Constante De Laura escrita por Renata


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Mais um!:)



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Uma música irritante invadiu os ouvidos da garota que momentos antes dormia profundamente. Ela sentiu uma dorzinha nas costas quando se mexeu e finalmente abriu os olhos. Antes de se levantar, Laura se enrolou no cobertor roxo ( sua cor favorita) e tentou alcançar o celular que estava tocando.


Ao perceber que ele não estava em seu criado mudo sentiu obrigação de se levantar e procurá-lo na escrivaninha. Bingo! Lá estava ele, largado no meio de tantas folhas de caderno amassadas e livros empilhados.


“Ó céus!”


Assim que Laura desligou o despertador, observou atônita aos exercícios e atividades incompletas espalhadas sobre a escrivaninha e sentiu um nó em sua garganta. Mas não teve muito tempo pra ficar pensando nisso, então tratou de enfiar todo o material escolar de volta na mochila, de modo que a mesma ficou estufada e a menina teve que forçar o zíper.


Laura se arrumava rapidamente, considerando-se que apenas precisava usar o uniforme escolar e costumava amarrar os cabelos em um rabo de cavalo frouxo, sem maquiagens ou acessórios. Não que ela simplesmente se sentisse bem assim. Na verdade ela não tinha mesmo jeito para essas coisas. E ela também era bem ágil com o café da manhã que a mãe preparava todos os dias antes de ela ir para a aula.


–Bom dia filhota!- Alice, a mãe de Laura disse meio sonolenta.- Tem pão de queijo.

– Bom dia mãe.

Laura se sentou e passou a se servir enquanto o pai, que havia acabado de chegar à cozinha resolveu bagunçar os seus cabelos para depois se acomodava na outra ponta da mesa.

– Bom dia Pai.


A garota engoliu o café quente e forte, enquanto se perdia nos pensamentos que estavam voltados para a sua rotina extremamente chata na escola. Até que uma buzina quase fez com que pulasse da cadeira. Levantou-se imediatamente, largando a xícara na mesa e agarrando um pão de queijo do cesto, ao mesmo tempo em que com a mão livre jogava a mochila sobre um dos ombros.


–Tchau mãe, tchau pai. – A menina saiu em disparada para a porta da frente, e só teve tempo de ouvir as vozes de seus pais lá longe, dizendo alguma coisa sobre ter um bom dia e outra coisa sobre juízo.


E assim que passou pelo portão e colocou os dois pés na calçada, uma das portas traseiras de um carro preto e comprido que estava estacionado na frente de sua casa foi aberta, e uma garota que aparentava a mesma idade que Laura saltou para fora.


– Oi Catarina!- Laura intercalou a fala com uma mordida no pão de queijo.- Tudo bem?


–Oi Laura, quase tudo bem.- Catarina contorceu as feições e abriu espaço para que Laura entrasse no carro.


No momento em que Laura se inclinou para se sentar no banco traseiro percebeu que o irmão mais de Catarina, Henrique estava sentado no canto do banco com uma cara de deboche, misturada com uma boa dose de sono.


– Bom dia Laura.- Márcia, a mãe de Catarina e Henrique, a motorista disse.


– Bom dia...


–E aí?- Henrique se ajeitou no banco, e Laura apenas balançou a cabeça para ele.


Catarina se jogou ao lado de Laura, e só então ela percebeu que estava sentada no meio do banco, dividindo o território e separando os irmãos de uma possível briga. Enquanto Catarina fechava a porta, e abaixava o vidro da janela, Laura esticou o pescoço para saber por que Henrique não estava no banco da frente, como na maioria das vezes. E o motivo eram que no banco do carona, uma pilha de pastas estavam empilhadas quase alcançando a altura do porta luvas.


Márcia espiou pelo espelho se todos estavam devidamente acomodados e deu partida. Catarina deu um suspiro alto e ficou observando a rua. Henrique deu uma risadinha e encostou a cabeça no apoio do banco. Laura teve que se contentar de ficar com a mochila espremida entre os pés.


–O que foi Catarina, vai mesmo ficar fazendo birra por causa de não poder ir ao show?- Henrique disse provocando a garota, que ficou com o rosto em chamas.

–Cale essa boca agora, MÃE! Isso não é justo... – Catarina começou a gritar.

–Catarina, já conversamos! Você não vai, você é muito nova...

–Ah, claro, e o Henrique pode ir, muito velho e responsável que ele é.


Laura olhava de um para o outro e assim como imaginou, teve que levantar os braços antes que Catarina pulasse no pescoço de Henrique que começou a fazer caretas para ela.


Márcia precisou apenas dar uma olhada severa pelo espelho, o que fez Catarina escorregar pelo banco, deixando seu pescoço ser apertado de leve pelo cinto de segurança. Henrique deu um risinho abafado.


Isso tudo aconteceu antes mesmo de o carro ganhar velocidade suficiente e sair da rua de Laura. A menina voltou a posicionar os braços ao lado do corpo, e como Catarina estava emburrada, aproveitou para observar a paisagem que passava pela janela pelo espaço que lhe sobrava. Ela viu sua casa sendo deixada para trás, e quando passaram pela curva, Laura pode ver as janelas de seu quarto. Ela suspirou de leve, lembrando de sua cama e seu cobertor roxo, seu pijama, e de seus chinelos. E então, como num estalo, um flash estranho passou por sua mente.


A luz forte, o estrondo que fez os vidros suas janelas darem uma leve sacolejada, seu tombo, e a confusão que ela sentiu na noite anterior voltou, tomando conta da maioria de seus sentidos.


Apenas quando sentiu um cutucão no braço é que Laura voltou a raciocinar, e se viu misturada num mar de pessoas, vestidas com uniformes azuis escuros. Quando olhou para o lado uma garota analisava seu rosto com certo ar de curiosidade, enquanto afastava uma franja loira para longe dos olhos.


–Laura, você está pensando em o quê?- Catarina cruzou os braços e olhou fixamente para a menina.


–Eu?- Laura perguntou ainda tentando se encontrar. É... nos deveres de casa, trabalhos.


– Tá, mas... o que você acha? Eu estava contando com esse show, desde sei lá, mês passado, eu amo aquela banda, eu já disse o quanto eu a amo?


–Já amiga, já.


–O que foi Laura, tem alguma coisa estranha com você.


–Ahn?


–É. Você fez a lista de exercícios?


–Meu Deus, nem toque nesse assunto.


–Laurie...- Laura não gostava do apelido bobo que ganhara de Catarina.


–Não, eu não fiz. Mas juro que tentei.- A menina disse, jogando o peso do corpo para um só lado.


–Ah, pode copiar o meu se você quiser.


–Não, fala sério... Não mesmo. Nem brinca.


–Fala sério você. Somos amigas, e eu estou preocupada com você. Eu sei que não é certo, e que você devia ter feito. Mas você precisa de nota, e eu vou te ajudar.- Catarina esticou o dedo mindinho para Laura , que entrelaçou o seu no dela, enquanto davam risada.


Minutos antes da primeira aula, que por um acaso era Matemática, Laura já havia preenchido a lista branca com muitos números e fórmulas. Catarina sorria ao seu lado, enquanto Laura contorcia as expressões. Mas assim que o professor passou recolhendo as atividades, a garota não hesitou em entregar a dela.


Suspirou aliviada quando ele sorriu em aprovação. Ficou tão feliz que abaixou a cabeça na mesa, repousando-a sobre os braços esticados. Laura fechou os olhos, e assim que o fez, enxergou em sua mente uma pilha de livros no seu quarto, lembrou-se de células procariontes, e de o quanto sua mão doía agora. O problema é que Laura também lembrou da bizarrice toda que tinha presenciado na noite anterior.


“Ah droga, mas que droga.”


Laura se lembrava nitidamente do que tinha acontecido, mas ainda não conseguia processar as informações. Se mexeu desconfortável na cadeira dura de madeira, sentiu a cabeça rodar um pouco.


“Será que eu estava tendo alucinações?”.

O professor fez uma piadinha, que fez a classe rir.


“É, eu ando tão atordoada com essas coisas do colégio, só pode ter sido isso. Eu sabia que dormir em cima de uma pilha de livros iria me fazer mal.”


Depois de ouvir mais risos pela sala, levantou a cabeça lentamente e passou a se esforçar ao máximo para prestar atenção na matéria.



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Notas finais do capítulo

:)



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