A Terapeuta escrita por Bellice


Capítulo 27
Capítulo XXVII


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Capítulo XXVII

 

“E o mundo a me exigir decisões para as quais não estou preparada. Decisões não só a respeito de provocar o nascimento de fatos, mas também decisões sobre a melhor forma de se ser."

 

Clarice Lispector

 

 

—Ela realmente gosta de você, Edward. –Emmett sorriu para mim, antes de pegar sua filha, que ainda estava em meu colo, para leva-la para casa. A hora da despedida se aproximava, e eu estava cada vez mais nervoso, mais incerto, e mais infeliz. Valia a pena viver um sonho antigo e deixar os novos sonhos em segundo plano?

 

—Não faço ideia do motivo. –Tentei parecer calmo para Emm, afinal ele não tinha nada a ver com meus dilemas internos. –Qualquer um em meu lugar faria o mesmo por Mandy.

 

—Não faria, mas de toda forma.... Ela não gosta de você por ter, literalmente, salvado a vida dela. Eu acho que ela ainda nem entende isso, de qualquer maneira, Edward. Ela gosta de você porque viu algo bom em você, assim como Bella viu.

 

—Você deve ter razão. –Sorri. –Elas viram algo bom em mim, e eu tenho que fazer por merecer. –Nesse momento, mais do que nunca, tive certeza de minha decisão. Eu não iria para Harvard por fixação ou sonhos do passado, mas sim por que era algo que eu deveria fazer. Eu tinha que decidir o rumo da minha vida, eu tinha que começar a ser, pela primeira vez, independente. Eu devia isso a Bella, e a mim. Ela merecia alguém que tivesse certeza do que estava fazendo. A ausência seria apenas temporária, e no fim, tudo valeria a pena. Eu queria me casar com Bella, ter filhos e uma vida plena e feliz ao seu lado, mas para isso eu precisava me encontrar, ter minhas próprias experiências, meus erros e meus acertos, também. Afinal, ninguém disse que seria fácil. –Adeus, Emmett. Cuida bem da Mandy! –Dei um abraço em meu cunhado, um beijo no rostinho adormecido de Mandy, e segui em direção às poucas pessoas que ainda estavam no final da festa. Havia chegado a hora de me despedir.

 

(...)

           

—Tudo bem, hora de irmos! –Bella parecia animada e feliz por mim, o que me deixou tranquilo. Ela já havia aceitado minha decisão, e estava bem com isso. No fundo, ela percebera muito antes de mim que essa ausência física, embora fosse cruel, também era necessária para o meu crescimento. Ela nada disse, mas eu entendia tudo isso em seu olhar.

 

—Espero que você sinta a minha falta, Srta. Swan! Não será fácil você achar outro louco depressivo e perdido na vida que nem eu! –Brinquei. Ela riu.

 

—Meu Deus, Edward, eu nem pretendo achar outro! Você já me deu bastante trabalho, mocinho. –Ela entrou em seu carro, e eu imitei sua ação, sentando-me confortavelmente no banco do carona. Eu gostava quando Bella dirigia, fazia com que eu lembrasse daquele dia em que foi até minha casa me buscar para uma “intervenção”, como ela mesma chamava agora.

 

—Quem ouve assim, pensa que você não gostou do trabalho que teve! Já passou bem mais do que uma semana, Swan, e eu ainda estou aqui. Sabe o que isso significa? –Perguntei, provocante. O motor do carro já estava ligado, mas ainda estávamos estacionados.

 

—O quê? –Por um momento, perdi a linha de meu raciocínio. Isabella sorria para mim todos os dias, e todos os dias eu ficava um pouco bobo com aquele seu gesto. Chegava quase a ser ridículo. Tudo bem, de fato, era ridículo. Porém, quem estava julgando? Eu certamente não estava, e creio que Bella também não. Meu peito apertou-se ao perceber que, daqui algumas poucas horas, ficaria sem seu sorriso, sem seu rosto, sem seus beijos... –Edward?

 

—Significa que você me ama agora, e não consegue mais livrar-se de mim. –Tirei os pensamentos ruins de minha cabeça, e foquei-me no presente. Eu estava com Bella nesse momento, era o que importava.

 

—Sem dúvidas. E sabe o que mais? Você sente o mesmo. –O sorriso apaixonante de Bella deu lugar a uma expressão confiante, transmitindo para mim e para quem mais quisesse ver que ela tinha total convicção no que afirmava. De fato, ela tinha. Eu a amava mais do que tudo. Retribui seu sorriso, abracei-a apertado por um momento e, logo depois, deixei que ela arrancasse com o carro, em direção a minha nova vida, em direção à Harvard.

 

(...)

 

—Eu acho melhor pararmos em algum lugar para passarmos à noite, Bella. Isso nem é mais chuva, é um temporal dos bravos. É arriscado dirigir nesse tempo! –Eu estava repetindo isso desde que os trovões começaram a surgir no céu e as nuvens começaram a ficar escuras, mas Bella simplesmente não me ouvia. Por que ela tinha de ser teimosa sempre?!

 

—Você tem que chegar em Harvard essa noite! Foi o que combinamos com o reitor, Edward, as aulas já começam amanhã! Não pode perder seu primeiro dia de aula! –Isabella falava como se eu fosse um filho que estava prestes a entrar em uma escola pela primeira vez. Aposto que ela já havia pensado em tirar umas fotos minhas com meus novos livros e materiais só para postar em seu Facebook, com a legenda: “primeiro dia de aula do meu amorzinho, como o tempo passa rápido!”. Revirei os olhos, largando as suposições e focando no presente. Minha namorada estava sendo exagerada, como sempre.

 

—Eu não vou perder aula nenhuma. Nas segundas, conforme o cronograma que a Universidade me passou, só tenho aula à tarde. Ou seja, posso muito bem chegar no meio da manhã em Harvard, ajeitar depressa minhas coisas, e ir para as aulas à tarde! Podemos parar para dormir até que essa tempestade passe, sim!

 

—Eu não sei. –Ela suspirou, parecendo cansada. –Não queria que você chegasse em cima da hora, sei lá. Não causa uma primeira impressão boa, Edward.

 

—A única pessoa que eu quero impressionar é você, amor. –Peguei na mão de Bella delicadamente, enquanto estávamos parados em um semáforo. –Por favor, vamos parar um pouco para dormir. Eu estou cansado e só estou aqui no carona, imagina você que está faz tempo dirigindo. –Outro estrondo se fez ouvir, e a claridade momentânea do raio assustou-nos um pouco.

 

—Tudo bem, você tem razão. É melhor não arriscarmos. Prefiro que você chegue atrasado em seu primeiro dia, desde que não seja morto por um raio. –Ri. Se continuássemos na estrada, aquilo seria bem provável. Rapidamente, peguei o mapa que estava jogado no banco de trás e localizei onde nós estávamos, procurando hotéis ao nosso redor.

 

—Olha aqui, Bella. Tem um hotel há cinco quilômetros daqui. Não é tão longe, e o nome parece convidativo: La Place Hotel. –Isabella fez uma cara de desaprovação.

 

—Sério que você achou o nome convidativo?

 

—Qualquer coisa é convidativa para mim, desde que fique bem longe dessa tempestade. –Minha namorada não precisava saber, mas a verdade era que eu estava simplesmente apavorado com tanta água, trovejadas e raios juntos. Eu nunca gostei muito de chuvas, muito menos de chuvas que se tornavam perigosas. Ouvi a risada melodiosa de Bella, e logo ela já estava seguindo as coordenadas do GPS para chegarmos no tal La Place Hotel. Não demorou para que chegássemos.

 

O hotel, por fora, parecia simples, porém realmente convidativo. Era um prédio antigo, pintado de um rosa claro (ou seria rosa bebê?) Eu nunca soube diferenciar os tons de rosas, ou de qualquer outra cor, na verdade. Era razoavelmente grande, tinha várias janelas meigas pintadas na cor branca, o que contrastava com a rosa. Não sei dizer o porquê, mas eu simpatizei com o local.

 

—Então, o que achou? Eu disse que deveria ser convidativo.

 

—De fato, é bem aconchegante, pelo menos pela fechada. E só de ter vaga para estacionar na frente do hotel eu já fico grata. Não aguentava mais dirigir.

 

Eu revirei os olhos. Ela teimou comigo até o último minuto, dizendo que eu precisava chegar hoje à Harvard e que não estava cansada, agora diz que não aguentava mais dirigir?! Eu nunca conseguiria entender essa mulher.

 

Finalmente, entramos no hotel. Havia uma senhora dormindo em uma poltrona, no que parecia ser uma sala de estar. Eu tossi sutilmente, esperando que aquilo fosse o bastante para que a velhinha acordasse.

 

—Oh! Olá, meus jovens. –A senhora disse, se ajeitando e colocando seus enormes óculos. –Sejam bem-vindos ao hotel La Place. No que posso ajudá-los?

 

—Nós queremos alugar um quarto. É só por essa noite. Estávamos indo para Harvard, mas a chuva aumentou muito de proporção, e achamos melhor dar uma parada. –Isabella falava enquanto sorria para a velhinha, toda simpática. Eu não sei como ela conseguia ser tão querida assim, naturalmente, mas ela era.

 

—Claro, querida! Vocês fizeram bem, não é bom sair com esse tempo. Além do mais, em menos de uma hora, saindo daqui, vocês chegam em Harvard.

 

—Que ótimo! –A senhora entregou a chave de um dos quartos para nós, enquanto Isabella entregava algumas notas para a dona do La Place Hotel. Aquilo ainda me incomodava um pouco, a questão de minha namorada pagar tudo e qualquer coisa para mim, porém, por enquanto, eu nada podia fazer. Era apenas um universitário desempregado. Será que eu teria dinheiro para as xerox de Harvard? –Vamos, Edward.

 

Minha namorada me puxou pela mão, subiu as escadas e, rapidamente, chegamos na frente de uma porta, também rosa com detalhes brancos, como todo o resto do hotel. Eu não tinha ouvido a velhinha explicando aonde era o nosso quarto, mas pelo jeito que Bella me guiou até lá, ela com certeza recebeu esclarecimentos da senhora.

 

—Que cama macia. –Bella referiu, assim que se jogou na cama de casal que havia no quarto de hotel. –E espaçosa. Acho que você tinha razão, Edward. Camas de casal são realmente melhores. –Eu sorri.

 

—Bem, depende.

 

—Depende?

 

—Sim. –Deitei-me ao lado de Bella na cama, e abracei-a com a maior força que pude. –Depende de qual será a função da cama de casal.

 

—Hmm. E para ficar assim abraçadinha em você sempre é um bom motivo para comprar uma nova cama lá para casa?

 

—Com toda certeza que sim, amorzinho. Em uma cama de casal tem muito mais espaço para nós fazermos certas coisas, você não acha? –Sussurrei no ouvido de Bella enquanto alisava de leve a sua cintura com uma de minhas mãos. Senti que sua pele se arrepiou ao sentir meu toque e ao ouvir minha voz e, internamente, fiquei feliz ao perceber sua reação.

 

—Tipo o quê?

 

—Tipo isso. –Dei um beijo em seu pescoço. –Isso. –Outro beijo, dessa vez no canto da sua boca. –E isso. –Mais um, em seus lábios. Bella entreabriu seus lábios assim que sentiu os meus, e eu aproveitei a oportunidade para aprofundar nosso beijo. Com a correria dos últimos acontecimentos, o reitor de Harvard visitando-nos, a doação para Mandy e sua recuperação, minha mudança, não deu tempo de termos mais momentos íntimos só nossos. Aliás, nunca tivemos um tempo realmente só nosso assim, como um casal, visto que, antes, eu era ainda um paciente para Bella, ou quase isso. Senti sua língua enroscando-se na minha e apertei seu corpo um pouco mais contra mim. Nós estávamos deitados de lado na cama, um de frente para o outro, e eu sentia o calor de Bella cada vez mais. Eu só queria que aquele momento nunca mais acabasse. Tudo o que eu queria era ficar preso ali, com minha namorada linda, para sempre.

 

Quando me dei conta, os nossos beijos estavam se tornando cada vez mais intensos, e Bella estava sobre mim, sentada em meu colo, com seus braços ao redor do meu pescoço. Uma das minhas mãos segurava sua cintura, enquanto a outra percorria o contorno do seu corpo. Fui deslizando minha mão para cima até chegar no busto de Isabella. Minha mão tocou de leve o seu seio e, ouvindo seu gemido baixo, decidi continuar. Desci meus beijos para o colo de Bella, sentindo sua pele macia em meus lábios.

 

Isabella começou a puxar minha camiseta para cima, a fim de tirá-la, e eu ajudei-a na tarefa, além de fazer a mesma com a dela. Seu sutiã branco com rendas delicadas combinava perfeitamente com os tons daquele hotel, e sorri ao notar isso. Pela primeira vez na vida, estava gostando de uma tempestade. Inclusive, estas poderiam vir sempre, se me dessem uma noite tão agradável e quente com Isabella novamente.


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Notas finais do capítulo

Pessoal, esse é o penúltimo capítulo. Me afastei por um longo tempo, mas como prometido, as histórias não serão abandonadas.



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