A Terapeuta escrita por Bellice


Capítulo 14
Capítulo XIV


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal!
Espero que gostem do capítulo, tá?
Prometo um novinho até o final de semana!
Boa leitura ;)



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Capítulo XIV

“Olhado ao redor vejo muita gente vivendo sem amor por aí, vivendo no comodismo, vivendo acompanhada por medo de ficar só, por medo de enfrentar a vida sozinha, por medo dos obstáculos. Tem gente que mendiga amor, tem gente que nem luta para ter uma relação mais afetiva, legal, romântica, vai levando com a barriga, tem um medo pavoroso do novo, da vida, dos entraves.

Medo, medo, medo, comodismo, comodismo, comodismo. Ou prisões emocionais das quais não tenho propriedade para falar.”

Arcise Câmara

Ponto de Vista por Edward Cullen

Finalmente a segunda-feira havia chegado. Eu estava ansioso, até mesmo nervoso, eu diria. Eu queria mesmo dar o divórcio a Tanya, mas seria uma mentira se eu dissesse que não estava com medo do que isso acarretaria. Ela ia embora para viver sua vida, finalmente feliz com alguém que amava. E quanto a mim? O que eu faria naquela casa enorme, totalmente sozinho? Eu não queria viver na solidão, tampouco na tristeza.

Entretanto, até que ponto a felicidade dependia apenas de mim? Quer dizer, eu realmente queria recomeçar... Mas por onde? Eu poderia retomar meus sonhos, minhas metas? E quanto à Isabella? E quanto a tudo que eu sentia por ela? Eu apenas deixava passar? Não, eu não poderia.

Ontem à noite tinha sido tão... Intenso. Nada além da nossa pequena dança na cozinha aconteceu depois, mas aquilo tudo que eu senti ao segurá-la em meus braços, era um misto de sensações que eu jamais experimentara. Era como o paraíso bem no meio do inferno que a minha vida se encontrava. Estar com Bella era tão natural quanto respirar. Eu simplesmente não media minhas ações quando se tratava dela, eu apenas sentia, deixava o sentimento fluir.

Ela havia dito que eu era o homem mais amável que ela já conhecera. Aquilo significava mesmo alguma coisa? É claro que significava, eu sabia que sim. Porém, meus medos ainda se faziam presentes. Minha insegurança também. Era meio surreal imaginar que uma mulher como Bella, com a vida toda resolvida, sentiria algo por mim, um homem que nunca fez nada que quis e levou uma vida miserável, até. Não importava. Eu sabia que ela não mentiria para mim e, por ora, deixaria que suas palavras carinhosas aquecessem meu coração, que por muito tempo batia morto dentro de meu peito.

Agora, eu precisava arrumar um advogado. Contudo, eu sentia que isso, arrumar a minha vida e acertar as pontas com Tanya, era algo que eu deveria fazer por conta própria, sem a ajuda de Bella. Além do divórcio, eu devia um pedido de desculpas à Tanya. Nós sempre fomos amigos antes de cair nessa loucura de promessa de nossos pais, e me arrependia de tê-la tratado mal. Sentia culpa por ter colocado a culpa de não ter dado certo em cima dela. Eu via agora que por mais que nós dois nos esforçássemos ao máximo, não conseguiríamos manter um bom casamento, apenas uma boa aparência, para quem visse de fora. Eu não a amava como mulher, e ela não me amava como homem. Era simples, e nenhum dos dois tinha que ter sofrido por conta dessa fatalidade.

Porém, sofremos. E algo precisava ser feito para esclarecermos a situação. E era o que eu pretendia fazer o quanto antes.

Sem ter para quem ligar a procura de um bom advogado, decidi ligar para James. Apesar de ele ainda querer roubar Bella de mim, era meu amigo. Devia ter um contato no Direito para me indicar, certo?

Antes de ligar para ele, eu precisava de seu número, óbvio. Por que eu simplesmente não pedi a ele ontem? Agora teria que pedir a Bella, e ela fatalmente perguntaria para que eu queria. Eu até poderia mentir, dizer apenas que eu queria colocar o papo em dia com meu amigo, mas eu tinha certeza que ela saberia que eu estava inventando uma desculpa. Então, fiz a única coisa plausível que veio à minha mente: fui até o quarto de Bella silenciosamente, e peguei seu celular que sempre ficava em cima do criado mundo, ao lado de sua cama.

Antes de sair de seu quarto com o telefone móvel, não pude deixar de admirá-la tão serena e linda ali, dormindo tranquilamente. Sim, amigos, ainda era de manhã, e eu estava tão ansioso para resolver logo minha situação com Tanya que nem me importei com isso. Voltando a Bella, eu realmente gostaria de vê-la assim todas as manhãs. Será que era sonhar e pedir demais ter aquela visão todos os dias da minha vida a partir de agora? Claro que era. Mas eu precisava ao menos tentar tê-la para mim.

Agora que eu finalmente havia decidido viver, eu iria atrás da minha felicidade. E certamente, uma de minhas metas para atingi-la era ter Bella em minha vida, da maneira que fosse.

(...)

–Certo, Jay. Encontrarei você nesse prédio, então. É perto daqui, certo?

Felizmente, James disse conhecer alguém advogado para me apresentar. Infelizmente, ele quis ir junto comigo ao tal local onde o advogado atendia. Sério, eu estava tão paranoico com esse cara que pensava que a qualquer momento ele poderia querer me fazer mudar de ideia quanto ao divórcio. Será que ele queria Bella só para si tanto assim? Não. Não, eu deveria estar imaginando coisas. Maldito ciúmes!

–Sim, Edward. É perto. Já estou pegando um táxi e indo para lá. Faça o mesmo. Até!

Resignado, fui até o pequeno bloquinho de papel que Bella sempre deixava a mão ali pela cozinha, e lhe escrevi um bilhete dizendo apenas que tinha ido resolver alguns assuntos e voltaria o quanto antes. Após isso, o grudei na geladeira. Deixei seu celular em cima da bancada, com medo de que ela acordasse se entrasse em seu quarto novamente e, ansioso por começar a resolver a minha vida, saí de seu apartamento.

É, Edward. Já é hora de arrumar a confusão em que sua vida sempre esteve.

E eu não pude deixar de sorrir ao perceber que, agora, eu tinha um motivo muito maior do que meus sonhos do passado para recomeçar.

Eu tinha Bella.

E lutaria pelo seu amor.

(...)

Certo. Eu estava me sentindo culpado por ter colocado a amizade de Jayjay em dúvida. Ele realmente se mostrou apenas prestativo, querendo me ajudar. Acho que eu havia ficado tanto tempo sem amigos que não sabia mais lidar com nenhum. Bem, eu colocaria isso na lista das mudanças: saber como lidar com a amizade das pessoas novamente.

O advogado parecia ser realmente e bom, e na hora, redigiu um documento padrão para o divórcio. Perguntou se eu fazia questão de ficar com algum dos bens, o que se resumia a casa e ao carro que tínhamos. Eu neguei. Tanya poderia ficar com eles, se quisesse. Ou poderia vender, se achasse assim melhor. Eu não queria mais nada daquela minha antiga vida, porque simplesmente não tinha criado nenhum laço afetivo naquela casa, muito menos com aquele carro. Eu não trabalhei para tê-los, eu não estava presente na escolha da mobília. Fora tudo organizado por nossos pais, e sinceramente? Eu não queria mais que eles interferissem, assim como não queria mais nada que viesse deles.

Demorou para que eu entendesse que, apesar de meus pais terem me criado e me dado tudo que eu tinha até hoje, eu não tinha que viver a vida como eles queriam. Eu não era uma extensão deles. Era absolutamente diferente, tinha sonhos, metas e desejos diferentes do que eles tiveram. Tanya havia percebido isso antes de mim, porém, igualmente tarde.

Se tivéssemos percebido a gravidade da situação antes do maldito casamento, não estaríamos sofrendo até agora. Porém, éramos jovens demais, dependentes demais e imaturos demais para questionar qualquer ordem que viesse de nossos progenitores.

–Está tudo certo, Sr. Cullen. Amanhã mesmo procurarei a Sra. Cullen para que ela assine a papelada. Manterei contato com o senhor a partir daí. –Ele sorriu simpático e estendeu sua mão para mim, por cima de sua mesa. Apertei-a também, pensativo.

Eu precisava mesmo me desculpar com Tanya, e não queria que ela ficasse sabendo do divórcio apenas pelo advogado. Será que eu não poderia simplesmente levar o documento a ela? Ainda era cedo, e assim ela, e nem eu, teríamos que esperar até amanhã.

–Sr. Rost, eu poderia levar pessoalmente o documento para minha esposa? Eu realmente queria que ela soubesse por mim, e tenho que acertar alguns pontos com ela também.

–Como achar melhor, Sr. Cullen. É que geralmente as pessoas que se separam não têm um fim muito amigável, então essa opção é quase sempre descartável. Porém, se não é o seu caso, e se preferir, não vejo problema.

Assenti meio sem jeito e confirmei que preferia levar pessoalmente os papéis. James, que tinha ficado o tempo todo ao meu lado, levantou-se e agradeceu ao amigo. Levantei-me também, e rapidamente estávamos do lado de fora.

–Valeu, cara. Eu não teria achado um advogado tão rápido se você não me ajudasse. Espero que ele não cobre muito, porém. Meu trabalho é uma merda, e paga mal. –Certo, não pagava muito bem, mas também não era tão ruim assim. Talvez eu achasse tão ruim porque trabalhar com administração sempre foi odioso para mim. A risada de James tirou-me de tais devaneios.

–Relaxa, Edward. Ele me devia alguns favores, não vai custar nada. –Franzi o cenho para ele. James sempre fora assim. Sempre cheio de contatos, sempre cheio de favores pendentes. Parecia que o tempo não havia passado para ele. E eu ficava feliz com isso.

–Obrigado. Mesmo. Sinto muito ter desperdiçado um de seus favores. Prometo que se um dia você se divorciar, eu pagarei o advogado. Juro.

James riu descontraído e eu o acompanhei. Será que ele pensava em casar agora? Na escola, ele parecia ter horror até mesmo a um namoro sério.

–Cara, quando eu casar será com alguém que eu ame muito. E juro, não me divorciarei dessa mulher nunca na vida.

Por um momento, meu coração se apertou. E se ele amasse Bella? Eu poderia mesmo competir com James? Quer dizer, ele era tudo o que eu não era. Tinha uma carreira sólida, numa profissão que amava. Tinha um apartamento, tinha a vida resolvida... Enquanto eu era apenas uma bagunça.

Era melhor afastar esses pensamentos, no entanto. Um assenti de cada vez.

–Espero mesmo que seja assim, James. –Dei um tapinha em suas costas, realmente lhe desejando boa sorte com isso e, secretamente, com qualquer outra mulher que não fosse Isabella. –Eu tenho que me resolver com Tanya agora. Obrigado mesmo.

–Não quer que eu vá com você, cara? Eu posso ir, sem problemas.

–Não, Jay. Há certos assuntos que um cara tem que resolver sozinho. Enfrentar seus demônios e toda aquela psicologia toda, sabe? –Ele sorriu para mim.

–Cara, a Bella te afetou mesmo, né?

E ele não sabia o quão terrivelmente certo estava. Isabella havia me afetado. De todas as maneiras possíveis.

E eu não poderia estar mais grato por isso.


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Notas finais do capítulo

Se leram, me deixem saber o que acharam, tá? Esse capítulo foi só o ponto de vista do Edward, porque queria que vocês entendessem um pouco mais da confusão que tá a cabeça deles. Pessoas que passam muito tempo da vida infelizes têm muita dificuldade para mudar, e aqui não poderia ser diferente.
Enfim, vejo vocês nas reviews.
E quem sabe, numa recomendaçãozinha? Hahaha
Beijos.
Amo vocês.



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