Sábios que Erram escrita por bioexi


Capítulo 1
Capítulo 1




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Sábios que erram – CAPÍTULO I



         Dumbledore passeava lentamente no pátio principal de Hogwarts, sentindo o vento frio atingir seu rosto agradavelmente. A maioria dos alunos tinha se retirado para os feriados próximos e a relativa solidão da escola era um bálsamo bem vindo para quem precisava pensar... não pensar, ele se corrigiu internamente, planejar. No fundo de sua alma, o diretor sabia que a hora da declaração aberta da guerra no mundo bruxo estava próxima e que todos os detalhes deveriam ser cuidadosamente planejados. Não que ele tivesse percebido isso agora. Desde os eventos da primeira ascensão de Tom Riddle, que Dumbledore combatia e planejava. Verdade seja dita, na primeira investida de Riddle, todos foram surpreendidos por sua sede desmedida de poder e pelos métodos malignos que ele usou para conseguir seus intentos. Porém, quando Riddle caiu, ele sabia que deveria ficar alerta, pois eventualmente ele voltaria. O diretor fez uma pausa em seus pensamentos para respirar profundamente o ar puro deste local que sempre foi o berço das esperanças de tantas jovens mentes. Quantas crianças ele tinha visto chegar a esta escola com os olhos brilhando de excitação e deslumbramento? Quantas se tornaram valorosas e dignas de nota na estória do mundo bruxo? E quantas se desviaram do caminho para seguir a escuridão? Dumbledore abriu os olhos e suspirou profundamente em sinal de resignação, já sabendo aonde essa linha de pensamento o levaria. Ele não temia a luta que estava por vir e certamente não temia a morte, mas ele tinha um temor e esse temor tinha rosto e nome, ele temia pelo destino de Severo Snape. Seu atual mestre de poções era um homem agora, de mente brilhante e sofisticada capaz de rivalizar com o próprio Dumbledore em clareza de raciocínio e inventividade. Mas ele ainda é, por debaixo de seu brilhantismo, um jovem homem que acha que merece sofrer por um erro cometido há anos atrás. O erro de se entregar ao caminho de ódio, movido por um sentimento de vingança. O erro de ter involuntariamente contribuído para a morte da única mulher que amou totalmente. Ele não o culpava por não ter sabido se perdoar. Houve um tempo, tempos difíceis, Dumbledore gostava de acrescentar em seu favor, que o maior sentimento que ele próprio conseguia destinar a Severo, era desprezo. Ele podia lembrar claramente do episódio que fortaleceu esse sentimento, tão claramente que sua mente começou a transportá-lo e ele fechou os olhos deixando-se levar a um passado não tão distante.


-Se ela significa tanto para você, Dumbledore ouviu sua própria voz falando ao atormentado jovem caído aos seus pés, -certamente Voldemort a poupará. Você não poderia pedir pela vida da mãe em troca do filho?


-Eu pedi. Eu pedi a ele. Foi a resposta desesperada do jovem Snape.


E o próximo ato dessa lembrança fez o coração do velho diretor apertar em seu peito. O rigor de sua resposta para o quase menino, vestido de negro, suplicando ajuda.


-Você me dá nojo. Você não se importa então com as mortes do marido e do filho dela?


Dumbledore se lembrou que a essa afirmação, o jovem se encolheu um pouco como se tivesse sentido alguma dor física, mas naquela época, ele não se importou em usar a força necessária para testar a veracidade das atitudes do rapaz porque sem dúvida, o que Snape tinha acabado de dizer realmente o repugnava.


-Esconda todos então, mantenha ela.., eles a salvo, por favor. Snape respondeu roucamente.


Foi então que ele tinha visto a oportunidade de testar definitivamente as intenções do rapaz e sombriamente perguntou a ele.


-E o que você me dará em troca, Severo? Mesmo sabendo que protegeria os Potter qualquer que fosse sua resposta.


-Qualquer coisa. Disse Snape.


Foi essa resposta e o olhar que a acompanhou que fez Dumbledore ter certeza que o jovem comensal da morte à sua frente, aceitaria virar às costas ao seu antigo mestre e ele não hesitou em torná-lo útil à causa de derrotar Voldemort. Ele não hesitou em torná-lo um espião.


Dumbledore foi trazido de volta à realidade pela voz quase sempre suave, mas quase nunca tranqüila de Snape.


-Está tudo bem, diretor? Ele perguntou com o cenho franzido.


-Ah, Severo! Disse Dumbledore genuinamente feliz em vê-lo.  –Sim, está tudo bem. Eu acho que me deixei levar por velhas lembranças. Um hábito de velhas pessoas como eu, devo imaginar.


Snape revirou os olhos levemente antes de acrescentar num tom aborrecido.


-Talvez fosse melhor que você exercesse seus hábitos dentro do castelo. Isso evitaria que Mcgonagall me atormentasse para vir buscá-lo, usando centenas de argumentos sobre baixas temperaturas, resfriados e nevascas, que apenas o absoluto tédio me impede de repetir para você.


Dumbledore olhou para Snape, sem se mover, com uma expressão de divertida admiração e sorriu levemente.


-Vejo que divirto você, diretor. Isso é absolutamente tocante, então acho que posso considerar minha missão terrena cumprida e podemos ambos ficar aqui parados congelando até a morte. Snape disse com uma expressão que oscilava entre aborrecido e curioso.


O sorriso de Dumbledore aumentou enquanto ele caminhava para Snape e dava um tapinha de leve no seu braço.


–Não Severo, creio que nosso destino não será congelar no pátio, nem aborrecer Minerva. Vamos entrar e sei que você fará a bondade de acompanhar esse velho diretor num chá.


Snape seguiu Dumbledore em direção ao castelo sem mais argumentação e enquanto caminhavam lado a lado, o diretor acrescentou casualmente, olhando distraidamente para frente.


– Você é um jovem muito incomum, Severo. Realmente muito incomum.


 


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