Constante De Laura escrita por Renata


Capítulo 21
Capítulo 21.


Notas iniciais do capítulo

Depois de muito tempo me sinto até mal de postar esse capítulo. Anyway, se alguém ainda estiver lendo, boa leitura e mil desculpas. Nos vemos lá embaixo, quem sabe.



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Laura e Skylar estavam sentados perto da janela do sótão. O garoto ainda estava entretido com a câmera fotográfica, enquanto Laura rabiscava alguma coisa numa folha de papel. Skylar deu um suspiro, fazendo com que Laura largasse a caneta e o fitasse.

Acha que ele acreditou?-Ele encarou Laura um pouco preocupado.

Você se saiu muito bem.-Laura sorriu.

Skylar não tinha tanta certeza assim. Encarou as roupas que vestia. Eram as roupas do outro rapaz, e novamente ele se sentiu estranho nelas. Elas não eram desconfortáveis, mas mesmo assim ele se sentia estranho. Skylar percebeu que Laura estava olhando pra ele por cima dos ombros, e então resolveu não pensar mais no quanto ele fora ou não convincente. Apanhou novamente a câmera, e resolveu mudar de assunto.

Isso é realmente interessante. Ele disse apontando para o objeto.

É, tem razão.- Laura pareceu divertida.- Se você quiser, bem...

De repente, a garota pareceu perdida. Desviou o olhar e se encolheu um pouco.

Laura...-Skylar sentiu seu estômago se contorcer um pouco, parecendo se congelar.

Eu ia sugerir um coisa boba. Não é a melhor hora, me desculpa.

Você pode sugerir... eu quero saber.-Skylar incentivou.

Bom, eu ia dizer que... ah, que nós poderíamos fotografar algumas coisas, e depois revelar as fotos. Mas é claro que temos outras preocupações.

Eu quero fotografar.-Skylar disse com um sorriso largo, esperando ansiosamente que Laura retribuísse.

Ela sorriu e depois voltou a rabiscar o papel. Skylar voltou a apontar a câmera para ela, disparando novamente o dispositivo.

Ei!-Laura protestou.

Você disse que podíamos fotografar...

É, e podemos. Mas não agora, e não eu... tem coisa mais interessante para fotografar.

Skylar fitou Laura um pouco espantado, e então a garota começou a gargalhar. Depois de algum tempo, o garoto se deixou contagiar e começou a rir também.

***

Halldren esperava na sala de reuniões. Já estava mais do que certo que ele tinha assumido a missão. Agora só restava esperar as ordens que o liberassem. Estava certo de que se corresse tudo bem, ele estaria mais do que assegurado dentro dos planos para Gliessium. Afinal, ele não tinha passado três anos se dedicando à causa em vão. Lembrou-se com desgosto do tempo que passou na Academia Delta Almaak, onde seus esforços não eram devidamente reconhecidos. Foi tirado de seus devaneios quando a porta da sala se abriu, e um dos oficiais entrou, trazendo uma pilha de papéis. Não disse nada, apenas olhou seriamente para Halldren, que se levantou e bateu continência. Halldren apanhou os papéis de cima da mesa assim que o oficial saiu. Apertou a pilha contra os dedos e contemplou aquilo que daria à ele o que ele tanto esperava. Saiu da sala de reuniões com os arquivos, indo diretamente para os seus aposentos dentro do complexo, e quando saísse de lá, em algumas horas, estaria indo direto para a missão que lhe tinha sido designada.


***

Laura só queria terminar as tarefas de casa. Tinha se esquecido de repassar suas anotações para Catarina, e se viu sendo obrigada a aguentar o surto da garota quando descobrisse que a lista tinha duas páginas. Duas páginas e ela não tinha conseguido resolver nem a metade da primeira. Ela estava ficando sonolenta. Já tinha jantado, já tinha levado o jantar de Skylar e agora estava tentando estudar. Ela estava ficando quase certa de que não iria prestar vestibular para nenhum curso que envolvesse biologia ou alguma coisa parecida, principalmente dentro da área da saúde. Ela não gostava nem de pensar em sangue que já ficava tonta. Afastou os pensamentos quando se imaginou desmaiando numa aula de anatomia, e tentou voltar para a lista.

A garota não tinha muita certeza, mas acreditava que o sangue oxigenado não se misturava com o sangue que era rico em gás carbônico graças à uma separação completa entre os dois ventrículos, além da presença de apenas uma artéria aorta.

Ah...alternativa "d". É, eu lembro disso. Eu acho.

Laura resolveu abandonar lista inacabada e tratou de se enfiar embaixo das cobertas. Rolou de um lado para o outro, sentindo seus olhos ficando pesados. A garota encarou o teto branco de seu quarto enquanto analisava o dia que tivera. Estava preocupada com Skylar, apesar de o mesmo estar tentando demonstrar que estava bem. Apagou a luz do abajur e logo caiu de vez no sono.


***

Skylar estava com insônia. Depois que Laura deixou o sótão ele tinha se sentido inquieto e não sabia se ficava andando de um lado para o outro ou se tentava dormir. No momento, se encontrava sentado no sofá velho, ainda vestindo as roupas estranhas do irmão de Catarina, encarando o nada. Ele queria dormir, mas não sentia sono. Ele também queria pegar os arquivos e terminar de lê-los de uma vez, além de querer fotografar, assim como Laura tinha prometido. Ele estava ansioso, e não se lembrava qual era a última vez que tinha se sentido assim. Se levantou e caminhou até a janela, onde ficou espiando o céu com apenas algumas estrelas.

Ele não tinha ideia de quanto tempo ele tinha levado ali, encarando o céu escuro até resolver que precisava mesmo ir se deitar. E assim que encostou a cabeça nos travesseiros caiu no sono.

Acordou com os raios de sol invadindo o sótão. Se levantou e esfregou os olhos, tentando espantar o sono leve que queria pô-lo de volta no sofá. Minutos depois ouviu as batidas leves na porta. Laura já tinha subido e estava prestes a entrar. O garoto se adiantou e abriu a porta.

Olá.- Laura disse parecendo um pouco confusa.

Olá.- Skylar disse, depois deixou um bocejo escapar.

Ah... Sky, você dormiu bem?

Sim, dormi.

Laura deixou o café da manhã dele em cima da mesa e depois se virou para encará-lo.

Bom, você está com uma carinha de sono...- A garota disse parecendo divertida.- E seu cabelo está bem bagunçado.

Skylar passou as mãos pelo cabelo, desconcertado, e Laura riu.

Estou com um pouco inveja de você.- Ela disse.

Inveja? Porque...?

Ah, porque você pode voltar a dormir.

Eu não vou voltar a dormir...

Mas devia.

Skylar sorriu, e então Laura continuou.

Eu tenho que descer, tenho que sair daqui uns dez minutos. Mas eu volto... e temos muitas coisas pra fazer hoje.

A garota contorceu as expressões, e então se encaminhou até a porta. Se despediu sorrindo, e então desceu as escadas. Skylar suspirou e resolveu tomar o seu café. Laura tinha trazido achocolatado e uma porção daquelas rosquinhas amanteigadas. Ele apanhou a caneca e se sentou na cadeira mais próxima à janela. Ele viu quando a garota passou pela porta da frente enquanto ajeitava o casaco. Dom estava no seu encalço, e Laura se voltou para ele, dizendo alguma coisa.

***

Laura prestava atenção no que a professora de Literatura dizia. Ela não podia cometer nenhuma nova gafe com aquela mulher que já nutria um certo ressentimento com ela. Pelo menos aquela já era a última aula do dia, e ela estava aliviada por saber que logo Catarina já estaria apta para voltar a frequentar as aulas normalmente. Catarina não tinha prometido ir até a casa dela durante a tarde, porque ela iria até o consultório médico e fazer um novo raio-x do tornozelo. O sinal tocou, e antes de sair da sala, Laura passou sorrindo ao lado da professora, que retribuiu o gesto da garota.

Laura chegou em casa, largou a mochila em qualquer canto e subiu as escadas quase correndo. Chamou Skylar antes de abrir a porta, e recebeu uma resposta abafada, graças ao isolamento acústico do cômodo. Quando entrou no sótão viu Skylar em pé, vestindo outras peças de roupa de Henrique e seu cabelo estava úmido, deixando seus cachos num tom mais escuro que o normal.

Ah, oi Skylar.- Laura disse.

Olá.

Ela encarou ele por um tempo, e depois deu um sorriso.

Bom, já que você está assim, tão arrumadinho, acho que podemos sair pra dar uma volta e comer fora. Eu quero gastar meus cupons bônus, que tal?

Skylar se mexeu um pouco incomodado, tentando processar o que "arrumadinho" significava. Depois resolveu acompanhar Laura até onde ela disse que iriam.

Os dois estavam sentados na mesa mais afastada da lanchonete, e Laura estava tomando o seu suco de laranja enquanto Skylar observava tudo atentamente. A garçonete trouxe um pedaço de empadão para casa um, deu uma boa olhada na dupla e deu um sorriso simpático.

Laura largou o copo de suco e olhou para Skylar.

Sabe do que me dei conta hoje?- Laura disse e Skylar prestou atenção nela.- De que o final de semana está chegando de novo. Precisamos de um novo plano para o domingo.

Podemos sair para fotografar.

Laura riu, depois assentiu.

Catarina vai adorar.- A garota disse e finalmente começou o empadão.

***

Laura e Skylar estavam sentados num banco de madeira numa praça ladeada por arbustos. O garoto estava prestando atenção enquanto ela falava um pouco sobre o seu dia no colégio. O garoto estava fascinado pelo fato de que Laura tinha uma matéria quase que exclusiva para se tratar de livros.

Bom, seria ótimo, caso a professora não me odiasse.

Ela te odeia?-Skylar franziu a testa.- Como alguém pode te odiar?

Ah, digamos que eu tenha ficado completamente odiosa quando critiquei o livro favorito dela.

Skylar continuou com a testa franzida.

Acredito que não tenha feito por mal.

Não, não mesmo. Mas isso não importa.- Laura sorriu.

A garota encarou o chão, deixando que um silêncio incomodo se instalasse. Skylar queria dizer alguma coisa, mas antes de ter a chance, Laura recomeçou.

O que acha de irmos até o bosque?- A menina tinha as sobrancelhas levantadas.

Skylar encarou a garota, suspirou fundo e se levantou, sendo acompanhado por Laura. Minutos depois, os dois já atravessavam o gramado alto do bosque, quase em silêncio. Skylar estava sentindo mesmo vontade de voltar à Tempestris, mesmo que isso o fizesse sentir um aperto no peito. Ele olhou para a garota ao seu lado e notou que ela parecia um pouco hesitante.

Bom, aqui estamos.- Ela disse, e sacudiu os braços para frente e para trás.

Skylar fitou a Tempestris por alguns longos segundos, e então abriu a porta e deixou espaço para que Laura pudesse entrar primeiro. Quando foi atingido pelo branco do interior da Tempestris se sentiu um pouco entorpecido. Piscou algumas vezes, tentando se estabilizar, até que encontrou o tom escuro dos olhos de Laura o analisando atentamente. Sentiu um frio repentino, e se deixou cair sentado em um canto perto do painel de controle. Laura caminhou até ele, sentando-se em frente à ele. Ela abriu a boca algumas vezes como se quisesse dizer algo, mas desistiu. Ficaram apenas observando um ao outro, quase como na primeira vez em que se viram. Laura parecia inquieta, e apesar de não tirar os olhos de Skylar, seus dedos estavam traçando rotas imaginárias pelo chão. O garoto deu um suspiro e deixou que seus ombros relaxassem, e recostou a cabeça contra a parede. Quando fez isso, pode fitar com o canto dos olhos o painel de controle.

Um arrepio terrível passou por ele. Seu estômago se congelou e ele sentiu todos os seus músculos retesarem. Ele se levantou subitamente e se lançou contra um dos compartimentos do painel de controle. Puxou uma das travas, fazendo com que um som estalado preenchesse o ambiente. Com as mãos tremulas puxou a tampa cromada que havia acabado de destrancar. Era como se tudo estivesse saído ainda mais de órbita do que poderia. Ele deixou que a adrenalina o guiasse e colocou toda a sua força contra aquela pequena caixa, arrancando-a de seu lugar. Ele fechou os olhos com força e sentiu um amargo na boca. Meio tempo depois, viu por cima do ombro que Laura estava de pé, estática e com expressão assustada. Ele não queria dizer. Mas era inevitável. Assim como era inevitável que ele tivesse sido tão descuidado. Como era inevitável que o aparelho tivesse ficado ali, funcionando por tantos dias. Se virou para a garota, sentindo a boca seca e tentando encontrar a melhor maneira para contar o que aconteceu.

Acho que me denunciei.

Laura fitou o aparelho que estava em frangalhos nas mãos de Skylar, levou algum tempo para que ela esboçasse uma reação, levando as mãos até a boca e arregalando os olhos. O garoto se sentia tonto, e sentia como se o chão tivesse sido arrancado dele.





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Notas finais do capítulo

Bom, por enquanto é isso. Acho que as coisas vão começar a ficar agitadas agora. E prometo não demorar muito e que vou melhorar a escrita. Até mais. :)



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