O virgem de 19 anos escrita por AmndAndrade


Capítulo 24
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

HAUHAUH AMEEEEI os reviews do último capítulo! Responderei em breve :3 e para a tristeza (ou felicidade?) da nação, esse é o penúltimo capítulo :( espero que gostem!



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Uma fresta de luz atravessa a cortina bem cerrada, diretamente nos meu rosto. Abro os olhos devagar, tentando me situar no espaço e no tempo. Estou com uma sensação de ressaca, só que ao contrário. Estranho, absolutamente estranho. Estou lesado. Tento lembrar-me do sonho esquisito que tive noite passada, mas não consigo.

Respiro fundo e sinto um peso diferente alojado em meu ombro esquerdo. Mas... Vanessa?! A cor do cabelo é inconfundível, especialmente com aquela fresta de luz irritante. Seu peito sobe e desce com tranqüilidade sob o lençol enquanto eu começo a processar todas as informações que quase me sufocam agora.

Eu. Vanessa. Quarto. Ontem.

Tenho que dar uma espiada por debaixo do lençol para constatar que estamos realmente nus. Suspiro, revivendo cada momento da noite anterior com uma indescritível sensação de satisfação. Como eu disse, parece uma ressaca ao contrário. Um sorriso bobo se espalha por meu rosto ao me lembrar da promessa que ela me fez.

Temendo acordá-la, encosto a boca no seu cabelo. Ela murmura qualquer coisa e se aninha mais perto de mim, pousando a mão em meu peito e dando mais movimento ao meu braço. Acaricio o cabelo de leve, vendo um sorriso se formar no canto dos seus lábios. Ela não parece nem um pouco com a garota estourada que eu conheço, nem com a garota voraz que conheci ontem à noite. Parece um anjo. Parece a minha garota.

Certo, isso está ficando muito gay.

Não quero dormir mais. Olho o relógio de pulso: sete e quarenta e cinco. Alguma coisa no fundo da minha mente luta para ser lembrada, mas eu não consigo descobrir o que. É domingo. Que tipo de compromisso eu teria no domingo?

Ai. Meu. Deus.

Se não fosse pela garota ali, eu pularia da cama e sairia correndo. Tento me movimentar com o máximo de delicadeza possível, mas eu preciso sair dali logo. Vou me deslizando para o lado, um pouco do corpo de cada vez. Consegui desviar os membros inferiores, deixando a perna de Vanessa que estava sobre mim sozinha na cama. Com um pouco mais de cuidado deslizo o tórax, prendendo a respiração. Mais um pouquinho, e...

Ai. Cair de bumbum no chão de uma república completamente nu não parece uma boa idéia, mas pelo menos não fiz barulho. Abro o armário com cuidado, puxando uma bermuda e uma camiseta. As cuecas ficam na gaveta, mas faria muito barulho e a cueca que está no chão do quarto está totalmente impossibilitada de ser usada.

Dane-se. Fiquei sem cueca até agora, não vai fazer diferença mesmo.

Visto as roupas por cima e disparo na direção do banheiro, trancando-me sem olhar para trás. Eu nunca havia entendido o significado real de cheiro de sexo. Mas agora, acredite, eu era a prova viva da expressão. Não tenho tempo para demora no banho, de modo que acabo tomando uma ducha.

Passando a mão no cabelo molhado, paro na porta do meu quarto e a abro mais uma vez. Ela continua dormindo. Fecho a porta e disparo para a cozinha. Marcelo está dormindo e eu não os culpo por isso, apesar de culpá-lo por mais um milhão de coisas.

Desço a ladeira com mais pressa que ontem. O ar fresco da manhã de domingo me desperta e eu consigo pensar com mais clareza, apesar de estar atrasado. Não sei como entregar o presente à Vanessa, mas acho que ela merece. Ela sempre gostou de anéis prateados, pelo menos até onde eu via.

Certo, foco. Antes de dar o presente você precisa estar com o presente nas mãos, idiota. Onde o cara da loja disse pra encontrá-lo mesmo?! Ah sim, Praça Rosário. Continuo andando, desesperado por serem quase oito e meia da manhã. Quando finalmente chego, não há ninguém na praça. Circulo-a com desespero, até vê-lo.

O senhor usa uma boina escura e joga pedaços de pão para os pombos, sentado em um dos bancos da praça. Recupero a respiração. Tenho corrido muito essa semana, não é mesmo? O senhor me nota e abre um sorriso.

– Aí está o rapazinho. Se tivesse demorado mais vinte minutos eu já teria ido embora.

Com uma risada fraca, aproximo-me dele.

– Mas aqui estou, não é? – digo. – O senhor conseguiu?

Ele tira um pequeno embrulho do bolso da calça de tecido. Abro a sacolinha para conferir: o anel de Vanessa está no fundo, ao lado de outro pacote de presente. Sorrio.

– É para alguém especial, não é mesmo? – pergunta o senhor com um olhar viajante.

Um sorriso torto e irônico se forma em meus lábios.

– Tem que ser alguém especial para me tirar da cama às sete da manhã num domingo, concorda?

Ele solta uma risada e se levanta, se espreguiçando e batendo uma mão na outra para tirar o farelo do pão.

– Tudo isso acontecendo e eu aqui na praça, dando milho aos pombos. – Ele cita a canção conhecida.

Estendo a mão para um cumprimento e ele aceita.

– Bom... Obrigada. Agora eu preciso ir ou a dona do presente ficará um pouco nervosa.

Ele assente com a cabeça.

– Boa sorte, filho.

Aceno com a cabeça e enfio o pequeno pacote em um dos bolsos da bermuda, imaginando se Vanessa gostará ou não. De qualquer forma, vou dar. Ela provavelmente está dormindo e sentirá fome quando acordar. Desde que os rapazes pensaram que Cristina morreu, acredito que não tenhamos comprado nada. Preciso passar em uma padaria antes.

Algumas ruas adiante, o estabelecimento me chama a atenção. Na realidade o que me atraiu foi o cheiro de pão recém saído do forno, mas não importa. Como um presente divino, atravesso as portas de vidro do pequeno prédio esverdeado.

Uma ruiva de uniforme bege e vermelho sorri para mim, meio simpática e meio me comendo com os olhos. Retribuo seu bom dia sem hesitar; não estou num bom dia, estou num ótimo dia. Avanço até um dos refrigeradores, retirando uma caixa do suco favorito de Vanessa. Ali, diferentemente da universidade, podemos identificar o suco pela fruta e não pela cor.

Coloco a caixa de suco em cima de um balcão. A padaria está vazia, ninguém vai se importar mesmo. Pego uma das bandejas de isopor e começo a colocar alguns croissants e pedaços de torta. Lacro a bandeja e coloco-a sobre o balcão. Tem até uns bolinhos bonitos, que parecem feitos num copo e tem uma cobertura de chocolate. Não hesito em pegar alguns, pegando também alguns pães de queijo – oh, jura, pães de queijo em Minas Gerais?! – e pães de doce.

A ruiva do caixa me encara, provavelmente cogitando que eu deva ter muitos filhos. Ignora a porta sendo aberta e não cumprimenta o outro cliente, assustada e talvez decepcionada. Sorrio, encarando os doces do balcão. Então algo me chama a atenção.

– Quanto quer pela rosa? – pergunto.

Ela olha para a rosa vermelha solitária em um copo d’água. Puxa um copo descartável de debaixo do balcão e coloca a flor ali.

– É sua.

Sorrio, encarando a rosa enquanto ela passa as compras.

– Caio! – uma voz feminina diz.

Viro-me, encontrando um par de olhos esverdeados. Agora quem está assustado sou eu.

– Cris... tina?!

A mulher abre um sorriso enorme. Não está nem um pouco produzida como na noite em que a conheci. O cabelo escuro está preso de qualquer jeito num rabo de cavalo e ela veste shorts, uma camiseta lisa e chinelos.

– Quis te ligar depois daquela noite, digamos...

– Turbulenta – completo e ela ri.

– Exato. Mas daí eu reparei que não tinha seu telefone.

Troco o peso do corpo para outra perna, esperando que ela desembuche logo.

– Você não disse que morava por aqui – digo.

– Bem, eu não moro. É que essa é a única padaria que eu conheço que faz esse pão recheado. – Ela balança o saquinho pardo que segura nas mãos.

Ah, droga. Será que ela vai querer terminar nosso “assunto inacabado”?!

– Eu estou meio atrasado...

– Eu não vou demorar – me interrompe. – Só quero te pedir desculpas por tudo que te fiz passar naquela noite. E te dizer que tive uma conversa ótima com meu médico, o doutor Morelli, e acabou que ele me levou em casa e tudo mais. – Ela dá um sorriso. – Ontem foi nosso primeiro encontro.

Alívio define. O que eu vou dizer a ela? “Ah, que maneiro, Cris! Danadinha você, né?! Acredita que eu perdi a virgindade ontem? Foi meio de improviso, mas foi a melhor coisa que eu já fiz na vida.” Isso. Perfeito.

Só que não.

– Ah – digo. – Sem problemas. Fico muito feliz com isso e te desejo tudo de bom.

Entrego uma nota de cinqüenta reais à moça do caixa enquanto Cristina permanece atrás de mim.

– E pra que isso tudo, rapazinho?! – diz num tom acusatório. – Café da manhã especial?

Concordo com a cabeça.

– Pessoa especial? – instiga.

Sorrio, sem conseguir me conter. Ela dá um tapinha no meu braço.

– Uma garota de sorte, você é um doce. Quer uma carona?

– Não precisa, realmente, eu consigo...

Ela coloca a mão em frente ao meu rosto, como quem diz “pare”.

– É o mínimo que te devo depois da ida ao hospital.

Suspiro e agarro as sacolas do balcão, concordando. Até que não deve ser má ideia conseguir uma carona. Em poucos minutos, ela paga o tal pão recheado e passa na minha frente, rebolando.

Realmente, muitas e muitas plásticas.

– Vai me guiando que eu acho a rua – diz, desativando o alarme do carro de destravando as portas.

Do carro. O carro. O carro.

– Você tem um i30 – é tudo que consigo dizer.

Lembro de quando eu tinha meus dezesseis anos, antes de ter a idéia idiota da promessa. Pedi ao meu pai que, se passasse numa federal, ele me desse um carro de presente. Ele perguntou que carro eu queria e eu respondi que um i30 era o suficiente. Ele deu uma risadinha sarcástica e enfiou as mãos nos bolsos, tirando uma moeda de um real, uma de vinte e cinco centavos e uma de cinco centavos.

– Aqui. Um e trinta pra você.

Filho da mãe...

– Parece que sim, não é? – Cristina ri, indicando o lado do carona com a cabeça.


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Notas finais do capítulo

E aí? HAUHAUHA será que a Cristina vai aprontar alguma? O que acham que o Caio comprou pra Vanessa?

Galera, eu estipulei um prazo de algumas semanas pra postar o último capítulo, pras pessoas que chegaram agora terem tempo de ler os anteriores. Massssss posso adiantar o prazo se tiver duas recomendações, pra fechar dez na história. Combinado? Beijos, vejo vocês nos reviews! :3