Secret Garden escrita por Bilirrubina


Capítulo 1
Prólogo




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Já estava anoitecendo quando Maria Clara finalmente chegou em casa. Cansada, subiu as escadas e foi diretamente para seu quarto, onde jogou-se na cama. Fechou os olhos e suspirou, pensando em como era bom finalmente descansar um pouco. Com a mão direita afastou os cabelos dos olhos e massageou as têmporas, aquele havia sido um dia bem cheio.

Levantou-se com um pulo e foi para o banheiro, pois o que mais precisava agora era de um bom e relaxante banho. Assim que ligou o registro, deixou a água quente cair em seu dorso, como se assim pudesse aliviar um pouco da tensão que sentia. Após alguns minutos, saiu do banho como se estivesse “nova em folha”. Com a toalha desembaçou o espelho e fitou a própria imagem. Os cabelos curtos e castanhos, os olhos grandes e verdes, as cicatrizes que tentava esconder com a franja... E algumas rugas de expressão. 

Maria Clara franziu o cenho e sorriu logo após. Os anos estavam mostrando suas marcas, porém ela não se importava, ou melhor, não se importava tanto a ponto de fazer uma cirurgia, já que sabia que era natural envelhecer. Afastou com as mãos este pensamento. Não estava velha! Apenas... Mais madura. Sorriu novamente e arrumou a toalha que estava enrolada, voltando para o quarto.

Estava acabando de se vestir quando o marido entrou e a abraçou por trás, surpreendendo-a com um beijo no pescoço, o que a fez sentir-se um pouco trêmula. Rindo da sua reação, ele foi para o banheiro.  Mesmo estando casados há tanto tempo, Dimitry tinha um imenso prazer em pequenos gestos de afeto, como este.

– Como foi seu dia? – perguntou ao desatar o nó da gravata.

– Cansativo... – respondeu ao sentar-se na penteadeira, já restabelecida – Mas foi bom.

– Não vi as crianças, eles ainda não voltaram? – livrou-se da camisa.

– Não. Carol disse que viria jantar conosco. – olhou no relógio em seu braço esquerdo – Eles já devem estar chegando... Não se preocupe.

– Não estou preocupado... – apareceu na porta do banheiro – É que não sei se Carol e Jade terão “pique” pra cuidar dos quatro.

Maria ponderou aquela afirmação enquanto olhava para Dimitry através do espelho.

– Amor, eles sabiam no que estavam se metendo... Levar quatro crianças para um parque temático não é nada fácil, mas se quiseram ir mesmo assim... – deu de ombros – Só desejo que tenha dado tudo certo. Bernardo é o que mais dá trabalho, porém Anya se comprometeu a olhá-lo.

– Eu sei, mas estava mesmo preocupado com Gustavo e Eduardo. Aqueles gêmeos... – meneou a cabeça – Lembra quando eles quebraram a estátua do jardim?

Ela riu enquanto terminava de ajeitar o cabelo.

– Ainda não sei como conseguiram... Aquilo era feito de mármore! E além do mais... Já faz muito tempo isso, Dimitry. Eles cresceram.

– Sinceramente não tenho certeza disso. A cada vez que olho para eles vejo o mesmo brilho dos olhos... Aquele de criança arteira. Vejo muito disso em meus alunos no Instituto.

Ambos riram e foram interrompidos por um pequeno ser correndo pelo quarto, parando em frente à Maria Clara, abraçando-a. Por pouco os dois não caíram e Dimitry, fingindo ciúmes foi até os dois e pegou o pequeno no colo.

– E o papai, não ganha abraço também? 

O garoto, radiante e sem apresentar sinais de cansaço, abraçou fortemente o pai. Enquanto isso, Anya, que parecia estar destruída, jogou-se na grande cama de casal.

– E como foi lá, querida? – perguntou sua mãe, sentando-se ao seu lado.

– Ai... Muito... Cansativo... – falou com os olhos fechados – Não sei como vocês conseguem aguentar este menino!

Maria levantou-se e puxou Anya para que ela fizesse o mesmo.

– O que posso fazer se ele puxou a mim? Agora vá tomar um banho para nós jantarmos. Onde estão seus tios?

Anya deu de ombros, indicando que não sabia e saiu do quarto. Dimitry já estava dando banho em Bernardo quando Maria Clara também saiu do quarto. Iria ao encontro da irmã e enquanto andava pelos corredores, pensava o quanto os dois filhos eram diferentes. Mesmo sendo tão parecidos fisicamente, tendo os cabelos escuros do pai, sua pele clara, seu sorriso e apenas os olhos verdes da mãe; possuíam personalidades completamente distintas: Anya era serena e centrada, já Bernardo era impulsivo e elétrico. Talvez fosse a terna idade, pois tinha apenas 5 anos, ou tinha herdado realmente da mãe outra coisa além do verde dos olhos...

Maria foi até a sala de estar, onde estava o resto da família. Abraçou sua irmã e o cunhado, fazendo o mesmo com os sobrinhos. Passado algum tempo, já estavam à mesa do jantar e o restante da noite correu bem, com as “crianças” comentado o passeio e os pais expressando o quanto ficaram cansados.

Por volta de dez horas da noite, Dimitry foi por na cama Bernardo, que já havia adormecido e Maria Clara levou Anya para seu quarto. Assim que trocou a roupa, a garota lembrou-se de uma tarefa e perguntou:

– Mãe, como exatamente você conheceu meu pai?

– Na escola, eu já te disse, filha...

– Eu sei, mas assim... – sentou-se em sua cama – Minha professora de produção de texto pediu pra que a gente fazer um conto de como nossos pais se conheceram aí... Tipo, eu preciso de mais detalhes, entende?

Maria respirou fundo e passou a mãos nos cabelos antes de falar:

– Bem, querida... Nem sei por onde começar e nem o quê falar, necessariamente...

– Não precisa esconder nada. Já sou uma adolescente de 12 anos e posso lidar com tudo o que você tem pra falar! Eu sei, mãe, que nem tudo foi às mil maravilhas, principalmente o que aconteceu com a vovó...

A mãe segurou as mãos da filha entre as suas e sorriu. Anya compreendeu o gesto da mãe, que queria dizer que ficaria tudo bem, pois o passado não era tão doloroso. Não mais... O tempo ajudara a curar muita coisa.

– Bom... – suspirou – Tudo começou no meu primeiro dia letivo do 1º ano do ensino médio...


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