A Terapeuta escrita por Bellice


Capítulo 23
Capítulo XXIII


Notas iniciais do capítulo

Olá, desculpem-me a demora!
O capítulo não ficou tão grande quanto eu gostaria, mas ele é importante para o andamento da história daqui até o final.
Boa leitura!



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Capítulo XXIII

“O amor sem esperança não tem outro refúgio senão a morte.”

José de Alencar

Ponto de Vista por Bella Swan

Eu dirigi para o hospital o mais rápido que eu podia. Não que nós precisássemos de fato nos apressar porque, bem, Edward ainda tinha uma bateria de exames para fazer antes de fazer a doação de medula para Mandy, mas eu estava tão eufórica com a situação dando certo que eu não estava me contendo.

Edward também parecia feliz. Ele estava com um sorriso sutil em seu belo rosto, e seus cabelos pareciam mais claros com o sol batendo sobre ele. Eu suspirei, notando que ele ainda continuava pensativo. Talvez Edward estivesse apenas preocupado com a cirurgia. Ele ficaria no hospital por duas semanas até se recuperar da doação. Eu pretendia ficar com ele o máximo de tempo possível.

–Agora que temos a certeza de que Mandy vai ficar bem, você pode voltar para o trabalho.

–Claro que não, Edward. Você sabe que é preciso quinze dias para se recuperar da cirurgia. Talvez o médico lhe libere para descansar em casa, mas mesmo assim, ficarei com você. Eu seria uma pessoa horrível se não ficasse por perto no momento que você mais precisa. –Ele fez uma careta, parecendo discordar.

–Você não pode abandonar a sua vida por minha causa, Isabella. –O jeito que ele falou meu nome completo, e não apenas o apelido, me fez congelar por um instante. Ele parecia irritado.... Mais consigo mesmo do que comigo. No entanto, eu relevei. Não queria brigar agora, não mesmo.

–Eu não estou abandonando a minha vida por ninguém, Edward. Você e Mandy são parte da minha família. E quando nós nos importamos com a família e a amamos, nós cuidamos dela o tempo todo, mais ainda nos tempos ruins do que nos tempos bons. Como você pode não entender isso? Certo, a sua família não parece ser a mais amorosa do mundo, mas poxa, Tanya se importa com você. Eu me importo com você. Isso não conta para nada? Não nos importamos porque “estamos abandonando nossa vida” e sim porque há coisas que vêm antes de qualquer obrigação profissional.

Eu juro que não queria brigar, mas eu não pude me conter. Edward não parecia entender o amor que eu tinha por ele. Aliás, não parecia entender o que qualquer amor significava. Quer dizer, eu sei que ele me amava, mas ele não parecia entender as implicações que amar alguém trazia.

–Tudo bem, se você está dizendo. –Foi tudo que ele murmurou, antes de virar o rosto para mim. Eu revirei os olhos e me limitei a dirigir mais rápido ainda em direção ao hospital. Aquilo tinha de acabar logo.

(...)

A medula óssea era retirada do interior dos ossos da bacia por meio de anestesia. Era como uma pequena cirurgia, com pequenos riscos para o doador, mas que exigia muitos exames antes. Após exaustivas e longas cinco horas, Edward terminou todos os exames. O médico de Mandy os olhou atentamente enquanto nós dois aguardávamos em silêncio sua resposta. Chegamos muito longe para algo dar errado agora, mas era uma possibilidade.

–Está tudo certo com a sua saúde, Edward. Você poderá fazer a doação se quiser. –Eu me deixei relaxar na cadeira desconfortável em que eu estava.

–Agora?

–Quanto antes melhor, Edward. Você só tem que estar pronto.

–Eu estou. –Ele confirmou. –Vamos acabar logo com isso. Mandy não tem tanto tempo assim para esperar.

Eu, o médico, Rose e Emm concordamos silenciosamente. Assim que meu cunhado e Rose saíram da salinha do Dr., meio que eufóricos demais, depois de terem abraçado, beijado e agradecido Edward mil vezes, eu o abracei forte também. Eu queria estar com ele na hora da operação, mas o médico disse que não era permitido.

–Eu vou estar no corredor bem perto de você, certo? Falem para me chamar se precisar de mim, Edward.

–Bella, eu vou estar anestesiado. –Edward riu. –Não preciso de você para segurar a minha mão enquanto eu estou drogado, ou alguma coisa do tipo. –Eu revirei os olhos. Às vezes, a insensibilidade dele realmente me incomodava.

–Edward, você precisa aprender a aceitar o carinho das pessoas com mais facilidade. Estou cansada de tentar mostrar que eu me importo com você e só receber as suas grosserias. Eu sei que não é fácil, mas você podia fazer um esforço, sabe? Até mais.

Eu saí dali antes que pudesse fazer um escândalo maior. Nem eu nem ele deveríamos nos preocupar com nossos sentimentos agora. Edward iria salvar Mandy, e isso já era mais do que eu poderia pedir dele por uma vida toda. Eu sabia que estava sendo dura demais com ele, mas de uns tempos para cá ele estava sendo tão... Pessimista e meio frio.

Quando estava entrando no outro corredor para encontrar Emm e Rose, ouvi o doutor me chamando. Ele trazia em suas mãos os pertences de Edward.

–Isabella, eu acho que você deve ficar com as coisas de seu namorado. Você sabe, eu poderia deixar na minha sala, mas não confio muito já que ela não possui chaves.

–Claro, eu nem me lembrei disso. Eu fico com suas coisas até ele estar consciente. Obrigada, doutor. Ele terá que ficar as duas semanas aqui no hospital?

–Ah, não, Isabella. Se tudo ocorrer bem ele estará apto a repousar em casa daqui uns três dias. Nós deixamos os pacientes que fazem esse tipo de operação o tempo mínimo aqui no hospital, só para monitorar e evitar futuros problemas. Depois, ele poderá ir para casa, desde que alguém fique por perto a maior parte do tempo para ajudá-lo. Você sabe, durante os quinze dias não é recomendável que ele se mexa muito.

–Eu vou tomar conta dele o tempo que for necessário, não se preocupe com isso. –Porque apesar de Edward ser um insensível às vezes, ele ainda era o homem que eu amava, afinal de contas.

Assim que cheguei a sala de espera, Emm e Rose estavam chorando nos primeiros bancos. Eles estavam tristes porque foram dar a grande notícia para Mandy e ela não estava mais consciente porque havia piorado ainda mais. Eu decidi deixar os dois sozinhos por mais um tempo, pois por mais que eu sofresse muito com a situação de Mandy, eu sabia que os dois sofriam imensamente mais pelo simples fato de serem os pais dela. Eles a geraram e a viram crescer em Rose a cada dia, por nove meses. Passam todas as horas do dia com ela, e essa conexão era além do que eu conseguia ter com a minha sobrinha, por mais que eu a amasse com loucura e estivesse sofrendo muito com toda a situação.

Vendo que não seria útil ali, resolvi tomar um café no andar debaixo. Enquanto descia as escadas, o celular de Edward tocou. Eu fiquei em dúvida se atendia ou não, mas como achei que poderia ser Tanya preocupada com Edward pelo seu sumiço rotineiro, atendi sem nem ao menos olhar o número.

–Alô?

–Boa tarde. Aqui é o reitor Richard Mitchell, de Harvard, e estou ligando para o Sr. Cullen referente ao e-mail que ele mandou para mim. Ele se encontra?

Meu Deus. Não era Tanya. Era o reitor de Harvard, merda! O que eu dizia agora? Eu nem ao menos sabia que Edward havia contatado à universidade! Merda, eu não deveria ter atendido o telefone dele.

–Boa tarde, reitor. Desculpe, mas ele não pode atender agora. O Sr. Cullen está passando por uma pequena cirurgia e eu fiquei com seus pertences pessoais até ele estar consciente novamente.

–Oh, espero que não seja nada grave. Você é parente do Sr. Cullen?

–Nós estamos em um relacionamento, reitor. Meu nome é Isabella. Isabella Swan –Eu poderia realmente dizer isso? Poderia dizer que ainda era namorada de Edward, visto que ele não se importava nem em contar para mim uma decisão importante que havia tomado?

–Bom, então você é uma mulher de sorte, Srta. Swan. Devo dizer que estou impressionado com o desempenho escolar do Sr. Cullen. Ele parece muito competente, uma pena ter se desviado de seu propósito, como me informou em seu contato.

–Sim, Sr. Mitchell, ele é brilhante. Sonhou muito com Harvard, isso eu posso lhe garantir. Eu informarei a ele que o Sr. ligou assim que ele estiver recuperado da operação.

–Eu espero que o sonho dele vire realidade, Srta. Swan. Quero falar com ele justamente sobre uma entrevista aqui em Harvard. O Sr. Cullen tem muitas chances de conseguir uma vaga, apesar de seu desvio de objetivo ao longo da vida.

–Isso é ótimo, Sr. Mitchell. Ele entrará em contato o quanto antes. Obrigado por ter ligado.

Antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, desliguei o telefone. Aquilo não soaria como má educação, eu espero. Eu só estava desapontada e com uma imensa vontade de chorar. Não por Edward querer ir para Harvard, mas sim por ele não ter me contado. Um relacionamento envolvia confiança, e eu confiava tanto nele.... Infelizmente, não parecia ser reciproco. Ele estava achando que eu não o apoiaria? Que eu não amava o suficiente para deixa-lo ir? Que eu o pedisse para ficar por minha culpa? Eu simplesmente não entendia. Cada vez mais, eu ficava mais certa de que Edward não sabia contar com ninguém, muito menos confiar, ou até mesmo amar. Era demais para ele.

Eu estava ficando cansada de mostrá-lo que eu não iria embora apesar de suas insensibilidades e incertezas. Talvez, só talvez.... Ele não queria que eu ficasse.

Talvez ele quisesse que eu saísse de sua vida de uma vez para que pudesse viver seus sonhos sem a interferência de ninguém.

Talvez ele não precisasse mais de mim em sua vida.

E, tudo bem. Eu estava bem com tudo isso, se fosse o que desejava, mas que não tinha coragem de dizer. Eu tinha sido, então, apenas uma etapa em sua vida. Uma escada para que ele pudesse subir em sua jornada realmente importante. Eu tinha sido apenas sua terapeuta, e ele havia confundido gratidão com amor. Eu nunca deveria ter deixado nossa relação ter ido tão longe. Nunca deveria ter me envolvido com um paciente.

De repente, as minhas certezas sobre nós juntos e feliz da noite anterior não me pareciam tão certas assim. Será que eu havia me enganado todo esse tempo?


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Notas finais do capítulo

Bom restinho de final de semana para vocês!
E aí, o que acharam? A Bella acabou descobrindo da pior maneira... E agora?!