Dragões E Serpentes - Draco E Hermione escrita por penelope_bloom


Capítulo 20
Um passo pra frente... Três pra trás.


Notas iniciais do capítulo

*jurosolenementequenãovoufazernadadebom*

FELIZ 2015!!!
POR UM ANO COM FANFICS QUE NÃO ATRASAM E GAROTOS REAIS QUE SE COMPPORTAM COMO OS GAROTOS DA NOSSA FANFIC!
POR MAIS UM ANO DO LADO DAS MINHAS LEITORAS PREDILETAS



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Vinte)

Senti minha cabeça girar e martelar conforme eu tentava abrir os olhos, meu estômago estava dolorido, eu estava enjoada, minha cabeça latejava e minha boca estava seca.

“BOM DIA RESSACA!” Algo gritou. Internamente respondi: Shhh...

Gemi contra a luz ofuscante. O que tinha acontecido?

– Greengrass? – uma voz masculina chegou até mim. – como você está se sentindo?

– D-Draco...! – eu disse tomando consciência de estar deitada de bruços sobre o corpo musculoso e semi nu de Draco Malfoy.

Eu teria pulado para longe, mas ele segurou meus braços firmemente.

– Fique calma, não aconteceu nada, você passou mal, foi só isso.

– Me solte! – eu disse me desvencilhando dos braços do loiro me sentando na cama em meio a um emaranhado de lençóis e cobertores. Estava usando roupas que definitivamente não eram minhas, o pânico substituiu minhas dores.

– Do que se lembra?

Tentei vasculhar na minha mente, mas estava muito embaralhado. DEUS, POR QUE EU TINHA INVENTADO DE BEBER?!

– Oh, merda. – eu tive a vaga lembrança de dançar em cima de algo... Eu beijei Deirdre... Eu beijei James!

– O que você lembra? – ele disse mais ansioso.

Eu estava discutindo com Draco... e...

– E-eu te beijei. – eu disse em pensamentos altos, Algo me deu um chute no estomago, não só por gaguejar, mas por fazer isso em alto e bom tom.

– E...?

– COMO ASSIM E? – Eu disse assustada – o que eu fiz depois disso?!

– Você só lembra até aí?! – ele disse exasperado segurando meus ombros, me chacoalhando como um desses sucos de caixinha.

– COMO ASSIM SÓ ATÉ AÍ?! O QUE VOCÊ FEZ MALFOY?!

Ele então me soltou e bufou. Parecia... Triste, frustrado, prestes a ter um ataque psicótico.

– Voltamos ao Malfoy... Não te fiz nada garota. – Draco suspirou. – eu juro. O Maximo que eu fiz foi te levar pra vomitar três vezes na noite passada.

Ele ainda segurava meus ombros, mas seu olhar baixo encarava uma de minhas cicatrizes.

– Você descobriu algo sobre seus pais? – ele perguntou do nada, ainda sem me olhar.

– O-o quê? Que diabos é isso agora? – meu raciocínio estava lento, e eu ainda estava presa na ideia de ter vomitado no banheiro e Draco ter que segurar minha cabeça. Que vergonha.

– Eu não converso com você há eras está bem? Não sei se você continua com as mesmas dúvidas de quando tinha 12 anos. E ontem você não estava exatamente em condições de conversar...

Eu pisquei algumas vezes. Aquele tarado tinha tirado minhas roupas, dormido agarrado comigo, sempre me xingava e brigava comigo, eu definitivamente deveria ir embora ou arremessar algo pesado naquela cabeça dele!

“Aquele troféu de apanhador parece pesado.” Algo sugeriu.

– Não sei de nada, tenho tantas informações quanto tinha aos12 anos. – por que eu estava falando sobre isso é um mistério, eu deveria é estar calculando a força que usaria para acertar o loiro com aquele troféu.

– Meu pai...

– Não quero saber. – eu disse sem pensar duas vezes. – prometi que não procuraria informações sobre isso.

Eu tive um flash de quando eu era menor, conversando com meu pai... Er... Lúcio, na minha cama. Quando ele disse que eu era a princesinha dele. Não muito tempo depois ele fazia questão de lembrar que eu definitivamente não pertencia àquela família. Ele assistiu enquanto sua cunhada me torturava. Por que eu ainda mantinha as minhas promessas àquele homem quando ele tinha me enganado e me machucado tantas vezes?

– Por quê? Ele é seu inimigo, por que ainda é leal à ele?

– Não sou leal à ele! Apenas cumpro minhas promessas! Não me culpe se isso não é algo que sua família está familiarizada. – eu disse brava.

Ele apertou meu braço com mais força e me puxou para perto até que nossos narizes estavam quase encostando.

– Você não sabe de nada Greengrass. Você diz como se nós a tivéssemos abandonado, você desde sempre escolheu o lado do Potter.

– Ele nunca fez nada de errado! O que eu devia ter feito? Me unido à Voldemort?! Quando ele já tinha tentado me matar quando eu era apenas um bebê?!

– Deveria ter escolhido sua família! Não um estranho!

– Eu nunca fui uma Malfoy! Eu era o pet que vocês criavam escondidos! Harry é minha família!

– Harry te colocou em perigo desde o inicio, você me trocou por ele!

Eu agora estava com vontade de chorar. Droga! Eu devia ter jogado algo pesado nele e ter ido embora.

– Eu não te troquei, vocês eram minha família! Você sempre teve vergonha de mim, você era um Sonserino e eu uma Grifinória, e por causa disso você passou a me odiar! Até hoje as pessoas acham que eu sou uma bastarda por sua culpa Malfoy!

– Eu era uma criança! Estava com raiva de você e falei algo que não devia!

Ele era igual ao pai. Ambos quando brigavam não largavam o osso até destruir a outra pessoa. Eles nunca pediam desculpas, não importa o que fosse e sempre culpavam o outro.

– E você não pode falar nada Hermione. Quando eu mais precisei de você, você não estava lá. – ele estava realmente ressentido – nas piores noites da minha vida, você nunca esteve lá. Eu cuidava de você, te protegia como podia e tudo que recebi em troca foi o seu ódio, suas palavras de decepção. Só isso! E o santo Potter, você sempre cuidando dele, vangloriando ele. Já era ruim o suficiente ele receber toda a atenção que era minha por direito, mas ver você se deliciar com a fama dele... Dele e do maldito Weasley, você nem hesitou antes de me trocar, seu irmão, por um qualquer com cara de cachorro perdido. Você nem pensou antes de me abandonar.

– V-você tinha seus pais... Harry não...

– Tinha?! Como se você não conhecesse Lúcio Malfoy! Tive me tornar um comensal, fui torturado, afastaram minha mãe de mim, e eu tive que ficar forte por que você simplesmente não estava lá para me ajudar. Eu não fiz as escolhas erradas, eu simplesmente não tive escolha alguma! Você pulou fora para se tornar a general do Potter e eu tive que proteger a família. Você me abandonou Hermione, quando você era tudo que eu precisava. Ontem eu não fiz nada com você! Tudo que eu fiz foi cuidar de você, como sempre!

Arregalei meus olhos em surpresa. Àquilo não se parecia em nada com uma atitude dele ou do pai dele, ele estava ofegante e com os olhos cheios de lágrimas, não derramou nenhuma, ele ainda apertava meu braço que agora já dolente movimentava-se sem minha permissão para acariciar o rosto do garoto em minha frente.

Eu nunca tinha pensado assim. Nunca pensei que Draco se sentisse assim. Claro que o ciúme dele em relação a Harry era ridículo, quase infantil. No fundo ele ainda parecia meu irmãozinho mimado.

– Você nunca me contou. – eu disse agora com a mão mexendo em seus cabelos loiros da nuca. – mas o que eu deveria fazer? Tornar-me uma comensal? O que seria de nós agora? – eu estava bem mais branda. Eu queria que ele parasse de chorar, queria que ele ficasse feliz. – eu nunca, nunca, quis te abandonar. Está me ouvindo? – eu puxei meu colar de pequenas bolinhas imitando pérolas falsas e uma concha na ponta – meu último pensamento antes de dormir sempre foi você, eu sempre me preocupei.

Ele ficou alguns momentos encarando meu colar.

– Você disse que quem te deu isso foi um garoto falecido.

– Acho que no fim ele ainda está por aqui. – eu disse abrindo um leve sorriso.

Ele então mexeu no seu peito até tirar o colar dele. Céus era horrível, parecia de garota, como eu pude dar isso para ele?

Eu sorri. Ele agarrou meu rosto e escorregou uma de suas mãos para minha nuca, enquanto aproximava o rosto do meu. Meu coração martelou loucamente no peito. O que eu estava fazendo? Eu amava ele desse jeito? Aquilo era o certo? E Ron? Draco sempre fora meu inimigo mortal, sempre nos machucávamos, aquilo era o que eu queria para mim? Um assassino, especialista na arte de me magoar?

Não tive tempo de encontrar essas respostas, muito menos de sentir os lábios de Draco nos meus.

CREC.

– Draco eu... D-Draco?! – a voz feminina e esganiçada veio até nós.

– Mãe?! – eu e ele dissemos em uníssono pulando para longe um do outro o mais rápido possível.

– Mãe? – ele disse olhando para mim, estranhando eu chamá-la assim.

– Hermione, o que houve com o seu cabelo? O que faz aqui? Oh, céus eu interrompi algo?

– N-não! – eu disse ficando de pé.

– Ela bebeu muito ontem, eu cuidei dela. Só isso. – Draco se explicou rapidamente.

– Hm. Anos dourados da faculdade... – ela disse ainda me encarando. – mas acho bom que esteja aqui.

– O que houve mãe? – eu disse ainda sentindo meu rosto ferver de vergonha. Estava agora o mais longe de Draco possível.

– Você chama ela de mãe? – Draco disse confuso.

– Temos nos correspondido durante esses anos meu amor, desculpe não te contar. – Narcisa disse andando até mim e me abraçando lateralmente, tinha seu jeito casual de mãe, como se estivesse apenas anunciando de quem seria a responsabilidade da loca do jantar. No caminh até nós ainda deu uma leve espanada sobre a cômoda de Draco.

E então o Draco possesso estava de volta.

– Você tem trocado cartas com ela?! – ele disse furioso olhando para mim. – e você nem me contou! – ele olhou acusando a mãe.

– Não podia. Voldemort lia seus pensamentos, mesmo você sendo bom em Oclumência eu não podia correr esse risco. – Narcisa deu de ombros.

– Não me contou quando tudo acabou!

– Vocês se odiavam! E eu tentei Draco, acredite, mas toda vez que o assunto era Hermione você e seu pai simplesmente param de escutar e começam a gritar!

Draco abriu e fechou a boca várias vezes, aparentemente aquilo era verdade. E ele parecia um peixe fazendo aquilo.

– O-o que quer aqui afinal? – Draco disse levantando-se da cama e abrindo as cortinas.

A boca de Narcisa tornou-se uma linha fina e seus olhos tornaram-se cautelosos e preocupados.

– Bom... É seu avô.

Meu peito espremeu-se. Tinha convivido pouco tempo com o velho Abraxas Malfoy, eu gostava dele, na verdade ironicamente ele tinha sido o único Malfoy que alguma vez me defendeu.

– O que houve? – Draco disse agora não tão bravo, e sim preocupado.

Draco idolatrava o avô. Abraxas era um típico Malfoy, mas não com Draco. Brigava com Lúcio por causa do Neto, nos mimava e sempre contava incríveis histórias da sua juventude.

– O velho Ab decidiu que vai morrer. Ele quer ver vocês. Os dois.

– Eu? – eu disse surpresa.

Narcisa apenas consentiu com um aceno.

– Quando? – Draco murmurou.

– Ele quer ver vocês na quarta. Tudo bem para vocês?

Draco assentiu. Ambos olharam para mim.

Eu tinha prova na Quarta, e não tinha avisado nada para Rony. No fim acho que ainda tinha um namorado, não? Oh céus eu era uma vadia sem coração! Como eu pude fazer isso com Rony? E Draco? O que eu sentia por ele, aquilo me faria bem? E meus pais não sabiam, e além do mais, eu não estava pronta para ver Lúcio com seu ar de superioridade.

Senti o tapa que ele me dera naquela noite arder novamente em meu rosto.

Como eu olharia para o homem que eu costumava considerar meu pai? O que eu diria? O que ele diria?

Eu não podia fazer aquilo.

– Não precisa me responder agora. – Narcisa disse antes que eu recusasse. – quarta-feira, às 16:00 eu virei buscar o Draco. Você é bem vinda minha querida. O pedido do velho Abraxas foi feito à você também. Na verdade, ele insistiu muito nisso.

Eu apenas assenti. Draco estava novamente com o rosto frígido, o Malfoy estava de volta. Eu tinha que começar a ajeitar a minha vida, ou nunca teria paz. Parece que as aulas de hoje ficariam pra depois.

– Sinto muito. – eu disse sem olhar o loiro. – por tudo. Eu errei, sou humana, mas não me arrependo do que fiz. Foi necessário. E eu fiz pensando em você, acredite ou não. Cada segundo, de cada dia. – então eu, sem permitir que ele falasse, me dirigi à porta. – Até mais mãe, nos falamos depois.

– Até mais querida. 16:00 não se esqueça.

Saí do quarto e entrei no meu, onde a bagunça era total e Deirdre não estava. Era apenas eu. Coloquei minha roupa, nem mesmo tomei banho, apenas fiquei o mais apresentável que consegui e desaparatei. A ressaca estava em segundo plano, mas eu sentia que não conseguiria ficar mais nenhum segundo naquele tufão de confusões que era a minha vida.

Rony. Ele seria a primeira coisa que eu colocaria no lugar.

***

– Hermione? Você não tem aula hoje?

Harry estava com um uniforme de Auror, seu rosto suado e o cabelo bagunçado. Abracei-o, ele retribuiu o abraço meio sem jeito.

– Eu realmente preciso conversar com você.

Ele ficou preocupado e me direcionou para fora do campo de treinamento, fomos a um café ali perto. Graças a Merlin estava deserto.

– É sobre o Rony. – eu disse. – Você vai me odiar...

– Você matou ele e quer ajuda pra esconder o corpo? – Harry disse com um olhar sério. – eu achei que isso pudesse acontecer...

Eu e ele rimos.

– Harry, eu estou em crise aqui. Por favor, foco.

– Desculpe. Conte-me. – ele ainda sorria.

– Certo. Lá vai. – eu remexia minhas mãos nervosamente, e sentia meu peito bater fortemente. – eu traí o Rony.

– O que? – seu sorriso sumiu, seu olhar mortalmente sério.

– Com três pessoas.

– O que?!

– Uma delas foi com o Malfoy. – eu entortei a boca.

– O QUE?! – ele berrou.

– Harry, você não entende, tem uma história maluca por trás, e eu não sei o que acontece, mas Rony e eu... Eu não sei, ele é meu amigo, mas eu não consigo... Hary...

– E você não podia ter terminado com ele antes de sair dormindo com o Maldito Malfoy?!

– Primeiro, eu não dormi com ele. Eu apenas beijei ele. E eu não fui completamente honesta com você sobre Draco.

– Ah, então você tem um caso com ele desde quando?

Aquilo me irritou. Eu sabia que estava sendo injusta com Rony, mas o tom que Harry estava usando me fez querer bater nele, e quase me arrependi de ter procurado por sua ajuda.

– Bom, eu era irmã dele Potter! – eu disse irritada com o tom dele.

Eu me olhou com estranheza.

– O que você quer dizer com isso.

– Eu quero dizer que eu fui criada pelos Malfoy. E a minha história com Draco é antiga, e nessa feste eu bebi, e tudo ficou confuso.

– Espera. – ele segurou a cabeça como se ela fosse desgrudar do pescoço – você foi criada pelos Malfoy, e nunca nos contou? Hermione, você não bateu a cabeça?

– Eu sei que parece absurdo...

– Realmente parece absurdo. Parece mentira. Se você foi criada por eles como eles te deixaram ser torturada daquele jeito? Hermione, você tem certeza do que...

– Lúcio me achou quando eu era pequena, eu não podia ficar com eles por que chamaria muita atenção, então eles me colocaram com os Greengrass. O chapéu seletor me colocou na Grifinória porque sabia que eu precisaria de vocês. E então eu me tornei sua amiga, e me envolvi com você e tomei um rumo totalmente diferente do da minha família.

– Então você estava me espionando para eles?!

Eu esfreguei os olhos e bufei em alto e bom tom, quis estapeá-lo.

– Ora, Harry, cala aboca. Eu te ajudei por que era o certo a fazer. Eu te ajudei por que esse era o melhor jeito de salvar Draco. Te ajudei por que sou sua amiga!

Harry estava repentinamente ofegante com as orelhas vermelhas e o cenho franzido, bagunçava mais ainda seus cabelos e tinha a expressão de alguém que acabou de ter um punhal cravado em seu baço.

– Por favor. Comece a rir e diga que isso tudo foi uma brincadeira de péssimo gosto.

– Sinto muito ter mentido pra você por tanto tempo. Você é a única pessoa que sabe... – ele permaneceu em um silencio mortal.

O silencio dele não era nada confortável, e eu me arrependia cada vez mais de ter dito qualquer coisa. Eu estava considerando seriamente um Obliviate em Harry quando ele finalmente suspirou.

– Quem é sua família? De verdade?

– Comensais mataram meus pais, é tudo que eu sei. – eu disse nervosa. – não sei nem se sou uma nascida trouxa ou se sou apenas de uma família “impura”. Até onde sei eu estou sozinha, não tenho família alguma. – eu desenhei as aspas.

Harry levantou-se e andou até mim. Achei que ele fosse me dar as costas e ir embora, mas então ele me puxou para que eu ficasse em pé em sua frente.

– Eu estou realmente chocado. E eu quero te dar uns cascudos por todas as suas mentiras, e por magoar meu melhor amigo. – eu engoli em seco e quis me encolher em um cantinho e chorar. Mas então Harry me abraçou – e você nunca vai estar sozinha, você sempre vai me ter ao seu lado.

Escondi meu rosto em seu pescoço e retribui seu abraço. Senti como se o peso do mundo tivesse saído de minhas costas.

– Rony vai me odiar. – eu disse segurando minhas lágrimas ferozmente.

– Provavelmente. Mas não por muito tempo, afinal, antes de tudo nós somos o trio de ouro, certo? – ele se afastou e rapidamente beijou minha bochecha. – Mas me explique, por que exatamente o fuinha? Você o ama? Por favor, diga que não.

Eu apenas ri e revirei os olhos. Mordi o lábio com força e pisquei inúmeras vezes. Quis gritar e sair correndo, mas tudo que fiz foi sacudir meus ombros.

– Essa é uma excelente pergunta, senhor Potter. – eu por fim acabei rindo.

– Ah Hermione... Seu gosto para meninos é lamentável. – ele suspirou e esfregou as têmporas. – Bom, vamos. Você tem que decidir ainda hoje se ainda pretende ser a namorada de Rony.

Eu entrelacei meus dedos aos dele. Desaparatar era ruim em geral, mas algo me diria que aquilo estava sendo pior. Eu tinha alguns minutos para decidir se quebrava ou não o coração do meu melhor amigo.

*

– O que aconteceu entre vocês? – minha mãe se sentou na minha cama e deu um tapinha ao seu lado.

Desabei na cama e coloquei a cabeça em seu colo, enquanto ela me fazia cafuné.

– Nada, ela bebeu ontem e beijou um garoto – por que eu estava acobertando aquela sangue-ruim e omitindo os fatos vergonhosos para a minha mãe? – eu a trouxe para cá. Não fiz nada com ela!

– Eu sei querido, eu criei um cavalheiro. – ela disse beijando minha testa. – mas eu te conheço Draco, o que está te incomodando?

– Ela me magoou muito mãe, ela me abandonou, e ela se coloca totalmente no lugar de vítima! Ela escolheu o rumo que tomou! Pensando em mim cada segundo uma ova! Ela declarou guerra primeiro!

– Então por que você se sente tão mal? – minha mãe ainda acariciava meus cabelos. Eu estava com sono.

– Eu não me sinto mal.

– Ah não? Você e seu pai são iguais. Olhe para você, todo na defensiva. Draco, não tem mais nenhuma barreira entre vocês.

– Mas ela...

– Ela o que? – minha mãe disse irritada. – ela teve uma vida dura Draco, ou você acha que ela gostou quando foi torturada pela doida da minha irmã e nenhum de nós fez nada?! Ela foi feita prisioneira, foi machucada, de baixo do teto que ela cresceu! Nós éramos a família dela, e ainda assim, nós não a protegemos. Do mesmo jeito que você se magoou por ela ter escolhido ao Potter, ela se magoou por você ter escolhido Voldemort.

– Eu era uma criança! Não tive escolha, eu fiz o que era melhor para a família!

Minha mãe suspirou, eu me virei para poder encarar seus olhos verdes.

– Em nenhum momento, você contou isso à ninguém. Você vestiu a máscara para todos, até para ela, e se tem uma coisa que um Malfoy sabe fazer é vestir bem o personagem. Draco, meu filho, você parecia um comensal como outro qualquer, estava empenhado a trazer a dignidade dos Malfoy de volta. Não a culpe, ela estava longe de você, não tinha como adivinhar.

– Ela saberia se tivesse ficado do meu lado.

– Se você a tivesse deixado ficar! – minha mãe estava perdendo a paciência – eu sei o que você fez Draco! Você fazia chacota dela no colégio, todos os comensais comentavam pelas costas dos Greengrass que Hermione era uma bastarda! Você parou para pensar como ela se sentiu? Nós já não demos nosso nome à ela, e ainda por cima você destruía a única família que a aceitou! E ainda queres condená-la por considerar o tal Potter como família?

Eu estava agora sem palavras. Minha mãe não ficava brava comigo, mas naquele momento eu achei que ela fosse me socar. Ela parou de mexer em meu cabelo e fechou os dedos em punho. Ela engoliu em seco.

– Nós a traímos, nós fomos covardes, pensamos na reputação da nossa família antes de pensar no bem estar dela. – ela disse com um tom mais brando, quase magoado. Minha mãe não demonstrava, mas não poder defender Hermione durante todos esses anos, e escondê-la como se ela fosse algo vergonhoso, para a Dona Narcisa era algo muito doloroso. Ela realmente amava Hermione. – Fico feliz por Hermione ter entrado para a Grifinória. Ela conheceu amigos leais, ela fez sua família lá. Ela sobreviveu Draco, assim como você.

Ela se levantou e beijou cada canto da minha boca amorosamente.

– Você tem razão, eu sei que tem, mas...

– Quando seu pai chegou em casa com a Hermione, - minha mãe me interrompeu – ela estava coberta de sangue e cicatrizes, tinha perdido os pais, tinha perdido tudo. Eu tentei dar banho nela, mas assim que a água tocou seus cortes, ela começou a chorar. Ela estava tão magoada, eu simplesmente não conseguia olhar. Eu achei que ela nunca fosse ser feliz... E então você nasceu. – ele sorriu – Te levamos para casa. Vocês dividiam o mesmo berço, as mesmas roupas, e você estava sempre grudado na Hermione, era fascinado por ela, qualquer movimento dela o deixava maravilhado. E ela aprendeu a ser fascinada por você. – Ela então focou o olhar vago e nostálgico em mim – Querido, enterre suas mágoas, por favor, seja feliz. Você nasceu para ficar com ela.

Eu revirei meus olhos com aquelas sandices sentimentais e reprimi fortemente um sorriso.

– Na verdade, - ela disse rindo – quase que literalmente. Sabia que você nasceu na noite em que acolhemos a Hermione? Seis horas depois de Lúcio trazer ela para casa, você nasceu. Ela usou o seu berço antes de você sabia? Acho que você ficou com tanto ciúmes que resolveu nascer.

Aquilo me fez sorrir.

– Mãe, quem são os pais da Hermione? Eles estão vivos?

– Não sei Draco, não quis saber. Acho que isso é algo entre ela e seu pai.

Revirei os olhos. Não entendia por que elas gostavam tanto de um covarde como ele.

– Draco, não se deixe enganar pela máscara do seu pai. Ele tem muitos defeitos, mas ele ama muito ela. – minha mãe disse, como se lesse meus pensamentos. – depois que eles brigaram, toda noite ele tinha pesadelos, e falava o nome dela. Ainda hoje ele conversa com ela dormindo, é de partir o coração. O grande defeito do seu pai, que eu bejo em você, é esse orgulho doentio.

Eu queria falar algo irônico e sarcástico, mas não consegui. Se fosse assim, eu entendia meu pai.

– Pense nisso querido. Quarta às 16:00.

Assim que minha mãe se foi eu decidi que resolveria isso de uma vez por todas. Coloquei uma roupa descente e bati na porta do quarto vizinho.

Qual não foi minha decepção quando Deirdre atendeu a porta.

– Oi. A Greengrass está aí? – eu disse esfregando as mãos na calça nervosamente.

– Hm, Hermione? Não que você tenha qualquer direito sobre saber aonde ela vai ou deixa de ir, mas ela saiu. Foi visitar o namorado. – ela me olhou de modo feio.

E com aquelas palavras, toda minha determinação se fora. Eu não devia pensar tanto nela, pois ela certamente não pensava em mim. Ela estava com o ruivo idiota, ela tinha novamente tomado as decisões dela e eu não estava incluído. Eu não fazia parte da vida dela, eu precisava esquecê-la.

Queria dar o tom casual de indiferença ao dar de ombros para a colega de quarto de Hermione que tentava me matar com os olhos, mas eu estava com muita raiva, e a imagem daquela sangue ruim com o ruivo insistia em se formar na minha cabeça, me deixando louco de ódio.

Eu a odiava. Mais do que tudo.

*

– Rony. – eu o sacudi. Ele estava atônito encarando o nada há alguns bons minutos. – eu sinto muito, por favor, fale alguma coisa. Pode me azarar, me xingar. Por favor.

– V-você... Não me ama? – ele por fim pousou seus olhos em mim.

– Amo. – eu disse sem hesitação alguma. – mas outro tipo de amor. Eu morreria por você Ron, você sabe que isso é verdade.

– Cara. Você está bem? – Harry perguntou finalmente sentando-se ao lado de Ron.

– Minha namorada me trocou pelo Malfoy, o cara que eu mais odeio no universo e tem mentido pra mim sobre tudo na vida dela desde que nos conhecemos. Eu estou maravilhosamente bem, obrigada por perguntar. – Rony levantou-se.

– Eu não menti sobre tudo. Eu realmente amo vocês.

– Que seja, Hermione. – Rony levantou-se e esfregou os olhos.

– Rony... – eu senti minha garganta travar.

– Mione. – ele sorriu e baixou os olhos. – agora não. Apenas... Vá embora.

Senti minha garganta arder e quis chorar. Mas eu sabia que não tinha esse direito, no fundo eu sabia que merecia aquilo. Harry me lançou o sorriso triste e me acompanhou até a porta. Ele então rapidamente beijou minha bochecha. Pelo menos eu ainda o tinha.

– Eu realmente sinto muito. – murmurei.

E dizendo isso eu desaparatei. Era fim de tarde, meu quarto estava vazio e a luz fraca que entrava pela janela refletia nos cristais de Deirdre.

Meu peito doía e minha respiração era acelerada. Sem pensar muito naquela tarde horrenda eu saí do meu quarto e bati no quarto do lado. Eu sabia que Draco provavelmente estava na aula, mas bati mesmo assim.

Felizmente a porta se abriu e ali estava, o loiro que fazia meu peito congelar e pulsar ardentemente ao mesmo tempo. Eu estava destruída por ter magoado Rony, e tudo que eu precisava agora era de um abraço do Loiro.

Mas antes que eu dissesse qualquer coisa ele sorriu de um jeito estranho e se apoiou no batente, claramente impedindo-me de entrar em seu quarto.

– Eu vou facilitar pra você. – ele disse dando um peteleco na ponta do meu nariz – ontem a noite foi um erro. Fique fora da minha vida.

Eu pisquei sem entender e esfreguei a ponta do meu nariz. Fiquei atônita por alguns minutos, aquelas palavras indigestas sem fazer qualquer sentido.

– Por que...

– Vá se consolar com o Potter e o cabeça de cenoura. Não me procure mais, sangue-ruim.

E então simplesmente bateu a porta na minha cara. Passei bons segundos apenas observando a madeira a milímetros do meu nariz, piscando incrédula, sentindo meus olhos transbordarem. Eu poderia ter gritado e derrubado aquela porta na base do chute, mas eu me sentia fraca. Estava magoada por causa de Rony que me odiava e agora Draco, a única pessoa que poderia melhorar meu dia, tinha voltado a ser o idiota de sempre.

Voltei para o meu quarto e encolhi-me em minha cama, observei enquanto o sol caia lentamente no horizonte. Em meu peito uma dor que me fazia sentir saudades da tarde que passei com Bellatrix.


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Notas finais do capítulo

Como é a primeira postagem do ano, eu vou postar logo dois capítulos pra começar o ano bem!!

até mais.

*malfeitofeito*