O virgem de 19 anos escrita por AmndAndrade


Capítulo 10
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Oi! Tava com saudades de vocês já =)) fui pra Ouro Preto - MG e só voltei ontem. Tava até pensando em postar outro capítulo amanhã, sei lá AHUHAUH Mas leiam esse primeiro:



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Depois de assistir ao restante das aulas do dia, posso voltar para casa antes mesmo das três da tarde. Quando entro em casa, a primeira coisa que noto é o quanto aquele lugar não parece a nossa república. A mancha radioativa milagrosamente saiu do sofá, o tapete está no lugar e as caixas de comida desapareceram totalmente. Além disso, o lugar tem um cheiro agradável de desinfetante. Começo a parabenizar Felipe mentalmente, até que um som me atrai para a cozinha.

Quando me toco que Marta vem toda quinta-feira e que hoje é quinta-feira, me toco de que Felipe não tem muito a ver com todo aquele capricho. Retiro todas as minhas congratulações mentais dirigidas à ele quando me jogo na cadeira.

– Oi Marta – cumprimento. Ela sorri por cima do ombro, concentrada na louça.

Marta é uma mulher que deve ter seus trinta e cinco anos de idade. O cabelo ondulado castanho-claro está preso numa trança que cai até a metade das costelas. Com seus olhos escuros e pacientes, Marta é quase como uma mãe para nós quatro. Apesar de só vir aqui uma vez por semana, ela nos conhece muito bem. Vai logo dizendo:

– Os pais de Felipe chegam hoje, certo?

– Sim. – Eu dou um sorriso fraco, observando enquanto ela enxuga as mãos num pano de prato. – Tão na cara assim?

Ela solta um risinho antes de continuar

– Ele estava tão desesperado quando eu cheguei! Estava quase rompendo o tecido do sofá de tanto esfregar – diz com a voz doce.

– Mas você conseguiu dar conta.

Ela revira os olhos, guardando o último copo no na bandeja, agora cheia de copos limpos.

– Só precisei de um removedor e uma toalhinha de micro-fibra. – Dá de ombros.

Aperto os olhos e suspiro, sentindo minha cabeça começar a latejar.

– Está sentindo alguma coisa? – pergunta com aquele tom costumeiro de mãe.

– Sim. Sentindo um idiota aqui dentro.

Ela se senta na minha frente, ajeitando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

– Alguma coisa que eu possa fazer?

– Nada, eu só discuti com Vanessa.

– Sua namorada? Ah, eu gosto tanto dela! – Ela franze as sobrancelhas.

– Marta, eu já te disse quatrocentas vezes que ela não é minha namorada. – Ela faz uma expressão de “tanto faz”, torcendo os lábios para o lado e erguendo as sobrancelhas, exatamente como minha mãe faria. – Acabei falando umas besteiras para ela e acho que a gente... – Terminou. Opa, palavra errada. – Vai ficar brigado por um tempo agora.

Ela levanta, pega um copo da bandeja e enche de água. Em seguida, remexe alguma coisa em sua bolsa, colocada em uma bancada. De lá, tira um analgésico e me entrega.

– Você está com cara de dor de cabeça – diz. – Come alguma coisa e toma o remédio.

Exatamente como minha mãe faria.

– Obrigado.

– Bom, não deixe qualquer bobagem estragar qualquer coisa que vocês tenham. – Ela sorri. – Provavelmente é só uma fase ruim dela. Mulheres têm uma tendência a oscilar de humor, pode acreditar que eu sei disso. Só não coloca a culpa nela depois.

– Certo – digo, refletindo sobre a parte de “ser uma fase ruim” e torcendo pra que seja verdade. Engulo o comprimido e ela pega o copo de mim, adiantando-se para lavá-lo.

Depois de colocar o copo na bandeja, agarra a bolsa e passa a mão por meu cabelo.

– Até quinta que vem. Não se esquece de comer.

– OK, Martinha. Obrigado.

– De nada. – Ela já está na porta da cozinha quando se lembra de alguma coisa. – Ah, e diz para o Felipe que da próxima vez que ele tentar limpar um tapete com vinagre e esquecer o álcool e a água morna, eu mesma vou jogar o álcool dele e depois atear fogo.

Não consigo fazer nada a não ser rir.

– Pode deixar que eu falo – minto, uma vez que não me lembro dos materiais de limpeza que ela falou.

Ignorando sua recomendação sobre comer, ando até o quarto e me jogo na cama bem arrumada, apertando os dedos nos olhos até começar a enxergar galáxias. Sentindo o remédio começar a fazer efeito, não resisto muito mais: acabo pegando no sono.

Meu celular vibrando em baixo do travesseiro me faz acordar, sonolento. Desbloqueio a tela e leio a mensagem de Marcos: “festinha no Formigueiro às nove. Vai ter caloura. Chega até no máximo onze pra gente poder escolher”. Aperto os olhos para focar a visão e em seguida ligo para ele.

– Qual a boa? – Marcos atende no segundo toque.

– Acabei de ver sua mensagem. – Esfrego os olhos, olhando o relógio de pulso. Quase dez da noite.

– Você vai? – Escuto sons de risos e música ao fundo, mas a voz dele ainda é clara. Penso por uns segundos. Por que eu liguei para ele mesmo?

– Sim – respondo. – Mas não sei chegar lá.

– Eu tô no Juca com o pessoal, vem aqui pra aquecer. Daqui vai todo mundo pra lá.

– Do Gás? – pergunto.

– Não, Juca da Agronomia – ele cospe, irônico e irritado. – Óbvio que sim, se liga!

Sento na cama, acordando devagar.

– Aqui você sabe chegar, não é? Só passar o balaústre.

Se eu não estivesse com tanto sono, poderia soltar uma resposta bem irônica. A balaustrada, ou “balaústre”, como ele disse, é um guarda-copo decorado com balaústres de concreto. Se você mora em Viçosa, essa será a sua indicação de caminho para qualquer lugar que queira ir. E se você mora em Viçosa, sabe também que o balaústre não fica perto de absolutamente nada.

– Sei – limito-me a responder. – Vou tomar um banho e encontro vocês aí.

– Certo – ele diz e solta uma gargalhada, provavelmente para qualquer coisa que os outros disseram. Desligo o telefone e continuo olhando o vazio, cogitando recusar a festa e voltar a dormir.

Por fim, decido sair de casa. Tomo banho e me dirijo para a cozinha, onde encontro os pais de Felipe e ele próprio sentados em torno da mesa perfeitamente limpa. Vejo Felipe retirar o copo de leite vazio da mão e sua mãe e se dirigir a pia de imediato para lavá-lo.

Agora você lava, não é desgraçado?

– Oi tia! – digo quando Dulce se levanta da cadeira. Ela me puxa para um abraço caloroso e sorri, me segurando pelos ombros e me avaliando.

– Você não mudou nadinha, Caio!

Esperava que não. Cumprimento Adriano com um aperto de mão.

– Caio, meu rei! Tudo bem? – ele pergunta, seu sotaque nordestino carregando toda a frase.

Ele me faz sentar à mesa, estendendo uma bandeja de bolo e uma vasilha com diversos pães de queijo para mim. Agarro um pãozinho e mastigo, sentindo o quanto estava com fome. Agarro mais um enquanto escuto Dulce falar comigo.

– Tem tapioca na geladeira, bem no estilo baianinho mesmo. – Ela pisca os grandes olhos castanhos para mim, sorrindo. – Vai sair agora?

Olho o relógio de pulso. Dez e meia da noite, melhor me adiantar.

– Na verdade eu vou sim, tia. Mas vocês ficam pro fim de semana, não é?

– Até domingo – Adriano diz.

– Mas não quer nem um pedacinho da tapioca? – ela diz com a voz chorosa e vejo Felipe revirar os olhos, sorrindo.

– Come logo, rapaz. Se você beber tudo que está pretendendo sem comer vai dar perda total rapidinho.

Lanço-lhe um olhar de censura, mas os três apenas riem. Dulce puxa a bandeja da geladeira e coloca na minha frente. Corto um pedaço relativamente grande e enfio tudo na boca, mastigando apenas algumas vezes antes de engolir. Cara, está muito gostoso. Pego mais um pedaço e ela sorri, provavelmente com a sensação de missão cumprida. Engulo mais uma vez e olho para Felipe:

– Obrigado pelo conselho, cara. Não queria que acontecesse comigo o que aconteceu com você semana passada.

Se alguma coisa aconteceu na semana passada eu não sei, mas ele ficou bastante vermelho. Seguro uma gargalhada, diferente de seu pai, que ri freneticamente. Despeço-me de todos e saio da casa, sentindo o ar frio da noite me despertar totalmente.


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Notas finais do capítulo

HAUAU nem teve taaanta história rolando... Mas a Marta é um amos s2
Alguém aí conhece o Juca do Gás? :P E outra... Quem será que ele vai topar nessa festa? AHUAHU

Bem, é isso... Beijos!