O virgem de 19 anos escrita por AmndAndrade


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

AAAAAAAAAAHHHH RECEBI UMA RECOMENDAÇÃO, NÃO ACREDITO AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHH CHOREI

Nessa, obrigada, eu amei :3 esse capítulo é seu:



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– Espero que valha a pena ter me tirado da cama às sete da manhã – Vanessa cospe as palavras antes mesmo que eu tenha terminado de dizer “bom dia”.

– As aulas não sempre começaram às sete? – zombo enquanto ela me fuzila com os olhos.

– Diz logo o que era “tão importante”, meu amor – ela afina a voz de um jeito extremamente irritante.

Corro os olhos pela sala bagunçada. O sofá tem um líquido escuro marcando um dos assentos, talvez o que um dia foi algum tipo de refrigerante e agora é quase uma substância radioativa. O tapete está embolado perto da televisão e tem caixas de pizza em vários lugares diferentes do cômodo. Algumas apostilas de Biologia – provavelmente de Felipe – estão dispostas na minha última esperança, que eram as duas cadeiras e a mesa de centro.

Enfim, não dá para sentar ali.

– Vamos pra cozinha – sugiro quando ela suspira de um jeito cansado.

Ela passa na minha frente e entra na primeira porta. Vanessa conhece a casa tão bem quanto eu, apesar de não gostar muito dos meus amigos. Ela até gosta de Marcelo, mas creio que é mais pela boa convivência que qualquer outra coisa. Joga a bolsa em uma da cadeira e senta na outra, esfregando os olhos e prendendo o cabelo castanho, ondulado e comprido num coque mal feito. Apóia os cotovelos na mesa e solta um bocejo.

– Adianta a conversa.

Suspiro e sento de frente para ela, encarando a bandeja de copos que – adivinha – não tem nenhum copo.

– Caio, estou falando sério. Tenho coisas pra fazer.

– Tudo bem. Eles mudaram o desafio.

– Sério? – Ela parece ligeiramente mais acordada agora. Apenas ligeiramente. – Como?

– Agora, eu vou poder escolher a garota...

– Mas já não era assim antes? – Ela pisca para mim com um sorriso confuso. Parando para pensar, era assim mesmo. Mas eu concordei com a mudança antes mesmo de escutá-la e agora as conseqüências estavam caindo sobre mim.

– Era. Deixa falar e fica quieta – digo, ignorando sua careta de indignação. – Agora, tenho um novo problema.

Seus olhos se arregalam por uns segundos de um jeito que me assusta e se inclina para frente, sobre a mesa.

– Agora eles querem que você filme?

Sinceramente, eu queria socá-la. Mas minha mãe me ensinou desde cedo a respeitar os professores, então...

– Qual parte de “fica quieta” você não entendeu? – limito-me a dizer. Quando ela se recosta na cadeira com os braços cruzados sobre o peito, volto a falar. – Agora, eles vão poder escolher o lugar.

Ela pisca por uns segundos, tentando entender onde está problema.

– E eles escolheram um Fliperama. – Enterro a cabeça nas mãos.

De repente, Vanessa acorda e começa a rir desesperadamente enquanto se levanta. Bagunça meu cabelo escuro com as mãos e abre o armário, que range como de costume. Nota mental diária: arrumar algum lubrificante para aquelas dobradiças. Ela torce o nariz para a variedade incrível de temperos à sua frente e, fechando o armário, abre a porta da geladeira.

– Seu pai não mandou dinheiro ainda? – pergunta casualmente.

Na realidade, eu até tenho dinheiro na carteira nesse exato momento. Só não tenho comida em casa por relaxo.

– Na sexta-feira ele manda mais – explico.

Ela emite um som em resposta e se agacha diante da geladeira, enfiando a mão em algum lugar obscuro daquele amontoado de sobras e caixas de lanchonete. Puxa uma lata de cerveja, em seguida outra e as apóia no chão. Observo sua mão, que está perfeitamente inteira, apenas por precaução.

Afinal de contas, nunca se sabe o que vai encontrar na geladeira de uma república.

Ainda em silêncio, ela procura alguma coisa com os olhos. Olha a bandeja de copos vazia e fecha os olhos num sinal claro de frustração, voltando-se para a pia amontoada. Pega a esponja e separa dois copos num canto, pronta para lavá-los.

– Sabia que a mão da gente não cai se lavar ao menos os copos? – pergunta, ainda de costas para mim.

– A faxineira vem toda quinta-feira, você sabe disso.

– Isso não responde minha pergunta – ela murmura baixinho, colocando os copos limpos sobre a mesa e puxando uma das tampinhas da lata. Serve os dois copos por igual e volta a se sentar, bebericando a bebida vez ou outra.

Passo o indicador direito pelo copo, desenhando formas aleatórias e vendo a água escorrer pelo lado de fora.

– Tem só mais um probleminha. Pequenininho, eu juro.

Ela dá outro gole e me encara com um ar cansado.

– Tem que ser hoje.

Por um minuto, achei que ela ia cuspir tudo em cima de mim.

– Sério? Você está falando sério?

Eu assinto com o olhar pesaroso ao passo de que ela apenas checa as horas no celular.

– Mas já são oito da manhã!

– Escuta, você acha que eu não sei disso? Por favor, Nessinha. Por favor...

Ela me encara com olhar ríspido e suspira mais uma vez antes de apoiar as mãos no tampo de mármore.

– Então tudo bem. Você quer aprender? Vou te ensinar como a coisa parece pelo lado de fora do quarto.

Ela faz um sinal para que eu me levante e a siga casa afora. Enquanto descemos a ladeira, tenho que agarrar seus cotovelos várias vezes para que ela não deslize nas pedras e eu tenha que perder a virgindade com uma das enfermeiras da Policlínica. Seguro seu cotovelo mais uma vez quando ela quase tropeça numa pedra grande.

Amadora.

Demoro algum tempo para saber onde ela está me levando. É só quando começamos a subir por outra ladeira que reconheço o caminho para sua casa. Que diabos ela quer fazer comigo?

Quando entramos no apartamento, uma das calouras da Civil que é sua colega de quarto arregala os olhos de um jeito quase teatral. O que o símbolo sexual da florestal estava fazendo ali, arrastado por uma de suas companheiras de república?

– Limpa um pouquinho porque escorreu do lado direito, Diana – ela diz, deixando a garota mais vermelha que qualquer outra coisa. Continua me arrastando até entrarmos onde tenho vaga lembrança de ser seu quarto.

Quando entro, a primeira coisa que reparo é que cheira bem. Muito bem, aliás. O perfume de morango e rosas se espalha por todo o quarto, desde o armário até a cama em que estou sentado e que possui lençóis limpos. Limpos de verdade, como quando se usa água, sabão ou amaciante – não apenas uma das três coisas.

Ela joga a bolsa na escrivaninha, entre uma pilha de livros e cadernos e um porta-retrato em forma de roda gigante, que não para de girar por causa do vento que entra pela janela aberta. Esticando o corpo pelo lado da cama, reparo nas fotos que se movem com o vento.

Identifico algumas das amigas de Vanessa, seus pais e seu irmão mais novo em diversas fotos. A maioria das fotos ali é antiga, incluindo várias com seus primos. Lembro-me vagamente de alguns deles, com exceção de Luiza, com a qual costumávamos passar as férias de verão. Seguro uma das fotos entre os dois dedos para que ela pare de se mexer. Duas crianças de seis ou sete anos. Reconheço instantaneamente o calçadão atrás das crianças. Mais ao fundo, a praia de Camburi.

Na foto, uma garotinha que tem cabelos castanho-claros compridos e franjinha de índio está nas costas de um garoto mais alto, de cabelo escuro e olhos azuis.

– Somos nós? – pergunto.

Ela tira a foto da minha mão com a delicadeza de um mamute, mas amolece assim que olha aqueles sorrisos infantis por alguns segundos. Como sempre inconveniente, começa a rir.

– Nossa, como você era feio! – diz e se joga na cama.

– Certo então, miss Brasil. – Dou uma cotovelada em suas costelas.

Observamos a foto por alguns minutos, mas nenhum dos dois consegue distinguir o dia em que ela foi tirada. Então ela cuidadosamente guarda a foto no porta-retrato e se senta na cadeira em frente à escrivaninha. Passam-se alguns minutos até que ela se levante e me indique a cadeira.

– Então – finalmente diz antes depois de me encarar por alguns segundos. – O que você quer saber?

– É para gemer alto ou baixo? – solto assim que ela termina de falar.

Uma coisa bem ruim sobre ter aulas sobre sexo falso com Vanessa? Ela não para de rir. Nem mesmo por cinco minutos.

– Depende da situação.

Assim que ela começa a me fornecer um sumário sobre os tipos de gemidos que podem ocorrer, eu não penso duas vezes. Puxo um dos cadernos e arranco uma folha em branco, apoiando-me na mesinha para começar a tomar notas entre as margens cor-de-rosa.

– Sério que você vai fazer isso? – ela pergunta, quase iniciando um novo ataque de risos.

Quando eu suspiro e a encaro com um olhar sério, ela simplesmente para e volta para o primeiro item do sumário, explicando tudo que sabe sobre o assunto.

É, eu não imaginava que ela soubesse tanto assim.

Entre perguntas e respostas, já são mais de dez da manhã. Peço-lhe um minuto e vou até a cozinha, trazendo duas maçãs e um copo de água. Acredita que elas têm copos limpos? Arremesso-lhe uma das frutas e ela dá logo uma mordida.

– O que vem agora? – pergunto, fitando as poucas linhas em branco que restam.

– Acho que eu já disse tudo que sabia. E em relação ao Fliperama, você sabe que vai ter que improvisar já que não tem como ir lá antes das sete da noite. Agora você já pode se considerar capaz de produzir um filme mais animadinho para cegos, não está orgulhoso? – E ergue as sobrancelhas.

Desta vez, sou obrigado a segui-la nas risadas. Continuamos em silêncio, eu sentado na cadeira da escrivaninha com um tipo de Kama Sutra auditivo escrito numa folha de caderno. Ela está deitada na cama com os olhos fechados, quando uma ideia finalmente me ocorre.

– Por que nós não treinamos?

Os olhos claros agora me encaram, de um jeito confuso e divertido.

– Como se treina uma coisa dessas? – pergunta.

Observo o espaço ao meu redor, procurando a resposta. Então, com o intuito de iniciar uma brincadeira, agarro o lápis que eu estava usando.

– Ei docinho – digo do jeito mais sensual que consigo. Ela está sentada com os pés para fora da cama, me olhando. – Vê esse meu brinquedinho? – pergunto, balançando o lápis no ar. – Você não tem ideia do que eu posso fazer com ele – sussurro e começo a rabiscar as margens da folha de um jeito que, se não fosse uma atividade tão ridícula, seria até bem sexy.

– E isso aqui? – Ela diz e se posta atrás de mim, me abraçando e sussurrando em minha nuca. Sinto meus pelos se eriçarem, mas não sei se por conta do contato em minha pele ou do riso represado. Ela agarra uma borracha e começa a apagar os meus rabiscos. – Você não sabe o que isso pode fazer com todo trabalho que você teve para chegar até aqui.

Giro a cadeira e o impulso das costas da mesma contra sua cintura faz com que ela quase caia. Puxo-a para meu colo de modo a amortecer a queda e a tensão no quarto é clara quando ela me olha com olhos perversos. Sem resistir ao impulso, ataco seu pescoço, inalando o mesmo cheiro de morango e rosas que habita seu quarto. Ela arqueia a cabeça para trás e sorri, me beijando em seguida. Retribuo o beijo com calma, uma mão em sua cintura e outra em seu rosto.

E como sempre, Vanessa começa a rir.

– Você é um aluno exemplar. – Ela se levanta e puxa os cabelos num coque, como se estivesse com calor.

Levanto meio desajeitado e enfio o pedaço de papel no bolso. Deixo um beijo de leve em sua testa e sorrio ao puxar o coque recém-feito, observando o cabelo cair em ondas na altura das costelas.

– E você é uma ótima professora. Acho que já sei tudo que teria que saber agora.

Ela sorri.

– Sempre que precisar. – E refaz o coque depois de empurrar a cadeira de volta para seu lugar.

Ela me conduz até a porta e a garota da Biologia faz questão de manter a cabeça baixa quando passamos. Nos despedimos com um abraço rápido e em seguida vou para casa, sem conseguir deixar de pensar no óbvio: como será minha quase-primeira vez.


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Notas finais do capítulo

UIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
Gente, eu recebi mais reviews que o costume no último capítulo e tipo, pirei, então um pedido: me façam pirar de novo HAUAHUAHU
Anna, Dany, Tata, Duda, Bruna, Thiemy, Milena, Lay, Nessa, Daday, Ofélia, Gabe, Juh... Obrigadaaaaa HAUAHUAH espero que tenham gostado :3

E então. Será que vai rolar com esse Kama Sutra auditivo? KKKK