Constante De Laura escrita por Renata


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Confesso que demorei para terminar esse, e não sei se ficou bom. Estou no final do semestre na faculdade, então minha vida está beeeem difícil esse mês. Enfim, espero que esteja pelo menos interessante. Quero deixar um obrigada à AliceSpringfire, por ter comentado nos últimos capítulos, e pra você (s), mesmo que não tenha comentado, esteja gastando alguns minutos lendo Constante de Laura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/406440/chapter/19

Laura estava sentada num banco afastado, observando alguns grupos de alunos que conversavam no pátio durante o intervalo. Colocou a mão no bolso do casaco e tirou a trufa que ganhara no dia anterior e ficou girando o doce por entre os dedos, até que não resistiu mais e devorou o chocolate. Encostou a cabeça na madeira e ficou encarando o céu cheio de nuvens brancas e aparentemente fofinhas.

O dia estava sendo mais estranho do que esperava. Sentia falta da tagarelice de Catarina, que ainda não podia ir ao colégio graças ao tornozelo torcido, e isso tornava aquela manhã de aulas ainda mais sofrida. Mas antes mesmo de ir para o colégio, se sentiu frustrada por não encontrar Skylar acordado. Quando abriu a porta, esperava ver o garoto em pé, como de costume, bem acordado e atento a tudo. O que encontrou foi um menino dormindo encolhido no sofá, com as cobertas cor de rosa de Laura parcialmente caídas no chão, deixando seu dorso descoberto. Laura deixou o café dele na mesa, e antes que pudesse sair, sentiu um impulso, que a fez parar e encarar o rosto de Skylar. Reparou nas feições tranquilas do garoto, que ressonava diante dela, só depois reparando que ele estava com o rosto apoiado sobre os arquivos que recuperara na tarde passada. Sentiu uma necessidade de tirá-los dali, e ensaiou a aproximação algumas vezes, até tomar coragem suficiente. Puxou os papéis com cuidado, e viu o garoto se mexer, ela se encolheu um pouco, apavorada com a ideia de acordá-lo. Depois aproveitou que já estava abaixada ali e o cobriu melhor.

O sinal tocou, estridente, fazendo com que Laura se levantasse e amassasse a embalagem da trufa. Mas o invés de jogá-la fora, guardou o papel colorido de novo no bolso do casaco.

***

Halldren estava levemente irritado, ao mesmo tempo em que sentia uma pequena satisfação crescendo dentro de si. Depois de ter recebido os novos relatórios tinha sido convocado para uma reunião de última hora e descobrira que deveria se empenhar em localizar o garoto. Ele não precisaria de muito mais tempo, já tinha conseguido as informações que precisava momentos antes. Olhou seu reflexo depois de lavar o rosto, e encarou-o por longos segundos tentando enxergar alguma coisa que não via em si. Seus cabelos escuros estavam rebeldes, e embaixo de seus olhos de um tom verde quase acinzentado se encontravam finas olheiras. Apertou bem os olhos, bem como os punhos. Faziam três anos que ele estava envolvido naquilo, e era considerado um prodígio para os superiores e mesmo que alguns o considerassem jovem demais, estava conseguindo impressionar com seu serviço prestado à Ordem. Deu um suspiro pesado. Sabia que essa seria sua maior missão, o que poderia resultar no seu maior trunfo. Dentro de alguns minutos iria se apresentar e assumir a sua nova missão.

***

Laura tentava se concentrar na lista de atividades de biologia, mas estava se sentindo incomodada. Seus pés balançavam frenéticos, em direção à porta. Seus colegas de classe pareciam igualmente entediados, ou preocupados com outras coisas que não os exercícios sobre sistema cardiovascular. O sinal tocou novamente, e quando o professor estava quase saindo pela porta ela se lembrou de que precisava pedir uma lista para Catarina. Correu até ele e pediu as duas folhas de questões. Sentou-se novamente, enquanto aguardava a professora de História chegar, resolveu tentar responder pelo menos uma das questões. A menina tentava entender sobre qual aspecto do sistema sanguíneo a pergunta se referia e então se lembrou de Henrique, o irmão de Catarina. Ele era irritante, mas devia saber tudo sobre aquelas questões, pelo menos foi o que Laura resolveu considerar. Catarina sempre citava o fato de o irmão ter sido aprovado em primeiro lugar no curso de biomedicina, fazendo com que ele parecesse um cara do tipo "inteligente e o orgulho da família". A professora entrou na sala trazendo uma pilha de mapas, e então Laura apressou-se, marcando a letra "b" e esperando que estivesse correta.

As duas aula de História correram da forma mais agradável possível, e Laura agradeceu internamente por isso. Anotara tudo sobre o conteúdo e aproveitou para escrever pequenas notas que levaria para Catarina. Estava pensando em passar na casa da amiga assim que ela e Skylar almoçassem, e levaria o garoto para que ele pudesse sair, pelo menos um pouco, de dentro do sótão. Se lembrou quase instantaneamente de que Catarina tinha dito que iria passar na casa dela, e então não precisaria sair, o que a frustrou um pouco, já que a amiga viria para uma visita que incluía tocar no assunto que mais a preocupava. Engoliu em seco quando passou pelo portão do colégio e se viu envolta novamente pelos pensamentos sobre o problema de Skylar, que agora, mais do que nunca, considerava e acabou tornando-o seu também.

A menina abriu a porta da casa e viu Dom passar correndo por ela como um raio. Rolou os olhos para a falta de consideração de seu bicho de estimação e entrou na casa sentindo os ombros darem uma relaxada. Largou a mochila de qualquer jeito num canto, perto do sofá. E antes de conseguir fazer qualquer outra coisa ouviu passos na escada. Seus olhos fitaram uma cabeleira dourada e em instantes Skylar estava na sala.

–Oi-Laura disse.

–Laura...- Skylar deu um sorriso.- Eu vi você chegar.

Laura se jogou no sofá, e arrancou os tênis desgastados e puxou as pantufas. Depois deu um largo sorriso analisando os próprios pés.

–Pronto, acho que agora sim estou mais feliz.

Skylar deu uma boa olhada para a pantufa de garras, e depois fez uma expressão facial que Laura achou engraçada.

–Como foi sua manhã?-Ele quis saber.

–Ah... um pouco chata.-Laura estava sendo sincera.- Catarina vai passar aqui mais tarde.- A menina conseguiu dar um sorriso.

–Me desculpe...-Skylar encolheu um pouco os ombros, o que deixou Laura confusa e apreensiva.

–Desculpar?

–Eu estava dormindo quando você passou no sótão.

Laura piscou algumas vezes, sem dizer nada. Depois deu um sorriso.

–Tudo bem, você estava cansando, teve um dia longo. Você estava apagado...-Ela disse por fim.- E eu não pude simplesmente te acordar, seria egoísmo e maldade.

Laura deu um sorriso.

–Apagado?- Skylar arregalou os olhos.

–É, estava dormindo. "Apagado" é só um modo de dizer.- Laura se levantou do sofá.- Vamos almoçar? Acho que vamos ter uma tarde longa...

***

Laura e Skylar já tinham almoçado, e estavam sentados no sofá da sala, esperando por Catarina, que já tinha avisado que estava a caminho. Skylar estava um pouco agitado, olhando para os cantos e por cima do ombro, e Laura tentou adivinhar sobre o que ele estava pensando. Ela queria ter uma ideia genial, e estava ficando cada vez mais frustrada por não estar conseguindo ajudar Skylar de um jeito mais significativo. Ela cruzou os braços e escorregou no sofá, fechando os olhos. Quando voltou abri-los fitou o garoto ao seu lado, que a olhava parecendo preocupado. Ele estava usando uma das calças e uma camisa jeans surrada de Henrique.

Laura contorceu as feições e começou a analisá-lo. Ele era tão parecido com ela e o mesmo tempo tão diferente. Ali ao seu lado, ele poderia perfeitamente se passar por um garoto comum, preocupado com problemas que incluíam passar de ano e escolher uma profissão. A menina se sentiu tão estúpida... não conseguia nem resolver uma equação, enquanto Skylar tinha descoberto uma trama tão complexa que nunca nem estaria ao alcance dela. Ou estaria? Ela se lembrou do dia que encontrou Skylar, da Tempestris e de todas as coisas que tinha descoberto.

Apoiou as mãos na cabeça e ficou estática. Aquele sentimento estranho e surreal de saber que aquilo era alguma coisa extraordinária e perigosa voltou a tomar conta dela. Ela abriu a boca para falar, mas não sabia nem o que queria dizer. O tic-tac do relógio pareceu mais seco, descompassado. Quase pulou do sofá quando ouviu uma buzina. Puxou a cortina da janela e viu que a amiga já tinha chegado. Trocou um rápido olhar com Skylar e foi até a porta.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Juro que vou demorar bem menos para postar, semana que vem estarei na última semana de aula e depois férias! E claro, vou me dedicar bem mais para que os capítulos saiam melhores. Alguém quer dizer alguma coisa? Fiquem a vontade.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Constante De Laura" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.