Constante De Laura escrita por Renata
Notas iniciais do capítulo
Mais um, um pouco mais curto.
Skylar deixou um bocejo escapar. Já fazia um bom tempo desde que Laura tinha saído com Catarina e ainda não tinha voltado. Estava cansado e um pouco frustrado por não ter conseguido avançar mais nas informações que tinha conseguido. Estava sentado à mesa, enquanto observava os diversos objetos dispostos nela. Alguns materiais escolares que Laura tinha deixado ali no dia anterior, enquanto resolvia alguns exercícios, sem contar a quantidade de papéis empilhados no canto mais afastado da mesa. Ele sentiu os olhos ficarem um pouco pesados, e automaticamente, abaixou a cabeça e encostou o rosto na mesa.
Skylar se viu andando em um campo plano, com a grama alta, verde e parcialmente úmida pelo orvalho. Ele sentia o ar gélido atingindo o seu rosto, mas não se importava. Vestia seu traje branco e os coturnos. Aquele lugar era vagamente familiar, e isso o encheu de um sentimento que não soube explicar. Continuou a caminhar, encantado com o lugar, até que viu silhuetas conhecidas um pouco mais adiante. De uma forma impulsiva, se viu sair correndo e direção à elas, sentindo o coração se chocando dentro do peito. Quando se aproximou o suficiente precisou esfregar os olhos, para poder recuperar o foco da visão. Uma mulher de longos cabelos escuros se virou com um sorriso reconfortante, e esticou os braços para ele. Skylar avançou em direção à ela, não antes de ver seu pai dando um suspiro aliviado e se juntar ao abraço. Ele sentiu o calor agradável que lhe envolvia e deu um sorriso fraco. Percebeu que alguma coisa escorria pela face, e abriu os olhos. Sua mãe chorava, e bem, ele também.
Depois de sentir o ritmo do coração se acalmar, Skylar sentiu o abraço se afrouxar, e sua mãe agarrou-lhe o rosto e depositou um beijo em sua testa, com os olhos ainda marejados. Depois ela segurou suas mãos e sorriu, só para depois conduzi-lo alguns passos mais a frente. O garoto não pode evitar que seu rosto se contorcesse em resposta à um misto de sensações. Deu um largo sorriso e se viu tomado por uma euforia que fez seu coração voltar a bater descompassado. Laura estava em pé, diante dele. Seu cabelo estava levemente bagunçado pela brisa gelada, usava um vestido longo de cor clara, que contrastava com o verde em meio à grama alta. Skylar abraçou Laura, e a apertou contra o peito. Não a ouviu reclamar, só escutou sua risada melodiosa. E então as coisas começaram a girar. Skylar abriu os olhos e viu as coisas se dissolvendo bem diante de si.
Piscou algumas vezes e viu uma pilha de folhas perto de seu rosto. Ergueu a cabeça e automaticamente fitou a janela. Um automóvel estava parado diante da casa, e ele soube que Laura tinha voltado. Passou as mãos pelos cabelos e se ajeitou na mesa.
***
Laura abriu a porta da frente e se dirigiu até a sala. Se largou no sofá e ficou apenas encarando a parede enquanto ouvia os passos da mãe, e por isso apanhou a sacola da loja e se preparou para ter que provar o vestido mais uma vez.
Dito e feito. A mãe da menina estava analisando o vestido enquanto fazia Laura andar de um lado para o outro do próprio quarto.
–O que vai fazer no cabelo?
–Eu não sei... um topete talvez.
–É, um topete pode ficar bom.
Laura concordou sem muita vontade, e logo em seguida ouviu seu pai chamar, dizendo que o jantar estava pronto.
A garota estava brincando com a última batata cozida no prato enquanto o pai lhe enchia de perguntas sobre o fato de ter ido comprar um vestido. Ela suspeitava que ele queria chegar no ponto do "Porque o irmão mais velho de Catarina estava dirigindo", e estava tentando ser breve com as respostas. Sua mãe não falava nada, apenas terminava o suco de laranja, ignorando qualquer coisa ao seu redor. Laura queria que aquilo terminasse logo, para ela dar qualquer desculpa e subir até o sótão. Seu pai decidiu que era hora de ir assistir ao telejornal, e foi acompanhado pela mãe da garota. Laura deu um suspiro aliviado e foi lavar a louça, ao mesmo tempo em que separava o jantar de Skylar.
A menina já estava de pijamas, usava as pantufas macias e equilibrava um prato com o jantar de Skylar. Nos bolsos do casaco que vestia, levava os doces que comprou mais cedo. Encontrou Skylar sentado no sofá-cama, sentado com as pernas cruzadas, no estilo "índio", com um olhar um pouco perdido.
–Oi Sky!- Laura disse baixinho-Eu voltei.
O garoto esticou as pernas e deu um breve sorriso. Laura percebeu que ele estava parecendo um pouco incomodado, e resolveu perguntar.
–Sky, está tudo bem?-Laura deixou o prato em cima da mesa e andou até ele.
O garoto se mexeu no sofá, franziu a testa e pareceu pensar por longos segundos.
–Eu não consegui avançar muito. As informações nos documentos ainda estão um pouco desconexas para mim.
Laura cruzou os braços e fez uma expressão de preocupação.
–Então... eu trouxe seu jantar. Coma, e tente descansar. Ah, e trouxe isso também!- Laura puxou um saquinho de dentro dos bolsos do casaco, cheio de doces.
***
–...E então eu comprei o vestido.- Laura disse enquanto escolhia um caramelo coberto por chocolate.
Skylar fez um careta ao morder uma bala cítrica verde.
–Essa é de maçã verde. Bem azedinha.- Laura segurou o riso.
–É bom.-Skylar terminou a bala, depois olhou para Laura.- Você vai para a tal de festa, então?
–É. Acho que sim.
–E elas são ruins, não são?
–São.- Laura se deitou no chão.- Quer dizer, mais ou menos.
–Ah.-Skylar disse.
Laura começou a rir e depois rolou até fitar Skylar.
–Acho que as festas não são tão ruins, eu é que sou péssima com elas.
O garoto olhou para Laura e deu um sorriso, sem dizer mais nada. Laura continuou deitada no chão, olhando para o teto por algum tempo.
–Eu preciso descer.- Ela disse simplesmente, ajeitando o casaco.
Skylar acompanhou a garota com olhar, enquanto ela se levantava e andava de um lado para o outro.
–Amanhã eu volto, é claro. E vamos tentar descobrir isso tudo. Mas agora eu vou deixar você descansar.- Laura andou até Skylar e colocou uma das mãos em seu ombro.
–Obrigado.-Skylar disse.- E eu não acho que seja péssima.
Laura deu um suspiro e depois riu sem muito sinal de alegria. Desceu as escadas e foi até o próprio quarto. Apanhou o celular que estava na cama e viu que tinha recebido algumas mensagens de Catarina. Abriu um por uma, leu , respondeu e depois adormeceu.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Sei que ficou sem graça, mas precisava amarrar alguns acontecimentos do capítulo anterior. Prometo que o próximo melhora! Obrigada para quem leu e ainda viu as notas.