo que eu sempre sonhei estava acontecendo. Ele se declarou! Ele me ama! Pelas saias de Morgana, ele também gosta de mim!

– Professor, eu sempre fui apaixonada por você!!! – eu disse com os olhos lagrimando.

Ele sorriu e se aproximou ainda mais, colando seus lábios nos meus.

Foi perfeito! Doce e urgente ao mesmo tempo. Ele me imprensou ainda mais contra a estante e começou a morder meus lábios, delicadamente, enquanto eu me segurava em seu pescoço, acariciando seus cabelos. A boca dele tinha gosto de framboesa... irresistível.

Quando começamos a sentir falta do oxigênio, ele descolou nossos lábios devagar e encostou nossas testas.

– Você não faz ideia de quanto tempo eu esperei pra poder te beijar, princesa – ele me disse sorrindo enquanto mirava meus olhos.

– Pode continuar, eu não me importo – respondi retribuindo o sorriso.

Ele se aproximou de novo e continuou com um beijo bem delicado. E foi exatamente assim que passamos a noite na biblioteca...