A Terapeuta escrita por Bellice


Capítulo 24
Capítulo XXIV


Notas iniciais do capítulo

Boa noite! Primeiramente, desculpem-me não ter postado no domingo, mas eu não tinha acabado de escrever o capítulo!
Ele ficou razoavelmente grande, então acho que vocês vão me perdoar! Haha
Boa leitura.



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Capítulo XXIV



"Sei lá o que me dá, se é medo do futuro, preguiça de regar nosso convívio ou alguma crise existencial que vaivém. Mas precisei ficar só. O que eu menos queria era ver você aborrecida e temida quanto às coisas que sinto. Só faria me sentir pior e mais impotente. No duro, pediria sua ajuda se soubesse o motivo, mas sou homem e não vejo necessidade de divagar sentimentalismos e fraquezas. Basta você saber que não saiu do pensamento um só minuto. Mas hoje, preciso de você."


Gabito Nunes


Ponto de Vista por Bella Swan


–Isabella?

–Sim, doutor?

–A operação foi um sucesso. O Sr. Cullen está dormindo ainda por conta da anestesia geral, mas deve acordar em breve. Agora, nós vamos preparar Mandy para a cirurgia. –Eu concordei com um aceno, ainda um pouco perdida em pensamentos. Como eu abordaria o assunto da ligação com Edward? Será que ele ficaria bravo por eu ter atendido seu telefone? Eu não podia negar que estava magoada com Edward por conta de sua grande omissão. Quer dizer, eu pensei que ele confiasse em mim. Que nós tivéssemos alguma coisa concreta aqui. Todos os meus pensamentos racionais me diziam que era bobagem acreditar que Edward estava apenas fingindo que possuía algum tipo de afeto por mim, mas os meus pensamentos passionais insistiam em dizer que ele havia me enganado.

Com um suspiro de pura frustração, caminhei rapidamente até o banheiro do hospital. Passei uma água no rosto para ver se eu me tranquilizava um pouco e respirei fundo. Eu era Isabella Swan. Eu era uma psicóloga muito bem renomada que era muito bem sucedida graças à minha habilidade de ser racional em momentos difíceis. Edward fora meu paciente. Ele tinha passado por muitos traumas ao longo da vida, muitas decepções e frustrações. Eu não podia simplesmente discutir com ele por não saber agir comigo, e principalmente com a sua vida. Eu tinha que ser paciente com ele. Principalmente agora que Edward precisava de cuidados. Não era sobre mim, era sobre ele. Ele precisava se achar, e eu sabia disso. Mesmo que ele decidisse seguir seu caminho sem mim. Era aceitável e até mesmo compreensível.


(...)


O médico de Mandy disse que eu poderia ficar no quarto em que Edward estava para fazer-lhe companhia quando acordasse. Eu fui, não sem antes perguntar se Rose e Emm estavam bem, ou melhor, se eles estavam lidando da melhor forma com a situação. Eles estavam nervosos com a operação da filha, mas sabiam que era necessário, sabiam que este era o único meio de salvá-la. Ela ficaria bem. Tinha de ficar.

Assim que entrei no quarto que Edward estava, percebi que ele já havia acordado. A luz estava apagada, mas o quarto estava semi-iluminado pela claridade que vinha da pequena televisão embutida na parede. Edward olhou para mim e sorriu meio tímido, como estivesse sem graça comigo. Eu fui até a sua cama e dei um suave beijo em sua bochecha.

–Como você está? –Pelos próximos 30 segundos, Edward não me respondeu. Apenas ficou encarando-me com seus olhos tão incrivelmente lindos e profundos. Eu não tive coragem de desviar o olhar do seu, então só fiquei ali, parada, esperando por sua resposta.

–Eu realmente amo você, Bella. Desculpe-me por ser grosseiro mais cedo. Eu... Eu apenas... Não sei lidar com as pessoas se preocupando comigo. Nunca se importaram antes. –Ele parecia tão vulnerável naquele momento, naquela cama de hospital. Eu inclinei-me para beijar sua bochecha novamente.

–Está tudo bem. Eu sou quem deveria estar pedindo desculpas. Eu sei que você passou por momentos terríveis por toda a sua vida, sei que você se privou de muita coisa, Edward. Está tudo bem, mesmo. Eu tenho que ser mais paciente com você. Desculpe-me. Eu sempre vou estar aqui por você independente do que você me disser, porque eu sei que esse sentimento louco que nós desenvolvemos em tão pouco tempo é real. Só, por favor, não me afaste como está fazendo. –Edward franziu o cenho, parecendo não entender aonde eu queria chegar. Eu respirei fundo antes de continuar.

–Seu celular tocou enquanto você estava fazendo a doação, e eu simplesmente atendi pensando que seria Tanya, mas não era ela, Edward. –Eu mordi meus lábios, nervosa pelo rumo que a conversa tomaria.

–Era a minha mãe, então? Ela foi rude com você, Isabella? –Sua expressão de repente se tornou indignada, e eu quase achei fofa a sua proteção para comigo. –Desculpe-me. Ela não deveria tê-la destratado.

–Edward, ninguém da sua família ligou, fique tranquilo. Você acabou de passar uma operação, não se exalte. –Sussurrei. –Quem ligou foi o reitor... De Harvard.

Os olhos de Edward se arregalaram de surpresa, e eu temi que ele ficasse bravo realmente, apenas por eu ter atendido o telefonema.

–O quê?

–O reitor de Harvard, Edward. Ele ligou, pois quer marcar uma entrevista com você. Ele disse que você tem boas referências segundo seu histórico e que, apesar de você ter se desviado do seu caminho, ainda não é tarde. O Sr. Mitchell me disse que quer muito que você entre para Harvard e que suas chances são bem altas. –Eu respirei fundo. –Então, eu disse que daria o recado para você, e expliquei também sobre o motivo de você não ter atendido ao telefone pessoalmente. Ele entendeu e aguarda seu retorno.

O silêncio reinou no quarto do hospital. Edward esperava uma reação minha, mas esta não veio. Talvez ele esperasse que eu gritasse e exigisse explicações. Contudo, de que merda adiantaria, no final das contas? Eu só queria o melhor para Edward. A vida era dele, não minha. Se ele não quis me contar, tenho certeza que talvez apenas não estivesse pronto. Eu tinha que confiar nele. Tinha que acreditar que ele não estava escondendo suas decisões de mim conscientemente.

–Edward? Você me ouviu?

–Sim. Estou esperando você gritar comigo e dizer que eu sou um idiota. –Seus olhos ainda estavam arregalados, e eu ri de sua expressão de pavor e surpresa.

–Edward, eu não vou gritar com você, tudo bem? Eu estou sim chateada por você não ter dividido sua decisão comigo, mas sei que você tem que traçar seus caminhos sozinho, percebi que você não estava pronto para dividir comigo, apesar de eu ter notado que você estava pensativo, escondendo-me alguma coisa. Contudo, você tem que andar com seus próprios pés. Eu mesma lhe disse isso, lembra? –Ele concordou com a cabeça. –Então, Edward. Eu só quero que você seja feliz, querido. Aonde quer que você esteja, com quem quer que seja. Não importa. Eu também amo você, e quero que você corra atrás de seus sonhos, estando estes perto ou longe. Só não me afaste. Não aja como se tudo fosse mais fácil se eu simplesmente cansasse de você.

As palavras saíram facilmente de minha boca. Agora, tudo estava tornando-se claro. Todo aquele silêncio de Edward, aquelas grosserias estranhas... Ele estava se sentindo culpado por não ter me contado de seu contato com o reitor, então estava achando motivos para que brigássemos, porque seria mais fácil para ele lidar com a culpa do que com a verdade.

–Eu não quero que você canse de mim, Bella. Não mesmo, mas... Eu não quero ter que escolher entre você e Harvard. Eu quero tanto você. E eu quero tanto realizar meu sonho. Eu só pensei... Que se eu não contasse a ninguém, não seria tão real. Não seria uma possibilidade. Eu não queria ter esperanças em conseguir uma entrevista, porque isso significa que eu vou ter que escolher, mais cedo ou mais tarde. E eu simplesmente não posso. Desculpe-me por isso, por favor. Eu me sinto horrível por não te colocar acima de Harvard, mas também não consigo priorizar nem a universidade, nem você. Isso não faz sentido. –Edward parecia tão perdido e frustrado. Meu coração apertou-se ao vê-lo daquela forma. Eu queria dizer a ele para que não fosse para longe de mim. Que ficasse comigo, mas eu simplesmente não podia. Eram seus sonhos, merda. Eu realizei os meus. Ele também tinha o mesmo direito, como qualquer outra pessoa.

–Você não tem que me priorizar, Edward. E você também não tem que escolher. Eu amo você. Nós vamos dar um jeito de fazer dar certo se você conseguir a vaga. –Ele riu sem humor.

–Não, nós não vamos. São cinco malditos longos anos. Eu nunca faria você estragar sua vida desse jeito, me esperando.

–Por que não? Por que você pretende me trair com as moças mais novas de Harvard? –Eu brinquei. No entanto, Edward não parecia estar achando engraçado.

–Porque nunca daria certo. Ninguém ama ninguém tanto ao ponto de se contentar com contatos virtuais e visitas semestrais. Ninguém, Isabella.

Ele estava falando sério? Quer dizer, tudo bem. Seria difícil, eu sabia disso. Contudo, eu estava disposta a tentar. Talvez, depois de algum tempo, eu poderia transferir meu consultório para mais próximo de Edward. Talvez ele conseguisse vir para cá nos finais de semana se arrumasse um estágio remunerado... Eram tantas as opções! Como ele podia ser tão pessimista?

–Talvez você devesse voltar para o James. Ele é bem sucedido, rico e resolvido. Você teria estabilidade com ele, Bella. –Eu bufei.

–Edward, eu não quero estabilidade. –Eu sorri. –Eu me sustento, não preciso de homens para isso. Eu sou estável. Só quero você, da maneira que for. Por que você está tentando fazer com que eu desista de nós dois?

–Porque é o certo. –Ele proferiu. Simples assim, direto assim. Eu engoli em seco, tentando não perder o controle. Ele estava terminando comigo?

–Você está fazendo de novo, Edward. Se acomodando, e fugindo da sua vida. Por favor, não faça isso. Eu estou aqui, e estou dizendo que você pode muito bem ter Harvard e a mim. –Eu o abracei do jeito que pude. Sabia que ele deveria estar dolorido por conta da cirurgia, mas não dei a mínima. Eu precisava abraça-lo. Fazê-lo perceber que eu estava ali, e não iria embora.

–Talvez eu nem passe na entrevista. –Ele sussurrou baixinho, me abraçando de volta, mesmo que deitado na cama do hospital. –Nós podemos decidir o rumo do nosso relacionamento quando eu tiver algo real para decidir? Por favor, Bella. Eu não quero ter que passar por isso agora, por favor... –Eu assenti, sentindo as lágrimas repentinamente rolando por meu rosto. Apertando-o um pouco mais, eu beijei seus lábios delicadamente. Eu não queria perde-lo. Não poderia.

–Tudo bem. Nós vamos lidar com isso quando chegar a hora. –Forcei um sorriso. –Mas agora, eu vou cuidar de você.

Vou cuidar de você enquanto eu ainda posso.


(...)




Quando Edward dormiu novamente, eu saí do quarto rapidamente. Precisava respirar um pouco, pensar em tudo o que ele havia me falado. Eu queria ser racional, mas como conseguiria? Não sabia como interpretar Edward. Se ele ganhasse a vaga em Harvard, ele teria que tomar uma escolha, visto que ele foi bem contra a minha ideia de relacionamento a distancia. E se ele escolhesse, eu sei muito bem o que ele escolheria. E não seria eu. Eu nem ao menos queria que ele me escolhesse. Como eu disse, ele merecia ir atrás de seus sonhos e aspirações. Seria bom para ele. Mas e quanto a mim? Como eu ficaria?

Bem, que merda. Isso não importava agora. Eu precisava ver como estava indo a operação de Mandy. Tudo tinha que dar certo, pelo menos nisso.

Assim que encontrei meu cunhado e minha irmã na sala de espera, percebi o quanto eles estavam preocupados. Olheiras profundas marcavam seus rostos e Rose estava chorando. Acho que ela temia que acontecesse o pior. Que nossa Mandy se fosse.

–O médico veio dizer alguma coisa? –Perguntei a Rose assim que me sentei ao lado deles.

–Não. Contudo, ele disse que avisaria caso algo inesperado ocorresse. –Ela sorriu triste. –Bella, se minha filha escapar dessa, eu juro que não vou mais proibi-la de comer porcarias com você. Também vou a deixar ir à pracinha em frente a nossa casa com mais frequência. E quando ela quiser levar as amiguinhas lá para casa, eu vou deixar invés de dizer que não tenho tempo. Prometo, prometo. –Eu ri daquilo. Rosalie era uma mãe rigorosa. Não que Mandy sofresse em suas mãos ou algo assim, mas ela nunca podia fazer quase nada. Era engraçado ver Rosalie prometendo que mudaria isso. Parece que nem tudo é trágico nessa história, afinal.

–Rosalie, ela vai ficar bem e vai dar muita dor de cabeça para todos nós. Principalmente para o Emm. Já imaginou a Mandy fugindo para a casa do namorado?

–Que merda, Bella. Isso não vai acontecer nunca. –Meu cunhado bufou irritado, mas eu sabia que ele secretamente desejava demais que Mandy chegasse até essa etapa de sua vida. Nós todos só queríamos que nossa pequena fosse feliz, que ficasse viva.

Pensando em Mandy crescendo, fazendo amigos, comendo porcarias e namorando, eu adormeci com minha irmã agarrada a mim. Nós duas sabíamos muito bem que agora nada mais poderia ser feito. Tudo o que tínhamos que fazer era esperar. Esperar por boas notícias, só para variar um pouquinho.



(...)




–Você está falando sério? Pelo amor de Deus, homem! Não brinque comigo que meu coração não aguenta tanta emoção...

A voz estrondosa e chamativa de Emmett me acordou repentinamente. O médico de Mandy estava de pé e Emmett estava à sua frente, chorando e chocado. Meu coração perdeu uma batida e eu não sabia como interpretar aquela expressão de Emm. Por favor, que seu choque tenha a ver com felicidade. Por favor, que minha sobrinha esteja bem...

–O que aconteceu? –Perguntei ansiosa. Minha irmã, ao ouvir minha voz, também despertou.

–Minha filha está bem?

O doutor sorriu abertamente e, abrindo os braços como se estivesse aliviado, falou alto:

–Ela não poderia estar melhor, considerando as últimas circunstâncias. A cirurgia foi um sucesso e o organismo de Mandy aceitou muito bem a medula que lhe foi doada.

Eu me deixei relaxar na cadeira dura do hospital novamente, e Rosalie fez o mesmo. Já Emmett, estava abraçando e beijando o médico loucamente.

–Obrigado, doutor! O senhor é o máximo, viu? Obrigado por ter salvado minha menininha! Ah, eu não acredito que vou viver para vê-la trazer os namoradinhos aproveitadores em casa. Vou adorar me livrar de cada um deles! –Emmett divagava e foi impossível não rir de sua alegria genuína.

–Você deveria agradecer ao namorado da Bella. –Disse Rosalie. –Porque eu irei.

Eu sorri ao ouvir Rosalie mencionar Edward com tanta gratidão. Sim, realmente, todos nós deveríamos agradecer a ele até o fim de nossas vidas.

A verdade é que ele não havia salvado apenas a vida de Mandy, mas sim a minha também. Edward me fez amá-lo perdidamente, e eu nunca havia me sentido assim. Era tão bom. Aquele homem era meu anjo da guarda, o amor da minha vida e sei lá mais o quê. Ele fora o único que despertou em mim a vontade de envelhecer ao lado de alguém, ficar perto em todos os momentos. Por isso e por muito mais, eu não o deixaria ir simplesmente embora da minha vida. Não seria justo. Ele era meu, e eu precisava dele para viver. Não importava se ele estivesse aqui ou em Harvard. Desde que ele me amasse, eu suportaria qualquer distância e dificuldade que precisasse para mantê-lo comigo.


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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam?! Me digam!
Até semana que vem! ♥