A Terapeuta escrita por Bellice


Capítulo 26
Capítulo XXVI


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Capítulo XXVI

 

“Recomeçar é mais difícil que começar, pois requer a coragem do início e a superação do fracasso.
Então hoje ... arrisque-se!”

 

Flávia Barros

 

      —Você acha que eu preciso de um terno novo ou algo assim? –Eu olhei para minha mala em cima da cama com um pouco de insatisfação, como se nenhuma das minhas roupas fosse o suficiente para Harvard. Bella sorriu do meu nervosismo aparente e colocou uma de suas mãos em meu ombro.

      –Eu acho que você precisa de acalmar. É só a faculdade, Edward, qualquer roupa de dia a dia está bom. Quer dizer, os que se acham e cursam Direito vão de terno, mas não vejo você como uma dessas pessoas... Estou errada?

      –Não, não está. Eu nem ao menos gosto de ternos, são desconfortáveis. –Admiti. –Só acho que estou nervoso, não quero meio que... Como os jovens dizem? Pagar mico. Isso. –Minha namorada riu.

      –Você não vai. É uma pessoa maravilhosa. Aposto que fará vários amigos novinhos. –Eu revirei os olhos.

      –Você está mesmo me chamando de velho, Srta. Swan? –Me aproximei mais de minha namorada linda que eu amava e que, incrivelmente, sentia o mesmo por mim. –Logo você, a psicóloga formada e com vida estável. Aparenta ser muito mais senil do que eu. –Ela riu da minha brincadeira e eu a abracei apertado, já sentindo o peso da distância e também da saudade. Minha cabeça rodava com perguntas cujas quais eu não tinha resposta. Nosso relacionamento a distância daria certo? Isabella perderia o interesse conforme o tempo fosse passando? Ela aguentaria namorar por tanto tempo um homem que nem ao menos tinha um emprego ainda?

      –Sério, você está me assustando, Edward. –Olhei para Bella sem entender. –Você. Fica brincalhão em um minuto, e no outro sério e pensativo. Será que você possui um transtorno bipolar que não detectei ou algo assim? –Ela parecia realmente me avaliar, vendo se não perdeu sinais importantíssimos de algum comprometimento psicológico meu. Eu revirei os olhos e ri. Ela era absurda. E linda. E fantástica.

      –Não. Só está difícil lidar, você sabe. Com essa distância que enfrentaremos. ­–Isabella estendeu-me a última peça de roupa que eu levaria para Harvard e, enquanto eu a colocava na mala e fechava-a, ela me abraçou por trás.

      –Vai ficar tudo bem, amor. Eu sei disso. Porque a gente se ama, não é? –Eu concordei com a cabeça. –Então.... Vai ficar tudo bem. Eu sei que vai. Acredite em mim. E principalmente, em nós.

      Isabella tinha razão. Eu tinha tudo o que um homem poderia querer. O amor de uma mulher linda, e um futuro provavelmente promissor, eu esperava. E se ela estava dizendo que tudo ficaria bem, por que eu não acreditaria?

      –Com você por perto, mesmo que não fisicamente, não tem como nada dar errado mesmo. –Sorri. Eu esqueceria dos problemas por enquanto. Nós dois tínhamos uma festa para ir.


(...)


      O salão de festas do prédio estava repleto de balões coloridos, e as risadas gostosas das crianças misturavam-se as falas animadas dos adultos que estavam por ali. Era a festa de boas vindas de Mandy. Ela havia se recuperado bastante nesse tempo que esteve em observação no hospital, e ganhara alta médica no dia de hoje.

Emmett não queria que Rose fizesse festa nenhuma, pois segundo ele, queria curtir sua garotinha sozinho, como uma família: só ele, Rose e Mandy. Mas a irmã de Bella insistiu. Era como um recomeço. Não só para a pequena Mandy, mas também para os dois. Afinal de contas, o que seria da vida deles sem seu pequeno raio de sol? Era aquela criança que iluminava tudo. E eu entendia isso, porque de certa forma, Mandy fez com que eu enxergasse a vida sob uma nova perspectiva também quando Bella me apresentou a ela. Emmett e Rose disseram a mim que seriam eternamente gratos pelo meu gesto, mas na verdade, eu é que tinha uma dívida com Mandy por ter iluminado minha vida, trazendo-me de volta à luz e à vida.

Bela estava de pé ao meu lado, perto da porta do salão, cuidando a todo o momento a entrada. Ela queria ser a primeira a abraçar Mandy fora do hospital finalmente, e não se aguentava de tanta felicidade. Era emocionante vê-la tão feliz. Sua sobrinha iria para casa, iria para a sua família. Sem mais quartos de hospitais e paredes claras demais.

      Daqui algumas horas eu estaria dentro do carro de Bella novamente, mas dessa vez, não iríamos para sua casa e sim para Harvard. Ela me levaria até lá. E depois, eu ficaria sozinho. Por vários meses até ter algum feriado em que pudesse visita-la ou vice-versa. Era estranho pensar nisso. Pensar que não veria mais Bella todos os dias ali, sorrindo para mim, me apoiando, me beijando, me trazendo paz. Antes de ela entrar em minha vida, eu era uma pessoa horrível e vitimista. E se eu me tornasse aquela pessoa novamente?

      Não havia a possibilidade. Simplesmente por que Isabella não estava ligada a mim apenas fisicamente, mas sim mentalmente. Eu e amava e pensava nela a cada segundo do meu dia. Eu tinha meus objetivos traçados e iria atingi-los.

      Notei que o sussurro das pessoas começou a ficar maior, e Bella bateu palmas silenciosas do meu lado, sorrindo. Mandy estava chegando com seus pais. O combinado era que assim que ela entrasse no salão, gritássemos um sonoro e ruidoso “Surpresa” para ela, tal qual uma festa de aniversário. Afinal, não deixava de ser: uma nova etapa começava para a pequena.

      –Surpresa! –Gritaram todos assim que Mandy apareceu na porta. Ela ficou encantada com tantas pessoas e balões para todo o lado e sorriu, meio impressionada. Antes que pudesse falar algo, Bella deu alguns passos e abraçou-a como se não a visse em muito tempo.

      –Calma, tia Bella! Se você me aperta muito eu morro. –Todos explodiram em risadas com a fala de Mandy. Ela era meiga demais, e eu duvidava que alguém pudesse não se encantar por aquela menininha. Apesar da reclamação, ela abraçou Bella também, com força, e parecia feliz, realmente feliz. Por um momento, vendo Bella a pegar no colo e apertá-la em seus braços, perguntei-me mentalmente como seria ter uma filha com aquela mulher. Teria meus traços, ou os dela? Eu sabia que seria tão graciosa quanto Mandy, aquilo era de família. E, por fim... Como eu seria sendo pai? Eu só esperava que eu fosse um pai melhor do que os pais que tive. Quer dizer, eu queria dar carinho, amor, e também liberdade, liberdade de escolhas. Eu queria que minha filha crescesse sabendo que, independente do que ela quisesse fazer, haveria seu pai para apoia-la a todo instante. Eu conseguiria ser assim? Bella gostaria de ter uma filha? E o mais importante: Bella gostaria de ter uma filha comigo? Um homem que mal havia entrado na faculdade?

      –Tio Edwald! –Meus pensamentos dissiparam-se quando Mandy simplesmente pulou do colo de Bella e se atirou no meu. Eu ri, impressionado de como ela ficava à vontade comigo, mesmo me conhecendo a tão pouco tempo. –Mamãe e papai disseram que você salvou a minha vida porque me deu alguma coisa lá que era sua e agora eu não mais doentinha. É de verdade?

      –É sim, pequena. –Acariciei seu rosto. –É sim, você vai ficar boa agora. Para sempre.

      –Eba! Que bom, né? Eu já tava com saudade da minha cama, sabe tio Edwald? A do hospital tem cheiro diferente.

(...)

      Depois de muitos abraços, risos, lágrimas, bolos, salgadinhos e algodões doces, a festa de boas vindas de Mandy chegou ao fim. Enquanto Bella, Rose e Emmett organizavam o salão, eu havia encarregado de ficar fazendo companhia a Mandy. Ela estava exausta, mas mentia que não.

      –Mandy, senta aqui do meu lado, que tal? Você pode se encostar e dormir um pouco. Logo, logo você vai para casa. Para a sua casa.       

      –Não posso, tio Edwald. Você vai embora, eu quero acordada para dar tchauzinho. –Eu ri, achando fofo seu carinho para comigo. Eu não era merecedor de tanta consideração.

      –Está tudo bem, Mandy. Quem sabe você me dá tchau agora? Eu já estou indo. Sua tia vai me levar até lá. –Mandy jogou-se em mim e eu peguei-a no colo, não entendendo o porquê de seu choro. –O que houve, pequena?

      –Não quero que você vá, Tio Edwald. Não tem uma escola mais perto para você ir? Assim não ia ter que abandonar eu e a Tia Bella.

      Abandonar. A Mandy e a Bella. Abandonar.

 

      Eu estava mesmo abandonando as duas? Eu deveria ficar? Eu não estava sendo egoísta por ir?

 

      —Mandy, eu... Eu preciso sim. O tio Edward quer muito ir para essa escola, mas ele vai vir visitar você e a tia Bella sempre que der, está bem? Eu não estou abandonando vocês. Nunca. –Eu, pelo menos, esperava que não estivesse.

      Mandy acalmou-se e suas lágrimas foram perdendo a força. Ela continuou abraçada em mim e eu tive de me controlar para não chorar em sua frente. Eu sabia que seria difícil ir embora, mas não pensei que seria tanto assim. Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, Mandy já estava dormindo em meu colo. Seus braços estavam ao redor de meu pescoço e sua respiração era tranquila, apesar de seu lindo rosto ainda estar úmido por conta das lágrimas recentes. Vê-la daquela forma apertou ainda mais meu coração.

      Afinal, eu estava tomando a decisão correta?


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Notas finais do capítulo

Estamos na reta final, depois de tanto tempo! E aí, ele vai ou não vai?
Beijos!



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