Constante De Laura escrita por Renata


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Mesmo que ninguém realmente se importe, aqui está mais um. Eu sei que a história tem alguns acessos, mas eu tenho dúvidas quanto a leitura. Tem alguém realmente lendo isso? Sei que as coisas tem se saído de uma forma ruim, mas ás vezes perco o senso de direção, principalmente por não ter ideia de como estou escrevendo. Acredito que muito mal. :(



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Os dois subiram as escadas em silêncio. Skylar estava se sentindo um pouco desconfortável. Laura parecia distante e isso o incomodava de uma maneira estranha. A garota abriu a porta do sótão e os dois entraram no cômodo. Eles se sentaram no chão, e a menina deu um sorriso terno a Skylar, que se sentiu encorajado a começar a contar a Laura tudo o que precisava.

As coisas ainda não faziam sentido e as informações ainda eram imprecisas. Mas ele tinha ideia do que tinha acontecido. Era um golpe político que Gliessium estava sofrendo. Ele suspirou. Tudo parecia girar mais rápido.

– Um golpe. – Skylar disse encarando os contornos do rosto de Laura que parecia concentrada. – Eu me lembro de algumas coisas. Me lembro de ter descoberto um plano que entraria em ação e que colocaria a Gliessium Alfa que conheço em perigo. Me lembro de meus pais fazendo parte de uma organização que elaborava um contra-ataque. – Skylar fez uma pausa e desviou o olhar da garota.

A menina franziu a testa, parecendo preocupada, mas ficou em silêncio.

– Eu descobri e fui descoberto. Eu sabia demais... sabia demais para continuar sendo ignorado. Eles foram até nossa casa. Destruíram tudo o que encontraram pelo caminho. Meus pais me obrigaram a entrar na Tempestris... - Skylar sentiu o rosto se contorcer e seu peito doía. – Eu não sei o que aconteceu a eles.

A sua voz estava embargada e de repente sua visão se embaçou. Laura estava atônita. Primeiro ela abriu a boca, mas nenhum som saiu. Depois seu rosto assumiu uma expressão confusa, parecia uma mistura de surpresa e preocupação.

– Skylar, eu sinto muito.- Laura disse enquanto enrolava os cadarços do tênis nas pontas dos dedos, visivelmente nervosa.

***

Um golpe. Era isso. Laura sabia alguma coisa sobre golpes. Ela estudou isso algumas vezes. Golpes geralmente eram ruins. Aliás, ela não se lembrava de nenhum que tivesse efeitos positivos. Ela buscou em sua mente as páginas dos livros de história, as imagens dos documentários que assistia, das reportagens que tinha lido sobre o assunto. O ano de 1964 significava um acontecimento que marcara profundamente a história do país. Ela não tinha vivido isso, mas não podia deixar de sentir o amargor com qual o assunto era tratado e o frio que sentia no estômago toda as vezes que escutava os relatos.

Ela pensou em todas as coisas pelas quais as pessoas que viveram sob ditaduras passaram ou ainda passam. Ela pensou na opressão, na censura. Uma imagem quase caricata dos jovens que lutaram por liberdade preencheu seus pensamentos. Imaginou-se na pele deles e quis saber se teria coragem igual ou pelo menos próxima à deles. Sua cabeça girou e seu coração disparou. Skylar estava vivendo isso. Aquilo era terrível, e ela se sentia ainda mais impotente do que quando o garoto não se lembrava de nada.

Laura piscou algumas vezes, tentando voltar a pensar com clareza e dizer alguma coisa útil. Mas ela simplesmente não conseguiu. Encarou Skylar que tinha se encolhido um pouco, e evitava olhá-la diretamente nos olhos. O garoto tinha abraçado uma das pernas e tinha o olhar fixo em algum ponto qualquer no porão. Os dois ficaram em silêncio por mais algum tempo.

O tempo não parou, mas para Laura era como se ele tivesse enferrujado, e que as coisas haviam saído de órbita. Ela não soube dizer por quanto tempo ficou calada, apenas alternando em encarar o garoto a sua frente e enrolar os cadarços dos tênis. Ela estava extremamente desconcertada. Se ela pudesse resolver o problema de Skylar ela o faria, simplesmente por não querer que ele sofresse. Ela faria um bolo, compraria chocolate e o levaria ao cinema de novo. Mas sabia que aquilo era estupidez, e isso fez com que ela se sentisse desolada. Laura deixou que um suspiro de pura frustração escapasse, e desviou o olhar de Skylar assim que o mesmo se mexeu um pouco para olhá-la.

No bolso de seu casaco o celular emitiu um ruído. Ela fechou os olhos e ficou alguns segundos se decidindo olhar o sms ou simplesmente ignorá-lo. Optou por ver do que se tratava. Ficou um pouco mais animada ao constatar que não era nada vindo da operadora de celular ou alguma corrente idiota que sempre recebia de uma prima ou pessoa distante, que ela já não via a um bom tempo. Era Catarina, e isso a fez relaxar os ombros.

“Amiga, eu e o Henrique resolvemos ir numa lanchonete depois que passamos no escritório da minha mãe... mas acontece que eu escorreguei no piso molhado e estou com uma torção no tornozelo e não vou poder ir pra aula amanhã. O Henrique disse que tudo bem em te buscar amanhã. Beijos.”

Laura olhou para a tela do celular por mais tempo do que imaginou, tentando processar a informação, só respondendo instantes depois.

“Nossa Cat, isso deve ser sério! Doeu muito? O Henrique não precisa se preocupar, eu me viro. Melhoras!”.

A menina fez um grunhido depois de mandar a mensagem de volta â Catarina, imaginando a dor que não seria torcer o qualquer parte do corpo que fosse. O barulho esquisito chamou a atenção de Skylar.

– Ah, era a Cat.- Laura disse.- Ela me mandou uma mensagem dizendo que se machucou e não vai pra aula amanhã. Mas está tudo bem... quer dizer. Eu acho. Ela vai ficar bem...

Skylar ergueu as sobrancelhas e concordou com a cabeça.

– Skylar, eu realmente estou me sentindo muito mal por tudo. Eu sinto muito, muito mesmo...- Laura disse.

– Você não precisa se sentir mal. Você não deve Laura. Você é uma pessoa incrível, eu não sei o que teria sido de mim se não tivesse ido até a Tempestris, se não tivesse me ajudado e tido paciência comigo. Eu posso ficar péssimo, não devia estar te preocupando e nem trazendo problemas para você.

– Skylar, não posso não me preocupar com você. Me desculpa. É uma coisa que para mim é impossível. Eu simplesmente acho inacreditável, tudo isso o que você tem passado e suportado. Me sinto completamente estúpida, inútil. Eu queria fazer mais por você. – Laura deu um suspiro e se levantou, espiando pela cortina da janela.

Skylar também se levantou.

– Obrigado. Quando eu disse que você era uma pessoa boa eu estava dizendo a verdade.

– Sky, eu estou disposta a te ajudar, é sério. Mas antes preciso que você me ajude a entender melhor o que está acontecendo. Amanhã nós podemos começar. Eu preciso descer, meus pais chegam em pouco menos que quinze minutos. Por favor, confie em mim.

– Laura, eu confio.- Skylar disse.

A menina se sentiu melhor. Seu rosto assumiu uma expressão um pouco mais relaxada e num impulso que não pode conter, passou os braços ao redor de Skylar, quase o sufocando. Queria protege-lo de qualquer coisa que fosse e faze-lo sentir-se melhor e deixar claro que ela queria ajudar.

Alguns segundos depois Laura largou Skylar, pensando no quanto o tinha apertado. Pediu desculpas o que foi respondido com um sorriso por parte de Skylar. A garota desceu as escadas e esperou impaciente pelo dia seguinte.

***

Laura jogou a mochila nos ombros e saiu em disparada pela rua de sua casa. Ela não podia se atrasar, caso contrário, perderia o ônibus expresso que a deixaria na quadra do colégio. Enquanto corria até o ponto de ônibus, o par esquerdo de seu tênis desamarrou e a garota quase se desequilibrou. Após dizer uma frase não muito digna, Laura resolveu se abaixar e ajeitar o cordão rosa que prendia o calçado de forma firme ao seu pé. Assim que o laço estava pronto ela viu o grande veiculo vermelho e sanfonado deixar o tubo de embarque.

Ela soltou um muxoxo desacreditado e arrumou a mochila nas costas. Teria de caminhar mais um pedaço de rua até encontrar outro ponto de ônibus e apanhar um alimentador amarelo que levaria décadas para chegar. Enquanto divagava sobre o tempo que tinha já perdido, uma buzina a fez dar um pulo. Mesmo irritada, ela ignorou o barulho e continuou andando. Um carro preto passou ao seu lado devagar. E ela o reconheceu.

– Ei, Laura.- Henrique abaixou o vidro do passageiro.- Deu um pulo e tanto... Entra, eu disse que te dava carona.

– Ah, oi Henrique. Não precisa, é sério. Como a Catarina está?

– Como não precisa? Você acha mesmo que vai chegar a tempo? E é meu caminho até meu campus. A Catarina está bem, acho que é puro fingimento.

Laura fechou a cara, mas abriu a porta.

– Não acho que a Cat iria mentir. - Laura disse soando um pouco seca.

– Tá legal. Ela se esborrachou. Mas quem mandou ela ficar pulando feito uma maluca na frente de uma vitrine de roupas e ignorar o fato de que o piso estava molhado? Aliás ela disse que eu tinha que te dar um recado.

– Recado?- Laura tentou parecer desinteressada, se sentia desconfortável por estar no banco do passageiro e por estar tendo uma conversa com Henrique.

– Fala pra Laurie que eu encontrei o vestido perfeito, e mesmo que isso tenha custado meu tornozelo, eu estou disposta a me arrastar até lá hoje a noite.– Henrique imitou o tom de voz de Catarina.

Laura rolou os olhos e soltou um suspiro, depois passou a encarar a rua.

O garoto ficou em silêncio apenas se concentrando em dirigir por algum tempo.

– Eu posso levar vocês. Depois que chegar do meu estágio. Ela não vai desistir de fazer com que você vá nessa festa e use um vestido perfeito. E eu preciso ir até a galeria mesmo...- Henrique disse, com um tom de voz que pareceu estranho a Laura.

– Ah, eu vou convencer ela a não ir.

– Boa sorte com isso.- Henrique parou o carro e coçou a nuca, parecendo incomodado.- Está entregue moça.

Laura ajeitou a mochila e abriu a porta do carro.

– Obrigada Henrique, e boa aula.- Laura disse antes de fechar a porta.

O garoto fez um gesto como se fosse do exército e voltou a dirigir.

***

Laura estava passando os dedos sobre as lombadas dos livros de história na biblioteca. Ela tinha pedido para a bibliotecária fazer a cópia de vários capítulos de diversos livros de história que só ficariam prontas depois do final da manhã. Mas ela ainda achava pouco, e ainda que faltassem segundos antes do sinal que anunciava o fim do intervalo tocar, estava enfurnada por entre as prateleiras tentando achar tudo o que precisava sobre golpes de estado.

Minutos depois ela tentava desesperadamente prestar atenção na matéria de Física, mas ainda estava pensando no significado de golpe. Quando os alunos se levantaram e o professor saiu da sala ela percebeu que já tinham se passado as três últimas aulas do dia. Ela levou as mãos à cabeça, teria trabalho para recuperar a matéria em física, português e biologia. Mas resolveu pensar nisso depois. Ela precisava buscar as cópias na biblioteca.


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Notas finais do capítulo

Se alguém leu o capítulo e leu os avisos iniciais, peço desculpas, estou um pouco emocional e pensando seriamente em acabar com Constante de Laura.



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