A Terapeuta escrita por Bellice


Capítulo 13
Capítulo XIII


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde! Sei que não postei semana passada, mas resolvi postar um capítulo grande no lugar de dois pequenos.
Eu particularmente amei esse capítulo. Sério, acho que é o meu preferido. Eu espero que vocês gostem também.
Boa leitura!
P.S: Seria de bom tom ouvirem a música quando o POV da Bella começar! O link é este: https://www.youtube.com/watch?v=oFmNgiEgPoQ



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Capítulo XIII

"A gente precisa parar com essa mania de colocar os problemas em uma mala e sair carregando por aí como se eles fossem essenciais. Não são. Aliás, tudo que te faz mal é completamente descartável."

Gabito Nunes

Ponto de Vista por Edward Cullen

Eu mataria quem quer que estivesse tocando aquela maldita campainha. Sério, quem é que aparecia na casa dos outros em pleno domingo sem ser convidado? Isso só podia ser carma. Logo agora que Bella e eu estávamos... Bem, que Bella e eu estávamos nos conhecendo. Ah, sim. E nos divertindo também.

Quando finalmente me acalmei um pouco, resolvi voltar para a cozinha. Talvez Isabella já tivesse expulsado seja lá quem estivesse na porta, e nós poderíamos continuar de onde paramos. Ou talvez, a pessoa tenha sido inconveniente ao quadrado e resolveu entrar para bater um papinho com a minha terapeuta. Eu estava esperançoso que a primeira opção fosse a verdadeira.

Porém, percebi que não assim que entrei no ambiente e vi um homem encostado na pia de Isabella. Bem onde eu estava prensando-a e agarrando momentos atrás. Porra!

–Bella, quem era na porta? –Eu tinha total noção que nos atrapalhou estava me encarando neste exato momento, mas decidi fingir que não o havia notado. Dar a indiferença era sempre bom.

Infelizmente, não pude me conter e, assim que Bella fitou o estranho, fiz o mesmo. O homem tinha cabelos loiros, olhos claros, e seu corpo parecia ser bem... Razoável? Creio eu que era o típico cara que chama a atenção das mulheres por aí. Revirei os olhos, e olhei mais fixamente para o cara. Quem era ele? E por que ele me parecia tão... Familiar?

–Bella, quem é esse homem? –O babaca olhava para a minha terapeuta como se ela devesse explicações a ele. Era só o que me faltava. De repente, tudo o que Bella fez foi sair da cozinha, seguida por um “com licença” quase inaudível. Ela estava nervosa? Por quê?

–Eu conheço você de algum lugar, cara. –O loirinho me encarava com o cenho franzido, e chegava cada vez mais perto. Estranho, eu também estava com a impressão de conhecê-lo. Porém, era impossível, certo? Quer dizer, eu não me lembro de ter amigos com cara de veado. Aliás, eu não me lembro de ter amigo nenhum.

Depois que Tanya e eu nos casamos, eu fiquei mais inacessível ainda, se é que isso era possível. O único amigo que eu tive e nunca mais vi no Ensino Médio foi o Jayjay. Cara, nos divertíamos muito! Pegávamos umas gatas, estávamos sempre juntos. Compartilhávamos o sonho de ir para Harvard; ele queria Medicina, enquanto eu queria Direito. A diferença? Ele conseguiu se mandar para lá. Eu não.

Antes que eu pudesse afastar aquelas lembranças de minha mente, e tentar conversar com o babaca barra empata foda, Bella surgiu novamente no ambiente. Parecia meio agitada. Nervosa, eu diria. Nossa, eu nunca tinha visto Isabella Swan nervosa. Não mesmo. E até assim ela ficava adorável.

–Certo, rapazes. James, esse é Edward, meu... Paciente. –Ela não parecia estar muito convicta do “paciente” quando pronunciou a palavra. E eu amei aquilo. Será que significava que eu poderia vir a ser algo a mais, algum dia? –Edward, esse é James, meu ex namorado.

Porra, então esse era o James! O babaca perfeitinho que era a exceção para a regra de Isabella, aquele que sabia respeitar o espaço dela. James! O cara que não era tão bonito quanto eu, segundo a Mandy.

–Por enquanto, querida. Eu ainda reconquistarei você. –James alcançou Isabella e plantou um beijo molhado demais para o meu gosto em uma das mãos de Isabella. Revirei os olhos. Esse cara era um babaca, e ele não podia chegar na casa e simplesmente beijar a terapeuta dos outros, não mesmo! Decidi me intrometer.

–Edward Cullen, muito prazer. –Imbecil. Eu queria dizer aquilo, mas soaria infantil. Além do mais, sabia que Bella não gostava de demonstrações de ciúmes. A fim de acabar com o momentinho nojento do ex casal, estendi minha mão para ele. Só que ele não a apertou.

Ao invés de James retribuir ao meu cumprimento, o cara –que aparentemente só podia ter uma doença mental, ou era veado mesmo– me abraçou.

Sério, eu estava começando a ficar assustado. Olhei para Bella buscando ajuda, ou até mesmo explicações, mas ela estava tão confusa que eu, senão mais.

–Edward, cara! Que bom te encontrar!

Foi aí que eu liguei os pontos. James era o ex namorado de Bella. James me parecia familiar. James estava me abraçando. Jayjay foi meu melhor amigo na época de colégio. Porra, o babaca da Bella, era meu amigo. Que merda de mundo pequeno!

–Jayjay! É você, cara? –Eu queria ficar magoado por ele ser o ex da mulher por quem eu estava apaixonado. Queria mesmo, mas simplesmente não podia. Era meu melhor amigo ali. O único que eu tive. O que foi embora, junto com todos os meus sonhos. Ele fazia parte de um passado em que eu era feliz e não sabia. Um passado que eu daria tudo para recuperar.

Se eu pudesse, faria tudo diferente. Ou talvez não. Talvez, se eu fosse para Harvard, não me casasse com Tanya e não tivesse problema algum, eu nunca conheceria Isabella.

E conhecer Isabella foi a melhor coisa que já acontecera na minha vida, sem brincadeira. Se conhecê-la só aconteceria se eu não fosse à Harvard, eu ficaria aqui de bom grado. E isso era assustador.

Há alguns dias, tudo o que eu queria era morrer. Não havia esperanças para mim, eu diria. Mas agora... Por mais incerto que fosse, eu queria tentar. Queria viver. Queria ser feliz. Queria amar. Queria que Isabella me amasse.

–Claro que sou eu! E não é que você ficou mais bonito e alto mesmo? Sem viadagem, cara! Mas, porra! –Ele deu um sorrisinho e se afastou de mim. Notei que Bella ainda nos encarava meio chocada. Eu a entendia perfeitamente.

–Óbvio. A Mandy até disse que eu sou mais bonito que você. –Eu não sabia se era uma boa ideia trazer à tona que eu conhecia a sobrinha de Bella, mas não pude evitar. Cantar vitória, ainda mais com James, era muito prazeroso. Quer dizer, na época do colégio, sempre que saíamos em casais, James sempre escolhia a garota mais bonita. Eu, ficava com a que sobrava.

Bem, se fosse pensar por Isabella, a história não estava muito diferente. Porém, ela não era qualquer mulher, e sim a mais linda e adorável que eu já havia visto. E era comigo que ela estava aos beijos há alguns momentos, não com James.

–Vocês se conhecem? Isso não pode estar acontecendo! –Algo no jeito dramático de Bella me fez rir, e James me acompanhou. Ah, isso seria bem interessante. Desde que ele não tente pegar a minha Bella de volta.

Merda! Minha? Eu coloquei mesmo um pronome possesivo antes do apelido dela? Deus, eu precisava falar sobre isso com a minha psicóloga, mas... Ah, era ela. Droga, isso não ia dar certo!

–O Edward e eu somos melhores amigos, meu amor. Éramos grudados na época da escola, mas quando eu fui para Harvard, ele me abandonou.

Meu amor? Eu adorava aquele cara, mas se ele soltasse só mais um apelidinho nojento daqueles, eu socaria a cara dele! Sério, irritante. Ela não sente nada por você, seu escroto!

Eu bufei irritado, sem poder me controlar. Ao contrário do que eu esperava, Isabella me olhou com preocupação, e minha raiva passou subitamente. Ela entendeu errado. Ela pensou que eu estava irritado por James ter tocado no assunto dos meus sonhos perdidos. Ah, tem como essa mulher ser mais... Adorável? E apaixonante? Não, não tem. Eu queria tanto abraçá-la. E beijá-la. E dizer a ela o quanto eu estava apaixonado. Contudo, sabia que seria precipitado.

–James, ele não abandonou você. Não fale assim com ele. –Isabella estava me defendendo. Perguntei-me se esse era apenas o seu papel como minha psicóloga.

Um sorriso vitorioso surgiu em meus lábios. Toma essa, James. Você não levará a garota dessa vez, meu caro.

–Como é que vocês se conhecem, afinal de contas?! Até onde eu sei você trabalha com terapia de casais. –James pareceu irritado com o tom de voz que Isabella lhe lançou. Será que ele estava com ciúmes também?

–E eu trabalho, James. Edward e a esposa são meus pacientes. –Ela fez parecer como se fosse mesmo simples assim.

–E por que ele está no seu apartamento, então?

–Eu estou morando com Isabella. –Eu juro que queria lhe dizer apenas essa parte. A cara de chocado de James estava impagável. Porém, Isabella me mataria se eu deixasse por isso mesmo, então continuei: –Ela muito gentilmente me emprestou o quarto de hóspedes.

–Eu não lembro desse método de terapia, mas tudo bem... Onde está sua mulher, Edward? –Argh. Eu e James teríamos que ter uma conversinha de homem para homem. Ele estava tentando marcar território, e isso fodidamente não ia acontecer.

–Está em casa. Receberá o divórcio amanhã. –Isso só pareceu chocá-lo ainda mais.

–O quê?! –Seu olhar passou para Isabella. –Eu pensei que você fosse muito boa no que faz, Bella. Não era para você ajudar o homem? –Eu riria se pudesse. Ele estava mesmo indignado com Bella por causa daquilo? –Cara, eu sinto muito pelo divórcio. Sei que seus pais agiram como loucos, mas ela é uma boa pessoa. Pensei que se acertariam. –Quase me senti culpado por chamá-lo –mesmo que inconscientemente– tantas vezes de babaca. Meu amigo ainda estava ali, e ele estava preocupado de verdade. Era mais uma prova de que a vida estava me dando uma nova chance. Porque eu resolvi ter esperanças. E acreditar na felicidade outra vez.

–Não sinta, Jay. Bella me salvou de todas as formas imagináveis e inimagináveis. Eu devo a minha vida a ela. –Foi tudo o que eu disse, olhando fixamente para a mulher que havia roubado o meu coração. Eu esperava, de verdade, que ela entendesse o real sentido por trás de minhas palavras.

De repente, James não pareceu mais uma ameaça. Nada mais além de Bella parecia importar. Ela era o centro de minha felicidade.

(...)

–Que dia esquisito. –Foi tudo o que Bella falou, depois de ter acompanhado James até a porta. Ele havia ficado a tarde toda conosco, e foi bom colocar o papo em dia. Na maior parte do tempo, só ele e eu conversávamos, pois acho que Bella não queria se meter em nosso reencontro.

Eu não tinha muito o que dizer a James sobre a minha vida, e não queria mesmo falar sobre meus pais, nem sobre Tanya, mas acabei falando o básico: Tanya havia se apaixonado por outro, e eu lhe daria o divórcio, depois de tê-la prendido por muito tempo. Meus pais ainda continuavam loucos e fariam fiasco assim que soubessem da separação.

Quanto a ele, me contou sobre a faculdade que fez. Seu trabalho num hospital daqui da cidade, e de seu novo apartamento enorme. Me convidou até para morar com ele, visto que eu não teria mais onde ficar. Aquilo fez com que meu coração se apertasse. Não queria deixar Bella, porém sabia que era necessário. Sabia que uma hora ou outra, nossa perfeita semana chegaria ao fim. Ela voltaria para seu trabalho, e eu para o meu. E quanto a nós? Será que existia mesmo um nós?

Eu queria desesperadamente perguntar a ela. Mas não era o momento certo. Eu precisava resolver minha situação com Tanya antes. E era o que eu faria amanhã. Sem falta.

(...)

Ponto de Vista por Bella Swan

–Você quer ouvir música? –Eu perguntei a Edward. Ele me olhou confuso, então tratei de explicar: –Nas raras vezes que eu cozinho, eu ligo o som. Em silêncio me dá agonia.

Edward estava na minha cozinha mais uma vez, só que agora ele preparava nossa massa à bolonhesa. De fato, a comida seria nossa janta. E por ter ficado o dia todo sem comer nada que não fosse alguns biscoitos doces, eu estava faminta. E ansiosa.

Já ele, parecia estar confortável demais. Ver Edward na minha cozinha, preparando a nossa refeição, me trazia uma estranha sensação de alegria. Por mais loucura que pudesse parecer, eu queria que aquela cena se repetisse. Milhares e milhares de vezes. Eu queria que todos os nossos momentos bons se repetissem, e que muitos outros nunca vividos acontecessem.

Eu queria Edward para mim. Com toda a sua bagagem, incluindo seus problemas. Eu estava perdidamente apaixonada por ele. Eu não queria deixá-lo ir embora nunca, nunca mais. Só não sabia ainda como dizer tudo aquilo para ele. Encontraria um jeito, mas depois. Agora, eu precisava colocar alguma música para que a agonia passasse.

–Claro, Bella. Eu adoraria ouvir música. –Ele olhou rapidamente para a minha sala de estar, mais precisamente para a estante em que ficava o meu aparelho de som acompanhado de um porta-CD ao lado. Sim, eu sei que é ultrapassado, mas o que posso fazer? Sou uma pessoa antiga. –Posso escolher?

Concordei com a cabeça sem hesitar. Nunca ninguém tinha mexido nas minhas coisas. Eu simplesmente odiava. Mas, Edward não. Estranhamente, eu não me importava de ele mexer ali. Na verdade, estava curiosa para saber o que ele escolheria.

–Ótimo. –O sorriso que ele me deu em resposta foi de tirar o fôlego, e me obriguei a sorrir também. Deus, ele era tão... Amável. –Apenas mexa o molho para mim aqui enquanto isso, sim?

Meu coração perdeu uma batida quando eu percebi o CD, e principalmente a música que Edward escolhera. Frank Sinatra cantava Witchcraft, em sua versão mais romântica. Eu amava essa música. E ao que tudo indicava, Edward também parecia apreciá-la.

–Frank Sinatra então? –Foi tudo o que eu disse assim que Edward se aproximou de mim. Eu continuava a mexer o molho da nossa massa, mas estava tão distraída que nem notei que tinha respingado uma grande quantidade do líquido vermelho em minha blusa branca. Droga!

Edward riu baixinho, como se estivesse se divertindo com a situação.

–Você é muito atrapalhada na cozinha, Isabella. –Ele tirou minha mão das panelas, talvez achando que eu já tinha atrapalhado demais, e desligou o fogo. Inesperadamente, Edward juntou suas mãos com as minhas e apenas me fitou por alguns segundos. Logo após, tudo o que ele fez foi puxar-me para ele, me abraçando delicadamente. Eu não esperava por aquele gesto de carinho, porém não podia negar que era muito bem-vindo.

Aqueles dedos no meu cabelo
Aquele olhar manhoso de "vem cá"
Que deixa a minha consciência nua
É bruxaria
E eu não tenho defesa para isso
O calor é muito intenso para isso
Que bom senso seria comum para ele fazer
Porque é feitiçaria
Bruxaria maldosa
E embora eu saiba que é estritamente um tabu

Eu queria dizer a ele que sua blusa também se sujaria, encostando assim na minha. Eu queria perguntar a ele o que estava fazendo. Contudo, não perguntei. Não queria pensar. Só sentir. E aquela era a melhor sensação da minha vida. Tê-lo junto a mim... Era fantástico.

Inconscientemente, nós já estávamos balançando lentamente conforme a música. Eu nunca pensei que essa música tão bonita se encaixaria em algum momento da minha vida, mas pelo visto estava tremendamente enganada. Deus, eu nunca me esqueceria desse momento.



Quando você desperta a necessidade em mim
Meu coração diz sim, com certeza, em mim
Prossiga com o que você está me fazendo

É um papo tão antigo
Mas eu não mudaria

Porque não há melhor bruxa do que você

–Você é encantadora, Bella. Eu não sei o que você fez, mas sou obrigado a concordar com a música: não há melhor bruxa que você, e eu não quero que pare. Nunca mais.

O sussurro de Edward em meu ouvido mandou um arrepio que passou por todo o meu corpo. Ah. Isso era algum tipo de declaração? Pois parecia. E eu precisava falar algo também.


Porque é feitiçaria
Que bruxaria maldosa
E embora eu saiba que é estritamente um tabu

Quando você desperta a necessidade em mim
Meu coração diz sim, com certeza, em mim
Prossiga com o que você está me fazendo

É um papo tão antigo
Mas um que eu nunca iria mudar
Porque não há melhor bruxa do que você

–E você é o homem mais amável que eu já conheci, Edward. –Uma das minhas mãos tocou seu rosto, e ele inclinou-se na direção do toque, como se apreciasse o carinho.

–Mesmo com todos os meus defeitos e todos os meu problemas? –Ele sorriu triste, e eu não soube o que fazer para reconfortá-lo.

–Principalmente por causa deles, Edward. –E antes que ele dissesse algo, retrucasse, ou me chamasse de louca, simplesmente colei meus lábios ao seus.

O que mais eu poderia fazer? Eu o amava. E embora não pudesse expor meu sentimento com palavras, eu podia expor em pequenos gestos de carinho. E era o que eu faria.

Por todo o tempo que eu pudesse.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que vocês acharam? Não esperavam que o Jay fosse amigo do Edward, né? HAHAHA
Ah, quero agradecer a Lady Rodrigues pela sua linda recomendação! Espero que tenha gostado do capítulo assim como eu AMEI sua recomendação! Já temos 4! Quem dará a 5? Hahaha
Parei, juro!
Beijo pra vocês, até os reviews e bom fim de semana!
Amo todas :]