O virgem de 19 anos escrita por AmndAndrade


Capítulo 22
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

Gente, tô meio frustrada com uma coisa. Tô com mais leitores do que jamais tive, mas ninguém comenta! Isso não faz sentido na minha cabeça. O que é? A história tá ruim? Tô postando muito rápido, ou demorando demais? :(

Espero que gostem:



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/407432/chapter/22

Já está escuro quando atravessamos a cidade a pé. A algumas ruas da minha casa, uma seqüência de gritos chama nossa atenção. Luiza cola o corpo instintivamente ao meu e permanecemos parados, tentando identificar a origem do som. A voz masculina de repente parece mais familiar. Em frente a um posto de gasolina, o homem maltrapilho não parava de gritar.

– É, é, é, é-é, eles querem me pegar, p-pegar, estuprador estuprando, é-é, eles vão na minha casa, minha casa, na minha casa me pegar e pegar o doce Viçosa, Vi-viçosa e a vir-virgem santa, virgem, vi-vi-virgem.

Começamos a rir instantaneamente. Rogerinho é uma atração particular de Viçosa, aparecendo nos lugares mais inusitados e dizendo as coisas mais loucas. A população tem uma afeição especial por ele e existem inúmeros vídeos de seus surtos na internet. Andando para frente e para trás, ele continua repetindo a fala e gritando. Reza a lenda que ele era um estudante da universidade e ficou louco de tanto estudar. Quem poderia discordar?

– Vi-virgem? É, é, é-é, de santo não tem nada, só a santa virgem e de santo nada, é-é-é, querem pegar, é-é-é...

Aquilo não poderia estar acontecendo. Luiza não consegue segurar as risadas no caminho e qualquer lembrança da fala de Rogerinho faz com que ela tenha um ataque de risos mais uma vez. Tenho que segurar o braço de Luiza para que ela não caia tropeçando nas pedras maiores.

Como costumo dizer: amadora.

Checo o relógio de pulso. Quase oito da noite. Demorei tanto assim na padaria? Não importa. Luli topou me ajudar e eu vou poder fazer uma surpresa especial à Vanessa.

– Luiza – chamo, quando estamos a poucos metros da casa. – O tamanho do dedo da Vanessa é o mesmo do seu?

Ela sorri, encarando um anel de prata que tem o formato de uma rosa.

– Você reconheceu? Eu roubei dela. Mas ela costuma usar no anelar, não no dedo de dar dedo.

– É, eu reconheci. Pode me emprestar? Preciso de uma coisa.

Ela dá de ombros e me entrega o anel, fazendo-me jurar que o devolveria em breve. Quando entramos na casa, os garotos estão na sala. Olham com o canto de olho e assim que Luiza se encaminha para o quarto, dão uma secada das bravas na garota. Entro e sorrio para ela.

– Eu acho que esqueci minha carteira na padaria – digo, batendo as mãos no bolso direito e sentindo apenas o anel. – Você me dá vinte minutinhos?

Ela ergue as sobrancelhas como quem diz “eu já estou aqui, não estou?” e dá de ombros. Deixo um beijo em sua testa e me viro para a porta.

– Abre a janela se sentir calor. Tem pão na cozinha. Você é a melhor. Volto logo.

Quando passo pela sala, os três idiotas que eu chamo de amigos sorriem para mim.

– Aonde tu vais? – pergunta Marcos, jogando a cabeça para trás do sofá.

– Eu esqueci uma coisa... – Viro para eles, na soleira da porta. – Uma coisa importante. Ah, e ninguém abre a porta do quarto, certo? Ela está lá e quero que ela fique bem relaxada.

Eduardo ergue as sobrancelhas.

– Camisinhas? Eu ainda tenho algumas aqui. Eu acho... – E começa a levantar para seguir em direção ao corredor.

– Não. – Reviro os olhos. – É uma coisa mais importante. Eu... Esqueci a carteira onde estava. Não posso arriscar demorar e perdê-la.

Ele dá de ombros, sentando no sofá mais uma vez. Aceno para eles e bato a porta com um pouco mais de força que o necessário. E então começo a correr. Correr o máximo que a ladeira íngreme permite, obviamente, afinal de contas não são gemidos de dor que eu preciso nessa noite. Até que aquele manual da primeira quase–vez cairia bem agora...

Quando chego à entrada do Shopping, meus pulmões estão desesperados por ar. Encontro um caixa eletrônico, retiro a carteira do bolso esquerdo e escolho o cartão poupança, retirando certa quantia e me aliviando pelo saldo ser o suficiente. Entro numa das lojas um tanto apressado, encarando um senhor gordinho sentado atrás do balcão. Depois de conversar com ele, entrego o dinheiro todo e ele me encara, contando as notas.

– Mas eu preciso disso amanhã. Amanhã cedo.

Ele dá uma risadinha.

– Amanhã é domingo. Domingo e cedo são palavras paralelas.

– Senhor. – Apoio os cotovelos no balcão frio. – É um caso de vida ou morte. Eu preciso tanto disso quanto precisei estudar pra passar na universidade. Eu te encontro onde quiser. Eu pago a mais. Eu...

– Certo, jovem – ele me corta. Por que todo mundo tem essa mania? – Eu moro perto da Praça Rosário. Posso te entregar às oito, se você quiser.

– Quero, quero sim. Absolutamente certeza que sim. – E saio correndo dali antes que ele mude de ideia.

Corro de volta para a casa, percebendo que já estou fora há bem mais de vinte minutos. Capaz de Luiza ter ido embora, embora eu necessite de que não. As ruas estão cheias, por ser um sábado à noite e eu não consigo deixar de esbarrar em muitas pessoas. Subo a ladeira desesperado, parando para tomar fôlego quando chego ao portão. Passo a mão pelo cabelo escuro e suado, tentando deixar uma impressão melhor. Os garotos estão sentados na porta, conversando qualquer coisa.

– Cara, você foi fabricar sua carteira ou o que?

Ignoro a pergunta de Marcelo.

– Cadê ela?

– Lá dentro. – Ele indica a porta com a cabeça. – Te esperando, claro. Ficamos longe dela.

– Acho bom. – E entro, passando a mão pelo cabelo mais uma vez.

Atravesso o corredor a passos largos, encontrando uma Luiza desacordada em minha cama. A boca semi-aberta, a respiração tranqüila. Me sinto meio mal por acordá-la, mas o que posso fazer? Uma brisa entra pela janela e eu balanço seu ombro de leve. Os olhos âmbar piscam pra mim, um pouco desorientados.

– Tem meia hora que você está aí roncando, não dá pra esperar mais.

Ela parece acreditar.

– Meia hora? – diz, levantando e fazendo uma careta. – Ei, eu não ronco!

Não ronca – imito, caçoando. – Parece mais um carro que passou a marcha errado.

Ela me olha, um misto de timidez e indignação.

– Não pode ser desse jeito!

Eu dou uma risada.

– Passou uma quarta e não parou mais.

Ela cruza os braços à frente do peito, carrancuda. Depois de uns segundos, sorri e começa:

– Ai amor, assim você vai me matar.

Eu sorrio, entendendo.

– Você não tem a mínima noção do que eu vou fazer com você essa noite.

Continuamos com as piadinhas de duplo sentido e em seguida ficamos meio sem opção. Ela começa a beijar o próprio braço, emitindo sons agudos e eu a imito. Qual é, não vou beijar a prima de Vanessa! Mas está engraçado, muito engraçado. Como quando nunca beijamos na boca e dizemos que “vamos treinar”? No entanto, os sons dos “beijos” de mentirinha são um tanto convincentes. Levanto e arrasto a cama um pouco, pretendendo fazer mais barulho enquanto Luli cobre a boca com as mãos para não rir e prosseguir com os sons.

Ficamos assim por mais ou menos meia hora e estamos quase dormindo, dado o sono. Agora, estou deitado e ela apóia a cabeça no meu braço, continuando a imitar gemidos e mexer o corpo para que a cama se mova. Olho para ela, emitindo sons de prazer. Ela olha dentro dos meus olhos e sorri, parando de emitir esses sons estranhos.

– Caio – sussurra e eu a olho, sorrindo também. – Tem uma coisa vibrando nos seus quadris e eu espero sinceramente que seja seu celular.

Dou uma risadinha, puxando o aparelho e ficando um pouco assustado ao ler o “Vanessa Gostosa” na tela.

– Alô? – digo baixinho.

– Escuta, alguém deixou a janela aberta e os três patetas que você chama de amigos estão rindo e zoando da cara de vocês dois – diz, irritada.

– Onde você... – tento dizer, mas ela não deixa.

– Cala a boca. Manda Luiza sair daí agora, porque eu vou entrar logo atrás. Certo? Beijos.

Olho para Luiza, atordoado. Ela me encara um tanto assustada. Continua me olhando, sem entender.

– Luiza – digo. – É melhor você sair agora.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

TAN TAN TANNNNNNNNNNN E AGORA? O que vocês acham que ela vai fazer? Recomendações, reviews... vejo vocês mais tarde!