A Terapeuta escrita por Bellice


Capítulo 15
Capítulo XV


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! :]



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Capítulo XV

“A grande maioria desiste. Eu, só estou abrindo mão. Concordo contigo, também aconteceu comigo: o meu coração partiu. Para outro lugar.”

Gabito Nunes

Quando o táxi parou em frente à minha antiga casa, eu suspirei, nervoso com o que viria. Como Tanya iria reagir? Eu esperava, de verdade, que ela ficasse feliz. Ela parecia realmente amar o tal Dérek, e eu torcia para que ele fosse o homem que eu não pude ser, e que Tanya fosse a mulher que ela não pôde ser comigo.

Antes que eu pudesse tocar a campainha da casa, a porta foi aberta por uma Tanya enlouquecida. Eu fiquei meio que sem reação. Por que ela estava chorando, afinal? E por que diabos ela estava me abraçando agora, com força? Ela deveria me odiar.

–Edward! Graças a Deus você está bem! Onde você esteve? Eu liguei e mandei mensagens todos esses dias para o seu celular e você não retornava! Eu não sabia mais o que fazer, eu...

–Você está chorando por minha causa? –Afastei-me de seu abraço, procurando olhar para seu rosto. O que eu perdi? Eu não entendia o motivo dela ainda se preocupar comigo. Eu fiz da vida dela um inferno, afinal de contas.

–É claro que sim! Você apenas me deixou um bilhete dizendo que ficaria uma semana fora, e mais nada! E se tivesse te sequestrado? Sua mãe está louca porque liga sempre e não consegue falar com você. Eu disfarcei, mas não sabia mais o que fazer. Eu quase chamei a polícia, Edward! Entra!

Meio confuso, entrei na casa. Ficar na porta não era o melhor para nós dois. Ainda mais com a conversa que eu queria ter com a minha futura ex-esposa.

–Desculpe-me, Tanya. Eu realmente não pensei que você se importaria. –Falei baixinho, como se me envergonhasse de minha atitude. No entanto, como eu poderia saber? Era surreal que aquela mulher se preocupasse comigo. Eu a fiz sofrer tanto! Fiquei tanto tempo impedindo que ela fosse feliz com quem gostasse dela de verdade... Eu apenas não merecia aquele afeto todo.

–Edward, como você pode pensar tão pouco de mim? –Eu havia me sentado em um dos sofás da nossa sala de estar. Ela, no entanto, tinha sentado no outro, que ficava à frente do meu. Eu e a encarava, sem saber o que dizer. –Eu amo você. Nós éramos amigos antes de termos concordado com essa merda toda, e era assim que deveríamos ter ficado. Não é culpa sua por eu ter sido infeliz esses anos todos, eu entendo isso agora. Entendo que deveria simplesmente ter dito não aos nossos pais.

Eu não queria ser um idiota emotivo, mas olhando para o rosto de Tanya, ainda banhado por algumas lágrimas e pela sua expressão de preocupação, e também de sinceridade, não pude fazer outra coisa a não ser começar a chorar também. Bella tinha razão, afinal. A vida valia a pena, porque algumas pessoas faziam desse mundo um lugar melhor. Tanya era uma boa pessoa, e ela me amava. Ela não me odiava. Ela ainda queria a minha amizade, mesmo depois de tudo que eu fiz.

Eu tinha mais sorte do que pensei, não é mesmo?

–Obrigada, Tanya. Eu também amo você. Ninguém tem uma amiga mais linda e preocupada do que eu. –Tentei sorrir em meio as lágrimas, para tornar o clima mais leve. Tanya riu, mas ainda parecia confusa. Ela queria explicações.

–Onde você estava, Edward?

–Com Isabella. Ela me propôs um novo tratamento, digamos assim. Queria que eu ficasse uma semana com ela para que então, ela pudesse me mostrar como a vida valia a pena, como eu estava sendo um babaca pessimista e o quanto eu estava desperdiçando o meu tempo... Você sabe, toda essa psicologia bonitinha que ensinaram a ela na faculdade.

Eu sabia que se Bella estivesse aqui ela me bateria agora, ou talvez apenas me olhasse raivosa com aqueles encantadores olhos cor de chocolate tão profundos que ela possuía.

–E você simplesmente aceitou? Não me parece muito você para dizer a verdade. –Eu balancei a cabeça, em negativa. Rindo ao me lembrar do começo do nosso primeiro dia juntos. Isabella quase me enfiou a força dentro daquele carro, essa era a verdade.

–Eu não levei a sério a sua proposta no início. Mas então, ela veio aqui, naquela quarta-feira que eu sumi, me ligou até que eu acordasse e pegasse minhas coisas e fosse com ela. Liguei para o trabalho dando uma desculpa e te deixei aquele bilhete. Foi isso. –Dei de ombros. Não é como se eu fosse contar muitas coisas a Tanya, pelo menos não hoje. Hoje, o assunto principal havia de ser outro.

–E não adiantou, não é? Quer dizer, hoje é segunda, os sete dias nem acabaram e você já está de volta. –O olhar que Tanya me lançava continha decepção, e até um pouco de tristeza, eu diria. –Eu quero que você seja feliz, Edward. –Sorri. Eu também queria que Tanya fosse feliz. E o principal: eu também queria ser feliz! E era por isso que eu estava aqui hoje.

–Ao contrário. Adiantou muito, Tanya. Eu vim aqui hoje porque precisava acertar as coisas com você. Sei que talvez eu tenha demorado para entender, mas vejo a situação do modo certo agora. Nós somos bons amigos que não deveriam ter entrado em um matrimônio forçado. Eu nunca desejei você, assim você também nunca me desejou. Quero que você viva feliz, com quem bem entender. Quero ter o direito de recuperar o tempo perdido e fazer o mesmo. E o mais importante, quero que você me perdoe por todos os erros que cometi, que me aceite novamente como apenas um bom amigo, e que assine isto.

Sem mais delongas, lhe alcancei o envelope que eu segurava até agora. Ela meio que me olhou sem entender a situação, mas eu fiz um sinal para que abrisse e lesse os papéis.

Eu assisti de perto quando Tanya deixou os papéis caírem de suas mãos, como se não acreditasse no que estava escrito neles. Ela levou suas mãos à boca, que agora estava em um perfeito formato de “O”. Eu apenas levantei do sofá, recolhi os papéis do chão, e lhe entreguei novamente.

–Acho que você precisa de uma caneta agora, Tanya. –Fui até a cozinha e peguei a caneta que sempre ficava no balcão, ao lado de um pequeno bloquinho de anotações. Assim que voltei, Tanya pareceu acordar de seu transe.

–Mas, Edward... Eu, ah... E quanto a você? –É, e quanto a mim? O que eu faria agora, completamente sozinho? Acho que o certo a se fazer era recomeçar, não era?

–Um amigo me ofereceu um quarto que está sobrando em seu apartamento. Eu posso ir para lá até conseguir dinheiro suficiente para decidir por onde começo a ajeitar minha vida de novo.

–Amigo? –Ela franziu o cenho, confusa. Revirei os olhos, quase esquecendo que eu nunca tive amigos nesses anos em que estávamos casados.

–Se lembra do James? O do colégio? –Ela fez que sim com a cabeça. –Ele é o ex-namorado de Bella, ou algo assim. –Murmurei de mal humor. Sério, esse mundo precisava ser tão pequeno assim. –Nos encontramos um dia desses por acaso e retomamos a amizade.

–Isso é ótimo, Edward. –Seu rosto se iluminou. –E como ele está?

–Você sabe, muito mais do que bem. Fez Medicina em Harvard, realizou seu sonho e toda essa coisa.

–Eu sinto muito, Edward. –De repente, Tanya não estava mais tão animada com o meu inesperado reencontro com James. Ela sabia, mais do que ninguém, o quanto eu sofria por não ter realizado minhas próprias metas.

–Não sinta. Eu tenho uma nova chance agora. Com novas metas, e quem sabe, até com alguns sonhos velhos, não é mesmo? –Ela assentiu para mim, mais tranquila ao ver meu sorriso. Não era como se eu não me frustrasse mais ao pensar no passado, mas eu via agora que não podia ficar me culpando por não tê-los realizados. Eu tinha que lutar por meus objetivos, e faria isso a partir de agora. Como, eu não tinha ideia. Quem sabe... Quem sabe se eu ligasse para Harvard, eu conseguiria uma reunião com o reitor? Sempre tive grades impecáveis, e talvez não fosse tarde demais. Porém, isso significaria realizar um sonho, caso eu fosse aceito... E abandonar um, deixando Bella aqui. Isso se ela retribuísse ao que sentia, o que eu não tinha certeza ainda. Argh.

–Isso mesmo. –Ela concordou. –Parece que Isabella é realmente boa no que faz. Eu gosto dela. –Uh, ela é realmente boa. Tanya nem fazia ideia do quanto. Em tudo, absolutamente tudo que ela fazia.

–Eu também gosto. Ajudou bastante a nós dois. –E também me deu alguns beijos de tirar o fôlego, e ia dar bem mais que isso se aquele merda do James não tivesse chegado. Pensei, mas guardei para mim. Não era algo que Tanya precisava saber agora.

–É verdade. Edward, obrigada pelo divórcio. Eu realmente amo o Dérek, mas... –Ela olhou para o papel, hesitando em assinar. Inferno, o que era agora? –Quero dividir o dinheiro que ganharmos com a venda da casa e do carro. Não é justo eu ficar com tudo enquanto você se esforça para começar do zero. Tudo bem? Arrume isto no contrato, e veremos depois. –Ela me estendeu o maldito papel, e eu bufei, impaciente. Não tinha maneira nenhuma de eu voltar naquele advogado e esperar que ele redigisse outro. Não. Isso era urgente.

–Assine assim mesmo. Eu admito que o dinheiro virá bem a calhar, Tanya, mas confio em você. Se está me dizendo que dividirá comigo, eu sei que fará. Agora assine logo e livre-se de mim rápido, antes que eu mude de ideia e te prenda por mais umas décadas.

Ela concordou e, enfim, assinou o documento. Senti um suspiro de alívio sair de nós dois. Tanya estava livre para correr para os braços de Dérek. Eu estava livre para ser feliz. Para ir atrás de meus sonhos. Para conquistar o coração de Isabella.

Eu estava livre para começar a viver, finalmente.

Pela primeira vez na minha vida, eu saí da minha agora antiga casa, feliz e determinado. Eu mal podia esperar para encontrar Bella em sua casa. Mal podia esperar para vê-la... E admitir para ela e para quem mais quisesse ouvir, que eu estava perdidamente apaixonado pela minha linda e amável terapeuta.


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Notas finais do capítulo

Deixem-me saber o que acharam!
O próximo capítulo vai ser grande e lindo, vocês já sabem o motivo não é? Haha
Comentem, recomendem e me façam felizes!
Amo vocês, e até mais!



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